O Banco de Moçambique (BM) alterou sua forma de comunicar com a opinião pública, através da comunicação social. No passado, o BM convocava os jornalistas para uma conferência de imprensa onde, na presença de um ou dois administradores (ou mesmo do Governador), era possível uma discussão acalorada sobre várias temáticas decorrentes das suas atribuições. Este ano, o banco introduziu uma nova fórmula: convida os jornalistas a remeterem questões com antecedência, as quais são posteriormente respondidas, não pelo Governador nem por um administrador, mas pela Directora de Comunicação e Imagem, Silvina de Abreu.
O famoso criminalista Albano Silva é o advogado com procuração junto do Ministério Público para defender o antigo Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gouveia Gove. “Carta” sabe que Albano Silva foi a terceira escolha de Gove. Na passada sexta-feira, os dois entraram de “mãos dadas” no edifício da Procuradoria-Geral da República (PGR), na Vladimir Lenine, em Maputo. No processo das “dívidas ocultas”, Gove é acusado de abuso de cargo ou função e associação para delinquir.
O criminalista é uma velha raposa da advocacia moçambicana, um investigador nato, trabalhador incansável, como caracterizou um colega que lhe é chegado. Mas, reza outra descrição, Albano Silva é um advogado que sempre se valeu das suas influências extra-processuais para defender clientes, num registo de justicialismo imposto a todo o custo. Ao abraçar Ernesto Gove, o advogado regressa às barras, firmando-se como o mais experiente dos causídicos das “dívidas ocultas”. Para além dele, e de Abdul Gani Hassan, todos os outros pertencem a uma fornada de geração recente, que vai ganhando cada vez mais espaço nas lides.
Na segunda-feira, desta semana, perguntámos a albano se tinha aceite Gove como cliente. “Não sou advogado de ninguém”, disse ele. Mas, a procuração constante no processo desmente essa recusa. Nos últimos anos, Albano Silva esteve afastado das barras. Associou-se a um jovem jurista e criou a Albano Silva e Guilaze, uma firma que faz um pouco de tudo. Na sua página na internet, pode-se ler uma mini-biografia do advogado. Ela reza assim:
“António Albano Silva é sócio sénior e fundador da sociedade. É licenciado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane, em 1981, é advogado e membro fundador da Ordem dos Advogados de Moçambique e está inscrito na mesma (Ordem dos Advogados de Moçambique) desde o ano de 1994 (ano da sua fundação): Tem mais de 37 anos de experiência profissional e é responsável pelos serviços de assistência jurídica em várias áreas, com especial enfoque para o Direito Fiscal, Direito Bancário, Concessões e Licenciamento, Arbitragem, Mediação e Conciliação, Contencioso, Direito Administrativo e Contratação Pública”.
O retrato, breve como um cartão-de-visita, é muito lacónico. Não capta o percurso intenso de um dos mais mediáticos e controversos advogados do pós-independência. Entre meados dos anos 90 a cerca de 2010, Albano Silva tornou-se no advogado com mais parangonas nos “media” nacionais, tanto por motivos de bravura como de chacota. O primeiro grande caso foi de tráfico de droga. Em 1995, a Polícia apreendeu 40 toneladas de haxixe que circulavam na cidade de Maputo, em dois camiões.
A Polícia deteve preventivamente o empresário Mahomed Ikbal Gafar, do Grupo AGT de Nampula. Albano Silva foi contratado como advogado, naquele que foi o primeiro grande caso criminal após a transição para a democracia. O advogado meteu-se no terreno como um exímio detective e cedo desmontou a narrativa incriminatória da Polícia. Ikbal acabou sendo libertado provisoriamente, mas morreu pouco depois de hepatite num hospital no estrangeiro. A única pessoa verdadeiramente presa em conexão com esta apreensão foi o condutor de camião Samssudine Satar.
