O quintal do "Txio Fijany" foi feito como um paraíso, mas estranhamente tudo se transformou em inferno. Tornou-se num local infestado por uma legião de todo o tipo de pessoas más. Desde ladrões, caloteiros, mafiosos, criminosos, pedófilos, corruptos, assassinos, terroristas, narcotraficantes, traficantes de órgãos humanos, contrabandistas e, acima de tudo, os chefes deles – os políticos sem alma!
O quintal do "Txio Fijany" era extenso e viviam milhões de pessoas. Pessoas que conseguissem ver o sol ou além da cortina eram vistas como anti-patrióticas. Tanto é que sempre que tentam levantar a voz para reivindicar algum direito violado são tratadas com desdém e violência. Tudo porque no quintal do "Txio Fijany" não se admite que os filhos exigam que haja mais comida e batata, nutritiva no prato, tenham uma qualidade de vida, as pessoas sejam honestas, mais cultas e que vivam consoante aquilo que produzem!
Os amigos do "Txio Fijany" controlam tudo e todos. Razão pela qual, em cada tentativa de protesto ou conferência de imprensa que um enteado do "Txio Fijany" ensaia, os cães mordem dísticos e algemam microfones dos jornalistas que ousam se dirigir ao local. Agora "Txio Fijany" decidiu criar "fronteiras" em frente de casa de cada vizinho, ou seja, quem quiser visitar o outro deve pagar – não está fácil viver no quintal do "Txio Fijany"!
No quintal do "Txio Fijany" havia um grupo de enteados que tentaram criar campanha para negar o pagamento de uma dívida – os homens do "Txio Fijany" saíram para o sítio e quem vestisse a camisete e saísse com ela, era arrancado e apalpado até ao local onde fica o "magostoso" para ver se não estava escondida lá – os homens são mesmo agressivos quando é para caçar os enteados do "Txio Fijany" e mansinhos com os filhos dele, mesmo quando eram!
O problema é que "Txio Fijany" foi colocado como o líder do quintal e com a missão de tratar todos da mesma forma, sucede que os conceitos igualdade de circunstâncias, oportunidades, saber ouvir e proteger os desfavorecidos não cabem no vocabulário do "Txio Fijany" e nem dos seus próximos. Alguns amigos do "Txio" chegam a achar que são imortais, de tanto mamar nas tetas das vacas leiteiras existentes no quintal.
O engraçado é que as pessoas que vivem no quintal do "Txio Fijany" confundem medo com humildade, inteligência com ignorância, liderar com roubalheira, interesse público com interesse de grupinhos. Não é em vão que as pessoas do quintal do "Txio Fijany" só pensam depois de fazer, ou seja, constroem estradas, depois se apercebem que deveriam ter feito valas de drenagem nas imediações. Todos os anos acontecem calamidades naturais, mas só se lembram de evacuar as pessoas quando o fenómeno já está à porta e a fustigar.
As coisas no quintal do "Txio Fijany" são mesmo atípicas e perigosas. Os magnatas de outras portas ajudam os residentes de lá, com valores para construir pontes, escolas, hospitais e estradas, mas se a estrada não é de péssima qualidade, então o empreiteiro que dividiu as comissões com os protegidos do "Txio Fijany" leva a mola e zarpa. Se o plano inicial da escola era ser modernizada, a mesma é feita nas correrias e, numa pequena chuva, lá vem a miséria para as crianças e a comunidade escolar.
Já nem falo de hospitais e pontes. Os homens do "Txio Fijany" tiveram a coragem de levar mais de 56 milhões de Meticais, mola dos gringos e irem construir um centro de saúde numa zona pantanosa e o engraçado é que ninguém foi responsabilizado. Um bom amigo do "Txio Fijany" querendo mostrar trabalho quando o apelo era que todo o mundo estivesse num local seguro, carregou uma comitiva, acto que culminou em tragédia com a morte de um integrante e várias viaturas danificadas.
