Localizado na região central da província de Cabo Delgado, ao longo da costa, na região norte do país, o distrito de Macomia é hoje a região onde a vida está cada vez mais complicada. Ora, trata-se de um distrito quase totalmente destruído, tudo porque dois factores afectaram negativamente a vida dos residentes: os focos dos conflitos levados a cabo pelos insurgentes e o ciclone Kenneth. Quase tudo voltou a zero e a vida está complicada.
Centenas de casas foram queimadas pela acção dos insurgentes e outras cerca de 18 mil ficaram devastadas pelo ciclone Kenneth que, igualmente, destruiu estabelecimentos comerciais, as principais infra-estruturas governamentais e, o mais triste ainda, ceifou 33 vidas humanas.
Actualmente, os residentes descrevem como difícil a vida naquele ponto do país, porque maior parte dos bens está perdida. Pior ainda, contam, não é seguro ir à machamba devido ao medo instalado há quase um ano, na sequência das incursões dos insurgentes.
Enquanto isso, a pesca é pouco rentável porque o mar continua agitado e a garantia do mercado é duvidosa, pois, a estrada que liga os dois postos administrativos costeiros, Quiterajo e Mucojo, não tem ligação com a sede distrital, devido à destruição de duas pontes.
Os residentes daquela pacata vila, que dista a 200 km da capital provincial, Pemba, descrevem ainda que alguns agentes económicos se aproveitam da situação para agravar os preços dos produtos básicos. Salientam que o mais complicado é que os que tinham produtos em stock e nas machambas foram devastados pelo fogo dos insurgentes e pelas chuvas que acompanharam o ciclone Kenneth.
Assim, estão sujeitos à ajuda do governo e seus parceiros, que também não chega, devido à insuficiência e aos métodos de distribuição que não são justos.
Novo começo
Ao avaliar o impacto dos dois factores, os nossos entrevistados afirmam que para o distrito de Macomia voltar ao estágio anterior precisará de muitos anos. Hoje não há casas como antes, mas sim cabanas como se de machambas ou centros de pescas temporários se tratasse. Conforme o que é visível no terreno, maior parte de casas existentes não são para recuperar, nem reconstruir; todos precisam de uma construção de raiz.
Como forma de dar largas à construção, alguns residentes estão a aproveitar os coqueiros para fazer estacas das suas casas, enquanto outros reaproveitam os restos do que foi destruído. Segundo as nossas fontes, a vida apenas está estável para as pessoas de maior renda, como funcionários, combatentes que recebem salários do Estado e alguns agentes económicos.
O negócio já começa a fluir, mas os preços do produtos dispararam. Por exemplo, em Mucojo, o arroz, que custava 50 Meticais o kg, custa actualmente 60 a 70 meticais. O kg de farinha de mandioca seca subiu de 20 para 25 Meticais e a chapa de zinco, na Vila de Macomia, saiu dos anteriores 360 Meticais para 400.
Além de danos em bens e vidas humanas, o distrito de Macomia, o mais assolado pelo Ciclone Tropical Kenneth e o conflito armado, viu a sua população perder a sua criação, em particular aves.
Dificuldades na comunicação
Para além da destruição das duas pontes que isolaram os Postos Administrativos de Mucojo e Quiterajo da vila-sede de Macomia, a população daqueles locais também não se comunica por voz ou dados com seus familiares, devido à destruição das infra-estruturas de telecomunicações, das operadoras Movitel e Moçambique Telecom (Tmcel).
Os que possuem motorizadas, por exemplo, devem deslocar-se cerca de 30 km para uma zona alta em direcção a Macomia, para conseguirem falar com os seus familiares. Trata-se de um exercício que exige muitos esforços. A dificuldade na comunicação agrava-se ainda devido à falta de energia eléctrica, o que impede o uso de antenas parabólicas para aceder à televisão e muito menos à rádio. (Carta)
O número de mortos na sequência do naufrágio de quarta-feira no rio Zambeze, centro de Moçambique, subiu para 17, segundo o administrador do distrito de Chinde. A embarcação que naufragou transportava 52 pessoas, sendo que 34 sobreviveram. Inicialmente, as autoridades locais tinham afirmado que a embarcação levava 19 pessoas, mas esse número foi, entretanto, revisto.
