A Diocese de Pemba concedeu, esta quinta-feira, uma conferência de imprensa, para repudiar quaisquer tentativas de intimidação, não só do Bispo, mas também de todos os homens e mulheres de boa vontade.
Segundo o Padre Dinis Alexandre Gabriel, Porta-Voz da Diocese de Pemba, o artigo publicado por um certo órgão de comunicação social, baseado em Maputo, a 04 de Novembro passado, apresenta um conteúdo sensacionalista, manipulador e mentiroso. Dinis Alexandre Gabriel disse que o texto que ataca o Clérigo de Pemba foi “construído na base de informações manipuladas e tendenciosas, falsidades e a vontade de destruir a imagem de toda a Igreja edificada há mais de 60 anos”. De acordo com o Padre Dinis Alexandre Gabriel, "trata-se, por isso, de um 'fake news', contra a ética e deontologia jornalística profissional”.
Para o Padre Dinis Gabriel, falando em nome da Diocese de Pemba, a denúncia do aludido Jornal e o respectivo Jornalista é oriunda da "capacidade e competência de um comunicador para destruir, e não para construir, fazendo um fraco favor à sociedade moçambicana, ansiosa pela paz e atacando o compromisso real da Igreja católica que tem mesma causa".
Indo mais, o Porta-Voz da Diocese de Pemba levantou dúvidas sérias sobre a credibilidade do referido Jornal e suas reais motivações e de seus financiadores. Dinis Gabriel questionou se a referida publicação está ao serviço do povo ou de interesses obscuros, para satisfazer alguns do regime vigente.
Gabriel explicou que estão em comunhão plena com o Bispo e Pastor e isto demonstra, na óptica deles, um sinal de unidade da Igreja em particular, assim como o corpo místico das diferenças culturais, raciais, étnicas e geográficas. Acrescentando, o Porta-Voz da Diocese disse: "não toleramos actos de interferências alheias às nossas raízes como Igreja, semeando discórdia, desunião na nossa fraternidade".
Entretanto, o porta-voz reafirmou o apoio incondicional e solidariedade ao Bispo e Pastor. Contudo, Dinis Gabriel disse que todos estão unidos na construção da paz e da verdadeira democracia em Moçambique.
Salientar que a conferência de imprensa não contou com a presença do Bispo de Pemba, porque se encontra em missão, em Maputo e, nos próximos dias, irá pessoalmente apresentar os novos contornos do caso. (Omardine Omar, em Cabo Delgado)
O antigo banqueiro do Credit Suisse Surjan Singh admitiu na quarta-feira ter recebido “por engano” quase 700 mil dólares a mais (632 mil euros) do que os cinco milhões que pediu aos conspiradores do esquema das “dívidas ocultas” de Moçambique.
O britânico Surjan Singh, acusado numa investigação dos Estados Unidos da América como conspirador num esquema de fraude, subornos e branqueamento de capitais, está a testemunhar no tribunal de Nova Iorque, ao abrigo do acordo de cooperação que conseguiu com a Justiça norte-americana quando se declarou culpado, em setembro.
No total, o suspeito terá recebido, neste esquema, 5,7 milhões de dólares (5,15 milhões de euros) numa conta bancária nos Emirados Árabes Unidos, através de vários pagamentos de remetentes relacionados com a empresa Privinvest.
Em testemunho no tribunal, Singh assumiu que recebeu quase 700 mil dólares a mais do que o combinado devido a “um engano” que o banqueiro não denunciou aos co-conspiradores do esquema. Ex-diretor do Credit Suisse Global Financing Group, Surjan Singh recordou, na quarta-feira, o empréstimo organizado pelo banco Credit Suisse para a empresa moçambicana Proindicus que teve todas as aprovações para ser aumentado, em várias etapas no ano de 2013, de 372 milhões de dólares para 622 milhões (de 335,8 milhões de euros para 561,5 milhões de euros).