No quintal do "Txio Fijany" existem milhares de recursos naturais e minerais. Mas as florestas, estas, estão a ser saqueadas pelos chinocas e os "brodas" do "Txio Fijany". Os rios estão poluídos devido ao garimpo artesanal e industrial. Buracos de garimpos são abandonados após a elevada exploração. Nos locais, as comunidades estão mais pobres do que antes. Os jovens locais que, desprovidos de oportunidades, buscam alguma alternativa, ou são mortos ou são detidos!
O "Txio Fijany" é um homem de negócios. Com resorts, hotéis e mansões em locais paradisíacos, onde as comunidades locais são tão pobres que nem se beneficiam dos investimentos do “Txio” ou do seu núcleo familiar. O "Txio Fijany” parece ser um homem visionário", tão visionário que na altura que era um alto representante do quintal, conseguiu mover os dedos, chegou ao poder e entregou uma rede de mafiosos que lesaram a vida dos cidadãos no seu território e mesmo tão referenciado pelos ex-brodas, o homem nunca chegou a tecer qualquer comentário ou explicação aos seus súbditos.
No quintal do "Txio Fijany", os traficantes chegam a fazer promoção de drogas para os viciados. Os polícias são agentes do crime e enriquecem com a indústria do rapto e da extorsão. Empresários honestos zarpam por temer o pior. Os críticos destas e suas vidas andam em corda bamba e com ameaças constantes, e mesmo as autoridades judiciais sabendo, fazem-se de cegos, mudos e como se nada estivesse a acontecer.
Numa das casas do quintal do "Txio Fijany", as pessoas encontram-se numa guerra violenta. Cortam-se pescoços, queima-se tudo e mulheres em gestação são abatidas simplesmente porque surgiram em zonas de conflito, nuas e perdidas. O quintal é mesmo espectacular, todos são forçados a acreditar que as anormalidades que ocorrem são normais.
Agora o "Txio Fijany" criou uma moda, inaugurar infra-estruturas com seu nome completo e seu grau académico – e as organizações que procuram alertar o povo de noite para dia transformaram-se em movimentos políticos clandestinos aos olhos do "Txio Fijany" – talvez uma formação intensiva sobre certas matérias de Ciência Política e direitos humanos ajudaria o "Txio Fijany"!
O quintal é enorme. Existem mais de 30 milhões de filhos e enteados. E o mesmo é irrompido todos os dias com escândalos cabeludos em quase todos os sectores de actividade. Dentre eles é a facilidade de aquisição de documentos como bilhete de identidade e passaportes por estrangeiros com conduta subversiva, tudo facilitado por pessoas que deveriam fazer o melhor na protecção do quintal. O quintal é corredor de coisas nocivas à saúde pública, como drogas pesadas, pesca ilegal, tráfico de armas de fogo e caça furtiva.
De tantos escândalos que assombram o quintal do "Txio Fijany", as pessoas perderam a fé em tudo. Sentem medo de sonhar. De pensar correctamente, por isso alguns preferem trocar o cérebro por um repolho ou alface. O valor dos tomates entre as calças por um cachorro quente instalado por detrás das nádegas.
A pujança intelectual por um par de botas bem grandes e uma língua supercomprida – isto é, se queres viver sem makas, no quintal do "Txio Fijany", melhor virar a casaca, para ser condecorado enquanto lidera um julgamento em processo, onde "Txio Fijany" é bastante citado pelos ex-colegas como tendo recebido parte da saborosa sopa libanesa. Isto acontece e ninguém se indigna, porque esta palavra já não existe no vocábulo de todos, porque tudo é faz de conta!
Noutros quadrantes, a fabulosa procuradora do mediatizado caso teria de ser colocada fora do caso por promiscuidade e uma grande mancha naquele pano branco de seda turca – senão os ilustríssimos irão usar isso como escudo de combate até ao Tribunal Superior de Recurso (TSR) e os jornais, estes, não perdoaram a mana dos anexos!
