Director: Marcelo Mosse

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quarta-feira, 25 novembro 2020 07:49

Então, quem não gosta de futebol?

Ahhhhh, porque moçambicano não tem autoestima!

Ahhhhh, porque moçambicano não gosta do que é verdadeiramente seu, idolatra o que é do estrangeiro!

Ahhhhh, porque moçambicano não apoia o desporto do seu país!

Ahhhhh, porque moçambicano não gosta do seu futebol!

Ahhhhh, porque moçambicano só gosta de malta Real Madrid!

Ahhhhh, porque moçambicano só compra camisolas de clubes europeus!

Ahhhhh, porque moçambicano não tem orgulho próprio! 

Ahhhhh, porque isto... ahhhhh, porque aquilo... ahhhhh, porque etecetera!

 

Palhaçada! É para gostarmos como do nosso futebol?! Aliás, onde está o tal futebol que devemos patrioticamente gostar a todo custo?! O tal futebol pelo qual devemos ficar nacionalisticamente apaixonados é este que se esconde da chuva?!

 

O futebol é o nosso paracetamol. Nós somos doentes de futebol e precisamos dele para viver. Padecemos de 'futebolicite', necessitamos de uma partida de futebol para o nosso coração voltar a bater. Queremos ver uma bola na trave, um remate acrobático, uma finta, uma bicicleta. Não queremos saber se é um jogo da África, da Ásia, da Europa, ou sei lá. Só queremos ver uma partida, só. Ao vivo no estádio ou na tê-vê. 

 

Nós só queremos ver uma partida de futebol para o nosso coração voltar a bater. E vocês não estão interessados em nos dar sequer uma partidazinha. Vocês são muito desorganizados e nós não podemos chupar por isso. 

 

O problema do nosso desporto é esse vosso dirigismo incompetente e intestinal. O vosso paraquedismo e o parasitismo. O problema não somos nós. O problema são vocês que tomam decisões pensando apenas nas vossas panças. Vocês são o coito interrompido do nosso futebol. O problema não somos nós. Nós estamos aqui para apoiarmos o apoiável, para aplaudirmos o aplaudível, para 'enjoyarmos' o 'enjoyável'. Não podemos amar uma coisa que não existe. Não nos viciem!

 

Aproveitem esse interregno para reflectirem se vocês merecem estar onde estão. Se vocês merecem o futebol que dirigem. Se vocês merecem este povo doente de futebol, este povo sedento de alegria. 

 

Cancelar um campeonato por causa de chuva mesmo!!! Mas isso é futebol ou tufu?! 

 

- Co'licença!

 

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quarta-feira, 25 novembro 2020 06:45

Carlos Cardoso e os anos do Metical*

O Metical nasceu porque o Editor rompeu com a Mediacoop. Ele não concordava com certas práticas de gestão na cooperativa. Não concordava que o MediaFAX fosse a melhor fonte de facturação e o Savana o principal centro de custos.

 

Exigia que o jornalismo do SAVANA melhorasse suas vendas. Houve vários debates dentro da cooperativa sobre como resolver essa inquietação.

 

O editor também lutava por melhores salários para os jornalistas do MediaFAX.

 

Num certo momento, as coisas ficaram insustentáveis. Cardoso acabou sugerindo que a Mediacoop lhe vendesse o MediaFAX. A proposta foi chumbada pela maioria dos membros da cooperativa. E o Editor bateu as portas e foi fundar o Metaical na velha garagem onde o MediaFAX nascera. Chamou-lhe Metical, mas era o mediaFAX continuado. Em tudo. Até no conjunto de colaboradores.

 

Com o Metical, Carlos Cardoso abraça uma contingência: a de produzir e, ao mesmo tempo, gerir um jornal. Um dos grandes desafios do novo patrão era colocar em prática na empresa seus valores de esquerda e seus princípios de transparência, que tão aguerridamente defendia em seus editoriais.

 

E ao longo dos quase 4 anos de existência do Metical, ele foi praticando sua gestão transparente. Ele deixara a Mediacoop por razões de gestão. Então, era preciso provar um registo completamente diferente.

 

E fê-lo: todos os meses, ele publicava, numa vitrina, a receita mensal e os extratos bancários; todos os jornalistas ganhavam o mesmo salário (e aqui eu discordava); todos os gastos mensais do jornal eram publicados. E no fim do ano, havia um bónus salarial para todos, sem diferenciação. Posso dizer que a face do Metical mostrou um Cardoso mergulhado numa personalidade multifacetada: um detentor de meios de produção, aplicando seus princípios de socialismo e transparência.

