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Sociedade

domingo, 27 janeiro 2019 11:54

Mulher de Lacá também morre

A esposa do empresário de Lichinga, Fazal Lacá, dona Lina, acaba de perder também a vida na sequência dos ferimentos graves que sofrera no acidente de ontem que tirara a vida ao marido. A senhora havia sido ferida gravemente num braço, mas terá sofrido demasiadas contusões causando-a hemorragias internas. O enterro de Fazal Lacá tinha sido adiado para amanhã justamente porque os lideres religiosos locais esperavam que a mulher recuperasse, para ser informada. Lacá era natural de Inharrime, em Inhambane, e tinha 78 anos de idade. (Carta)

domingo, 27 janeiro 2019 09:58

Morreu o "soba" de Lichinga, Fazal Lacá

O respeitado empresário de Lichinga, Fazal Lacá, perdeu a vida ontem por volta das 23 horas, após ter sofrido um grave acidente de viação quando saía de uma festa de casamento na companhia da mulher. O acidente aconteceu bem próximo do Hospital Provincial do Niassa. Uma viatura Toyota (pick up de duas cabines) saiu da sua faixa de rodagem e foi embater violentamente no carro conduzido por Lacá, que perdeu a vida poucos minutos após ter dado entrada no hospital com ferimentos graves.

 

A mulher de Lacá teve um braço fracturado e será operada ainda hoje em Lichinga, de acordo com uma fonte familiar em declarações à “Carta”. Segundo a fonte, a senhora está a passar por mais exames para se apurar doutras eventuais mazelas. Fazal Lacá, já a caminho dos 80 anos, era um carismático empresário local. Sua principal actividade foi o comércio a retalho, mas também "meteu a mão" em sectores como a agricultura, turismo e avicultura.

 

 Foi um actor ferveroso do associativismo empresarial, tendo desempenhado papéis de relevo junto da CTA, um dos quais o de Vogal na anterior direcção do organismo. Foi o fundador da Associação de Hotelaria do Niassa.

 

A notícia da sua morte espalhou-se rapidamente em Lichinga ontem à noite. Esta manhã, a cidade acordou enlutada, consternada. Lacá era uma referência incontornável na vida empresarial, política e cultura da cidade, uma daquelas figuras eminentes cuja história vai estar eternamente ligada ao nome do Niassa. Ele vestia a rigor, andava sempre de fato e gravata e um chapéu de abas. Vai a enterrar amanhã. (Carta)

 ANDREE HANKON

O Governo sul-africano reagiu na última quarta-feira à morte de Andrew Hannekom, cidadão daquele país acusado de ser um dos financiadores dos insurgentes que aterrorizam Cabo Delgado há dois anos. Num comunicado citado pela Lusa, porta-voz do Alto-Comissariado da África do Sul em Moçambique, Ndivhuwo Mabaya, disse que a Ministra das Relações Internacionais e Cooperação, Lindiwe Sisulu, recomendou que se deve investigar urgentemente os contornos da morte de Andrew Hannekom, que perdeu a vida no hospital provincial de Pemba, onde se encontrava em tratamento desde sábado. Segundo a nota da Lusa, citando Ndivhuwo Mabaya, “a ministra Lindiwe Sisulu orientou o Alto-Comissário a trabalhar urgentemente com as autoridades moçambicanas para se apurar as circunstâncias da morte de Hannekom ”. (O.O.)

amadii

Na manhã de ontem, o pai de Amade Abubakar deslocou-se ao posto policial de Macomia para visitar o jornalista, como tem feito desde a sua prisão; todavia, foi informado que o filho tinha sido transferido para a Cadeia de Máxima Segurança, na cidade de Pemba, também conhecida como “BO de Pemba”. A notícia criou indignação no seio familiar.

 

O progenitor do jornalista, preso há mais de 19 dias, entrou em contacto com um dos filhos que, de imediato, abordou o advogado de Abubakar. "O advogado confirmou a transferência de Abubakar com todo o processo para a 'BO de Pemba'", relatou o irmão.

 

Ainda em contacto com a “Carta”, o irmão disse não conhecer as causas que ditaram a transferência de Abubakar. “Neste momento estamos a contactar o advogado para saber se podemos visitá-lo lá ou não. Não sabemos porque se procedeu deste modo”. 

