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BCI
quarta-feira, 11 novembro 2020 07:44

“Delivers” denunciam extorsão por supostos agentes do SERNIC

Os transportadores rodoviários, que se dedicam à entrega de encomendas entre África do Sul e Moçambique (vulgo Delivers), queixam-se de extorsões por supostos agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) afectos à 18ª Esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM), localizada na Estrada Nacional Nº 1, próxima ao Cemitério de Lhanguene.

 

Os profissionais, vítimas de extorsões, fazem o seu trabalho a partir dos arredores do Terminal Rodoviário Inter-provincial da Junta. Contam que quando regressam da África do Sul, semanalmente, com as encomendas, são interpelados pelos supostos agentes do SERNIC. Contam que a última vez aconteceu na penúltima segunda-feira (02).

 

Arnaldo Langa é um dos transportadores. Ao telefone, contou à “Carta” que, quando os supostos agentes do SERNIC (que andam em número de quatro) se dirigem ao local, fazem uma ruga. Numa operação rápida e inesperada, vasculham os carros usados pelos transportadores (geralmente mini-autocarros), pedem documentação alfandegária e recibos dos bens adquiridos na vizinha África do Sul.

 

Todavia, Langa diz que mesmo exibindo toda essa documentação, os agentes não se dão por convencidos, complicam ainda mais, tudo com o objectivo de amedrontar e extorquir o transportador.

 

“Eu exibo toda a documentação necessária. Quando me complicam digo para irmos à Esquadra, mas negam”, relatou Langa.

 

A nossa fonte revelou ainda que os novos naquele serviço, por inexperiência, são extorquidos. “Os agentes levam o transportador no carro. Dizem para ir à Esquadra comprovar a legalidade da mercadoria. Mas, a meio do caminho param e exigem para fazer qualquer coisa para ser liberto. Os mais novos, por medo, caem nessa”, queixou-se o nosso interlocutor.

 

Langa contou que, durante a rusga da penúltima segunda-feira, uma senhora que vende arredores da Junta ligou para o Chefe da Brigada da 18ª Esquadra. “Chegado ao local, falou com eles e minutos depois foram-se embora”, disse a fonte.

 

O nosso interlocutor disse também que, naquela segunda-feira, seis transportadores foram interpelados pelos supostos agentes do SERNIC. Desses seis, soubemos que também fez parte Alberto Fumo, que se dedica ao trabalho há cinco anos. Em conversa telefónica com Fumo, o Jornal constatou que a táctica é a mesma: vasculhar o mini-autocarro e exigir documentação.

 

“Mas mesmo assim, o SERNIC continua a complicar com documentos na mão. Isso acontece com frequência nos últimos meses. Nós vamos à África do Sul semanalmente. Mas à nossa chegada somos interpelados pelos agentes”, contou Fundo.

 

Perante as rusgas e extorsões, e preocupados com o fenómeno, aqueles transportadores exigem o fim. “Nós queremos estar livres. Queremos trabalhar tranquilamente no nosso país”, exigiu Fundo.

 

Porta-voz do SERNIC “finta” o Jornal

 

Ouvidos os queixosos no último domingo (08), contactamos o porta-voz do SERNIC, Leonado Simbine, para esclarecer o caso. Naquele dia, Simbine disse não estar informado sobre o assunto, porém, garantiu “averiguar junto à 18ª Esquadra”. Segunda-feira (09), anteontem, foi o dia prometido para falar do assunto. Todavia, mostrou-se indisponível para qualquer declaração, mesmo com insistência de telefonemas e mensagens. (Evaristo Chilingue)

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