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Economia e Negócios

O Governo, através da empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM), investiu 123 milhões de Meticais para electrificar e catapultar a economia do Posto Administrativo de Chicomo, norte do distrito de Massinga, província de Inhambane.

 

O valor serviu para a construção, no local, de 65 km de linha de Média Tensão a 22 kV (a partir da vila-sede de Massinga) alimentada a 33 kV; ligação de três transformadores; construção de 20 km de Rede de Baixa Tensão; ligação de 344 consumidores dos cerca dos 1500 previstos; e montagem de 100 candeeiros de iluminação pública.

 

O Posto Administrativo de Chicomo está electrificado desde Outubro de 2020, mas só esta quarta-feira (15), o Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, foi inaugurar a infra-estrutura.

 

Para o Ministro, a electrificação do Posto Administrativo de Chicomo traduz mais uma etapa rumo ao cumprimento da iniciativa do Governo de Moçambique de alcançar o Acesso Universal à Energia Eléctrica até 2030.

 

Segundo Tonela, a electrificação de Chicomo irá impulsionar a actividade económica do local, o emprego, bem como melhorar as condições de vida da população. “Foi neste quadro que o Governo desenhou e tem vindo a implementar o programa Energia para Todos, um programa de âmbito nacional que tem como objectivo levar energia eléctrica a todas as famílias moçambicanas até 2030. Nesse âmbito, o Governo definiu como uma das prioridades assegurar que todas as sedes de Postos Administrativos possam ser ligados à rede eléctrica nacional, até 2024”, afirmou Tonela.

 

Alguns comerciantes interpelados por “Carta”, em Chicomo, revelaram que a energia já está a melhorar os seus negócios. Alfredo Matule é caixa numa mercearia. Contou-nos que a energia trouxe melhorias no seu negócio. Explicou que antes de ter acesso à energia despendia muito para iluminar, mas principalmente para refrigerar os produtos com recurso a gás liquefeito, vendido na capital do distrito, localizado a mais de 60 km.

 

“Por vezes, o gás acabava numa altura em que não podíamos facilmente adquirir. Os produtos deterioravam-se e era um prejuízo enorme. Mas com a chegada de energia, os custos minimizaram. Já podemos congelar peixe por muito tempo. Só não podemos vender de noite por causa da situação de emergência provocada pela pandemia”, disse Matule.

 

 

Isabel Muchiua é outra comerciante que falou ao jornal. À semelhança de Matule, contou que registava perdas avultadas para refrigerar produtos com recurso a gás doméstico. Precisou que a última vez que adquiriu o gás, uma botija de 11 kg custava 1200 Meticais (mais do que o dobro, em relação à Cidade de Maputo). Entretanto, desde a electrificação do Posto, Muchiua disse que já não compra gás, consequentemente, os custos reduziram.

 

 

“Estamos satisfeitos porque com energia, a todo o momento, o nosso negócio melhorou e a vila também. Mas para além daqui [vila] gostaríamos de igualmente ver electrificadas as nossas casa”, afirmou Muchiua.

 

Chicomo consta na lista de 26 Postos Administrativos existentes na província de Inhambane. Dados da EDM indicam que, desse universo, 20 estão electrificados e seis continuam fora da Rede Eléctrica Nacional e Sistemas Isolados. (Evaristo Chilingue)

Os resultados dos Índices das Actividades Económicas do mês de Junho de 2021, quando comparados com os do mês anterior, apontam para um decréscimo dos índices gerais de volume de negócios, de emprego e de remunerações em 1,2%, 2,4% e 4,0% respectivamente. Os dados foram tornados públicos esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

De acordo com a autoridade estatística, a diminuição do índice de volume de negócios foi influenciada pela variação negativa verificada nos sectores de Electricidade, de Alojamento e Restauração, Produção Industrial e de Outros Serviços Não Financeiros com 7,8%, 7,2%, 3,9% e 3,2% respectivamente.

 

Todavia, durante o período em análise, o INE verificou que os sectores de Comércio e de Transportes e Armazenagem, contrariaram o decréscimo ao registarem incrementos de 6,6% e de 5,9% na facturação.

