A educação passa intrinsecamente pela observação de aspectos básicos que contribuem para a mudança de mentalidade e crescimento saudável de uma criança. Em uma sociedade que se requer mudanças urgentes, investir em técnicas de estudo basilar é fundamental.
A criação de técnicas de estudo especiais para a educação pré-escolar e o ensino geral no modelo técnico profissional padronizado com técnicas de inovação impulsiona novos campos de saberes. Por exemplo (agricultura, mecânica, electrotecnia, canalização, eletricidade, corte e costura, carpintaria, aquacultura) entre outras. Porque o objectivo da educação passa por novos campos de conhecimento e saberes.
Este modelo de ensino pode gerar ramos de prosperidade a qualquer jovem moçambicano sem dependência do Estado como fonte de renda ou empregabilidade. Porque o Estado é maior empregador e tem enfrentado a problemática de falta de mão-de-obra de qualidade, urge formatar o modelo de ensino básico e geral. Porém, investir em áreas técnicas ajuda a projectar a economia e gerar mudanças positivas no comportamento da sociedade.
Uma sociedade bem-educada e bem treinada, contribui significativamente na defesa dos interesses da nação. A falta de objectividade educacional na nossa Pérola do Índico e mudanças curriculares sem pé nem cabeça torna os formandos em instrumentos quantitativos/ estatísticos para os políticos do que a qualidade que se pretende para que possam empreender mudanças significativas nas suas comunidades e na sociedade em geral. Formação adequada e virada para o desenvolvimento estimula a economia e o progresso científico de qualquer nação.
Entretanto, a falta de uma razão motivacional cria diversas incongruências sociais e contribui para uma nova vaga de conflitos, guerras de sabotagem económica e política como a que está instalada no norte do país a mando de uma mão alheia.
Por esta e outras razões somos economicamente medíocres, pela incapacidade de saber fazer e o espírito do consumismo. À implementação do PES 2020-2029 através de uma contribuição para o fundo comum de vários parceiros bilaterais de Moçambique, devia ser revista no meu pensar, para uma reforma adequada aos dias actuais.
A necessidade de buscar bons exemplos em países vizinhos como a África do Sul sobre o seu estágio de desenvolvimento educacional e o contributo na empregabilidade do sector privado que é maior empregador em relação ao Estado com base na qualidade de mão-de-obra, é um ganho derivado essencialmente da metodologia de ensino que os mesmos adotaram.
A História dita que foi devido a necessidade de conceber leis para regularização e o funcionamento do sistema educativo que nasceu o Sistema Nacional de Educação (SNE) que pode ser interpretado através das leis 4/83 e 6/93 de 1983-1992 e outra para reforma, em 1992 até ao contexto actual. A mesma que tem sofrido melhorias não sustentáveis por não ser adequada à realidade local e actual.
Um exemplo disso, verifica-se na Província da Zambézia, que tem um vasto território, com solos férteis e recursos minerais abundantes, mas a falta de uma objectividade educacional gera constante frustrações no alcance de metas sectoriais para o crescimento e expansão das infraestruturas económicas, muita das quais são inviáveis e construídas sem qualidade e sustentabilidade. Porém a incapacidade de avaliação da mesma é resultado do pressuposto do ensino que ontem e hoje foram implementados.
Supostamente está deterioração do ensino trás a nu as fragilidades na construção de obras de grandes engenharias, em uma altura que se fala da construção do afamado Porto de Águas Profundas de Macuse, iniciativa louvável, mas, que enfrenta vários problemas na sua implementação e deixa também um vasto questionamento em caso da real implementação.
Deste modo urge perguntar: continuaremos a trazer mão de obra de "fora" para responder aos nossos problemas ou mudaremos a situação vigente? De referir que a importação da mão-de-obra continuará a ser alternativa a outras paragens tendo em conta a escassez de técnicos especializados, como Pedreiros, Ferreiros, Maquinistas, entre outros conforme emana a Lei número 18, de 28 de Dezembro de 2018.