Depois veio Robert Macbride, na altura funcionário de alto escalão do Departamento de Relações Exteriores da África do Sul. Foi preso pela polícia moçambicana, em Ressano Garcia, com várias AK47 na sua bagageira. Alegou-se que McBride estava em missão de investigação sobre alegações de contrabando de armas de Moçambique para a África do Sul. Está-se em 1998. O Tribunal Supremo mandou soltar McBride após a intervenção do advogado Albano Silva. O sul-africano acabou fugindo do país sem sequer ser julgado.
E por fim a saga do caso da fraude ao antigo BCM (que se desenrolou em várias dimensões e episódios). A fraude (14 milhões de USD) foi descoberta entre 1996/1997. O BCM, maior banco comercial do pais, contratou Albano Silva, que trabalhou incansavelmente para levar o caso do BCM ao tribunal, apesar de obstáculos de vária ordem. Esbarrou com agentes da Polícia corruptos e entrou em rota de colisão com dois procuradores encarregues de investigar o caso, nomeadamente, Diamantino dos Santos e Rui Seuane (marido da Procuradora Geral Beatriz Buchili). A investigação recaía sobre um antigo gerente do BCM, Vicente Ramaya, e sobre os irmãos Satar (Ayob e Nini, na Unicâmbios).
Os dois lados, nomeadamente, o grupo investigado e o advogado, tornaram-se inimigos figadais. O advogado tinha descoberto evidências que levavam ao grupo como sendo o mentor da fraude. Mas, o grupo começou a alegar que Albano estava a “persegui-lo” para esconder os verdadeiros mentores do rombo. Albano Silva percebeu, então, que uma aliança com o jornalista Carlos Cardoso era fundamental para ele ganhar uma causa que já não era apenas do foro da justiça; jogava-se também no extenso palco da opinião pública. Carlos Cardoso viria a ser assassinado quando investigava, entre outros, o caso BCM, numa colaboração profícua com o advogado. O caso da fraude ao BCM viria a ser julgado, em 2003, e a tese de Albano Silva acabou vingando: Vicente Ramaya e os irmãos Satar viriam a ser condenados.
Foi uma vitória de Albano arrancada a ferros. Seus detractores não lhe vêem brilhantismo nenhum, mas apenas uma habilidosa capacidade de mover influências. Agora que ele regressa às barras há quem prefira recordar um caso que parece vexatório para o causídico. Em 1999, um ano antes do assassinato do jornalista Carlos Cardoso, Albano Silva reportou uma tentativa de assassinato contra si, apontando para os irmãos Satar. O caso só foi julgado em 2008 mas ninguém foi condenado. Porquê? Sabe-se hoje que a trama não passara de uma inventona. Albano Silva é considerado um exímio manhoso, um lobo matreiro. Mas na inventona, ele falhou redondamente. E agora? Que trunfos usará para safar Gove? (Marcelo Mosse)
Em Março último, os preços de produtos e serviços aumentaram drasticamente na cidade da Beira, conforme indicam dados do Índice de Preços no Consumidor (IPC), do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
O IPC diz que a capital de Sofala registou no mês passado uma inflação (desagregada) de 2,87%, seguida de Maputo (0,18%) e Nampula (0,17%). Em termos gerais, no mês de Março, o país registou um aumento do nível de preços na ordem de 0,67%, contra 0,32% no mês anterior.
De acordo com o IPC, as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas, bem como de habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, foram as que maior agravamento de preços registaram, tendo contribuído com 0,36% e 0,23% positivos, respectivamente.
O IPC refere também que “na análise da inflação mensal por produto destaca-se a subida de preços do tomate (10,6%), consumo de electricidade (21,7%), carvão (6,3%), cebola (6,5%), feijão manteiga (4,4%), couve (4,6%) e consultas em clínicas (5,1%) que no total da inflação contribuíram com cerca de 0,55% positivos”.
No mesmo período de 2018, o IPC diz que o país registou um aumento de preços na ordem de 3,41%, e que as divisões de transportes, assim como da saúde, em termos homólogos tiveram maior variação de preços, com 6,42% e 6,39%, respectivamente.
