O passado sábado assinalou mais uma etapa no processo que tem em vista o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da Renamo. Cento e quarenta (140) guerrilheiras da Renamo foram desmobilizadas na base de Mapangapanga, em Vanduzi, distrito de Gorongosa, província de Sofala, região centro do país.
A cerimónia que marcou a passagem à vida civil das antigas combatentes do maior partido da oposição contou com a presença do Presidente da República, Filipe Nyusi, do líder da Renamo, Ossufo Momade e do representante da comunidade internacional, no caso Mirko Manzoni, enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas e Presidente do Grupo de Contacto.
Com a desmobilização das guerrilheiras, o número total de abrangidos pelo processo de DDR passou para 1.075. Para além dos guerrilheiros ora desmobilizados, desde a retomada do processo, a 4 de Junho passado, duas bases do maior partido da oposição foram encerradas.
Parte do grupo de guerrilheiras que foi desmobilizada no passado sábado já tinha passado pelo mesmo processo, no âmbito do Acordo Geral de Paz de 1992, mas voltou activo com o reinício da confrontação armada com as forças governamentais, que só veio a cessar em 2016 e, mais tarde, com a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo.
No discurso de ocasião, o Presidente da República disse que as guerrilheiras desempenharam um papel fundamental no que ao andamento, e com sucesso, do processo diz respeito, sendo prova inequívoca da vitalidade da mulher nos processos de desenvolvimento.
Por seu turno, Ossufo Momade vincou a necessidade da garantia de uma inserção social das desmobilizadas em ambiente de coabitação política pacífica, anotando serem os pressupostos para uma paz duradoura e uma reconciliação nacional efectiva.
O andamento do processo de DDR expressa o cumprimento do Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo, que no passado dia 06 de Agosto último completou um ano. O DDR prevê, sabe-se, abranger cerca de 5 mil antigos guerrilheiros da Renamo.
Entretanto, o acordo de paz está ameaçado pelos ataques armados, que têm estado a ocorrer nas províncias de Manica e Sofala, região centro do país. De acordo com as autoridades policiais, os ataques são perpetrados por indivíduos pertencentes à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, que se estimam ter tirado a vida de, pelo menos, 24 pessoas.
A conclusão do processo de DDR, tal como foi anunciado pelo Presidente da República, está prevista para Julho de 2021. O DDR arrancou, oficialmente, a 29 de Julho de 2019, tendo permanecido em “banho-maria” quase um ano devido, entre outros, a constrangimentos de ordem logística, com particular destaque para disponibilidade de fundos. (Carta)