A ocorrência foi registada pelas 08:00 de quarta-feira no distrito de Luabo e a embarcação tinha como destino o distrito de Marromeu. A embarcação terá embatido num tronco nas águas do Zambeze e de seguida criou uma racha que permitiu a entrada de água.(Carta)
O grupo francês Total deverá vir a ser o novo operador do bloco Área 1 da bacia do Rovuma, em Moçambique, após o grupo Chevron Corp ter desistido da compra do grupo Anadarko Petroleum Corp, segundo comunicados divulgados nos Estados Unidos. A desistência da Chevron Corp, anunciada quinta-feira em San Ramon, Califórnia, abre caminho à compra da Anadarko Petroleum Corp pela Occidental Petroleum Corp, cuja oferta havia sido já definida como “superior” à da Chevron.
A fim de financiar a oferta de 59 dólares em dinheiro e 0,2934 acções próprias por cada acção ordinária do grupo Anadarko Petroleum, superior à proposta inicial de 38 dólares em dinheiro e 0,6094 acções próprias por cada acção ordinária da Anadarko Petroleum, o grupo Occidental acordou com o grupo francês Total a venda dos activos da Anadarko em África.
Estes activos estão espalhados pela África do Sul, Argélia, Gana e Moçambique, funcionando o grupo Anadarko Petroleum, neste último país, como operador do bloco Área 1, um projecto de gás natural com reservas comprovadas de 75 bilhões de pés cúbicos.
O acordo entre os grupos, alcançado após a entrega da primeira oferta e dependente da compra da Anadarko Petroleum, estipula que a Total terá de pagar 8,8 mil milhões de dólares à Occidental Petroleum Corp. O grupo Anadarko Petroleum informou na passada quarta-feira que o anúncio da decisão final de investimento neste projecto no norte de Moçambique terá lugar dia 18 de Junho próximo em Maputo. Em comunicado divulgado quinta-feira em Houston, o grupo Anadarko Petroleum Corp anunciou ter chegado a um acordo de fusão definitivo com a Occidental Petroleum Corporation. (Carta)
Continua em “alta” a onda de ataques na província de Cabo Delgado, norte do país, apesar de o Governo tender a considerar que a situação está a ser controlada. Nos últimos dias, pelo menos dois ataques, que se supõe terem sido da autoria dos insurgentes, tiveram lugar naquela província.
O país acolhe, a partir desta Segunda-feira até a proxima Quarta-feira, o primeiro Fórum de Evolução dos Portos e Ferrovias de Moçambique, um evento a ser organizado pelo Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC) em parceria com a Dmg Events e Companhia de Desenvolvimento do Porto de Maputo.
A conferência, que vai decorrer em Maputo, vai juntar perto de 120 participantes de mais de 10 países para explorar os desafios, oportunidades e soluções para melhorar a integração regional e conectividade na África Austral.
Em comunicado enviado à nossa redacção, o director de portfólio da divisão de transportes da Dmg Events, Daniel Bloch, afirma que os participantes aprenderão com autoridades portuárias e ferroviárias africanas sobre desafios e oportunidades para o desenvolvimento de portos e ferrovias, bem como sobre manutenção e reabilitação de ferrovias.
“Especialistas do sector também fornecerão informações sobre as principais commodities que estão a impulsionar o desenvolvimento da infra-estrutura e quais tipos de financiamento e oportunidades de investimento estão disponíveis”, acrescentou Daniel Bloch.
Consta da nota que, durante a conferência de dois dias, o Ministro do pelouro, Carlos Mesquita, vai liderar uma lista de especialistas oradores esperados para compartilhar suas ideias sobre o sector.