Presente em tribunal, Surjan Singh contou que o seu antigo chefe Andrew Pearse lhe perguntou um valor de recompensa pelo papel de influenciar as decisões dentro do Credit Suisse, ao que Singh pediu cinco milhões de dólares (4,5 milhões de euros).
Este dinheiro era um pagamento “à parte” para Surjan Singh quando, em colaboração com o chefe Andrew Pearse, do Credit Suisse, e com o negociador Jean Boustani, da empresa Privinvest, o projeto Proindicus assumiu mais “upsizes” (aumentos, em tradução livre).
A revelação do “engano” de 700 mil dólares surgiu quando a equipa de acusação do Governo dos Estados Unidos da América mostraram os extratos bancários de uma conta “off shore” detida por Surjan Singh nos Emirados Árabes Unidos.
A procuradora questionou se “falou deste engano a alguém” e se “alguma vez tentou devolver o dinheiro a mais”, a que Singh respondeu que “não” e acrescentou que “talvez tenha sido por ganância”. O conspirador disse que a condição era criar uma conta bancária com sede nos Emirados Árabes Unidos para receber cinco milhões de dólares em várias tranches, de vários remetentes.
Para isso, Surjan Singh recebeu, em 2013, um visto de residência e de trabalho falsos para os Emirados Árabes Unidos, patrocinados por uma empresa subsidiária da Privinvest.
Os extratos dessa conta bancária detida por Singh em Abu Dhabi mostram depósitos vindos de vários remetentes, entre setembro de 2013 e março de 2014, com um valor de quase 5,7 milhões de dólares.
O acordo de cooperação com a Justiça norte-americana obrigou Surjan Singh a entregar 5,7 milhões de dólares ao Governo dos Estados Unidos da América antes do início dos depoimentos em tribunal.
Singh declarou-se culpado de conspirar para cometer o crime de lavagem de dinheiro. A cooperação com a Justiça prevê que, se disser toda a verdade nos depoimentos pedidos, os Estados Unidos retiram outras acusações que Singh enfrenta. (Lusa)
O ex-banqueiro do Credit Suisse, Surjan Singh, disse na terça-feira no tribunal em Nova Iorque, que recebeu subornos de Jean Boustani, executivo de vendas do grupo Privinvest, de Abu Dhabi, agora em julgamento por sua participação no escândalo das “dívidas ocultas” de Moçambique.
Singh é o segundo ex-funcionário do Credit Suisse a confessar sua parte na fraude e testemunhar contra Boustani. Seu superior hierárquico no Credit Suisse, Andrew Pearse, testemunhou durante vários dias em outubro. De acordo com uma transcrição dos procedimentos judiciais de terça-feira, Singh disse que havia percebido que Pearse estava a receber subornos de Boustani mas “eu não contei a ninguém sobre isso. Também concordei em receber subornos de Jean Boustani”.
Ele disse que recebeu 5,7 milhões de dólares de Boustani como pagamentos por “lobby” em nome de dois empréstimos para as empresas Proindicus e Ematum. "Eu participei do processo de aprovação internamente, no Credit Suisse, dos dois financiamentos”, disse Singh ao tribunal. “Fiz esforço para que eles fossem aprovados, priorizando-os em detrimento doutras transações. E consegui que eles fossem aprovados”.
Singh disse que as tranches do suborno foram pagas numa conta bancária em Abu Dhabi, que Boustani ajudou a abrir, ao organizar um endereço nos Emirados Árabes Unidos e uma autorização de residência para ele. Boustani, acrescentou, ajudou-o a manter o suborno em segredo, não apenas para o Credit Suisse, mas também para as instituições que investiram nas dívidas Proindicus e Ematum.
Singh também deu uma explicação detalhada do acordo de “delação premiada” que fez com procuradores americanos. Ele declarou-se culpado da acusação de conspiração para cometer lavagem de dinheiro, em troca dos promotores desistirem doutras acusações. No entanto, ele ainda enfrenta a possibilidade de uma sentença de 20 anos de prisão. O acordo também prevê um prazo de "liberdade supervisionada" até três anos.