O SNE é constituído pelos seguintes subsistemas: a) Subsistema de Educação Pré-Escolar; b) Subsistema de Educação Geral; c) Subsistema de Educação de Adultos; d) Subsistema de Educação Profissional; e) Subsistema de Educação e Formação de Professores; f) Subsistema de Ensino Superior. Deste modo, torna-se necessário a revisão e padronização dos subsistemas para melhor adequação ao contexto local.
Em relação ao ponto anteriormente apresentado, penso que o que está em causa não é a revisão do dispositivo legal, mais sim a implementação efectiva da lei mencionada que passa por condições apropriadas para que o estudante possa ter oportunidade de praticar as actividades a fim de saber fazer e através do conhecimento adquirido possa empreender e contribuir para o desenvolvimento da sua comunidade e do país.
“Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer pouco”.
(Edmundo Burke, 1729-1797, Escritor e Político Anglo-irlandês)
Nós, os números:
Somos apenas 10 irmãos
Do mais novo “0” ao mano “9”.
Soltos, representamos senão lúgubre unidade
E se restringe, deveras, nossa quantidade!
Todavia, unidos
Somos a complicação de muitas mentes!
Jovens, adultos e velhos
Com ou sem casaco, trémulos
Reclamam o poder e a influência
Da nossa estratégica associação!
Ademais, reconhecemos que as letras
Engenhosamente grafadas ou manuscritas
Unidas, geram a temida Matemática
Mas nós construímos a sua essência
E isso as letras designam ciência!
Igualmente, nós, as letras:
Somos senão vinte e seis membros
De classes de cinco e vinte e uma
E a nossa influência é sem preço
Basta olhar para as palavras e frases
Expressões, folhetos, livros e compêndios
Somos a chama de grandes revoluções!
Soltas, desde a novata “a” a sonora “z”
Limitam-se nossa influência e nosso poder
Encolhem-se e estacionam-se as mais nobres mentes
Perdem-se a cor e o brilho das coisas
E quase sobre nada se pode escrever!
Entretanto, quando unidas:
Nascem pensamentos e sonhos
Despertam-se revolucionárias ideias,
Aureoladas e extraordinárias conquistas!
Além disso,
Erguem-se enormes livrarias
Clássicas e modernas bibliotecas
E a chama por um mundo melhor
Encontra em nós o seu embrião!
Bem que os homens
Que nos pensaram e deram vida
Poderiam algo de nós aprender
Pois se isolado cada um permanecer
Sua influência será de menor alcance!
Entretanto, os homens
Longe das nossas expectativas
Buscando auto-reconhecimento e vanglória
Aprenderam, com invejável destreza, a unir-nos
E esquecendo-se de si próprios e da sociedade que criaram
Hodierno, vivem resmungando socorro!
E nós, números e letras
Minúsculas ou maiúsculas
Em algarismo ou por extenso
Unânimes, somos o fósforo da revolução!
Nos últimos anos, virou moda políticos e organizações não-governamentais apontarem o ano de 2030 como o prazo para que as nossas vidas estejam “super nice”! Se ligas a televisão, só ouves que no ano de 2030 seremos isso e aquilo, se pegas os jornais, todos apontam 2030 como o ano de grandes avanços. Os grandes planos das organizações humanitárias estão todos virados para o ano de 2030 – daí o meu desejo para que este ano chegue logo, para vermos se os políticos terão razão – se o meu povo deixará de sofrer de fome!
Às vezes fico imaginando que se o ano 2030 chegar, finalmente, o povo moçambicano estará num patamar de potência. Que ombrearemos com as grandes nações em questões económicas, onde teremos estradas sem buracos, 98% dos jovens trabalhando, as nossas universidades produzindo ciência e não um exército de desempregados e doutores sem conhecimento. A nossa agricultura, essa, será uma das 10 melhores do mundo, se confiarmos cegamente naquilo que nos é dito!
– De tanto ser referenciado, até parece que existem alguns que já viveram neste ano e regressaram para nos contar o que lá viram. Alguns dirão que são meras projecções, mas quando analiso os discursos e planos tudo se parece com a promessa do antigo ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, que jurou e prometeu entregar a sua cabeça de bandeja para os homens de Búzi, na Província de Sofala, mas saiu do governo sem pelo menos levar um investidor para ver o tal empreendimento!