A conferência acontece numa altura em que, no país, há mais de 13 bilhões de USD investidos em projectos de infra-estrutura de portos, ferrovias e corredores, um factor que dá oportunidades para empresas buscarem estabelecer sua posição num sector em rápido crescimento. (Carta)
O Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) é o grande vencedor das eleições parlamentares da passada quarta-feira (08.05) na África do Sul. Com 100 por cento dos votos apurados, o partido no poder no país, desde o fim do "apartheid" em 1994, conseguiu 57,5 por cento dos votos, o que já lhe assegura uma vitória por maioria. Os resultados finais da votação foram anunciados, na tarde deste sábado (11 de Maio).
Vinte de Maio de 2019 (segunda-feira) é a data escolhida pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) para anunciar, oficialmente, a Oferta Pública de Venda (OPV) de 7,5 por cento das suas acções. A cerimónia terá lugar na capital do país. A informação foi tornada pública pela instituição, na tarde desta sexta-feira (10 de Maio), através de um comunicado que, entretanto, não detalhou o tipo de cerimónia a realizar.
Lembre-se que o anúncio da intenção da listagem da HCB na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) foi efectuado a 27 de Novembro de 2017, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante as comemorações do 10º aniversário da reversão da empresa para o Estado moçambicano.
Na altura, o Chefe de Estado destacou que com a decisão pretende-se abrir espaço para investimentos nacionais na estrutura accionista deste empreendimento, que “já é efectivamente moçambicano”.
Por sua vez, a gestora da Albufeira de Cahora Bassa, localizada no distrito com mesmo nome, na província de Tete, afirmou que a escolha da BMV, para a venda das acções, irá contribuir para a promoção da inclusão económica dos moçambicanos, bem como para a consolidação da credibilidade da Hidroeléctrica junto dos principais stakeholders nacionais e internacionais, com enfoque para as instituições financeiras, pois, demonstra a abertura e predisposição da empresa na adesão às boas práticas internacionalmente aceites de governação corporativa e ao permanente escrutínio público.
O Presidente do Conselho de Administração da BVM, Salim Valá, disse, em Fevereiro último, que a venda de parte de acções da HCB dará um grande impulso ao mercado de capitais no país. Na altura, garantiu que a operação será um processo de cidadania financeira e democratização do capital e um exemplo de abrangência, inclusão transparência e credibilidade.
Para a execução do plano, a HCB contratou dois bancos, nomeadamente, o moçambicano Banco Comercial e de Investimentos (BCI) e o português Banco de Investimento Global (BIG). As duas instituições financeiras vão liderar o sindicato bancário que vai organizar, registar, obter autorização, publicitar, lançar e executar a venda daquelas acções. (Evaristo Chilingue)
O Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, não conseguiu, nesta quinta-feira, explicar aos deputados as razões por detrás do atraso no pagamento dos salários dos funcionários públicos, no passado mês de Abril.
O balanço preliminar do impacto do Ciclone IDAI, no tecido empresarial instalado na zona centro do país, feito pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), reporta um prejuízo total de 144,77 milhões de USD, referentes a danos nas infra-estruturas, equipamentos e mercadorias, das 692 empresas até agora visitadas.
Dados publicados, esta quinta-feira (09 de Maio), pela agremiação, durante a segunda edição do “Briefing Económico”, que teve lugar em Maputo, indicam que, do valor total, 24.77 por cento corresponde ao prejuízo reportado no sector da indústria, 20.28 por cento no agro-negócio, 19.71 por cento no comércio, 12.74 por cento para o sector de transporte e logística, 7.97 por cento na prestação de serviços, 4.69 por cento na pesca, 4.48 por cento no ramo da construção civil, 4.15 por cento na hotelaria e restauração, 1.04 por cento para o sector de avicultura e, por fim, 0.17 por cento para panificação.
Em termos de impacto por dimensão das empresas, do total de 144,77 milhões de USD, 85.13 por cento corresponde a prejuízos reportados nas grandes empresas, 30.12 por cento nas médias, 9.59 por cento nas pequenas e 19.94 por cento em não especificadas.
