Em tempos extremamente difíceis para toda a humanidade – devido à pandemia do coronavírus – a cidade da Beira, celebra hoje (20/08) o seu 114º aniversário. Parabéns à nossa segunda capital.
E exactamente por estarmos em período de restrições, as principais cerimónias, que marcam a efeméride, foram programadas para não se estenderem por mais do que uma hora – isto se excluirmos o facto de que a 1ª dama, esposa do Edil Albano Carige, ter feito a entrega de um enxoval ao primeiro bebé nascido nesta data (20/08), logo às 06H00 da manhã.
No entanto, é preciso notar que o programa incluiu ainda o acender da Pira Olímpica, e o içar da bandeira da cidade, numa agenda “txapo-txapo” de apenas uma hora (das 08H00 às 09H00)… Mas a cidade aniversariante, apesar de tudo, ”não está facíl”. Estes 114 anos, são (apesar de tudo) festejados sob o signo de um crescimento invulgar.
O “BOOM” DAS NOVAS CONSTRUÇÕES
A Beira tem registado nos últimos tempos um “boom” a nível de novas construções, algo que imprime uma nova postura, vitalidade e configuração ao parque infraestrutural desta que é a segunda maior urbe do país.
O que está a acontecer na Beira, faz lembrar, em certa medida, o “movimento” que houve em Maputo, particularmente na primeira metade da década passada. São prédios habitacionais, edifícios de escritórios e serviços multiusos, armazéns, enfim, uma vasta gama de novas construções que vão pululando aqui e aqui, acolá, na capital sofalense.
A título de exemplo, quem chega à Beira por via aérea e se dirige ao centro da cidade usando via Macuti-Estoril, não deixa de se impressionar com a quantidade de mansões e palacetes que estão a nascer ao longo dos quilómetros de estrada (nas duas margens) entre o Aeroporto Internacional da Beira e o Hotel Dom Carlos.
E quem conhece a cidade, lembra-se perfeitamente que até há um par de anos aquela era uma zona de mata e arrozais. Foi um consórcio chinês quem “desvirginou” a área, através da construção do majestoso Golden Peacock Resort Hotel (há coisa de uma década), dando então entender que, sim, era possível construir-se naquela via, junto à costa.
Mas fora dessa zona mais “jet-set” (Macuti-Estoril), é de registar que a cidade, no cômputo geral, tem estado a crescer em todas as direcções e sentidos.
As novas áreas de expansão incluem sobretudo os bairros do Macurungo, Matadouro (zona da Póvoa), e Zona das Quintas – sendo que esta última está igualmente a beneficiar de uma requalificação.
Além do mais – de acordo Augusto Manhoca, Vereador da área de Construção, Infraestruturas e Urbanização, com quem entabulamos um proveitoso diálogo – foi recentemente aprovado o plano de pormenor do Bairro Muave.
Simultaneamente, teve início a fase piloto de um “mega projecto” que engloba a construção de 25 000 casas, num espaço de 450 hectares, na zona de Maraza (que inclui parte dos bairros da Manga-Mascarenhas e Vaz). Tal iniciativa, coordenada pela SDUB – Sociedade de Desenvolvimento Urbano da Beira, contou com o apoio do governo da Holanda, o qual financiou, com um montante de dois milhões de euros, o aterro dos terrenos.
Nessas áreas supramencionadas, foram já indemnizadas todas as famílias que possuíam (ali) machambas.
Aliás, importa referir que o governo holandês também apoiou o Município da Beira na reabilitação de alguns dos bairros da cidade, que mais sofreram com o ciclone Idai. Além disso – e em coordenação com a UCCLA –, foi igualmente responsável pelo financiamento (20 milhões de Meticais) da reabilitação do próprio edifício do Conselho Municipal da Beira.
É COMO “NÃO BELA SEM SENÃO”…
Não obstante todos estes progressos que se vão registando a olhos vistos, na urbe, os munícipes da Beira tem demonstrado algum descontentamento. Tanto quanto pudemos constatar da “vox-populi”, a atribuição de terrenos nos novos bairros de expansão não tem sido acompanhada da respectiva construção de infraestruturas básicas, nos mesmos.
Ou seja, os talhões são atribuídos aos requerentes, sem que estejam criadas as condições essenciais como água e electricidade. Assim sendo, cada um que se “desenrasque”.
Colocado o problema ao Vereador Manhoca, obtivemos que:
“ – Os Municípios, de uma maneira geral, não tem capacidade para criar essas condições referidas pela população, embora se reconheça que as mesmas são fundamentais. Aqui na cidade da Beira em particular o problema é ainda mais bicudo, uma vez que, como estamos numa zona pantanosa, existe a necessidade de fazermos aterros.
Nesse contexto, nós (CMB) aprovamos os planos de pormenor, fizemos os loteamentos, e posteriormente contactamos as entidades responsáveis por fornecer esses serviços básicos de água e electricidade (nomeadamente a FIPAG e EDM). Dependendo da capacidade destes, nos diferentes momentos, tais serviços são (ou não) então providos”.
No entanto, dependendo das suas capacidades, os beneficiários dos terrenos atribuídos pelo Conselho Municipal, podem eles próprios (naturalmente) criar essas condições de molde a terem esses serviços básicos ao seu dispor.
A CIDADE DAS INTEMPÉRIES
Entretanto, é preciso não esquecer que a cidade da Beira foi fustigada por sucessivas intempéries nos últimos dois anos – nomeadamente os ciclones Idai e Eloise, e a tempestade Chalane.
Não houve edifício na Beira que não tivesse sofrido, duma ou doutra forma, os efeitos dessas intempéries (especialmente o Idai). Alguns chegaram mesmo a sucumbir completamente.
A reabilitação dos mesmos tem estado a acontecer a um ritmo moderado.
No entanto, neste momento o Município é incapaz de fazer uma estimativa do percentual de infraestruturas já reabilitadas, isto porque, de acordo com o Vereador Augusto Manhoca, somente no dia 6 do corrente, foram entregues (ao CMB) os resultado do levantamento feito pela entidade responsável por avaliar os danos causados pelas intempéries (na cidade da Beira, e também no Dondo, Buzi e Nhamatanda), o Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones. (Homero Lobo)