- Conhecendo as pessoas que nos governam, quando os políticos atiram tudo para o ano de 2030, recordo-me da obra do grande pensador inglês Thomas Moore, no seu clássico livro “a utopia”, onde apresenta uma cidade igualitária e com várias condições pretendidas e almejadas por todos. Por aqui, o ano de 2030 vira uma nova meta e mais promessas, uma vez que os tipos actuais até lá já estarão a curtir à francesa nas Bahamas ou alguns estarão a cumprir suas penas pela mola que mamaram apontando que tudo se materializará no ano de 2030.
Se tudo for materializado até 2030, não teremos crianças sentadas no chão para estudar. Homens adultos a violarem sexualmente menores ou unirem-se prematuramente com elas. Não teremos governos corruptos. Não haverá perseguição aos jornalistas. A indústria dos raptos já terá sido derrotada. O valor das portagens será outro, ou seja, mais baixo. As pessoas não irão perder a vida nas filas dos hospitais. O transporte público será o melhor, até lá quem sabe teremos um metro de superfície e o nível de sinistralidade rodoviária já terá reduzido – seremos a nova Singapura de África!
Portanto, para que isso aconteça será necessário que haja uma mudança de atitude. É importante que a ciência esteja ao serviço do desenvolvimento. É crucial que haja governantes amantes do povo e da verdade! É importante que o nosso sentido de justiça social seja verdadeiro. Que o amor à pátria seja intenso. Porque sem isso, em nada nos valerão grandes planos com metas ambiciosas e sensacionalistas quando no fundo somos Docentes livres em endividar o país para projectos que mesmo o mentor da ideia não acredita!
Seria bom que o ano de 2030 fosse logo amanhã, para vermos esta singapurização de Moçambique e porque não de África, onde segundo as projecções poderemos viver em Chicualacuala e trabalhar em Palma, fazendo as viagens diárias sem nenhum sobressalto. Afinal, teremos tudo a funcionar em pleno, a mola do petróleo e gás de Afungi já estará a transbordar. Os rubis de Montepuez e Mavago a renderem. Os diamantes de Gaza e Tete idem. Os locais turísticos de Maputo, Inhambane, Sofala, Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado a meterem muito dinheiro!
Não haverá dificuldades, até a desnutrição infantil já terá sido esquecida! Só que não nos esqueçamos que faltam oito anos (2022 – 2030) e se em mais de quatro décadas apenas só soubemos investir em novas táticas e técnicas de desinvestimento – está aí uma desculpa para que as coisas continuem como estão ou mesmo pior, porque tudo está planificado para o ano de 2030, em que os anjos virão mijar nesta terra para que tudo esteja na máxima perfeição. Não vejo a hora de chegar no ano de 2030, quero ver uma coisa, aí – um país com um novo rosto – que pode ser um igual a de um camponês de lá das bandas de Pebane, na Zambézia, ou de um farmeiro bóer dos tempos das vacas gordas no Zimbabwe!!!
Txifuliane está entre a muldidão, com o filho aconchegado, acompanhando tudo aquilo que apenas vem confirmar o que já sabia, ou que já tinha ouvido falar. Mathxinguiribwa dança no colo da mãe ao som da timbila de Juliasse Makowo, dança e ensaia com o pequeno braço esquerdo o batimento do escudo de pele no chão, e o chão era o peito da mãe que tremia cada vez que a criança enveredasse por esse gesto. Ela voltou a ficar alucinada, desta vez viu a sua avó aproximando-se, vestida de branco passeando no ar na sua direcção dizendo, Txifuliane sai daí, sai daí depressa, minha neta, procura uma varanda para te abrigares, entra no restaurante do Mathikiti e peça alguma coisa para comeres com o teu filho, sei que acabas de comer, mas vai comer outra vez, peça algo ligeiro só para não correrem contigo de lá, compra um chocolate para Matxinguiribwa e mantenham-se serenos.