 

A fase do Metical mostra um jornalista envolvido na politica activa. Ele não era um politico ingênuo. Ele era um politico cheio de utopias. Uma utopia com forte base empírica. Um politico sonhador e pragmático também. Comprovamos isso com sua adesão ao JPC, no advento da Municipalização.

 

Ele usou essa oportunidade para praticar sua cidadania activa. Deixava a redacção para ir discutir, na Assembleia Municipal, a gestão da cidade de Maputo. Seu foco era a gestão financeira. A qualidade dos sistemas de colheita de receita nos mercados, a gestão do solo urbano, que estava a ser vendido ao desbarato, incluindo a terras de enorme valor junto da marginal.

 

Um dos grandes legados do seu activismo politico foi a persistência num modelo de estradas que acabou vingando em termos de resistência: as estradas feitas com base em pavê. Ele lutou, juntamente com o antigo representante do Banco Mundial, Roberto Chavez. Conseguiram numa das ruas de Maputo: o prolongamento da Vladimir Lenine, a partir da Praça da OMM, até ao Xiquelene. Aquela estrada e, para usar a palavra da moda, é a mais resiliente da cidade de Maputo. E isso deveu-se também ao papel do Cardoso como político.

 

O Metical nasce nos anos da corrupção desenfreada em Moçambique, que ainda perdura. A transição para a democracia relaxou a repressão do Estado. Em meados dos anos 90, muitas das empresas privatizadas haviam aberto falência.

 

Mas todos queriam ser empresários. A promiscuidade entre a politica e negócios avulta. O tráfico de drogas ganha espaço, assim como o recurso a fundos do tesouro que nunca foram devolvidos. A criminalidade organizada implanta raízes nas autoridades policiais e judiciais. Penetra no Estado, comprando sua impunidade.

 

O Metical surge sob este pano de fundo, embora a matriz editorial fosse de cariz econômico, melhor dizendo de economia politica. Cardoso prossegue a defesa da indústria, o debate fiscal, o comercio informal, o ambiente de negócios, a luta contra os malefícios do ajustamento estrutural. Mas o crime organizado e a corrupção quase que tomam conta da economia. Os bancos são defraudados. Com o judiciário e a policia tomados pelo crime organizados, a imprensa independente é a trincheira restante. Contudo, dentro da imprensa, nem todos estavam limpos. Cardoso e o Metical são o ultimo baluarte da integridade.

 

E, por isso, o jornal torna-se a provedoria publica da denuncia contra a corrupção. Cardoso desdobra-se na investigação. Tem sob a mesa diversos casos de promiscuidade nas elites politicas, denúncias de rombos e fraude, lavagem de dinheiro. Ele foi abatido quando começou a expor uma das fraudes marcantes do nosso sistema financeiro: a fraude ao antigo BCM. Outras fraudes ficaram por investigar, muita gente ficou aliviada pois o assassinato de Carlos Cardosos foi uma garantia da sua impunidade.

 

*Este texto foi escrito para ser apresentada no Webinário evocativo de Carlos Cardoso, que teve lugar na segunda feira.

segunda-feira, 23 novembro 2020 07:42

Barbárie e o curral de porcos

Na madrugada do dia 31 de Outubro de 2020, sábado, os terroristas atacaram Muatide e mais oito aldeias do distrito de Muidumbe. Nas incursões que duraram cerca de dez dias, os bárbaros cometeram atrocidades de arrepiar até o diabo. Houve um fardo de mortes e os que restavam pediam, com voz de sangue, para que houvesse justiça cá na terra e no além. O ataque deixou milhares de crianças desamparadas e caminhando longa distância em busca de segurança e aconchego. Mulheres e idosos aflitos por salvação.

 

Entre as atrocidades macabras protagonizadas em Muidumbe, está a de um cidadão trabalhador, pai de família, dedicado e apaixonado pela área que desenvolvia há anos naquela localidade. Naquela madrugada, entre as várias famílias atacadas pelos insurrectos estava a de um cidadão que em vida respondia pelo nome de Mustafa, conhecido em todo distrito, como o mecânico Mustafa. Um mecânico competente. 