 

“Quanto à variação negativa, do índice do emprego no mês de Junho de 2021, foi resultado da variação negativa verificada nos sectores da Produção Industrial, de Outros Serviços Não Financeiros, de Alojamento e Restauração, bem como o sector do Comércio em 8,3%, 3,0%, 1,7% e 0,3% respectivamente. O sector de Transportes e Armazenagem teve uma variação tenuemente positiva de 0,4%”, observou a autoridade.

 

Em relação ao índice de remunerações, o INE observou que, comparativamente a Maio, o mês de Junho apresenta uma variação negativa, resultado da queda verificada em todos os sectores, com maior destaque em termos de amplitude para os sectores da Produção Industrial, de Alojamento e Restauração, bem como o de Transportes e armazenagem em 8,9%, 2,6% e 1,9% respectivamente.

 

Comparando os índices globais do mês de Junho de 2021 com os do período homólogo de 2020, o INE concluiu que houve um crescimento assinalável do volume de negócios, das remunerações e de emprego em 28,3%, 7,4% e 4,2% respectivamente. (Carta)

O terrorismo, que mata, destrói e provoca milhares de deslocados na província de Cabo Delgado, já causou à empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) um prejuízo avaliado em cerca de 240 milhões de Meticais.

 

O dado foi tornado público pelo Presidente do Conselho Administrativo (PCA) da EDM, Marcelino Gildo, em visita efectuada na semana finda às zonas libertadas pela força conjunta entre Moçambique, Ruanda e da Comunidade da África Austral (SADC).

 

Segundo Gildo, o valor resulta principalmente da falta de facturação de 25 mil clientes da empresa, que ficaram desprovidos de energia eléctrica após destruição do equipamento da EDM, nos distritos de Nangade, Muidumbe, Palma e Mueda.

 

Todavia, com a recuperação desses distritos por parte do Estado, o PCA da EDM disse que acções decorrem no terreno para a reposição de energia eléctrica. Com efeito, o gestor afirmou que a empresa já repôs energia no distrito de Mueda.

 

“Com esta visita ao terreno, estamos mais optimistas em repor a energia para os restantes distritos. Logo que as zonas ficaram disponíveis para o acesso, fizemos um levantamento muito detalhado e já movimentamos as equipas, por isso, já conseguimos repor em Mueda em pouco tempo. Neste momento, temos equipas a fazerem a reposição de linha de Nangade, com previsão de terminar dentro de duas semanas”, afirmou o PCA da EDM.

 

Para a reposição de emergência do sistema nos distritos, a empresa pública de electricidade prevê gastar cerca de 11 milhões de USD. “Depois iremos fazer uma reposição definitiva que, naturalmente, precisará de outro investimento. Por exemplo, a reposição da subestação de Ouasse necessitará de cerca de 10 milhões de USD”, acrescentou o PCA da EDM.

 

Com vista a repor energia naqueles distritos, a empresa diz contar com recursos próprios e de parceiros financeiros, como o Banco Mundial, que no contexto da emergência, em Cabo Delgado, já disponibilizou 100 milhões de USD, parte dos quais para reerguer a infra-estrutura eléctrica. (E.C.)

quarta-feira, 15 setembro 2021 06:32

Pesca exporta 4000 toneladas no primeiro semestre

De acordo com o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas de Moçambique, os operadores pesqueiros do país exportaram cerca de 4000 toneladas de produtos pesqueiros nos primeiros seis meses deste ano, correspondendo a 34 por cento do plano anual do sector e um crescimento de 11 por cento em comparação com o mesmo período em 2020.

