Uma análise feita pelo Banco de Moçambique (BM), no contexto do Aviso nº 10/GBM/2018, de 22 de Outubro, sobre as Instituições de Crédito Domésticas de Importância Sistémica, considera que o Banco Comercial e de Investimento (BCI), Millennium BIM e Standard Bank são os mais importantes bancos do sistema financeiro nacional, por terem conseguido a classificação de D-SIBs.
O referido Aviso orienta o regulador do sistema financeiro moçambicano a publicar, até ao dia 30 de Abril de cada ano, a lista de instituições de crédito classificadas como D-SIBs (mais importantes) ou Quase D-SIBs (quase importantes) e sem importância com base nos dados reportados a 31 de Dezembro do ano anterior.
Neste contexto, o Banco de Moçambique reporta, em comunicado veiculado semana finda, que o BCI, Millennium BIM e Standard Bank notabilizaram-se como os mais importantes no país, por terem conseguido uma pontuação acima dos 130 pontos.
Dos três bancos comerciais, a classificação do Banco Central conclui que o BCI ocupa o primeiro escalão por ter conseguido 266 pontos, seguido do Millennium BIM com 228 pontos e, por fim, Standard Bank com 144 pontos.
De acordo com a nota, para efeito de pontuação, a metodologia proposta no referido Aviso, segue uma abordagem de determinação que assenta numa média de três indicadores com pesos distintos, designadamente: tamanho – com peso de 50%; interligação – com peso de 25%; e substituibilidade – com peso de 25%.
Com base nesses cálculos, o Banco Central concluiu ainda que o Absa Bank é o único que ocupa a classificação de Quase D-SIBs (quase importante), cuja pontuação situa-se entre 65 e 130 pontos, tendo concretamente conseguido 110 pontos.
Da classificação do Banco de Moçambique estão também as instituições de crédito sem importância para o sistema, cuja pontuação esteja abaixo dos 65 pontos. Desta lista lidera o Moza Banco com 49 pontos, seguido do Banco Único com 43 pontos, Banco ABC com 34 pontos e FNB com 32 pontos. Sem importância, estão também o Banco Mais com 16 pontos, BNI com 12 pontos e CPC com 10 pontos.
Na “casa” dos bancos ou instituições financeiras sem importância no sistema, estão o Societe Generále Moçambique com nove pontos, The First Capital Bank com oito pontos, UBA com sete pontos, Letshego com cinco pontos, Ecobank e Bayport com seis pontos cada, MyBucks Banking Corporation com três pontos e Socremo e BIG com dois pontos cada. (Evaristo Chilingue)
O Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) defendeu, esta quarta-feira (22), que é preciso aumentar parcerias económicas e de saúde entre os Estados Unidos da América (EUA) e o continente africano para vencer a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) em África.
“A nossa humanidade colectiva está em jogo”, disse Akinwumi Adesina, durante uma reunião virtual do Conselho Corporativo de África, uma associação empresarial norte-americana que promove o comércio entre os EUA e os países africanos.
Adesina salientou que a Covid-19 “ameaça apagar o crescimento sem precedentes e os ganhos económicos alcançados durante a última década”, por isso, “África tem de duplicar os gastos na saúde”. Aproveitando o fórum, o dirigente apelou mais apoios e investimentos da comunidade empresarial norte-americana, com destaque para o sector farmacêutico.
Em comunicado citado pelo portal “Notícias ao Minuto”, o Presidente do BAD usou da ocasião para instar as instituições multilaterais para alinhar esforços relativamente à dívida dos países africanos e à gestão dos 'ratings', que têm sido sucessivamente revistos em baixa desde o início da pandemia.
Adesina faz esses apelos quase um mês após o BAD emitir uma dívida elevada na sua história, no valor de 3 mil milhões de USD, para angariar verbas para os países africanos contra a pandemia de Covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infectou perto de 26 mil pessoas no continente africano, das quais 1250 morreram e 6.5 mil pessoas recuperaram. Moçambique contava até esta quinta-feira com 46 pessoas infectadas das quais 12 já venceram a doença.