 

No dia do ataque os terroristas chegaram à casa da família Mustafa; o mesmo buscava um esconderijo seguro e as balas já lhe paravam de enganar; pareciam, a priori, estarem a ser atiradas das matas, enquanto na verdade os terroristas já estavam na vila. Na tentativa de verificar donde saíam e se tinham pessoas fugindo, o mecânico Mustafa fora surpreendido por um grupo de terroristas que zombaram da sua dignidade e o trataram como uma gazela perante leões famintos.

 

Na ocasião, a família que já havia encontrado um esconderijo estratégico aos arredores da sua residência, assistiu a crueldade in loco. Os gritos, as lágrimas, a força da brutalidade dos terroristas contra um homem desprotegido e submetido à tortura aguda com recurso a catanas, martelos e baionetas. Foi duro ver aquilo. Até os barulhentos suínos colocaram-se em silêncio perante tanta barbárie.

 

O curral de porcos, onde estava escondida a família do mecânico Mustafa, não foi atacado devido a estrutura que o mesmo apresentava. Estava todo destruído. O silêncio dos porcos, o estado do curral é que garantiu a salvação da família do mecânico Mustafa. Que infelizmente teve que engolir as lágrimas e a dor de ver o seu encarregado ser torturado e cortado como se de carne bovina se tratasse. 

 

Os terroristas começaram por torturar o mecânico e tentaram obrigá-lo a dizer onde estavam os restantes membros da família. Ele não abriu a boca. Pegaram numa catana e começaram a desmembrá-lo, colocaram partes do seu corpo nas viaturas da oficina. No meio de tanta tortura, por algum momento, a esposa  e os filhos quase saíam do esconderijo aos gritos. Mas o guarda e o ajudante seguraram-nos. Pela forma que o torturavam parecia que eles sabiam que em algum canto estava alguém vendo tudo.

 

Queimaram a casa e todos bens como forma de atormentar a todos que estavam no esconderijo a entregarem-se. No curral, para além dos suínos  encontravam-se cinco pessoas, sendo a mulher, dois filhos, o guarda da residência e um ajudante do finado. Sorte teve a família que conseguiu chegar a Pemba depois uma longa caminhada!

 

No outro canto, na aldeia Ntchinga, cerca de 31 pessoas, sendo 25 adolescentes do sexo masculino e seis conselheiros do rito de iniciação eram cruelmente assassinados. O cenário era desolador e sombrio; partes de corpos foram espalhadas por todo sítio...

 

Texto escrito com base nos relatos de testemunhas oculares dos actos bárbaros dos terroristas em Muidumbe.

É líquida a ideia  de que a implantação de (grandes) projectos de exploração de recursos naturais e parte deles esgotáveis, fora os seus entretantos, gera benefícios para as comunidades locais. E uma vez que a terra dos rongas acolhe a capital do país - igualmente um grande projecto - há quem pergunte pelos benefícios locais disso, sobretudo, e como qualquer projecto, a capital também tem o seu tempo (indeterminado) de duração. Foi assim pelo mundo, incluindo o caso da Ilha de Moçambique, a antiga capital de Moçambique, que em 1898 foi preterida a favor de Lourenço Marques, actual Maputo. Tal possibilidade, a de um dia  Maputo deixar de ser a capital, e no quadro do debate  sobre a sustentabilidade da exploração dos recursos naturais, leva à reflexão sobre a sustentabilidade da exploração da terra dos rongas como a capital do país, atendendo, e a história prova, que o recurso terra-capital  é também esgotável.

 

E depois que o recurso terra-capital esgotar do que se sustentará Maputo? Não será uma nova Ilha de Moçambique que mal consegue preservar o património erguido por ser a capital, um estatuto que lhe fora retirado, e que se saiba,  sem nenhuma indemnização e de nenhuma alocação orçamental  anual por ter sido  a capital. Provavelmente haja quem não tema a mudança e ache que a cidade das acácias  sobreviverá assim como a cidade brasileira do Rio de Janeiro que, em 1960, perdeu o estatuto de capital para Brasília e nem por isso perdeu o seu fulgor. Mas, segundo alguns escritos que não vêm ao acaso, a perca do estatuto de capital do Brasil é apontada como a responsável da crise crónica em que o Rio vê-se  mergulhado até hoje, incluindo a da auto-estima do carioca (o ronga do Rio de Janeiro), nunca recuperado desde que a cidade maravilhosa perdeu o estatuto de capital.