O "Txio Fijany" é uma espécie rara. Homem com dotes mágicos. Consegue fazer omeletes sem ovo. Deve meter muito medo, para que tudo esteja do modo como está e as gazelas a assistir enquanto um leão apenas passeia e caça pelo quintal comendo uma delas. (I)
Consta que o 32º presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), recusou que a sua equipe eleitoral usasse uma eventual adversidade do seu adversário político – fora descoberto de que era um mulherengo – alegando que teria um efeito contrário, pois aumentaria a chance de vitória do seu adversário.
Certamente que é uma dica para quem governa, porquanto, e por mais que se esteja cheio de razão, é sempre prudente que se avalie o contexto e as implicações de uma decisão.
Nesta linha, e a propósito da premiação feita a magistrados na recente abertura do ano judicial, que contemplou a procuradora em serviço no julgamento em curso sobre as “dívidas ocultas”, seguramente que Roosevelt teria previamente aconselhado o cancelamento da premiação e equacioná-la para um outro momento e mais apropriado.
Um factor determinante que concorreria para o cancelamento é o facto da cerimónia em alusão ter sido dirigida pelo Presidente da República, cujo titular, em função governamental anterior, é amiúde citado em processos judiciais sobre as dívidas ocultas, em particular no processo ora em julgamento.
Ainda, e na esteira de Roosevelt, confluiria para o cancelamento o facto de este julgamento, que decorre na cadeia de máxima segurança da Machava, vulgo B.O, também estar a ser usado pela sociedade como uma ferramenta de escrutínio público sobre a real separação de poderes no país, em particular sobre a efectiva independência dos tribunais.
Infelizmente, e é uma pena, o ensinamento de Roosevelt não é tido e nem achado na Pérola do Índico. Ademais, e para fechar, este ensinamento de Franklin Delano Roosevelt – que por acaso morreu em casa de uma amante – decorre de um anterior, a saber: “Se o teu telhado é de vidro não atire pedra para o telhado do outro”. Mas por cá, e porque “há muita poeira”, os telhados de vidro passam bem despercebidos.
O Rui Nogar faz hoje 90 anos! É um dos nossos grandes poetas. Homem apaixonado por causas sociais, pelos homens do seu tempo e pela condição humana. Um extraordinário poeta. Um ser humano de excepção. Autor escasso e, no entanto, fundamental. Não só o seu “Silêncio Escancarado” (magnum opus), que deveria um dos nossos breviários. Ou “Nove Hora”, esse poema arrebatador, que o Mutumbela Gogo encenou.
A sua poesia, como queria Gabriel Celaya, é uma arma carregada de futuro. As suas metáforas, as suas imagens, o seu poder e a sua excelência de exegeta. Um grande tribuno. Um belíssimo declamador. Um amigo e um camarada de ofício. Um homem bom. Disse-me ele numa entrevista: “Não me interessa que seja ou não considerado poeta. O que me interessa é que eu seja considerado homem que se preocupa com os outros homens da sua época”.
O Rui é, no entanto, um dos mais deslembrados. Moçambique, sublinhe-se, cultiva a arte do esquecimento. Diverge dos seus melhores. Há, entre nós e sobre nós, uma ideia maniqueísta da história e da memória. O país não se revê nos seus poetas. A cultura é um parente pobre. Não passa da sua condição de apêndice. É elevada para os momentos de celebração. Quando nos queremos ufanos. Sobretudo nos comícios.
Este é um ano pródigo para a literatura moçambicana: celebramos os 100 anos de José Craveirinha; os 90 anos de Rui Nogar e de Rui Knopfli. Luís Bernardo Honwana fará, em Novembro, 80 anos de vida. O Albino Magaia faria, este mês, 75 anos. O Gulamo Khan, nascido em Março e morto em Mbuzini, faria 70 anos. E se quisermos um escritor mais próximo, da minha geração, há o Suleiman Cassamo, que faz 60 anos em Novembro.