 

O feito foi anunciado segunda-feira pela ministra, Augusta Maita, que se pronunciou numa reunião para avaliar o resultado da campanha de pesca ao longo dos primeiros seis meses, discutir os desafios que o sector enfrenta e identificar as melhores formas de garantir a pesca lícita sustentável. “Queremos um salto quantitativo e qualitativo nas nossas exportações, mas o sucesso depende da conquista de novos mercados e do cumprimento das exigências e certificações impostas para colocar o país na rota do comércio global”, disse Maita. Durante a primeira metade de 2021, a pesca do país atingiu uma produção global de cerca de 230.000 toneladas, totalizando 48 por cento da produção anual planejada e um crescimento de 4 por cento, em comparação com o mesmo período em 2020.

 

Ela destacou que o sector pesqueiro do país impõe, a cada ano, um período de defeso para a pesca do camarão de superfície e do caranguejo do mangue, na tentativa de garantir sua sustentabilidade e para que possam continuar a fazer parte da dieta das gerações futuras.

 

“Gostaríamos de renovar nossos apelos para que os pescadores cumpram integralmente os períodos de defeso estabelecidos”, disse ela, acrescentando que apesar dos avanços alcançados até agora, relatos sobre a constante matança de espécies protegidas em águas marinhas e interiores representam uma grande preocupação para as autoridades pesqueiras.(Carta)

O Grupo Elevo, uma empresa de construção civil presente em vários países do mundo, acaba de fechar as portas dos seus escritórios em Maputo, abandonando 700 trabalhadores com vários meses de salário em atraso e sem dar nenhuma satisfação.

 

De acordo com os trabalhadores daquela empresa, a Elevo vinha demonstrando sinais de falência em Moçambique, desde a eclosão da pandemia do novo coronavírus no país. Como resultado, contam as “vítimas”, os proprietários da empresa foram deixando o país um por um, com destino à sua terra natal, Portugal, alegando que estavam a tentar resolver o problema junto da sede. Porém, nunca mais voltavam.

 

“Quando o patronato começou a desaparecer sem dar satisfação aos funcionários, pararam de nos pagar os salários no mês de Setembro do ano passado e, em Março deste ano, acabaram por mandar fechar as portas da instituição e deram uma ordem aos que trabalhavam no escritório para trabalharem a partir de casa, deixando os técnicos das obras e os operários que trabalhavam no terreno largados à sua própria sorte”, conta um dos trabalhadores da empresa.

 

“Temos colegas que se encontram em situações críticas em Massingir [Gaza], Cabo Delgado, Matutuine [Maputo], entre outros pontos do país, a prestarem serviços e que não têm nem condições de regressar às suas zonas de origem, aguardando que a empresa lhes pague seus salários ou lhes diga o que fazer daqui em diante, mas sem nenhuma resposta até aqui”, explica outra fonte.

 

As fontes dizem ainda terem tentado contactar o patronato, mas este alegou que deviam tratar o assunto com o Director Financeiro da empresa, de nome Nuno Amorim, que, depois de ser pressionado pelos trabalhadores, optou em não atender mais as chamadas. Aliás, este acabou abandonando o país, encontrando-se, neste momento, na vizinha África do Sul.

 

“Tudo o que ficamos a saber é que a empresa está com muitos problemas, têm dívidas com vários bancos. Pedimos a quem é de direito para que resolva o nosso problema e nos dê uma solução, porque nos sentimos abandonados”, acrescentam.

 

Conforme contam, em Janeiro último submeteram uma queixa junto do Ministério do Trabalho e Segurança Social, tendo sido encaminhada ao Tribunal, porém, até aqui não há qualquer informação.“Carta” contactou o Director Financeiro, Nuno Amorim, porém, sem sucesso. (Marta Afonso)

Apesar de o saco de cimento 32,5N da Dugongo (295,00 Mts) estar bem abaixo do preço da África do Sul (76 Randes, ou seja, 340,00 Mts), há pouco menos de duas semanas o preço teve uma subida de 15 Meticais, abalando os sectores mais jovens da sociedade: o cimento da marca tinha sido “milagreiro”, quando em meados de Abril entrou no mercado, quebrando os preços especulativos que alimentavam os chorudos lucros de um pequeno cartel que vendia o saco de 50kg a cerca de 500 Meticais); a Dugongo baixara radicalmente o custo do produto, tornando-o mais acessível às bolsas carentes de milhares de moçambicanos que procuram construir habitação própria.