Ele enfrenta uma multa de 500.000 dólares ou o dobro do valor dos instrumentos monetários envolvidos, além da restituição de quaisquer perdas causadas por sua conduta (a ser determinada pelo tribunal). Singh também deve entregar ao governo dos EUA o suborno de 5,7 milhões de dólares que recebeu. Ele disse ao tribunal que já pagou ao governo essa quantia na íntegra. O acordo o impede de apelar contra sua eventual sentença, desde que seja de 20 anos ou menos. (AIM)
O juiz responsável pelo julgamento de Jean Boustani em Nova Iorque, ligado às dívidas ocultas de Moçambique, assegurou que o processo deste arguido vai terminar a 22 de novembro. “De uma forma ou outra, asseguro-vos que o julgamento termina a 22 de novembro”, disse William Kuntz II, juiz do tribunal federal de Brooklyn (Nova Iorque), depois de aconselhar os advogados e procuradores a não serem repetitivos nas perguntas às testemunhas.
Esta é a primeira garantia dada pelo juiz sobre o fim do julgamento, que até agora proibiu qualquer questão relacionada com especulações sobre possíveis veredictos.. Numa audiência antes do início formal do julgamento, os procuradores apontaram quatro semanas de julgamento, enquanto a defesa de Jean Boustani respondeu que seriam necessárias seis semanas. O juiz não fez comentários na altura.
Jean Boustani, negociador da Privinvest, empresa de engenharia naval sediada nos Emirados Árabes Unidos, é acusado de crimes de fraudes económicas, suborno e lavagem de dinheiro.
A Privinvest seria a fornecedora de embarcações e de serviços de proteção costeira às empresas públicas moçambicanas Ematum, MAM e Proindicus, que recorreram a empréstimos de milhões de dólares, com garantias de devolução asseguradas pelo Estado de Moçambique. Depois de falhar vários pagamentos, o Estado de Moçambique ficou com uma dívida de mais de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros), revelada em 2016.
Desde que o julgamento começou a 15 de outubro, William Kuntz tem vindo a fazer observações de que o júri, composto por 16 pessoas, “é esperto” e “sabe ler”, não havendo necessidade de advogados ou procuradores perguntarem várias vezes alguns detalhes.
O julgamento decorre todos os dias, exceto aos fins de semana, desde 15 de outubro. Até agora, mais de dez pessoas deram o seu testemunho, entre banqueiros, consultores financeiros e contabilistas. Neste caso, os testemunhos consistem em responder a perguntas dos procuradores e dos advogados de defesa, sobre documentos e mensagens enviadas pelos arguidos, processos de empréstimos, serviços bancários, entre outros.
Numa forma de “pôr o processo a andar”, como se expressou, o juiz foi firme em recomendar mais agilidade nos interrogatórios. O interrogatório mais longo foi o de Andrew Pearse, arguido que se deu como culpado e está a colaborar com os acusadores.
Pearse é um ex-banqueiro do Credit Suisse e fundador da empresa Palomar que, acusado de pagar subornos a diferentes personalidades moçambicanas, em conjunto com Jean Boustani, que representava a empresa Privinvest. (Lusa)
Não há, para já, qualquer data para apresentação do relatório da Comissão de Inquérito criada para apurar as circunstâncias que culminaram com o assassinato do activista social Anastácio Matavele, ocorrido no passado dia 07 de Outubro último.
Matavele foi, sabe-se, executado por um grupo de cinco agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), afectos à tropa de elite, nomeadamente o Grupo de Operações Especiais, criado para proteger o Presidente da República, e a Unidade de Intervenção Rápida.
Uma semana depois de ter comunicado a jornalistas que o relatório já havia sido concluído e que se encontrava na posse das “entidades competentes”, Orlando Mudumane, porta-voz da PRM, voltou a socorrer-se dos mesmos argumentos para não partilhar aquelas que são as conclusões da investigação que foi desencadeada.