Quanto à inflação acumulada, os dados do IPC indicam que no primeiro trimestre de 2019 o país registou um aumento de preços na ordem de 1,63%. Desagregando, a cidade da Beira foi a que teve o maior aumento do respectivo nível geral de preços, com 4,13%, seguida das cidades de Maputo (1,26%) e Nampula (0,65%). (Evaristo Chilingue)
A Ministra britânica de Desenvolvimento Internacional, Penny Mordaunt, anunciou esta quinta-feira (11) que o governo do seu país vai conceder um financiamento extra de aproximadamente 18 milhões de USD para ajudar as vítimas do Ciclone IDAI em Moçambique, Malawi e Zimbabwe. Conforme referiu Mordaunt, aquele montante junta-se aos 28 milhões de USD doados pelo governo britânico logo após a passagem do mortífero e destruidor IDAI pela região Centro de Moçambique.
Do financiamento extra que o Reino Unido vai conceder em apoio às vítimas do IDAI no nosso país, Malawi e Zimbabwe, cerca de 13 milhões de USD são para ajuda humanitária nas componentes de alimentação, água e saneamento. Os restantes cinco milhões de USD destinam-se à educação de emergência para as crianças afectadas pelo desastre.
Um comunicado enviado à nossa Redacção refere que durante a recente Reunião da Primavera do Banco Mundial realizada em Washington D.C., nos Estados Unidos da América (EUA), Penny Mordaunt foi co-anfitriã de um encontro para discutir a resposta ao ciclone IDAI, tendo a Ministra aproveitado a ocasião para encorajar outros doadores a aumentarem os respectivos financiamentos.
Ainda durante a reunião para análise da resposta a ser dada ao ciclone IDAI, Mordaunt disse que desde a passagem do ciclone IDAI o seu país tem liderado a campanha de apoio às vítimas da destruição provocada por aquele fenómeno natural. Sublinhou que o financiamento extra a ser concedido pelo governo do seu país vai contribuir no incremento da ajuda onde ela for mais necessária. Segundo Penny Mordaunt, por causa das mudanças climáticas o Reino Unido já está a prestar assistência aos países africanos com vista à sua adaptação aos choques climáticos, facultando a capacidade técnica necessária, assim como apoio financeiro.
Até 2021, o governo britânico compromete-se a gastar 6,5 mil milhões de USD para ajudar os países em desenvolvimento a responder aos desafios das mudanças climáticas nas áreas da agricultura e energia.
Durante uma ‘mesa-redonda’ do Banco Mundial, a Ministra britânica de Desenvolvimento Internacional pediu aos seus homólogos de outros países para prestarem apoio às nações africanas a fim de estas melhorarem a sua preparação e resiliência às crises. O apoio, de acordo com Penny Mordaunt, deverá abranger o fortalecimento do uso e precisão das previsões para prever padrões climáticos destrutivos, e aumento da utilização do financiamento de risco de desastres. Isso vai permitir que mais facilmente os países tenham acesso ao financiamento após um desastre. (Carta)
Aparentemente não chegam a todos os verdadeiros destinatários as doações que massivamente têm sido enviadas dos mais variados cantos de Moçambique e do mundo inteiro, para apoiar as vítimas do ciclone Idai. Contrariamente ao que foi apregoado, as companhias de telefonia móvel ainda se ressentem dos efeitos da mortífera e devastadora tempestade que em meados de Março último flagelou a região Centro do país, com maior gravidade a província de Sofala, sua capital Beira em especial. Prova disso têm sido as dificuldades que a equipa da “Carta” enviada à capital de Sofala enfrenta nas comunicações através de algumas redes das companhias de telefonia móvel (cujos nomes reservamo-nos o direito de não revelar), e que estiveram na origem do atraso no envio deste trabalho à nossa Redacção em Maputo.
