De 2015 a 2020, o parque automóvel cresceu exponencialmente em Moçambique. Dados publicados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que os veículos importados para o país passaram de 661.355 em 2015 para 1.112.855 em 2020, correspondendo a uma variação de 68,3%.
Os dados constam do relatório “Estatísticas de Acidentes de Viação 2020". A fonte realça que o maior aumento de automóveis foi observado de 2019 para 2020, com destaque para os veículos ligeiros com mais de 500 mil e um crescimento de 36,1%.
Se os veículos ligeiros tenderam a aumentar, tal não aconteceu com os tractores que registaram menor número, abaixo de 10 mil para os dois anos em análise e com um aumento de 3,1%.
“Maputo Província e Maputo Cidade registaram maior número de veículos automóveis ligeiros e pesados, enquanto as províncias da Zambézia e Niassa detêm menor percentagem em ambas categorias”, realça o INE. (Carta)
O país passa, a partir do próximo ano, a adquirir Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) ou gás doméstico para período de um ano, ao invés de um semestre. Trata-se de uma nova estratégia adoptada pela Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO), entidade responsável pela aquisição de combustíveis para o país.
Na condição de anonimato, fonte da empresa explicou que o objectivo da nova estratégia visa incrementar as quantidades do produto para o consumo interno. Além disso, a IMOPETRO diz que enfrentava dificuldades para seleccionar fornecedores para períodos de seis meses.
“Tínhamos alguns constrangimentos logísticos no sentido de que não estávamos com volumes para seis meses. Não estávamos a conseguir atrair o número suficiente de fornecedores em concursos de seis meses. E, quando passamos para 12 meses, a coisa mudou”, explicou a fonte.
Como consequência dessa estratégia, a nossa fonte sublinhou que os preços de importação do GPL baixaram consideravelmente, facto que se irá reflectir no preço do consumidor.
“Os preços do transporte baixaram relativamente ao concurso anterior porque nós saímos de 165 USD por tonelada para 150 USD. Portanto, temos aqui um ganho de mais ou menos 9%. O efeito desse ganho só irá começar a sentir-se a partir de Janeiro, mês em que entra em vigor o novo contrato de um ano”, explicou a fonte.
Para além do preço, o nosso interlocutor acrescentou que a nova estratégia entra numa altura em que o país expandiu o nível de armazenamento do GPL em mais três mil toneladas.
Para o fornecimento do GLP, a IMOPETRO voltou a adjudicar a GEOGAS, (actual fornecedora), após esta ganhar o último concurso alegadamente por ser uma empresa preparada em termos estruturais e logísticos. A GEOGAS tem depósitos em Zanzibar e tem navios próprios para o fornecimento de GPL. (Carta)
A Importadora Moçambicana de Combustíveis (IMOPETRO) diz que a manutenção do preço de combustível está a sufocar as empresas que comercializam os produtos no país, pelo que defende o seu aumento porque, a nível internacional, o preço do barril também subiu.
Moçambique não reajusta preços de combustíveis há 13 meses. Entretanto, de lá até esta parte, o preço do barril no mercado internacional aumentou consideravelmente. Se no segundo trimestre de 2020, o barril custava abaixo de 40 USD, nos últimos dias custa pouco mais de 75 USD.
Em entrevista concedida à "Carta", fonte da IMOPETRO, que preferiu anonimato, explicou que a subida do preço do barril, a nível internacional, reflecte a maior procura de combustíveis em face da contínua retoma das economias principalmente da Europa, América e Ásia.
“O país pratica preços de combustíveis abaixo do ideal. Como consequência, o facto está a lesar as gasolineiras. As empresas do sector despendem 80 USD para adquirir um barril, mas ao revender nessas condições só obtêm 65 USD, acumulando um prejuízo de 15 USD. Com esse prejuízo, há risco de as empresas não poderem adquirir o combustível e, consequentemente, haver ruptura de stocks”, disse a fonte.
Com a subida do preço do barril, a nossa fonte exemplificou que na vizinha África do Sul, por exemplo, um litro de gasóleo custa actualmente 85 Meticais, contra os actuais 58 Meticais praticados em Moçambique.
Face aos prejuízos, a IMOPETRO defende a subida do preço dos combustíveis no país. O nosso interlocutor não precisou o preço ideal que deve ser praticado, alegadamente porque há vários factores levados em conta para o seu cálculo. Todavia, reiterou que a actual apreciação do preço do barril é o principal factor. “Cabe agora à Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) olhar para os outros factores, como a taxa de câmbio em vigor no país. Mas, para nós, há elementos que justificam a subida de preços”, afirmou a fonte.
A última revisão em baixa dos preços de combustíveis foi anunciada a 19 de Junho de 2020. O reajuste reflectia a queda do preço do barril no mercado internacional, devido à fraca procura verificada de Março para Abril por efeitos da pandemia da Covid-19.
Com o reajuste, um litro de gasóleo desceu de 60,16 para 58,96 Meticais. O gás de cozinha que desceu de 61,23 Meticais um kg para 58,18 Meticais e o petróleo de iluminação que baixou de 48,44 um litro, para 45,24 Meticais. O preço da gasolina não foi mexido. Um litro continua a custar 64,22 Meticais. O preço do gás veicular (ou GNV) também não foi mexido, pelo que o litro equivalente é actualmente comercializado a 30,35 Meticais. (Carta)
A empresa chinesa WIH, accionista maioritária da Moçambique Dugongo Cimentos, SA, pretende implantar mais quatro unidades fabris no território nacional, orçadas em mais de 800 mil USD. A informação foi avançada esta quinta-feira, em Maputo, durante a assinatura de um memorando de entendimento entre os representantes da empresa e o Ministério da Indústria e Comércio, no âmbito do Programa Nacional Industrializar Moçambique (PRONAI).