Isto poderia ser um bom pretexto para lembrar que o Estado tem obrigações e função indeclinável numa política activa do livro e da leitura. As obras de autores como Rui Nogar deveriam ser adquiridas obrigatoriamente pelo Estado e distribuídas por bibliotecas escolares e públicas, como a Biblioteca Nacional, ou as provinciais, distritais e municipais, ou ainda pelas casas da cultura e outras associações e organizações culturais sem fins lucrativos. Uma sociedade não se constrói sem cultura e não há sociedades sãs sem cidadãos livres, cultivados e esclarecidos, política, social e culturalmente.
Ler estes autores, celebrar estes escritores, festejar suas vidas e conhecer as suas obras é uma obrigação de cidadania. Hoje celebro Rui Nogar, que nasceu a 2 de Fevereiro de 1932 e morreu a 11 de Março de 1993, aos 61 naos. Foi o primeiro secretário-geral da AEMO e acolheu, amparou e albergou aquela que seria a mais importante geração de escritores logo a seguir à independência – a geração da “Charrua”. Foi muito mais do que isso. Um homem da sua época e de todas as épocas. Militante na clandestinidade, companheiro de prisão de José Craveirinha, Luís Bernardo Honwana e Malangatana Valente Ngwenya. Um combatente pela liberdade. Um intrépido combatente pela nossa liberdade. Para mim, continua vivo. Faz hoje 90 anos!
Viva Rui Nogar!
Em Dezembro passado, Ângela Merkel deixou de ser a Chanceler de uma das maiores economias do mundo e a maior da Europa, a Alemanha, depois de 16 anos de exercício. O anúncio da sua retirada, havia-o feito ela própria quatro, três anos antes; num processo claro, directo, transparente e muito sério. Seguidamente, retirou-se efectivamente da vida política e pública e passou a dedicar-se a “projectos pessoais”. Os seus confrades do partido, em homenagem e reconhecimento à sua imaculada e estrondosa contribuição na liderança do país, ainda lhe propuseram a posição de presidente honorário. Ela negou terminantemente! E foi muito mais longe ainda, declinando também um nobilíssimo convite do secretário-geral das Nações Unidas para presidir a um comité de alto nível sobre bens públicos globais. E ela tem 67 anos, vai fazer 68 este ano! Um grandioso exemplo de dignidade, honestidade, grande atitude ética e demonstração de boa conduta moral.
Olhando para a nossa história, sobretudo na nossa região, ainda encontramos algumas figuras com esta conduta ético-moral, com esta dignidade. Vamos só ver alguns exemplos. Julius Nyerere foi uma dessas poucas pessoas que, retiradas do poder, resguardaram-se nos seus domicílios e passaram a dedicar-se a “projectos pessoais”. Voltou à aldeia natal e retomou o jogo de ntxuva com os seus próximos. Nesta senda, encontramos igualmente Nelson Mandela e Thabo Mbeki… retiraram-se da vida pública e… dedicaram-se a projectos pessoais. Na região, ainda tivemos os tanzanianos Ali Hassan Mwinyi, Benjamim Mkapa, um Sam Nujoma na Namíbia, Nketumile Masire e Festus Mogahe no Botswana…São uns tantos, convenhamos, não são muitos assim.
O grosso que temos é de antigos chefes de estado, antigos ministros e outros dirigentes continuarem a disputar o espaço público, a quererem dar nas vistas e, nalgumas vezes, a pretenderem-se ainda chefes de estado ou dirigentes; a envolverem-se em disputas com os incumbentes do momento. A quererem mostrar que eles ainda são eles! O caso de Kaunda foi o mais paradigmático de todos: depois de permanência quase perpétua no poder, ainda quis voltar e, não o conseguindo, pôs-se em confrontações políticas com o então incumbente Frederick Chiluba. Foi triste, vergonha total no mundo, ver um grande filho de África, que tanto se bateu pelo seu continente, em disputas injustificadas e inglórias para regressar e perpetuar-se no poder!