Para apurar a veracidade dos factos em torno das queixas apresentadas por aqueles que viveram na carne os efeitos do Idai, “Carta” visitou alguns centros de acomodação e bairros da Beira. Observando atentamente o que se passa na cidade, volvidos sensivelmente 24 dias após o Idai, pode-se dar crédito à ideia sustentada por alguns segmentos da opinião pública, segundo a qual há um certo aproveitamento político da tragédia trazida pelo ciclone à sua passagem por alguns distritos da região Centro e uma parte da província de Inhambane.
O que constatámos no nosso périplo pela capital de Sofala foi a existência de pessoas residentes nas zonas urbanas aparentemente esquecidas, que para o seu sustento diário são obrigadas a contar com as próprias forças. Vimos em certos locais da Beira casas desprovidas de tectos, e nem mesmo as igrejas, mesquitas e outras infraestruturas escaparam à força dos ventos que chegaram a atingir uma velocidade de aproximadamente 240km/hora.
Os beirenses ‘marginalizados’
Muitos beirenses contactados pela nossa reportagem disseram não sentir-se abrangidos pelo abraço dos que internamente e a partir do estrangeiro quiseram demonstrar a sua solidariedade para com aos afectados pelo ciclone Idai. Na memória dos beirenses irá prevalecer a recordação de durante algum tempo Beira ter-se tornado na ‘capital do mundo’, ainda que muitos habitantes daquela cidade sejam de opinião que não se sentem beneficiados pelo apoio que várias organizações humanitárias e governos do mundo inteiro têm prestado às vítimas de um fenómeno natural de triste memória que deixou um rasto de destruição e morte.
Desumano é como se pode classificar o cenário a que “Carta” assistiu no centro de acolhimento dos afectados pelo Idai que funciona na Escola Primária Eduardo Mondlane, situada no bairro nobre de Ponta-Gea, agravado pela “praga de moscas” que invadiu a cidade da Beira! Naquele local, as pessoas dormem no chão frio, e os alimentos são confeccionados nas mais precárias condições.
Em conversa com a nossa reportagem, fonte oficial que nos pediu anonimato disse que os dias têm sido difíceis para as famílias que vivem na Escola Primária Eduardo Mondlane. Gradualmente, as mais de 1500 pessoas que eram acolhidas naquele centro começaram esta semana a sair de lá, tendo algumas delas sido aconselhadas a regressar às suas casas, enquanto outras, sobretudo as que praticamente perderam tudo, terão de esperar pelo reencaminhamento a ser-lhes dado pelas organizações que prestam assistência às vítimas do Idai. Entretanto, quase todos os alunos da Escola Primária Eduardo Mondlane regressaram às aulas, e caso não se tenham transferido para outros estabelecimentos de ensino ver-se-ão obrigados a compartilhar as instalações com as vítimas do ciclone.
Joaquina Magalhães, uma das munícipes da Beira contactada pela “Carta”, não escondeu a sua tristeza pelo facto de o Idai ter destruído aquela cidade que, segundo ela, “já não terá o mesmo brilho”. Joaquina garante que por muitos anos que viva nunca esquecerá a tragédia do ciclone Idai, realçando que não quer voltar a viver uma situação idêntica. Contou que a madrugada do dia 15 de Março foi a mais longa da vida dela, por ter assistido, impotente, ao desabamento de tectos e casas em poucos segundos! Garante ter visto pessoas a voar como simples objectos. “O ciclone Idai despiu a cidade da Beira”, frisou. Para um outro munícipe beirense, Felizardo Junqueiro, o ciclone Idai foi e sempre será lembrado com lágrimas, principalmente nos dias 14 e 15 de Março de cada ano. Para Junqueiro, o grande problema neste momento são os apoios que não chegam às famílias, sobretudo as dos bairros da zona urbana. De acordo com Felizardo Junqueiro, os secretários dos bairros foram desde as primeiras semanas instruídos no sentido de produzir listas para apoios. “Mas até aqui nem água vai, nem água vem”, lamenta, acrescentando que essa foi a razão por que ele e outros munícipes desistiram de tais apoios optando por contar com as próprias forças.