 

Recorde-se que Andre Hanekon, acusado de ligação à insurgência em Cabo Delgado e que morreu há dias, aguardava julgamento na BO de Pemba, para onde foi transferido o jornalista. Amade é indiciado de violação de segredo do Estado por meios informáticos e instigação pública a um crime com uso de meios informáticos, previstos e punidos nos termos dos artigos 322 e 323, todos do Código Penal. (S.R.)

sexta-feira, 25 janeiro 2019 02:33

Maputo bebe água turva

As torneiras das Águas da Região de Maputo (AdeM) jorram água com um nível de turvação acima dos padrões, o que deixa consumidores preocupados no que concerne ao uso da mesma. De acordo com um documento facultado à “Carta” pela AdeM, o facto deve-se a reparação feita na conduta de 800mm na estação de tratamento do Rio Umbeluzi, que originou um arrastamento de sedimentos dos tubos e aumentou a turvação da água.

 

Em relação ao aspecto da água, a AdeM explicou que o mesmo deve-se também a alteração da água bruta do Rio Umbeluzi, que tem perdido a oxigenação por falta de chuvas. Por outro lado, a AdeM constatou durante o processo do controlo da qualidade da água, que a mesma está sendo distribuída com um cheiro forte, contendo algas e por vezes com uma cor acentuada.

 

Enquanto busca-se por soluções definitivas para este problema, embora o actual sistema de tratamento de água não tenha sido concebido para lidar com esta situação, estão a decorrer actividades de modo a serem retiradas as algas dos rios usando para tal a mão-de-obra local; no entanto, a AdeM garante que a água pode ser consumida porque cumpre com os parâmetros químicos e microbiológicos recomendados pela Organização Mundial da Saúde. (M.A.)

O MISA Moçambique afirma que o jornalista Amade Abubacar foi “raptado”, pois a sua detenção não foi antecedida da emissão, por um tribunal, de um mandado de captura, como reconhece o próprio Ministério Público – quando afirma que a detenção “não se mostra legal porque não consta dos autos qualquer mandado de captura ordenada pelas autoridades competentes, por se tratar de uma prisão fora do flagrante delito”. Ernesto Nhanale, em representação do MISA Moçambique, argumentou que é inaceitável num Estado de direito democrático a detenção de um jornalista em pleno exercício de funções, pois “a actividade jornalística é liberal, o que torna os seus profissionais sempre ligados a diversos órgãos de informação que os solicitam ou os contratam para, sempre que se justificar, recolher, tratar e difundir informação de interesse público.” 

 

Sobre a acusação que recai sobre Amade, a de possuir uma lista nominal dos jovens do Al-Shabab que criam terror em Cabo Delgado, o MISA refere que, como qualquer jornalista profissional, Amade Abubacar deve possuir o seu arquivo de informação. Acrescenta ainda que a lista é resultante de meses de recolha de informação sobre os nomes dos insurgentes, o seu perfil e suas origens. “Este exercício é muito normal em jornalistas trabalhando em contextos democráticos (de que Moçambique faz formalmente parte, a avaliar pelo estabelecido na CRM), pelo que é errado tal ser visto, a existir, como um acto de espionagem”. O facto de Amade ser um jornalista residente e bastante influente em Macomia, é apontado pelo MISA como sendo um factor que facilita “o acesso a diversas fontes de informação, jornalistas e pesquisadores”. 

 

A mesma instituição defende que há forte possibilidade de, durante os 13 dias em que Amade esteve detido no quartel militar, ter sido coagido, sob ameaças ou tortura, a confessar crimes que nunca cometeu e levanta, por outro lado, a possibilidade “de os seus captores terem fabricado ‘evidências’ contra o jornalista, bastando para tal obrigá-lo a ingerir substâncias que o tornassem inconsciente e de seguida introduzirem nos seus bolsos ou telemóvel substâncias ou informação que usariam como ‘provas’ do seu envolvimento em actos conspiratórios”.

 

 O MISA-Moçambique lamenta e condena, a todos os títulos e magnitude, que certos órgãos de comunicação social do sector público – que vivem dos impostos dos cidadãos –  se tornem prestáveis a campanhas de insinuações sobre um inexistente envolvimento de um jornalista em actos terroristas, especialmente quando estes mesmos órgãos nunca se dignaram a prestar qualquer informação ao público sobre a detenção, ou mesmo as circunstâncias ilegais em que o mesmo foi detido. “O MISA-Moçambique reitera, em termos veementes, o seu apelo às autoridades de justiça a libertarem o jornalista mediante termo de identidade e residência (TIR) ou, alternativamente, mediante o pagamento de caução”. (S.R.)