O segundo painel da conferência BFSI em Maputo concentrou-se na "Transformação Digital no Sector BFSI: *Novos* *Modelos de Negócio no Sector de Seguros".* Especialistas da indústria debateram as potencialidades e os desafios da digitalização no sector.
Destacou-se a importância de adaptar-se às realidades de cada país e da relevância do sector de seguros na atração de investimentos estrangeiros. Embora haja esforços para popularizar os serviços de seguros, a transformação digital ainda é tímida.
A promoção da literacia financeira e tecnológica e a criação de uma cultura de seguros foram apontadas como essenciais. O painel ainda ressaltou a necessidade de regulamentação eficiente, colaboração global e investimentos em startups tecnológicas.
Foi sublinhada a importância de colocar o cliente no centro dessa revolução, oferecendo soluções adaptadas e lembrando que a África desempenha um papel crucial no cenário global.(Carta)
No terceiro painel da Conferência BFSI Mozambique, o foco incidiu sobre os serviços financeiros móveis e o Open Banking, identificados como tendências que têm o potencial de revolucionar o panorama financeiro moçambicano.
Especialistas destacaram a promessa destas inovações em penetrar comunidades tradicionalmente desbancarizadas e abrir portas para oportunidades de negócio inéditas. Ao mesmo tempo, sublinhou-se a vital importância de garantir a segurança e privacidade dos dados dos usuários, uma medida crucial para consolidar a confiança nos serviços digitais e consequentemente impulsionar a sua massificação.
Foi também enfatizada a necessidade de inclusão digital, assegurando que estes avanços sejam acessíveis à pessoas com deficiência e para aquelas em situações financeiras mais vulneráveis. A discussão convergiu ainda para a urgência de estabelecer um quadro legal robusto que facilite a expansão dos serviços financeiros em Moçambique.
A uniformização e disponibilização destes instrumentos legais são vistas como etapas fundamentais para solidificar e orientar o crescimento do sector. Além disso, foi ressaltado que serviços financeiros digitais partilhados não só melhoram a conveniência para os utilizadores mas também têm um impacto directo na massificação destes serviços.
Apesar dos desafios evidenciados, o tom da conferência foi de um optimismo cauteloso, vislumbrando um futuro financeiro mais inclusivo e inovador para Moçambique.(Carta)
No quarto painel da Conferência em Maputo, a inclusão financeira foi posta em destaque, reconhecendo-a como motor de desenvolvimento económico e promoção da qualidade de vida. Especialistas apontaram para a urgente necessidade de uma legislação específica, permitindo que fintechs e bancos desenvolvam produtos e serviços voltados para as camadas sociais mais vulneráveis.
Estes avanços, argumentaram, só serão possíveis com uma partilha transparente de informações financeiras pelos bancos e uma colaboração estreita entre o Governo, o sistema financeiro e empregadores. A conferência também deu ênfase à transformação digital de Moçambique, que deve ser abrangente, inclusiva e beneficiar toda a população.
Discutiu-se ainda a crucialidade da interoperabilidade e dos seus custos associados, identificando-se como essenciais para a operacionalidade dos sistemas financeiros e para os serviços públicos. A segurança foi ressaltada, com apelos para um fortalecimento das regras e princípios.
Um ponto de interesse comum foi a carteira móvel, vista como um facilitador para a digitalização da moeda, simplificando processos de pagamento. Os custos de interoperabilidade, para que sejam incentivadores, devem permanecer baixos, defendeu-se. Por fim, uma constante ao longo do evento foi a campanha de literacia, tanto digital quanto financeira.
Considerada um dos principais impulsionadores da inclusão, a literacia oferece uma partilha de conhecimento e possibilita que cidadãos carenciados se conectem em praças públicas digitais, dando passos concretos para um sector financeiro e social em Moçambique mais inclusivo e digitalizado.(Carta)
O primeiro painel da conferência BFSI, focado na "Transformação Digital no Sector BFSI: Oportunidades e Desafios", encerrou com debates enriquecedores. Especialistas da indústria e líderes nacionais e internacionais trocaram ideias sobre as potencialidades da digitalização no sector, bem como os obstáculos que ainda persistem.
Entre os temas discutidos, destacaram-se a importância de uma reflexão contínua sobre finanças verdes, dada a vulnerabilidade climática de Moçambique. Ressaltou-se o empoderamento via tecnologia, sobretudo para jovens, mulheres, e pessoas com deficiência.
A integração de uma perspectiva continental na estratégia digital do País, a interoperabilidade, segurança dos usuários e a promoção de literacia digital e financeira foram identificados como essenciais a todos os níveis.
A simplificação de processos, a inclusão total (garantido que ninguém seja deixado para trás) e desafios da cibersegurança também foram abordados.
