A União Europeia (UE) respondeu positivamente ao pedido de apoio solicitado pelo Governo moçambicano para combater os ataques terroristas na província de Cabo Delgado, região norte do país.
A informação foi avançada, semana finda, pelo Embaixador da União Europeia, em Moçambique, António Sánchez-Benedito Gaspar, para quem não está na agenda, por agora, a vinda de militares europeus ao território nacional. Gaspar disse que os pedidos feitos pelo Executivo de Filipe Nyusi receberam resposta favorável e que, neste momento, se está a trabalhar sobre os pontos neles constantes.
Lembre-se, por via do Ofício nº 1818/GMNEC/995/2020, da lavra da Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, o Governo de Maputo solicitou apoio nos domínios da formação, logística para as forças de combate ao terrorismo, equipamento de assistência médica em zona de combate e capacitação técnica de pessoal.
A missiva, datada de 16 Setembro último, foi enviada ao Alto Representante da União Europeia para Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell Fontellas. Na carta, o Governo diz que os apoios naqueles domínios visam reforçar as medidas de resposta militar e de segurança e ainda evitar o avanço dos terroristas e restabelecer a lei e ordem naquela estratégica província do país.
Entretanto, o pedido do Governo de Maputo está envolto a um coro de críticas, precisamente, por não ter sido antecedido de um debate a nível da Assembleia da República (AR) ou do Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS).
Considera-se que os ataques, em Cabo Delgado e, ainda, as violações dos Direitos Humanos que têm estado a ocorrer no teatro operacional norte, continuam sendo tratados como um assunto de interesse exclusivo dos membros do Conselho de Ministros.
A propósito dos ataques, uma comitiva de deputados da Assembleia da República, da qual não fazem parte os da bancada parlamentar da Renamo, vai visitar a província da Cabo Delgado para recolher informações sobre a realidade no terreno.
A província de Cabo Delgado é, desde Outubro de 2017, palco de ataques armados perpetrados por indivíduos ao que tudo indica inspirados no radicalismo islâmico extremo. Os ataques a alvos civis e militares, para além de destruir infra-estruturas públicas e privadas, já tiraram a vida a mais de 1000 pessoas e provocaram cerca de 300.000 deslocados. (I.B.)