 

Curiosamente, nos dias que correm, parte das razões que ditaram a mudança da capital da Ilha para a então Lourenço Marques – alguns apontam as de ordem económica/financeira (minas sul-africanas) e de soberania (receio da tomada do estratégico porto de Lourenço Marques) face a interesses ingleses, colonizadores da África do Sul -  estão novamente à superfície (cofre à norte e soberania ameaçada também à norte) e não me admira que se comece a futurar uma nova mudança. Aliás, este debate não é novo, e por existir uma experiência amarga de uma vítima entre nós o seu desfecho  merece um tratamento constitucional no sentido de assegurar direitos vitalícios para a cidade que perca o estatuto de capital. Certamente um assunto para ser ponderado no devido tempo, mas que não deixa de ser um bom ponto de reflexão por ocasião da passagem de mais um aniversário da cidade de Maputo (10 de Novembro). Parabéns cidade das acácias pelos seus 133 anos e também, por arrasto, embora não saiba o dia e mês, pelos 122 anos com o estatuto de capital.   

segunda-feira, 23 novembro 2020 07:37

Estamos a combater o mesmo combate que Cardoso combateu

No 'feicibuki'. 

 

- Posso ter o teu contacto? 

 

Talvez ele estivesse a espera no 'inbox', mas eu lancei o meu 'voda' ali mesmo nos comentários num instante. Minutos depois o meu cell toca.

 

- Alô, Juma! Boa tarde! É o Marcelo deste lado... Marcelo Mosse. 

 

Como pode um ídolo se apresentar ao seu fã com tanta etiqueta? Nunca tinha falado com o Marcelo antes, e nem no sonho pensei que isso fosse possível. Aquele gaguejar era jazz e blues para os meus ouvidos. 

 

- Boa tarde, ilustre! É um prazer enorme. 

 

Era eu titubeantemente procurando uma intimidade que nunca existiu. Queria manter o colóquio ao nível do remetente. Não queria decepcionar. 

 

- Olha, mano, quero fazer uma parceria contigo. Estou a desenvolver um projecto e queria contar contigo. Vou lançar um jornal daqui a quase três meses, concretamente no dia 22 de Novembro, Dia Carlos Cardoso. 

 

Confesso que estou perdido. Confuso. Não estou a gostar. Mas, o que faria eu num jornal? E onde entro eu no Dia Carlos Cardoso? Não tenho tempo para ser correspondente de tablóides. Para piorar, já não me lembro da última vez que havia escrito e publicado um texto jornalístico num jornal. Mas, também, escrever notícia nunca foi o meu forte desde os tempos de faculdade. Se o Jornalismo fosse somente escrever notícias, eu acho que ainda estaria a fazer algumas cadeiras do primeiro semestre. Sempre achei a notícia - no conceito clássico - muito sem graça. 

 

- Okey! Mas o que queres que eu faça nesse projecto? 

 

- Quero que escrevas no meu jornal. Quero que assines um espaço, uma coluna. Quero-te como colunista. 

 

- Colunista, eu?!

 

- É isso aí, colunista. Eu não te conheço, mas alguém me referiu a ti, um amigo em comum. Vi alguns dos teus textos e acho que podemos avançar. 

 

- Mas, ilustre, eu só escrevo umas coisinhas no 'feicibuki'. Coisas sem interesse. Coisas do 'feicibuki' mesmo, sabe! Não tenho certeza que há quem queira ler aquelas coisas num jornal... um jornal sério.

 

- Pois é, mano! É exactamente aquilo que eu quero. Nada mais, nada menos. É assim que eu gostaria que escrevesses. Assim mesmo. Escreves como se estivesses a escrever para o 'feici' e nós publicamos. E blá blá blá.

 

Faz hoje dois anos que estamos a lançar mísseis terra-ar via 'Carta'. Quando o inimigo está perto demais, não gastamos munições; damos-lhe uma bofetadas retumbantes, asfixiantes e qualquerizantes. De resto, é uma luta que vinha travando informalmente com outros companheiros desde os tempos da blogosfera nos primórdios dos anos dois-mil, nos tempos da facul, do Parlamento Juvenil, do CEMO, etecetera. Uns tombaram em combate, outros desertaram das fileiras. Uns deram o peito às balas, outros deram repolho ao cérebro. Não há epopeias sem desertores e traidores. O que importa é que estamos aqui a continuar o combate do Cardoso, e está a ser um bom combate, diga-se. 