Txifuliane vê Juliasse Makowo sacudindo o abraço do governador, cuspindo depois para o chão, não a saliva, mas um jato de sangue que lhe molhou os pés, pegou na sua timbilia e nas baquestas para se retirar e dirigir-se aos camarotes, onde devia esperar para de novo voltar e apresentar o maior quilate do seu show que ainda faltava, como se aquele primeiro número não fosse nada, parecia um mamute. Relampejou tremendamente por sobre o miradouro, e um raio caíu atingindo Juliasse Makowo, que morreu imediatamente, sem que no entanto tivesse caído, morreu de pé, e quando os seus companheiros tentaram levantar o corpo não conseguiram, começou a chover em catadupas, afastando as pessoas que enchiam por completo o lugar da festa, os membros da banda de Juliasse Makowo abandonaram o cadáver com medo dos relâmpagos que se sucediam, e do graniso que fustigava o espaço onde já tinha começado a grande celebração dos chopi, chovia em toda a vila, mas o graniso só caía no miradouro, martelando em particular a cabeça de Juliasse Makowo que continuava estranhamente de pé. Há grandes correrias das pessoas que buscam abrigo, as tendas esticadas aqui e alí não suportam as fortes bâtegas da chuva que chove à cântaros, elas cedem perante as torrentes, em pouco tempo a vila de Quissico ficou um rio, e os carros que estavam ali estacionados transformaram-se em barcos flutuando à deriva, sendo todos levados ribanceira abaixo, até à zona das Lagoas, onde se viam enormes fogueiras desafiando a chuva que caía cada vez com maior intensidade, sem o menor sinal de que aquela hecatombe podia desvanecer nos próximos momentos. As pessoas subiram para os tectos das casas, e paradoxalmente, no tecto das casas eles não molhavam, ficavam ali a assistir ao dilúvio, que vinha para destruir o histórico vilarejo, aquilo que são as ruas metamorfoseou-se, no seu lugar nasceram braços de um rio que rasgava Quissico à meio, várias mulheres foram vistas a nadar, nuas, umas de costas, outras de bruços, outras de livre, deixando ver abundantes trazeiros que atiçavam a cobiça dos homens pendurados nos tectos bebendo aguardente de massala, ninguém sabe explicar como é que aquela bebida foi-lhes parar às mãos, mas todos eles bebiam sem se molhar com a chuva que vinha do céu em liberdade, petiscavam carne de porco assada na brasa e temperada com n´tona, todos eles pareciam alegres, riam-se às gargalhadas, divertindo-se com o espectáculo das mulheres que nadavam nuas pelos braços do rio que rasgava Quissico, mas tudo aquilo durou pouco tempo, porque logo a seguir todos estavam nos seus anteriores lugares, a chuva tinha parado, os carros voltaram aos sítios onde estavam estacionados e Juliasse Makokowo retirava-se tranquilamente, petulante, para os camarotes.
Txifuliane tremeu depois de voltar novamente à lucidez, sem saber o que fazer. O filho, em silêncio, para o arrepio da mãe, mexia a cabecinha em resposta às músicas que vinham das orquestras que passaram a desfilar num espectáculo retumbante, cada grupo tocava algo diferente, algo mais aliciante do que aquilo que se ouviu anteriormente, aqueles que bebiam tinham que atravessar a estrada várias vezes para comprar as bebidas do outro lado e ninguém conseguia manter-se nas barracas porque não queriam perder um evento único, que trouxe equipas de televisão de várias partes do mundo, quatro helicópeteros sobrevoavam silenciosamente o espaço, com antenas pendidas para captar o show em todos os ângulos. O miradouro está compactado, acolhe milhares de assistentes que deliram, cada vez há mais gente subindo às palmeiras, levando consigo garrafas ou latas de bebida, que é consumida para aclarar as mentes e deixar que o ritmo penetre livremente nas profundezas da alma, os timbileiros estão em êxtase, desfraldam gritos de guerra que são repetidos pela plateia ávida.