O mundo contava com 2.6 milhões pessoas infectadas até esta quinta-feira, das quais cerca de 190 mil morreram e 700 mil recuperaram. (Carta)
A transacção de acções e negociação de obrigações (ou empréstimos para financiamento a economia) continuam a fluir com a normal estabilidade na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), mesmo com a crise provocada pela Covid-19, assegurou esta terça-feira (21), a Directora de Planeamento, Estudos, Cooperação e Educação Financeira da instituição, Glória Janeiro.
Em entrevista a “Carta”, Janeiro reconheceu que a eclosão e alastramento da Covid-19 pelo mundo, gerou uma incerteza na tomada de decisão dos agentes económicos para investir, consumir ou poupar, exportar/importar e distribuir ou armazenar. Acrescentou que por efeito da incerteza, tem-se registado um fluxo financeiro cada vez menor.
Todavia, “o mercado bolsista moçambicano permanece estável”, frisou a fonte. Para fundamentar a afirmação, a nossa interlocutora demonstrou que o Índice de Bolsa da BVM (indicador do desempenho médio dos preços de títulos, reflectindo o comportamento diário do mercado) registou no dia anterior (20), uma variação global positiva de 0.16% decorrente da negociação de obrigações e transacção de acções.
Segundo Janeiro, a estabilidade do mercado bolsista nacional é explicada ainda pelo facto de a negociação dos referidos títulos ser feita através de tecnologias de informação e comunicação (como é de costume), o que não exige a deslocação do agente económico junto dos operadores de Bolsa e, isto num contexto de restrições de circulação.
Outrossim, a nossa entrevistada explicou que os negócios ao nível da BVM continuam a fluir porque os agentes económicos continuam a operar, embora as restrições de circulação impostas estejam a afectar severamente algumas empresas.
Entretanto, em caso de introdução de medidas de nível quatro, o de confinamento (ou lockdown), para conter ainda mais a transmissão do coronavírus no país, o mercado bolsista poderá ver-se afectado, devido à maior incerteza, que irá gerar “menor participação dos agentes económicos na economia, proporcionando deste modo um fluxo financeiro cada vez menor, resultante da diminuição do volume de produção e da geração de rendimento”.
Em última análise, a Directora de Planeamento, Estudos, Cooperação e Educação Financeira da BVM garantiu que a instituição que dirige, tem estado a analisar e tomar medidas necessárias, à medida que o impacto da Covid-19 for mudando. (Evaristo Chilingue)
Com recurso à ditadura do voto, a bancada parlamentar da Frelimo viabilizou, na última quinta-feira, o Plano Económico e Social e o Orçamento do Estado, ambos para 2020. As duas bancadas que perfazem a oposição no órgão, nomeadamente a Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique, tal como nos outros anos, votaram contra os dois instrumentos.
A apreciação e posterior aprovação dos dois instrumentos de governação foi concluída por volta das 17:30 h, depois de uma manhã antecedida de fervorosas discussões entre dos deputados das três bancadas que compõem o órgão. Opiniões divergentes em torno das matérias em análise marcaram, de resto, a aprovação das mesmas.
Na hora de apesentar os argumentos que dão sustentáculo ao seu posicionamento, a bancada maioritária disse que não havia “instrumentos mais realísticos” que os apresentados pelo Executivo. Catarina Dimande, deputada da Frelimo, disse que foram tidas em conta, nos instrumentos, os anseios e as necessidades da esmagadora maioria dos cidadãos moçambicanos.
“Este orçamento emerge com a expressão numérica mais sincera da nossa realidade. Esta lei do Orçamento é o princípio de um futuro promissor após o período de adversidades que enfrentamos como nação no último ciclo governativo. E um orçamento que procura assegurar a alocação de recursos para acções que visam mitigar os feitos nefastos da Covid-19 e financiar acções prioritárias do país”, disse Dimande.