Cá entre nós, a coisa não está tão bonita não! Não, não! Nós, uma das economias menos desenvolvidas do mundo, até temos dois presidentes honorários! Coisa ridícula! Que procuram comportar-se como se ainda fossem chefes de Estado. É, entre nós, um acto de coragem, de muita ousadia chamar de ex-presidente, ou antigo presidente aos nossos antigos Presidentes da República. Você é mal visto. É tido como alguém desrespeitoso. Não aceitam o que é a realidade, que já não são presidentes; mas são, sim, ex-presidentes, antigos presidentes, ou antigos chefes de Estado!
Aqui entre nós, vemos e ouvimos constantemente, quase numa base mensal, senão bi-mensal, entrevistas e entrevistas dos nossos antigos dirigentes. Vemo-los ocupadíssimos em quererem mostrar que eles ainda são eles. Vezes sem conta, vemo-los em pronunciamentos públicos sobre tudo, incluindo sobre matérias em que eles próprios não fizeram o suficiente ou eficazmente. Falam sobre tudo. Continuam zelosamente na política, na vida pública e a fazerem concorrência ao actual presidente! E todos à volta dos 80 anos de idade… É penoso e embaraçoso vê-los à espera de lhes ser dada palavra ou ser-lhes retirada por alguém a quem já deram ou tiravam palavra durante muito tempo…
Os nossos antigos presidentes recusam-se a ir descansar, não querem, apesar das idades que ostentam, 82 e 79... Ninguém nega, nem questiona o papel que desempenharam na história do nosso país, o respeito que lhes é devido; aliás, têm páginas de ouro, indeléveis, inapagáveis na história do nosso Moçambique! Mas, já deviam ir descansar. Soaria muito bem ouvir que o ex-presidente Chissano está a jogar muravarava em Malehice; ou que Armando Guebuza está algures na Catembe a desfrutar das ofertas da natureza, das lindíssimas paisagens naturais de Matutuine! Seria bonito. E quando precisássemos deles, como sempre precisaremos, íamos lá beber da sua sabedoria!
Mas não são só os antigos presidentes que não têm mãos a medir! Foi penoso ver o nosso querido Marcelino dos Santos em eventos públicos, mesmo demasiado debilitado, de cadeira de rodas. Não faltava a nenhuma reunião do partido, mesmo com a sua avançada idade e o seu precário estado de saúde! Hoje por hoje, temos figuras como Chipande, Matsinhe, Pachinuapa, Panguene, Ntumuque, e muitas outras mais à volta de 80 anos, todas elas que deram colossais e incomensuráveis contribuições na construção do nosso país, mas que… se recusam a ir descansar. Negam. Não querem. Continuam na vida política, na vida pública. Desdobram-se em disputas de cargos e posições!… estão a desfrutar dos seus direitos constitucionais, sim, mas eixiii…!
Estão e assumem-se contrários aos preceitos da física. Que um ser natural nasce, cresce, envelhece e transforma-se. Não aceitam que já estejam crescidos e a envelhecer e que precisam de descansar, correr menos, ou não correr mais mesmo.
Sigam o exemplo da ex-chanceler alemã, de Nyerere, Mandela, Obama, Mbeki…! Idem descansar, um repouso mais do que merecido. A história sempre vos respeitará. Vezes sem conta, somos surpreendidos com fotografias de Obama ou a beber uns copos de cerveja em locais públicos, ou com a esposa em lugares dos mais inimagináveis, mercados, lojas, matinês, caminhadas, etc. Why not you?
