“À medida que as operações ilícitas em expansão precisam cada vez mais de protecção contra investigação e prisão, a corrupção sobe na hierarquia da polícia e se transfere para autoridades eleitas. Os políticos têm sido ligados a essas redes e o dinheiro da droga usado para financiar o patrocínio e as campanhas eleitorais.”
Estas são algumas das constatações da mais recente pesquisa do programa de crime organizado transnacional (ENACT), um projecto financiado pela União Europeia (UE) e que investiga questões ligadas ao tráfico de drogas, produtos faunísticos, negócios de guerra, entre outros.
O estudo com o título “a heroína é agora um grande desafio de desenvolvimento urbano na África” refere que “o boom da heroína na África é possibilitado pela urbanização não planejada, governança fraca e corrupção generalizada entre a polícia e os políticos no Quénia, Tanzânia, Moçambique e África do Sul”.
Segundo consta do estudo, “com empregos limitados para jovens migrantes pouco qualificados em cidades e vilas e baixos níveis de governança e investimento, a urbanização leva a concentrações de pessoas vulneráveis ao mercado de drogas”.
Conforme consta do estudo, em alguns casos, o comércio de drogas se funde com os mercados cinza, permitindo que os empreendedores criminosos adoptem uma frente legal. O ENACT explica que, como o comércio de heroína desempenhou um papel fundamental no underground no desenvolvimento urbano, os mercados de drogas precisam ser entendidos como um dos desafios enfrentados pela melhoria e governança das cidades e vilas. E as respostas precisarão ser de desenvolvimento – não apenas baseadas em prisões e processos judiciais.
A organização defende que “os governos devem reconhecer e combater a corrupção sistemática da polícia e dos políticos locais pelos traficantes de drogas”.
Intervenções de longo prazo são necessárias para lidar com a economia ilícita e seus motores sociais, sem uma resposta formal aos problemas gerados pelos mercados ilícitos, haverá um aumento na violência de gangues, abusos policiais e ataques de vigilantes. (O.O.)