Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Política

DanielChapo110924.jpg

Vias de acesso condignas, hospitais distritais modernos e transformar Inhambane na capital turística de Moçambique são as principais apostas de Daniel Chapo para a província do sul do país, caso vença as eleições presidenciais de 09 de Outubro próximo. O candidato expressou as intenções durante a campanha eleitoral de três dias à província - entre domingo e esta terça-feira.

 

Inhambane é uma terra bem conhecida por Daniel Chapo. O candidato da Frelimo foi Governador da Província entre 2016 e 2024, período no qual as empresas locais passaram a fazer negócio com as empresas ligadas à exploração de gás no norte de Inhambane e as comunidades locais passaram a beneficiar de mais programas de responsabilidade social da SASOL, através dos Acordos de Desenvolvimento Local.

Chapo visitou diferentes pontos com destaque para cidade da Maxixe, tida como capital económica da província, onde reforçou o compromisso de concluir a construção do hospital distrital local, uma necessidade há muito sentida pela população.

“Uma das preocupações da Cidade da Maxixe é a conclusão do hospital distrital. Estamos a trabalhar, neste momento, para cumprirmos esta promessa, para equiparmos, inaugurar-se e entregarmos o hospital a população da Maxixe”, disse. 

 Além disso, Chapo comprometeu-se a reabilitar a estrada Maxixe-Homoine, essencial para a economia da cidade e a resolver o problema das tarifas de água, que têm gerado descontentamento entre os moradores devido a cobranças indevidas.

Outro tema abordado por Chapo em Maxixe foi a erosão costeira, um problema crónico na cidade. Ele reconheceu que a questão já deveria ter sido resolvida, mas garantiu que, caso seja eleito, dará continuidade aos esforços de mitigação, citando os sucessos alcançados em Massinga e Morrumbene como exemplos.

No último domingo, em Vilanculos, o político destacou o potencial turístico da região e fez promessas concretas de investimento no sector. Referiu-se à província de Inhambane como a "futura capital turística" de Moçambique, afirmando que a região tem todas as condições para se tornar uma referência nacional e internacional.

Segundo o candidato, o turismo será uma das principais apostas de seu governo, dado o seu potencial para gerar empregos, especialmente para jovens e mulheres. Chapo defendeu que o investimento no sector impulsionará outras áreas, como agricultura, estradas, educação e saúde, promovendo um desenvolvimento equilibrado em toda a província.

Em Homoíne, Daniel Chapo prometeu reabilitar o instituto agrário local, destacando a importância da formação de técnicos qualificados para impulsionar o sector agrícola. Ele pretende atrair investimentos para a criação de grandes fazendas e fábricas de agro-processamento, fortalecendo a economia rural da província.

Em Inharrime, o candidato destacou a construção de estradas como prioridade, especialmente as ligações entre Inharrime-Panda e Inharrime-Závora, com o objetivo de facilitar o escoamento de produtos agrícolas e impulsionar o turismo local.

Chapo reafirmou que a Frelimo é o partido mais preparado para garantir a continuidade do desenvolvimento de Moçambique, argumentando que a estabilidade e o progresso do país dependem da sua eleição e da manutenção do partido no poder.

Em Quissico, capital cultural da etnia Chope, Chapo prometeu valorizar ainda mais as tradições locais, como o Msaho e a Timbila, esta última reconhecida pela UNESCO como Património da Humanidade.

 

 

DanielChapo100924.jpg

O país entra, hoje, para o décimo oitavo dia consecutivo da campanha eleitoral, rumo às VII Eleições Gerais (Presidenciais e Legislativas) e IV Provinciais (do Governador e dos Membros das Assembleias Provinciais) de 9 de Outubro próximo, com os candidatos a Presidente da República a “digladiarem-se” no terreno e nas plataformas digitais à busca do voto.

 

Até esta segunda-feira, Daniel Chapo, candidato suportado pela Frelimo à presidência do país, era o único que já havia percorrido quase a metade das províncias de Moçambique, seguido pelos candidatos Venâncio Mondlane e Lutero Simango, tendo Ossufo Momade na cauda.

 

Com melhores recursos financeiros e com a máquina do Estado à sua volta, Daniel Francisco Chapo já percorreu, desde o arranque da campanha eleitoral, a 24 de Agosto, as províncias de Sofala, Tete, Manica, Zambézia e Inhambane, devendo entrar, amanhã, na província de Gaza.