Para a Renamo, na pessoa do deputado Alfredo Magumisse, o PES e OE não atacam os problemas estruturantes do país, tais são os casos da agricultura e educação há muito relegados para o segundo plano. Magumisse avançou que a forma como o “bolo” foi distribuído configurava uma verdadeira afronta, sendo a alocação de 60% do orçamento para o governo central uma prova inequívoca.
Frisou ainda o deputado da “Perdiz” que pesou para a apreciação negativa dos instrumentos o facto de o governo ter marginalizado o sector da saúde, numa altura em que o país enfrenta a altamente letal pandemia da Covid-19.
No mesmo diapasão seguiu Silvério Ronguane, deputado do MDM, para quem o Governo, com os retromencionados instrumentos, recusa-se a promover a transparência, o combate à corrupção ao não, por exemplo, apresentar a lista das empresas que se vão beneficiar de avales e garantias do Estado.
O Orçamento ora aprovado, sublinhou Ronguane, entra em choque com o acórdão do Conselho Constitucional que ilegaliza as chamadas “dívidas ocultas”, cujos compromissos o Executivo teima em continuar a honrar junto dos credores.
O OE para 2020 fixa a despesa pública em 345.381.8 milhões de Mts. Deste montante, 228.348.7 milhões de Mts são destinados à despesa de funcionamento, 70,991,7 milhões de Mts às despesas de Investimento e 46.041,4 milhões de MT às operações financeiras. O défice está estimando em 109.791.5 milhões de Mts, equivalente a 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB). (I. Bata)
A companhia pública, Linhas Áreas de Moçambique (LAM) diz ter meios para repatriar moçambicanos no estrangeiro, que por causa da Covid-19, pretendem regressar ao país. A garantia foi dada este Domingo (19) a “Carta”, pelo Director-geral da LAM, João Pó Jorge, poucos dias depois de o Governo, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação anunciar que pretende fretar voos para repatriar pelo menos 20 concidadãos em Angola e Portugal.
“Nós temos condições de ir buscar os nossos concidadãos em Angola. Mas também estamos a interagir com a Embaixada de Moçambique em Portugal, para ver como proceder”, afirmou Jorge.
Para trazer de volta concidadãos naqueles países, o Governo poderá fretar dois voos charters, dos quais um para Angola e outro para Portugal. E, em relação a Angola, o Director-geral da LAM garantiu que a companhia de bandeira tem meios para ir buscar concidadão e não só. Todavia, o repatriamento só pode ser feito pela LAM, assim que o Governo demandar.
Em entrevista telefónica, Pó Jorge deu a entender que, a realizar-se, o voo charter (aquele que é feito num avião alugado com o objectivo de transportar um grupo de pessoas ou bens com certa emergência) de repatriamento, poderá aliviar de certa forma o impacto da Covid-19 na empresa, facto que deixa cada vez mais vermelhas as contas da companhia.
O gestor explicou que, devido às medidas restritivas para conter a doença, a nível internacional e interno, a LAM viu-se obrigada a cancelar pouco mais de 200 voos, desde nacionais e internacionais. Como consequência, o nosso interlocutor acrescentou que a LAM reduziu para um máximo de quatro voos semanais ao nível interno.
Segundo Pó Jorge, por causa da Covid-19, a empresa obrigou-se ainda a negociar e suspender duas aeronaves alugadas. Com essa suspensão, o nosso entrevistado explicou que a LAM e a sua subsidiária MEX (Moçambique Expresso) operam, actualmente, seis aviões que garantem voos interprovinciais.