A cidade da Beira poderá equiparar-se a uma “nova Pompeia africana”. Pompeia, antiga cidade do Império Romano, na Itália, onde agora é o território do actual município de Pompeia (a 22km de uma outra cidade, Nápoles), foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio no ano 79 D.C., que provocou uma intensa chuva de cinzas que a ‘sepultou’ completamente.
Reorganização da “nova Beira
Tendo em conta a tamanha destruição que Beira sofreu, os munícipes desta cidade ouvidos pela “Carta” são de opinião que o Governo deveria começar com um plano de reorganização da “nova Beira”. Acrescentaram que para além dos efeitos do ciclone Idai, a erosão corrói lentamente a capital de Sofala, como acontece no Bairro dos Pescadores, ao longo da Praia Nova e noutras áreas nos arredores da urbe. Os nossos interlocutores também disseram que a reconstrução das casas danificadas é apenas uma medida paliativa, porque aos poucos as águas do Oceano Índico vão consumindo a zona habitacional. Alertam que caso essa situação prevaleça, “dentro de alguns anos as coisas podem piorar”.
Embora no ano de 79 D.C. a cidade de Pompeia tenha sito vítima da fúria de um vulcão jamais vista, e em 2019 a cidade da Beira ter sido fustigada por um ciclone considerado, pelo menos até ao momento, o mais violento do hemisfério sul, urge aprender com o que os italianos fizeram quando em 1748 reencontraram por acaso a antiga cidade de Pompeia. (Omardine Omar, Beira)
Por causa dos estragos causados pelo ciclone IDAI no Centro do país, particularmente na capital de Sofala, Beira, os panificadores desta cidade não têm tido mãos a medir para garantir o fornecimento de pão às famílias, tendo em conta que toda a cadeia de produção daquele alimento básico ficou afectada.
Neste momento, os panificadores da Beira queixam-se dos elevados custos no fabrico do pão para satisfazer os consumidores daquela segunda maior cidade moçambicana. Como resultado dos danos provocados pelo IDAI, actualmente na Beira e no distrito de Dondo só funcionam 10 das 32 panificadoras lá existentes, cujos proprietários são membros da Associação Moçambicana dos Panificadores (AMOPAO), delegação de Sofala.
De acordo com Mohammad Wassim, delegado provincial da AMOPAO em Sofala, os elevados custos que o fabrico do pão implica devem-se ao facto de a maioria dos panificadores ainda não dispor de energia eléctrica, sobretudo na Beira. Wassim disse que na falta de electricidade os panificadores têm como alternativa os geradores, que para poderem funcionar precisam de combustível, ou recorrem à lenha, cuja preparação implica custos relacionados com o aluguer de motosserras. “Mas os que têm energia eléctrica queixam-se de esta ser muito cara, desde que houve um aumento da tarifa a partir do dia 01 de Março último”, afirmou Mohammad Wassim.
A farinha de trigo, principal matéria-prima no fabrico do pão, também passou a ser mais cara depois do IDAI. Segundo o delegado da AMOPAO na província de Sofala, antes do dia 14 de Março um saco de trigo custava 1.450,00 Mts, mas agora custa 1.680 Mts. Para este aumento, os fornecedores da farinha de trigo apresentam como justificação os elevados custos no transporte do produto, uma vez que as moageiras na Beira deixaram de funcionar por terem ficado danificadas pelo ciclone.