 

Em cada uma destas províncias, o Secretário-Geral da Frelimo, que se faz transportar de um meio aéreo (helicóptero), em grande parte das suas deslocações, conseguiu escalar, por dia, pelo menos três distritos, orientando comícios de pelo menos uma hora e fazendo caminhadas de pelo menos 30 minutos.

 

Em todos os distritos escalados, Chapo tem prometido combater a corrupção, construir estradas, pontes, hospitais, escolas, para além de montar “grandes fábricas” para a geração de emprego e criar um banco de desenvolvimento. Nos seus discursos, Chapo promete fazer diferente do que vinha sendo feito pelos seus antecessores.

 

Por sua vez, Venâncio António Bila Mondlane, cuja candidatura é suportada pelo PODEMOS (Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique) já esteve nas províncias de Maputo, Zambézia e Niassa, devendo escalar, hoje, a província de Cabo Delgado. Igualmente, já esteve na África do Sul em busca de apoio político e logístico para sua luta pelo Palácio da Ponta Vermelha.

 

No seu périplo pelo território nacional, Mondlane tem defendido, de forma reiterada, a ideia de que Moçambique precisa ser salvo, pois, “não é de um partido” e “nem de uma família”. Por isso, promete despartidarizar o Estado, descentralizar a gestão do erário, dando poderes às províncias para colectar e gerir o dinheiro dos impostos.

 

Já Lutero Chimbirombiro Simango percorreu, até ao momento, as províncias de Sofala, Zambézia e Niassa. Aliás, é o único candidato que já tirou alguns dias descanso (quatro) e que esteve uma semana a trabalhar na mesma província (Sofala).

 

Privilegiando o contacto interpessoal, Simango tem prometido aos eleitores reduzir os impostos, com destaque para o IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), de 16% para 14%, de modo a tornar acessíveis os produtos básicos. Também promete criar uma indústria farmacêutica, para além de reduzir os poderes conferidos ao Chefe de Estado.

 

Por seu turno, Ossufo Momade, que iniciou a sua maratona de “caça” ao voto no dia 01 de Setembro, isto é, com oito dias de atraso, percorreu, até agora, apenas as províncias do Niassa e Cabo Delgado, depois de curta passagem pela província de Nampula, concretamente, a sua capital provincial. Aliás, a província de Nampula é o próximo destino do Presidente do maior partido da oposição no país.

 

Empunhando sempre uma vassoura, Ossufo Momade tem prometido, na sua interação com os eleitores, combater a corrupção, o terrorismo e construir infra-estruturas económicas, com destaque para uma linha férrea de ligue o norte e o sul do país. Aliás, o combate à corrupção e ao terrorismo é o denominador comum nas promessas eleitorais dos quatro candidatos à Ponta Vermelha, garantindo, cada um deles, ter o remédio certo para cada uma destas enfermidades.

 

Este é, de forma resumida, o retrato do país, passados 17 dias desde o arranque da campanha eleitoral. Trata-se, até ao momento, de uma campanha pacífica, apesar de já ter registado pelo menos dois mortos e mais de uma centena de feridos devido aos acidentes de viação, envolvendo caravanas do partido no poder.

 

Igualmente, já houve registo de agressões físicas, envolvendo, na sua maioria, membros da Frelimo, Renamo e MDM, para além da destruição de material de propagada. Meios de Estado (sobretudo viaturas) continuam a ser usados pelos partidos nas suas campanhas eleitorais, com realce para Frelimo, para além da mobilização de professores para actividades políticas, resultando na paralisação de aulas. (A. Maolela)

ELEITORES121023 (4).jpg

O Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental (ONG) moçambicana, acusou hoje os EUA e a União Europeia de ignorarem irregularidades registadas em escrutínios em Moçambique, “atropelos à legislação eleitoral” que beneficiam a Frelimo, partido no poder.

 

“Os EUA e a UE estão a criticar aspetos da Venezuela [relativamente às últimas eleições presidenciais neste país da América Latina], que há muito se verificam em Moçambique e a comunidade internacional tem aceitado a legitimidade da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique]”, refere o CIP, em comunicado com o título “Será que as críticas às eleições na Venezuela vão mudar a forma como as eleições são vistas em Moçambique?”.

 

Na nota, a organização questiona se os Estados Unidos e a União Europeia irão “recorrer aos mesmos padrões ” que usaram para a avaliação das presidenciais venezuelanas nas eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique.