Esta quarta-feira, em mais um briefing com a imprensa, a par de declinar dar qualquer informação sobre o assunto, Mudumane disse que o relatório será tornado público “assim que for conveniente”. Disse, a fonte policial, que era importante, nesta fase, deixar que o processo siga os seus trâmites legais.
“O inquérito já terminou, o relatório inclusive já existe e o mesmo, como dissemos na semana passada, ainda está na posse de entidades competentes, estão a analisar, estão ainda a trabalhar com o relatório, aliás, o mesmo relatório fará parte das várias peças de expediente que compõe este processo-crime que está a ser neste momento investigado. Portanto, assim que for conveniente, o relatório será tornado público. Por enquanto, deixemos que o processo siga os trâmites legais”, justificou Mudumane.
Ainda na interacção com os órgãos de comunicação social, Orlando Mudumane confirmou a detenção do comandante do Grupo de Operações Especiais, Tudelo Guirrugo, isto por haver fortes indícios do seu envolvimento no assassinato do invertebrado defensor da Biodiversidade.
Tudelo Gurrugo, antes de ser detido, encontrava-se suspenso, juntamente com Alfredo Macuácua, comandante da Unidade de Intervenção Rápida, a nível de Gaza, por ordens expressas de Bernardino Rafael, Comandante Geral da PRM. (Marta Afonso)
“Falsas e caluniosas”. Foi nestes termos em que o Conselho Permanente da Conferência Episcopal de Moçambique reagiu à informação veiculada por um órgão de comunicação social da praça em que aponta o Bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, como sendo um disseminador do racismo e de estar a atentar contra a segurança do Estado moçambicano.
Em nota, datada de 4 de Novembro, ou seja, última segunda-feira, dia em que, por sinal, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal se reuniu em sessão de trabalho, o órgão insta os gestores daquela publicação a serem “promotores da verdade e da paz e não defender interesses obscuros e prejudicais para o país”.
O Conselho Permanente da CEM diz, igualmente, que o compromisso e o desejo dos Bispos Católicos é que a “paz, a reconciliação e a esperança” reinem no país, tal como defendeu o Papa Francisco, na recente visita que efectuou a Moçambique, no passado mês de Setembro.
Essencialmente, o semanário da praça, com ligações ao partido Frelimo, que suporta a notícia com base numa Carta denúncia alegadamente escrita por padres católicos moçambicanos, para além do tratamento discriminatório, baseado na cor da pele, avança que Dom Luiz Fernando Lisboa está envolvido na exploração ilegal de minérios e que, para o efeito, conta com a colaboração dos garimpeiros locais.
O aludido jornal aponta também que Dom Luiz Fernando Lisboa “no lugar de transmitir uma mensagem de conforto para com as populações e de encorajamento ao Governo, faz o contrário, constando que tem lançado críticas contra o Governo, alegadamente por não estar a fazer nada para defender as populações vítimas dos ataques dos malfeitores”.
Entretanto, na passada segunda-feira, dia em que o semanário foi às bancas, dois conhecidos analistas da praça e híper activos na rede social facebook, que “mamam” nas tetas do partido no poder, postaram a capa da referida publicação nas suas contas naquela rede social, acompanhados de comentários vexatórios à imagem de Dom Luiz Fernando Lisboa.
O conhecido historiador da praça, actualmente vassalo do regime, diz no seu comentário, em que tem apensa a capa do jornal, que se sente “ataranto” por ver dirigentes da igreja que é parte integrante “envolvidos em actos violentos”. Prossegue no seu comentário que é aquele tipo de Bispo que “gostaria” de ver “fora do prelado”.
Um outro miliciano digital, que faz dupla com o afamado historiador, no breve comentário que faz, igualmente acompanhado da capa do referido jornal, equipara o Bispo a “Judas Iscariotes”.
Citado pela Rádio Renascença, Dom Luiz Fernando Lisboa disse que a situação naquela parcela do país continua descontrolada e lamentou o facto de milhares de pessoas estarem a fugir para as cidades, devido aos ataques armados. (Carta)