O painel concluiu com um apelo à acção e colaboração entre todas as partes interessadas (o Governo, banca, seguradoras, academia e sociedade civil) e a planificação estratégica para garantir um futuro digital inclusivo e seguro para todos e o sucesso do sector BFSI em Moçambique. (Carta)
A cidade de Maputo é palco da primeira Conferência sobre Banca, Serviços Financeiros e Seguros (BFSI), que nos dias 13 e 14 de setembro decorre sob o lema "Transformação Digital para um Sistema Financeiro Inclusivo, Sustentável e Desenvolvimento da Indústria de BFSI", e que visa colocar em destaque as inovações e práticas emergentes que prometem revolucionar o sector financeiro em Moçambique.
Reunindo uma rica gama de painelistas nacionais e internacionais, experts na área, para discutir questões actuais e desafios cruciais que moldam o cenário financeiro e tecnológico, a abertura foi proferida pela Vice-Ministra da Economia e Finanças, Carla Louveira, em representação do Governo de Moçambique que, reforçou a importância da temática para o desenvolvimento nacional.
Em paralelo, Doreen Bogdan-Martin, Secretaria Geral da União Internacional de Telecomunicações (ITU), fez um discurso virtual, sublinhando a colaboração internacional e a necessidade de adaptar as tecnologias emergentes para impulsionar o sector financeiro.
Este encontro promete estabelecer Maputo como um epicentro de discussões sobre o futuro digital do sector financeiro, congregando especialistas, investidores e decisores políticos em prol de um objetivo comum: um sistema financeiro robusto e inclusivo, adaptado às necessidades do século XXI.(Carta)
A subida significativa dos preços do petróleo no mercado internacional como resultado de restrições do fornecimento do produto devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia favoreceu a Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH), subsidiária da estatal Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), durante o ano económico findo a 30 de Junho de 2023. Devido a esse factor e não só, o lucro da CMH subiu mais de 82%, tendo saído de 36.9 milhões de USD registados no exercício económico de 2022 para 67 milhões de USD em 2023.
Além da subida do preço do petróleo, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da CMH, Arsénio Mabote, afirma que o aumento de produção de gás natural e a gestão criteriosa dos custos operacionais também impactaram positivamente no negócio da empresa que, juntamente com a petrolífera sul-africana Sasol, explora gás natural na bacia de Moçambique, norte da província de Inhambane.
“Pode-se verificar, através das Demonstrações Financeiras, que a CMH reportou um total do rendimento integral (lucro líquido) de 67 milhões de USD, o que representa um aumento de mais de 82%, quando comparado com o resultado líquido do exercício financeiro de 2022. Este aumento substancial do resultado foi essencialmente devido ao aumento dos preços do petróleo; ligeiro aumento da produção devido aos novos furos perfurados Infil de Pande (Pande 28, Pande 29, Pande 30 e Pande 31) que contribuíram para uma taxa média de produção equivalente a 77,5 Mil Milhões de Gigageuls por ano; menor custo operacional em comparação com as assunções do orçamento e gestão criteriosa e orientada ao resultado”, afirma o PCA da CHM.
Esta declaração consta do Relatório e Contas da empresa referente ao ano económico de 2023 que arrancou em Julho de 2022. No mesmo documento, Mabote diz, porém, que a CMH tem desafios quanto à disponibilidade de reservas provadas para garantir o fornecimento de gás no âmbito dos contratos assinados com os clientes.
Durante o último exercício, a CMH diz ter investido em furos adicionais em Pande que alcançaram o comissionamento em Dezembro de 2022 e continua a investir em outros furos adicionais nos campos de Pande e Temane, com vista a sustentar a produção a médio e longo prazos, tendo em conta que os volumes de produção de novos furos proporcionarão flexibilidade adicional e mitigação contra problemas de integridade dos existentes que estão em produção há muito tempo.
No Relatório e Contas, a CMH reporta ainda que, no exercício económico de 2023, pagou 100% do lucro líquido apurado no exercício financeiro de 2022, no montante de 36.9 milhões de USD. Relativamente aos impostos, o relatório refere que a CMH pagou 38.2 milhões de USD ao Estado, dos quais 95% em Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC), 4% em Impostos sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRPS) e 1% em contribuições destinadas à segurança social.
O balanço da CMH mostra que, até 30 de Junho de 2023, a empresa tinha um passivo total avaliado em 120.5 milhões de USD, contra 128.9 milhões de USD em 2022 (uma queda de 8.4 milhões de USD), face a um activo total avaliado em 382.5 milhões de USD, contra 360.8 milhões de USD registados em 2022, o que representa um aumento em pouco mais de 20 milhões de USD.
As contas da CMH de 2023 foram auditadas pela KPMG que não mostrou nenhuma opinião contrária no seu relatório. Na joint venture que explora gás natural em Inhambane, a Sasol Petroleum Temane (SPT) participa com 70%, CMH, 25% e 5% para o International Finance Corporation (IFC), membro do Banco Mundial. (Evaristo Chilingue)