 

O aumento de 15 meticais no preço do cimento causou calafrios. Será que a Dugongo havia ludibriado os moçambicanos, “vendendo” uma baixa de preços que era afinal sol de pouca dura? Parece que não, de acordo o que “Carta” apurou.

 

Antes da entrada da Dugongo no mercado, o saco de cimento custava 480.00 Mts, sendo na altura 1USD =75.00, o que significava que um saco custava 6.4 USD. Com a entrada em funcionamento da Dugongo, o cimento baixou até 280.00 Mts, e tendo em conta que 1 USD = 60, o saco de cimento está USD 4.6.Objectivamente, a redução é de USD 1.8, ou seja 108.00 Mts.

 

Mas, em finais de Agosto, a Moçambique Dugongo Cimentos emitiu um comunicado anunciando a revisão em alta do preço do cimento 32,5N a partir de 01 de Setembro. O saco de 50 kg passou a custar mais 15 Meticais e o cimento 32,5N a granel mais 300 Meticais por tonelada.

 

As razões por trás do aumento são várias. A principal tem que ver com o custo de importação de carvão de queima (o carvão térmico usado usado para seus fornos; a Dugongo não usa eletricidade da EDM). O custo por tonelada passou em pouco tempo de 40 para 88 USD. A Dugongo havia começado a operar num contexto em que a pandemia da Covid estava em alta e a produção e procura do carvão de queima baixaram consideravelmente o seu preço.

 

Mas à medida que a condição global da Covid melhora, o preço do carvão de queima tem vindo a aumentar. Foi isso o que aconteceu recentemente. Mas não foi apenas o preço do carvão a ter impacto negativo no custo de produção do cimento. O gesso, uma matéria fundamental, também subiu, este de 26 para 39.5 USD por tonelada/CIF (colocado no destino, com seguro e frete pagos). Também a limalha de ferro, ou seja, o ferro em pó, outro ingrediente do cimento, tem vindo a subir.

 

“O preço do cimento em Moçambique nunca voltará aos níveis especulativos de antes”

 

Ou seja, o preço do cimento da Dugongo poderá vir, ainda, a ter no futuro pequenas subidas de ajuste consoante a oscilação do custo das matérias-primas. Um dos desafios da empresa é garantir que o custo do calcário se mantenha a um nível estável. O calcário é a principal matéria-prima para a produção de clínquer, responsável por 90% da composição do cimento.

 

Em Matutuíne, onde a Dugongo está instalada, há enormes reservas de calcário, e foi por isso que a fábrica assentou os arraiais naquele lugar. E visto de longe, até pode parecer que o calcário no local é extraído de mão beijada. Mas não. Há desafios inerentes. Um deles é o calcário disponível para a empresa, uma concessão limitada de 600 hectares. Por outro lado, há milhares e milhares de hectares concessionados a gente que não produz e que está sentada por cima do recurso à espera de uma oportunidade de renda.

 

Neste momento, a fábrica está extraindo calcário numa área onde o recurso a uma encontra-se a uma profundidade de 20 metros. Nesta situação, a extração tem o seu custo…5 USD por Toneladas. E quando mais fundo mais oneroso.

 

Seja como for, a recente subida de 15 meticais no saco de cimento é um sinal de que a formação do preço final do produto dependerá de factores, incluindo exógenos, como o custo da matéria-prima. Mas, uma coisa é certa, garante Sa Qi, o Director Geral da Dugongo, em breve conversa com Carta: “O preço do cimento em Moçambique nunca voltará aos níveis especulativos de antes”.

 

Aliás, neste momento, o preço da Dugongo bate toda a região, a começar pela África do Sul, com quem gostamos de nos comparar, a referência regional para boa oferta. Enquanto o saco do cimento Dugongo 32.5 N continua abaixo dos 300 Meticais na região de Maputo, na África do Sul as várias marcas custam não menos que 75 Randes, o equivalente a 343 Meticais. (Marcelo Mosse)