 

Os EUA e a UE não reconhecem a vitória do atual Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, considerando o resultado do escrutínio como fraudulento, já que não foram publicadas as atas eleitorais. "A questão que se coloca para as eleições de 09 de outubro em Moçambique é: Será que os EUA e a UE vão aplicar os mesmos padrões que aplicaram na Venezuela em Moçambique? Ou será a política global a determinar?”, lê-se no documento da ONG.

 

Como aspetos a merecer um julgamento crítico no processo eleitoral moçambicano, o CIP aponta a suposta existência de 1,2 milhões de eleitores a mais do universo de votantes em idade eleitoral ativa, contabilizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) em cinco dos 11 círculos que vão a votação este ano, conclusões de análises de dados feitos pela própria organização nos últimos anos.

 

Além destes dados, acrescenta-se no documento da organização, nas eleições autárquicas do ano passado, há tribunais distritais que foram usados para a interposição de recurso em primeira instância que confirmaram diversas irregularidades.

 

“A CNE, numa declaração de 17 de novembro de 2023, disse que ela própria não verificou os editais das assembleias de voto, mas apenas aceitou as contagens das comissões eleitorais distritais. No entanto, a juíza do Tribunal Distrital de Nhlamankulu (Maputo) considerou provado que o diretor distrital do STAE introduziu editais falsos e que (…) a comissão distrital de eleições aprovou essas falsificações para dar a vitória à Frelimo”, conclui-se no documento.

 

Os EUA e a UE assumem-se como parceiros tradicionais de Moçambique, com observadores em quase todos escrutínios desde as primeiras eleições democráticas no país, em 1994. Na manhã de hoje, após uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Moçambique, a chefe da missão de observação da UE às eleições de 09 de outubro em Moçambique, Laura Cereza, garantiu “neutralidade e imparcialidade” na observação do próximo escrutínio, numa missão que vai contar com um total de 150 observadores.

 

“Queremos sublinhar os nossos princípios de trabalho que são sempre a neutralidade e imparcialidade para observar este processo eleitoral. Não interferimos de nenhuma maneira no processo eleitoral e temos uma metodologia definida e testada de muitos anos para fazer esta observação de acordo com princípios (…) internacionais”, disse Laura Cereza.

 

Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar nas eleições gerais de 09 de outubro, que incluem presidenciais, legislativas, de governadores provinciais e de assembleias provinciais

 

Concorrem à Ponta Vermelha (residência oficial do chefe de Estado em Moçambique) Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, e Venâncio Mondlane, apoiado pelos extraparlamentares Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) e Revolução Democrática (RD). (Lusa)

Mototaxi100924.jpg

A população da sede do distrito de Palma, norte de Cabo Delgado, manifesta grande preocupação devido à perseguição de operadores de motorizadas, vulgo "boda bodas", por indivíduos desconhecidos. Palma, incluindo a sede, é um dos distritos actualmente considerados mais seguros naquela província do norte do país. Além das Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique estão os aliados do Ruanda.

 

Os residentes contam que nos últimos dias foram reportados cinco casos de agressão aos operadores de motorizadas por indivíduos que se fazem passar de clientes, que depois desferem golpes aos motociclistas e apoderam-se dos meios.

 

"É uma situação bastante preocupante. Sucede que essas pessoas que se supõe que saíram de outras províncias [já que aqui há muita procura de emprego], aparecem como clientes, entre 17 ou 19 horas e, ao longo do caminho, usam objectos contundentes contra os operadores de motorizadas e depois pegam na mota e fogem", confirmou Amisse Paulo, assinalando que ouviu três casos.

 

Ali Salimo, outro residente de Palma, também confirmou que reina insegurança no seio dos motociclistas devido à onda de perseguição por parte dos criminosos. Acrescentou que o caso mais recente se deu no sábado, mas os autores foram neutralizados.

 

"Pelas 18h de sábado assaltaram mais dois "boda bodas". Uma das vítimas é um jovem daqui mesmo, só que estes foram interceptados no cruzamento de Oasse, em Mocímboa da Praia, e depois conduzidos ao Comando Distrital da PRM de Palma", contou.

 

"Na verdade, temos essa situação de agressão dos taxistas. Recentemente um taxista foi agredido até ficar inconsciente e abandonado no local. O agressor foi embora com a motorizada. A vítima viria a ser localizada mais tarde e levada ao hospital onde recuperou a sua consciência", disse um funcionário do Estado residente na vila de Palma, admitindo que já acompanhou três casos de género.