Apresentado pelo Director Executivo da CTA, Eduardo Sengo, o informe explica que das 692 empresas visitadas, 508 empresas estão instaladas na província de Sofala (a mais afectada pelo ciclone), 126 em Manica, 39 em Tete e 19 na província da Zambézia.
Para além dos prejuízos, o balanço preliminar da CTA traz também as estimativas de perdas das empresas até agora inquiridas após o ciclone IDAI, avaliadas em 404.5 milhões de USD. As perdas dizem respeito às alterações de fluxos económicos por danos causados pela calamidade no sector privado. Do total estimado, 395.8 milhões de USD são referentes às grandes empresas, 5,9 milhões para as médias empresas e 2.8 milhões de USD para as pequenas.
“As perdas estimadas são referentes a Sofala, província que mais sofreu danos, 98 por cento dos danos reportados em toda a região centro”, sublinhou Sengo.
Relativamente ao impacto do ciclone no emprego, o balanço conclui que nas 692 empresas visitadas, 17.955 postos estão em risco, com maior enfoque para as pequenas empresas dos sectores de panificação, avicultura, hotelaria e restauração e agro-negócio, que contêm 2.165 mil postos, colocando numa situação de vulnerabilidade cerca de 8.620 pessoas.
Quanto ao impacto macroeconómico, no informe estima-se uma perda no crescimento do Produto Interno Bruto Real, em 2019, entre 0.5 e 2.9 pontos percentuais, dos 4.7 por cento, que foram projectados.
Para atenuar os efeitos do ciclone e propiciar a recuperação da actividade económica, a CTA recomenda a disponibilização de linhas de financiamento a taxas de juros bonificadas com requisitos simplificados, bem como a suspensão e redução do pagamento de todos os encargos fiscais. (Evaristo Chilingue)
A Barragem dos Pequenos Libombos, no distrito de Boane, província de Maputo, tem água suficiente para abastecer Maputo, Matola e Boane até à próxima época chuvosa (inicia em Outubro). Quem afirma é o Director da ARA-Sul, Hélio Banze, em entrevista aos órgãos de comunicação social, durante a visita, esta quinta-feira, àquela infra-estrutura hidráulica.
Segundo Banze, o facto deve-se ao acordo celebrado, em Março último, entre o Reino de Eswatini e o nosso país, que permitiu o aumento de 18 milhões de m³, acrescidos aos 40 por cento que tem por obrigação dar ao país, o que elevou o nível de água dos anteriores 111 milhões m³ para os actuais 122 milhões m³. As descargas iniciaram no passado dia 11 de Abril.
A fonte conta que há quase cinco anos que a quantidade de chuva que cai naquela região do país não chega para encher a principal fonte de abastecimento de água da região do grande Maputo, o que levou o governo moçambicano a pedir colaboração da sua contraparte de Eswatini.
O Director da ARA-Sul faz uma avaliação positiva em relação à implementação do acordo entre os dois países. “Estamos acima de 60 por cento da lotação. O processo para o enchimento de água ainda está a decorrer e vai até ao próximo dia 15 de Maio, no entanto, mesmo depois deste período, o Reino de Eswatini continuará a abrir as comportas até à próxima época chuvosa, no âmbito dos 40 por cento que tem por obrigação dar ao país”, explicou Hélio Banze.
Segundo a mesma fonte, em Outubro do ano passado, a Albufeira dos Pequenos Libombos estava com um armazenamento de cerca de 19 por cento, tendo evoluído para 28 por cento até 31 de Março, devido às chuvas que foram ocorrendo.
Entretanto, segundo o PCA das Águas da Região de Maputo, Elias Machava, a água continua a ser fornecida de forma intermitente. Neste momento, estão a ser abertas novas fontes de água, sobretudo para abastecer os bairros 25 de Junho, Inhagoia, George Dimitrov, na cidade de Maputo.
No caso de Jonasse, Juba e Mapulene, no distrito de Boane, continuarão com as restrições de água, porém, estão a ser feitas intervenções no sentido de instalar adutoras para alimentação desses bairros.(Marta Afonso)