Mohammad Wassim acrescentou que “para além desses factores, na cadeia de produção do pão houve outros produtos cujos preços também subiram”. Citou como exemplos os fermentos, vitaminas e saco plástico, afirmando, no caso deste último, que “apesar de existir no mercado nacional é importado”. Face aos custos no fabrico do pão, que resultam em prejuízos no negócio dos panificadores, Wassim defende ser legítimo um reajuste do preço daquele alimento básico. Adiantou que o aumento no preço do pão é uma proposta que vem sendo apresentada pelos panificadores desde há sensivelmente dois anos, e que agora tornou-se uma “necessidade” devido aos efeitos do ciclone IDAI. (Evaristo Chilingue)
Félix Machado, Director da Terramar Logística, na Beira, uma empresa privada escolhida pelo governo de Moçambique para trabalhar com o Programa Mundial de Alimentação (PMA) na distribuição de ajuda às vítimas do Ciclone IDAI, no centro do país, já teve um caso de fraude e perdeu o emprego por essa razão, escreve a Zitamar News.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) anunciou, a 1 de Abril corrente, uma comissão conjunta para a distribuição de ajuda, composta pelo PMA e pela empresa privada Terra Mar Logística. Félix Machado, Diretor da Terra Mar, já foi Director Comercial da Cornelder de Moçambique, a joint-venture moçambicana-holandesa, que opera o Porto da Beira. Machado encabeçava um departamento que deveria ter evitado, em 2015, um fraudulento esquema que custou ao Porto da Beira mais de 500 Mil USD.
Um representante da Cornelder disse à Zitamar News, nesta semana, que Machado não foi considerado responsável por aquilo que foi descrito como “uma irregularidade interna”, mas que “o seu departamento deveria ter detectado a irregularidade e, por isso, ele foi responsabilizado por este fracasso”.
De acordo com uma reportagem do jornal “Notícias”, de Fevereiro de 2015, a “fraude” envolveu funcionários ligados ao sector de manuseamento de cargas para a Zâmbia, Zimbábue, Malawi e RD do Congo. A reportagem refere ainda que Cornelder disse ter lidado com as “irregularidades” internamente, descartando a necessidade de procedimento criminal.
Machado disse à Zitamar que não discutiria o caso por telefone, mas que estava de “consciência tranquila”. Na Beira, todo o mundo sabe que Félix Machado foi “expulso da Cornelder por roubo”. (Carta)
Responsáveis das companhias eléctricas do Malawi e de Moçambique assinaram, esta quinta-feira, em Lilongwe, acordos técnicos e comerciais com vista à interligação do Malawi com os demais países da SADC, tornando-se, deste modo, membro operativo da Southern African Power Pool (SAPP), entidade regional do sector eléctrico. O projecto irá criar o estabelecimento de uma linha de transmissão com Moçambique que irá satisfazer as crescentes necessidades energéticas do Malawi e abrirá oportunidades de negócio energético a nível dos países membros da SAPP.
A Electricidade de Moçambique poderá render com estes acordos 50 milhões de dólares americanos, por ano, segundo apurámos. O ministro moçambicano dos Recursos Minerais e Energia, que testemunhou o acto, disse, na ocasião, que os acordos vão cimentar as relações entre os estados membros da SADC e são uma oportunidade para a consolidação dos laços de cooperação. “É um projecto que à partida irá promover a exportação e cimentar a exportação de energia de Moçambique para o Malawi e, a longo prazo, irá garantir a ligação do Malawi a Nacala, Nampula, criando um anel que vai permitir segurança nos fornecimentos de energia à região norte de Moçambique”, disse Max Tonela.
Segundo ainda Tonela, a perspectiva que se tem é de criação de uma infra-estrutura de interligação com todos os países vizinhos de modo a promover a exploração do potencial do mercado regional, tendo em vista a viabilização dos grandes empreendimentos energéticos, aproveitando as economias de escala propiciadas pela coordenação regional. “Há ganhos para os dois lados e, particularmente para Moçambique, não só através da venda de energia como também através de taxas de trânsito de energia entre o Malawi e outros Países da SADC”, apontou Max Tonela quando questionado por jornalistas.