 

O serviço de táxi mota é uma das principais actividades de rendimento de muitos jovens da vila de Palma para o transporte de pessoas e bens da vila sede até à fronteira de Namoto, junto à fronteira com a República da Tanzânia e vice-versa. (Carta)

 

detidos_algemas-min_2.jpg

Três pessoas encontram-se detidas no Comando Distrital da Polícia em Dondo, na província de Sofala, acusadas de violência contra membros do MDM, nos bairros Central e Thundane. Os indivíduos são acusados, ainda, de vandalização de material propagandístico.

 

A detenção ocorreu na semana finda, segundo José Mabae, porta-voz do MDM no Dondo. A PRM (Polícia da República de Moçambique), através do chefe das operações, confirmou a detenção dos indivíduos e garantiu que estão sob custódia policial.

 

Os três acusados são todos jovens. Um é acusado de ter "catanado" um membro do MDM no braço no bairro central e os restantes vandalizaram material de propaganda e depois agrediram e morderam os testículos de um membro do MDM, que acabou desmaiando.

 

Neste momento, os dois membros do partido MDM estão hospitalizados no Hospital Central da Beira e na unidade sanitária do Dondo. A PRM no Dondo disse que tudo indica que os três jovens pertencem ao partido Frelimo. Os três vão ser julgados ainda no mês de Setembro.

 

Alunos sem aulas em Inhambane

 

Parte considerável das escolas dos distritos próximos de Maxixe esteve sem aulas, esta segunda-feira. Os professores estavam na recepção do candidato da Frelimo, Daniel Chapo. Trata-se das escolas dos distritos de Morrumbene, Cidade de Inhambane, Homoine, Massinga, Jangamo, Panda e Inharrime.

 

Os nossos correspondentes, em Homoine, visitaram, esta segunda-feira, uma escola da vila e constataram que os professores decidiram cancelar as aulas para dar apoio ao candidato presidencial da FRELIMO, Daniel Chapo.

 

A saída dos professores gerou indignação entre os alunos, pais ou encarregados de educação, que se sentiram desamparados, a meio do período lectivo. Alunos e pais manifestaram a sua insatisfação e pediram que os professores priorizem as suas obrigações escolares em vez de se envolverem em actividades políticas.

 

Em Inhambane, as instituições do Estado estavam praticamente abandonadas. Os funcionários estavam no comício da Frelimo. Em Vilankulo, um grupo de mulheres da OMM, braço feminino do partido Frelimo, foi à Escola Secundária de Mucoque realizar actividades de ginástica e ensaios de apresentações como propaganda política do seu partido. Estavam vestidas a rigor, de camisetas do seu candidato, Daniel Chapo. (CIP Eleições)

Ataques Terroristas_ População localiza quatro corpos sem vida em Mocímboa da Praia090924.jpg

Os populares do distrito de Mocímboa da Praia, norte de Cabo Delgado, localizaram nos últimos dias pelo menos três corpos sem vida. As causas da morte e a identidade das vítimas são desconhecidas, sabendo-se apenas que se trata de indivíduos do sexo masculino.

 

Fontes disseram à "Carta" que os corpos foram encontrados entre quarta e quinta-feira pela população das aldeias Malinde e Cabaceira, a menos de 40 quilómetros da vila-sede, todos com mãos e pernas amarradas.

 

Presume-se que as vítimas foram amarradas e depois lançadas ao mar onde morreram afogadas. "Não há nenhuma explicação até hoje. O que a gente estranha é que as vítimas foram encontradas amarradas nas mãos e pernas. Não sabemos quem fez isso, mas aqui na vila a situação não está boa desde o incidente do sábado passado", afirmou uma fonte na vila.

 

"O assunto de corpos sem vida é verdade, mas as pessoas não sabem o que está a acontecer ou a causa dessas mortes. Isso nos preocupa bastante", acrescentou outro morador, que preferiu ser identificado por Azizi.

 

As nossas fontes disseram igualmente que outras quatro pessoas capturadas pelos terroristas foram posteriormente libertas. Trata-se de um homem na aldeia Chimbanga e uma mulher com seus dois filhos menores na aldeia Mangoma.

 

Este incidente foi igualmente reportado no Boletim sobre o Processo Político de Moçambique, produzido pelo Centro de Integridade Pública (CIP), que confirma ainda a ocorrência na semana passada de outro ataque contra acampamentos de pescadores junto do lago Nguri no distrito de Muidumbe.

 

Neste local frequentado por pescadores e compradores locais e de outros distritos do norte da província, os atacantes roubaram igualmente diversos produtos alimentares. (Carta)

 
Pág. 6 de 873