 

Estamos aqui neste combate que Cardoso combateu e tombou heroicamente há 20 anos. Não sei o que o Marcelo realmente viu em nós, mas ele podia muito bem ter lançado um concurso público para preenchimento de vagas com requisitos extravagantes: ter nível superior; ser antigo combatente; ter 10 anos de experiência em combates de guerrilha; ter pontaria afinada; rapidez comprovada em arremessar granadas; ter flexibilidade em aplicar coronhadas; etecetera. Mas, não! Talvez o Tenete-general Carlos Cardoso, antes de partir, teria dito ao comandante Marcelo Mosse que não é disso que esta guerra precisa. Talvez não são diplomas e certificados que combatem neste combate. Para esta luta, dois tomates bem maduros e bem colocados é suficiente. Não é para lançar os tomates para o inimigo e fugir. Não! É para tê-los bem contigo. É para conservá-los. Aqui come-se feijão. Muito feijão. Aqui ninguém tem CERELAC na língua.

 

Estamos aqui lutando a mesma luta que Cardoso lutou e foi martirizado há duas décadas. É uma luta arriscada, mas prazerosa. Uma luta sem quartel. Uma luta da qual só sairemos no dia da vitória, com bandeira em punho... a bandeira do povo. É o mesmo combate que o Cardoso combateu. Um dia alguém irá contar a história destas trincheiras inóspitas. Uma história vanguardista e patriótica. Uma história de coragem. A história do povo. Um dia alguém terá de esculpir as estátuas destes heróis e mártires e erguer no coração de cada cidadão. 

 

Acorde o Carlos Cardoso que vive em ti e venha combater este combate! 'Aqui trata-se um combatente; é duro, mas temos de vencer', é Samora esse.

 

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sexta-feira, 20 novembro 2020 07:06

Eleições na Cê-Tê-A: um campo inclinado

Quem me conhece sabe que eu sou apaixonado por eleições. Sei lá! Onde há processos eleitorais, eu estou lá a meter o bedelho. Então, nesse meu 'mete-mete' tenho estado a notar que as eleições na Cê-Tê-A de Dezembro próximo são mais do que eleições. Há muita poeira. Muita sujeira. Há quem quer impedir que os seus adversários concorram. A ideia é sujar social e politicamente os adversários. O objetivo é vencer antes das eleições; fora das urnas. Estão a tentar inclinar o campo do jogo. Perdeu-se a urbanidade. 

 

Mas, o que mais me preocupa é o envolvimento de uma nata jornalística nesse jogo sujo. Deliberadamente ou não, é visível que há certa imprensa fazendo consultoria ao candidato Agostinho Vuma, o atual presidente da Cê-Tê-A. O que é deveras preocupante. Quem quiser fazer assessoria que saia dos holofotes e venha cá para este lado. Que não se aproveite dos espaços nobres para se promover clientes. 

 

Ora, as manchetes desta semana são uma sentença contra o possível adversário do Vuma. Fora de serem parangonas especulativas são também condenatórias. Os jornais viraram tribunais contra o Álvaro Massinga com base em 'informações em nosso poder' e 'nossa fonte bem posicionada na Cê-Tê-A' sem a respeitada presunção de inocência. Hoje, o Massinga é o sujo e o Vuma, o menino bonito. Na verdade, ninguém conhece o Massinga, mas querem fazer de conta que é uma figura sobejamente conhecida no mundo da travessura. Agora só falta dizerem que o Álvaro não pode ser candidato porque roubou mangas da vizinha quando era criança. O Vuma é, hoje, a eterna vitima. O eterno coitado. Não sei como jornalistas que inspiraram gerações se deixam usar como ratoeiras. 

 

Está claro que uma das causas de perpetuação dos africanos no poder é a imprensa. Certa imprensa tem a mania de assumir apetites e dogmatizar pessoas. Uma imprensa idólatra. Uma imprensa mesquinha. Aquela entrevista ao Vuma na tê-vê, aquelas manchetes do 'Público' e do 'Zambeze' são uma autêntica sopa. Uma sopa de legumes geneticamente modificados. 'Tutu mafia!'

 

Recados e especulações deixem connosco que escrevemos coisas sem interesse! Vocês deviam se preocupar em escrever notícias e em informar com isenção e transparência. Deixem de ser acólitos do Vuma! Deixem que o Vuma vença por mérito próprio! Não inclinem o campo do jogo! Podem estar a criar um Trump.

 

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