ME Mabunda
Um livro intitulado Descentralização em Moçambique – Filosofia da Reforma, o Presente e o Futuro, da autoria do Doutor Albano Macie, docente universitário, conselheiro do “Constitucional” proposto pela bancada parlamentar da Frelimo e, mais importante, um dos mais destacados autores materiais da revisão constitucional de 2018, está nas bancas há um mês, não estando, por motivos que desconheço, a suscitar debates públicos, como seria de supor, sobretudo pelas propostas que faz quanto à constitucionalmente aprazada eleição de administradores distritais e assembleia distritais a partir de 2024. O autor, que integrou a equipa de diálogo político entre o Governo e a Renamo, por indicação do Presidente da República, Filipe Nyusi, partilha algo interessante: “Do próprio processo de diálogo político, o distrito tinha sido esboçado como delegação de província, mas no último instante tornou-se numa entidade descentralizada, projectada para 2024”. Quando faltam pouco mais de dois anos para as eleições de 2024, num momento em que o ‘modelo bicéfalo’ que pressupõe a coabitação entre o Conselho Executivo Provincial, com o governador à cabeça, e os Serviços de Representação do Estado na Província, sob a égide do secretário de Estado, ainda se mostra gerador de conflitos, pelo menos em potencial, e de difuldades acrescidas de acesso aos serviços públicos por parte do cidadão, sobretudo por conta da sobreposição de competências, ou mera ausência de clareza quanto ao campo de cada um desses dois órgãos provinciais, Macie parece ser muito a favor de uma reforma constitucional, em sede da qual o distrito deixaria de ser entidade descentralizada para passar a ser “delegação da governação descentralizada provincial”. Reconhece que isso “poderia representar um recuo, mas um descompasso mais seguro e eficaz. Portanto, retomar-se-ia o modelo inicial do processo de diálogo político”. Os dados estão lançados. Vamos ao debate, para que possamos serenamente ponderar no que seja melhor para o país, ou fingimos estar tudo bem, para, no fim do dia, transferirmos as disfuncionalidades que estão a ser expostas ao nível da província para o de distrito? Mais: se se elegerem assembleias e administradores distritais em 2024, com que território, que não esteja sob a alçada de entidades democraticamente eleitas, ficarão a Assembleia Provincial e o governador de província? Duvido da sustentabilidade da mera descentralização de competências, mas sem soluções funcionais quanto ao território!
A questão do aumento de mulheres grávidas nos distritos afectados pela onda do terrorismo na Província de Cabo Delgado e hoje sob o forte controlo militar nacional e estrangeiro, tem revelado que no futuro a miscelânea racial, de consanguinidade, mestiços e doenças sexuais pode vir a ficar fora de controlo. É que o mangalho dos nossos valentes cunhados que sempre usam as máscaras, mas não conseguem fazer as relações sexuais protegidas.
A situação do aumento de mulheres grávidas abriu uma nova frente comercial para as farmácias locais, desde a Cidade de Pemba aos distritos do norte e centro de Cabo Delgado. É que o que mais se procura pelos militares nas farmácias são pílulas anti-concepcionais e outros medicamentos para a realização de abortos e, raramente, ou nunca compram preservativos.
Talvez seja altura de um maior envolvimento das autoridades nacionais, organizações humanitárias e de saúde imprimirem mais esforços na sensibilização das partes, porque, segundo alguns pássaros, no futuro, a situação da prevalência e de filhos sem pai será dramática.
Os pássaros dizem que tal como Palma e Mocímboa da Praia, a situação de mulheres que se têm envolvido sexualmente e sem protecção com militares também se faz sentir bastante na capital provincial, onde a alternativa é recorrer aos anticoncepcionais para interromper a gravidez.
O problema não é que os nossos "bons amigos e vizinhos" comam nossas mangas, galinhas e o pescado, o problema está em saberem que as relações sexuais sem protecção, para além de engravidarem as mulheres, também podem infectar as partes com o vírus da imunodeficiência adquirida, entre outras.
Se as mangas fossem consumidas humanamente, já poderíamos estar a preparar a lista do lobolo, mas como os nossos novos cunhados não gostam disso, até porque estão numa missão espinhosa e de risco deveriam usar as "provas de bala" (preservativo) até nas calças para aliviarem a tusa que o mangalho carrega, uma vez que ficaram muito tempo sem molhar!
Situações de género podem se prolongar caso a guerra perdure e, até lá, muitas das nossas irmãs podem não ter útero, serem mães solteiras e infectadas pelo HIV/SIDA (…) é importante que haja uma mudança de consciência de todos e urgente, porque podemos vir a estar diante de uma nova calamidade social (…)!!!