Mesmo tendo adoptado essas medidas, Pó Jorge deu a entender que a LAM ainda continua a somar prejuízos que se agravam desde Março (e com perspectiva de agravar-se ainda mais em Abril corrente), após ter um final de ano produtivo. O nosso entrevistado não avançou o montante de prejuízos mensais, mas indicou que a companhia tem despesas fixas mensais de 140 milhões de Meticais, um valor que, caso a situação se mantenha nos próximos meses, a empresa ver-se-á incapaz de obter na totalidade.
Com vista a mitigar ainda mais o impacto, Pó Jorge informou que a empresa tem estado em permanentes negociações com os fornecedores, credores com vista a renegociar o pagamento da dívida. Das medidas de mitigação implementadas pela LAM, consta ainda a redução de salários. Segundo o Director-geral da LAM, essa medida visa evitar o pior (despedir trabalhador), mas sim salvar empregos de diversos funcionários afectos à companhia. (Evaristo Chilingue)
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) adiou, trimestre findo, disponibilizar em Oferta Pública de Venda (OPV) a última tranche dos 7.5% das acções que pretende vender aos moçambicanos, através da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM). Em causa está o facto de a empresa estar ainda a fechar os relatórios e contas de 2019, ano em que, através da BVM, disponibilizou a primeira tranche, de 4% do total das acções.
Em cerimónia de lançamento de divulgação dos resultados da primeira OPV, a 17 de Julho do ano passado, o Presidente do Conselho de Administração da HCB, Pedro Couto, disse a jornalistas que a empresa iria vender o remanescente 3.5% das acções no primeiro trimestre de 2020 corrente, logicamente após avaliação da operação ora em lançamento.
Entretanto, tal previsão não se materializou. Em entrevista exclusiva à “Carta”, o Administrador Financeiro da HCB, Manuel Gameiro, explicou que não foi possível oferecer a outra tranche, porque, durante o primeiro trimestre deste ano, a empresa ainda se encontrava a fechar os relatórios e contas do exercício económico findo a 31 de Dezembro de 2019.
“Primeiro, achamos melhor fechar as contas de 2019, trabalho que ainda continua. Geralmente, os relatórios e contas da HCB são publicados entre Abril e Maio. Em seguida, vamos avaliar o mercado. O processo está a correr. Tal como a primeira, quando esta operação for aprovada será largamente publicitada”, garantiu Gameiro.
Antes da aprovação da última OPV, a HCB comprometeu-se ainda a avaliar a primeira operação. Feito o exercício, o Administrador Financeiro da maior produtora de energia no país e na SADC afirmou que a avaliação é positiva, pois, todos os objectivos foram alcançados, nomeadamente, inclusão de diversos extractos da sociedade na compra das acções. Neste contexto, a fonte frisou que mais de 80% dos distritos se subscreveram e cerca de 15 mil pequenos investidores compraram acções da HCB.
Gameiro lembrou que a OPV visava ainda contribuir para a dinamização do mercado de capitais em Moçambique, que constitui um segmento fundamental do mercado financeiro, assumindo-se como uma importante fonte de financiamento, em complemento ao financiamento bancário, de que a própria HCB se poderá beneficiar a médio e longo prazos.
Lembre-se que, inicialmente, a HCB tinha colocado no mercado 2.5% das suas acções, correspondente a 680 milhões de acções, a um preço de 3 Meticais cada. Todavia, face à procura na OPV, a HCB decidiu aumentar o número de acções em oferta para 1099 milhões (correspondentes a 4% dos 7.5%), com as quais a empresa embolsou 3.2 mil milhões de Meticais.
HCB diz-se atenta aos efeitos da Covid-19
Em conversa telefónica com o Administrador Financeiro da HCB, numa altura em que o país está mergulhado numa crise provocada pela Covid-19, procuramos saber em que medida os efeitos da pandemia assolam a empresa. Gameiro disse: “por acaso a empresa ainda não começou a registar sinais”. Acrescentou, entretanto, que a empresa tem estado a tomar medidas cautelares, nomeadamente “ler o mercado e ir partilhando as informações com os fornecedores e clientes”. (Evaristo Chilingue)