Segundo o Ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, a WIH pretende construir mais uma fábrica de cimento e clínquer, com capacidade para produzir cerca de 5000 toneladas de clínquer integrado; uma indústria de geração de energia térmica, contendo dois geradores de 50 megawatts cada; uma videira com capacidade para produzir 600 toneladas de vidro float por ano; e uma fábrica de vidro artesanal.
Para tal, revelou Mesquita, os técnicos da empresa já visitaram as províncias de Tete e Nampula para avaliar as condições, de modo a implantar uma destas empresas. “Este grupo pretende dar continuidade dos seus investimentos em Moçambique, atento também à geração de novos empregos em particular para jovens e mulheres e, acima de tudo, pretende trazer as indústrias, onde a matéria-prima está localizada em todo o país”.
Já o representante da WIH, Zhang Jimin, espera ter o apoio (do Governo e da população) que teve durante a implantação da fábrica Moçambique Dugongo Cimentos, instalada no distrito de Matutuine, província de Maputo. (Marta Afonso)
A petrolífera TotalEnergies adiou por mais dois anos, para 2026, a previsão de produção de gás natural liquefeito em Cabo Delgado, região norte de Moçambique sob conflito armado, de acordo com a mais recente informação a investidores. "Moçambique LNG (gás natural liquefeito, sigla inglesa): adiado para 2026", lê-se no documento divulgado na terça-feira e consultado ontem pela Lusa.
A previsão anterior apontava para 2024, mas a ocupação terrorista da vila de Palma, nas imediações das obras do projecto, no final de Março, levou à suspensão do empreendimento liderado pela Total. Na altura, a empresa apontou para um ano de paralisação, regressando quando estivesse garantida a segurança.
Adriano Maleiane, ministro da Economia e Finanças moçambicano, disse ontem no Fórum sobre a Resiliência em África, em Abidjan, que a retoma pode até acontecer mais cedo.
Depois da retoma da actividade, deverão começar as principais obras de construção civil e de instalação de tecnologias, sendo que o primeiro carregamento de gás por via marítima, abrindo portas às receitas do projecto, está agora previsto pela própria petrolífera para 2026. O empreendimento é o maior investimento privado em curso em África, da ordem dos 20 mil milhões de euros.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, números das autoridades moçambicanas.
Desde Julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde Agosto de 2020. (Lusa)
O Fundo Monetário Internacional (FMI) rejeitou hoje um pedido de Moçambique para que a dívida contraída ao abrigo da emissão de títulos específicos para países em conflito militar não conte para os rácios de endividamento.
"A minha primeira reação, conceptualmente, é que se o instrumento cria dívida e risco, tem de ser tratado como tal, e não ser encarado assim é tentar encobrir a dívida e não enfrentar a realidade", respondeu o diretor do departamento africano do FMI à pergunta explícita do ministro das Finanças de Moçambique, durante o quarto Fórum sobre a Resiliência em África, durante o painel 'O nexo entre segurança, crescimento económico e investimento'.
"Nós ajudamos encontrando outras formas de financiamento, doações e mais tipos de empréstimos concessionais, e temos de ver as vantagens e desvantagens entre este instrumento e as formas alternativas de financiamento", acrescentou Abebe Aemro Selassie.
Em causa está um instrumento de financiamento que o Banco Africano de Desenvolvimento está a preparar, e que passa pela emissão de dívida especificamente para países afetados por conflitos, como é o caso de Moçambique, para que possam financiar-se para relançar as economias, particularmente nas regiões mais afetadas.
Ao financiarem-se através deste instrumento, que terá taxas de juro mais baixas que o habitual e períodos de pagamento mais longos, os países aumentam, ainda assim, a dívida, o que poderá prejudicar a Avaliação da Sustentabilidade da Dívida (DSA, no original em inglês).
Esta análise comporta cinco indicadores (Valor Atual da Dívida face ao PIB, às Exportações, às Receitas, o Serviço da Dívida face às Exportações e o Serviço da Dívida comparado com o valor das Receitas) para definir se o endividamento de um país é sustentável, ou seja, se o país tem capacidade para honrar os seus compromissos financeiros, não só com os credores comerciais, mas também com as instituições multilaterais com o FMI ou o Banco Mundial.
Na intervenção, o diretor do departamento africano argumentou, respondendo a uma questão sobre a flexibilidade do limite de défice que os países podem ter em tempo de pandemia, que "o FMI não decide o nível de défice, são os governos, o que explicamos é quais são as consequências para cada país quando o défice orçamental é elevado".
Para Selassie, "o primeiro foco das prioridades políticas em 2020 e 2021 é tentar ultrapassar a pandemia, o que inclui ter défices mais altos para apoiar as pessoas e os negócios mais vulneráveis".
O diálogo entre Adriano Maleiane e Abebe Selassie surgiu poucas horas depois de o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) ter afirmado que o banco estava a criar um novo instrumento financeiro para facilitar o acesso aos mercados internacionais.
"Estamos a criar um índice de títulos de investimento em segurança, que vai permitir mobilizar recursos dos mercados de capitais a taxas de juro baixas com quatro objetivos principais: reforçar a arquitetura de segurança, reconstruir projetos de infraestruturas, recriar a infraestrutura social, como água, educação e escolas, e por último garantir que em todo o continente há boa proteção e sistemas de defesa à volta das áreas de investimentos estratégicos", disse Akinwumi Adesina, depois de exemplificar que Moçambique foi um dos países afetados pelo terrorismo.(Carta)