O Governador do Banco de Moçambique aproveitou uma aparição pública em Quelimane para dar o tiro final na nuca da sua credibilidade. Esta já andava de rastos. Zandamela em Quelimane deu a derradeira mostra do caótico registo da incoerência que tem marcado o seu consulado desde que chegou de Washington. Dias antes, ele tinha ido à Assembleia da República (AR) apresentar um plano de contingência para o apagão provocado pelo imbróglio entre a Rede SIMO e a BizFirst. Foi taxativo que a empresa portuguesa estava a ser descartada e que novos fornecedores para o relevante "software" da rede interbancária estavam a caminho de Maputo.
Regressar ao jornalismo de uma forma estruturada foi sempre uma tentação. Durante meu exílio das lides andei reprimindo esse desejo. Mas sucumbi. Me derrotei na vertigem de pensar que podia fazer intervenção social e política a jeito de paninhos quentes. Amaciando o verbo. Subir no muro e deixar-me estar olhando os ratos roendo tudo e eu enjeitado no conformismo. Não aprendi assim. O editor queria que eu me tornasse um grande jornalista.
Conhece Childish Gambino, aka Donald Glover, quando ver? Ou se ouvir? Pois, em “This is Mozambique” tem puritanismo barato e chauvinismo abjecto. Mergulhado na saga da maldição humana, é a estória de um país cujo sonho foi trocado pela tragédia. Quando mais pão podia chegar à boca de muitos, a elite tirou tudo à catanada. E satisfez sua ganancia do gás, antes mesmo da extracção. Atirou para o lado as expectativas do povão. O gás não foi o pecado original. O buraco da perdição já estava cavado. Mas havia sinais de poder ser tapado. Uma pá empurrando para baixo a areia poeirenta da miséria.
De tempos em tempos, os representantes da corrente “lite” da Frelimo acenam cá para fora e dão conta de que existem e estão atentos e podem ser uma força de contestação quando a Frelimo “hard core”, a corrente radical, que dirige o Estado, tende em inverter a marcha do progresso. Sem poder, a corrente “lite” ocupa os espaços mediáticos, lançando sinais de reprovação quando a Frelimo radical tenta empurrar o país para o caos.
Qualquer que for o desfecho deste Mundial de Futebol, uma coisa já ficou provada: o triunfo do trabalho acrescentado sobre o talento inato. A eliminação precoce da Alemanha (e sua derrota copiosa contra o México), o empate da Argentina com a Islândia e o do Brasil com a Suíça (com Neymar eclipsado) mostraram a dificuldade de superação daquele talento genial que em tempos mudava o curso dos acontecimentos no jogo. Hoje contra a França, no seu derradeiro Mundial, Lionel Messi não passou de uma actuação mediana. Estamos a viver uma crise de paradigma no futebol. Talento apenas não basta. O que esta vingando eh o mindset do esforço colectivo…a crença que busca na limitação do talento natural um elan para a vitória.