O representante do Banco Mundial na cerimónia, Dhruva Sahai, referiu-se igualmente à importância da assinatura dos acordos entre Moçambique e o Malawi, recordando que “efeitos climáticos no rio Shire têm tido repercussões negativas sobre a geração de energia particularmente na época seca”. “O projecto irá responder aos desafios e preocupações energéticas do Malawi e assegurar segurança no fornecimento”, disse o representante do Banco Mundial.
Por seu turno, o embaixador da Noruega no Malawi, Steinar Hagen, elogiou os progressos alcançados entre os dois estados até à assinatura dos acordos. “Para Moçambique será uma oportunidade de venda de energia da HCB, que poderá chegar directamente ao Malawi”, disse o diplomata noruegês que apontou que o seu país irá apoiar outros projectos que visem o acesso à energia. “O projecto de Transmissão de Temane tem estado a progredir de forma satisfatória”, sublinhou.
O projecto de interligação eléctrica consiste na construção de 218 quilómetros de linha de transporte de energia de alta tensão (400 KV), ligando a subestação de Matambo (na província de Tete, Moçambique) e a subestação de Pombeya (no Malawi). Ainda no âmbito da implementação do projecto deverão ser ampliadas as subestações de Matambo, de 220 para 400 kV e de Pombeya de 132 para 400 kV.
O projecto está orçado em 127 milhões de Euros, sendo a participação de Moçambique de 92 milhões de Euros, financiados pelo Reino da Noruega com 30 milhões de Euros, pelo Governo Alemão, através da KfW, com 20 milhões de Euros, e pelo Banco Mundial com 42 milhões de Euros. A participação do Malawi é de 35 milhões de Euros, financiados pelo Governo Alemão (20 milhões de Euros) e pelo Banco Mundial com 15 milhões de Euros. (R.B.)
Seu álbum Aperitivo alimenta-nos os ouvidos até hoje! Paulo Miguel Torres Caliano, nascido a 30 de Março de 1978 na cidade de Tete, filho de pai Ronga (Maputo) e mãe Ntsega (Zumbo) numa família de músicos. Quando pequeno via os seus irmãos e primos a tocarem. A primeira aparição em público foi em 1995, no KUDEKA, onde cantou para mais de 1000 almas, e todos saíram de lá unânimes de que tinha nascido naquela noite de Junho uma nova revelação na família Caliano, que era já sobejamente conhecida no mundo da música. Desde então não parou de cantar. Gravou alguns temas na RM (delegação de Tete) e formou uma banda onde tocava com os seus irmãos: Esmael, Alfredo, Zeno e Bruno. Em 1997 decide ir para Maputo à procura de oportunidades para aprender e fazer música e não saiu mais. Foi convidado a fazer parte de uma das bandas jovens mais famosas dos anos 90: Mozpipa (2001-2005. Em 2006 seguiu a sua carreira a solo. Em 2009-2010 foi vencedor da Melhor Canção (Ngoma) e melhor vídeo musical (MMA). Tem 1 disco no mercado intitulado APERITIVO, e já está na fase final da gravação do segundo disco.
(18 de Abril, às 18Hrs na Fundação Fernado Leite Couto)
Fernando Leite Couto vive nas pessoas que o estimam e admiram. Por isso em Abril vamos celebrar o 95.º aniversário natalício do patrono desta casa e o 4.º aniversário da FFLC com três figuras, cada uma a seu tempo e contexto de actuação, privaram com Fernando Leite Couto. Ana Boene na qualidade de Directora da Mediateca do BCI teve vários momentos de convívio laboral com FLC. Simeão Anguilaze, ex-aluno de Fernando Leite Couto na Escola de Jornalismo na década 80 e Rui Fernandes, gestor de diversas empresas, conviveu e apoiou diversas iniciativas criadas e desenvolvidas pelo Patrono desta Casa. Este encontro pretende resgatar o calor desse convívio que hoje acontece na fruição da memória, projectando o futuro.
(17 de Abril, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)