Quarenta (40) dias depois da sua constituição e 10 dias depois da data-limite para a apresentação dos resultados da sua investigação, a Comissão de Inquérito criada para pesquisar as causas do acidente de viação ocorrido no passado dia 03 de Julho, por volta das 19:30 horas, no Posto Administrativo da Maluana, distrito da Manhiça, província de Maputo, veio finalmente divulgar os resultados do seu trabalho.
Numa conferência de imprensa concedida na tarde da última sexta-feira, na Cidade de Maputo, o órgão presidido por José Estêvão Muchine, Juiz Conselheiro Jubilado do Tribunal Administrativo, avançou que “o erro humano” foi a principal razão do sinistro, que matou 32 pessoas e feriu outras 27. O acidente, recorde-se, envolveu um autocarro de passageiros da Transportadora Nhancale e dois camiões, sendo um articulado e outro basculante.
De acordo com a Comissão, do trabalho realizado foi possível apurar que a ultrapassagem irregular, aliada ao excesso de velocidade, por parte do condutor do autocarro, é que esteve na origem do sinistro.
“O autocarro com passageiros tentou fazer uma ultrapassagem em local impróprio (havia uma linha contínua), onde esta ultrapassagem não era viável. Quando se apercebeu que a frente vinha uma terceira viatura tentou frustrar essa manobra, então atingiu o carro que estava no sentido contrário, daí foi bater no outro carro que estava a frente e houve o acidente”, explicou Muchine.
O número 1 da Comissão criada pelo Governo disse ter chegado a esta conclusão, após avaliar o local do sinistro, ouvir os condutores das três viaturas, condutores de autocarros de passageiros baseados no Terminal Interprovincial da Junta (Cidade de Maputo), os Administradores dos distritos da Manhiça e Marracuene, entre outras pessoas. A fonte sublinha que o acidente ocorreu num local aberto e devidamente sinalizado (havia sinalização horizontal e dois sinais verticais).
“No piso não vimos nenhum rasto de travagem, o que significa que os motoristas envolvidos não tiveram, de forma nenhuma, tempo para fazer travagem. Estas viaturas só foram imobilizar-se a metros depois do local do acidente”, explica.
Entretanto, para além do erro humano, a Comissão aponta a fadiga como outro factor que pode ter precipitado o sinistro. De acordo com a Comissão, o condutor do autocarro terá saído da cidade da Beira, província de Sofala, por volta das 04:00 horas, tendo percorrido uma distância de aproximadamente 1.100 Km (até ao local do acidente) em apenas 15 horas sem obedecer o devido descanso: repousou apenas 15 minutos em todo o percurso.
“Apercebemo-nos ainda que, concorreu para este acidente, a falta de fiscalização por parte das autoridades que controlam o trânsito que poderiam ter interrompido a viagem deste motorista”, sublinha a fonte.
Refira-se que a Comissão de Inquérito garante ter concluído o trabalho no passado dia 10 de Agosto e que o documento foi submetido ao Gabinete do Primeiro-Ministro no dia 12 de Agosto (quinta-feira). (Marta Afonso)