O projeto de exploração de gás natural da Área 1 do Norte de Moçambique prevê adjudicar contratos avaliados em 2.500 milhões de dólares (2.200 milhões de euros) a empresas moçambicanas durante as obras de construção, anunciou fonte oficial.
"O projeto espera adjudicar contratos de cerca de 2.500 milhões de dólares a empresas de capitais moçambicanos ou registadas em Moçambique durante o período de construção de cinco anos", referiu o diretor-geral da petrolífera Total em Moçambique e do Projeto Mozambique LNG, Ronan Bescond, citado em comunicado.
A Total lidera o consórcio e o valor representa "mais de um terço" dos contratos a celebrar na infraestrutura em terra (excluindo aquela a instalar no mar), acrescentou.
A maior parte do remanescente "será aplicado em bens e serviços técnicos altamente especializados que atualmente não podem ser adquiridos em Moçambique", disse ainda Ronan Bescond.
A Total está a promover sessões de apresentação de oportunidades de negócio a empresários moçambicanos em conjunto com as suas principais subcontratadas para as obras dos megaprojetos.
Trata-se do consórcio CCS JV contratado para engenharia, aquisições e construção da instalação de gás natural liquefeito (LNG, na sigla em inglês) e as empresas IFS (gestão de acampamento), Garda World (serviços de segurança), Gabriel Couto (construção de estradas), I-SOS (serviços médicos) e Renco (construção de acampamento).
A Área 1 prevê iniciar em 2024 a produção de 12,88 milhões de toneladas por ano de LNG.
Um outro plano de desenvolvimento está aprovado para a Área 4 da bacia do Rovuma, cujo consórcio é liderado pelas petrolíferas Exxon Mobil e Eni, que deverão anunciar a decisão final de investimento em 2020. (Lusa)
A consultora Fitch Solutions considerou hoje que a concessão de crédito pelos bancos moçambicanos vai acelerar de 5,8% este ano para 6,7% em 2020, menos de metade da média de 14,2% entre 2010 e 2018.
"No seguimento das contrações de 2017 e 2018, prevemos que os empréstimos aos clientes dos bancos em Moçambique acelere de 5,8% este ano para 6,7% no próximo ano", lê-se numa nota sobre o setor bancário.
Na nota, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que esperam que esta evolução se dê num contexto de "política monetária acomodatícia e uma inflação relativamente baixa, que deverão sustentar o crescimento da procura de crédito".
No entanto, concluem, "a má qualidade dos ativos dos bancos e os elevados empréstimos ao Estado vão continuar a limitar a emissão de crédito para o setor privado no curto prazo".
Estimando que a inflação deverá subir de 2,8% este ano para 5,1% em 2020, a Fitch Solutions avisa que "o ambiente ainda difícil para os empréstimos vai agir como um constrangimento a curto prazo na vontade dos bancos de fazerem empréstimos", já que o escândalo das dívidas ocultas, em 2016, e o consequente abrandamento da economia, dificultou o pagamentos dos empréstimos e baixou a qualidade dos ativos bancários no país.
"Isto refletiu-se no rácio do crédito mal parado face ao total, que subiu de uma média de 4% entre 2013 e 2016, para 11,3% em fevereiro deste ano", escrevem os analistas, concluindo que os efeitos dos ciclones no setor agrícola, que emprega mais de 70% da força de trabalho, "vai pesar ainda mais na qualidade dos ativos nos próximos trimestres, mantendo os bancos cautelosos na avaliação de novos créditos ao setor privado". (Lusa)
Jovens do distrito de Inhassoro, a norte da província de Inhambane, amotinaram-se na semana finda em frente à Administração local, protestando para serem empregues nos projectos da Sasol.
Conforme contam, as empresas sub-contratadas pela Sasol contratam a sua mão-de-obra fora do distrito de Inhassoro. A título de exemplo, referenciam a chegada, naquela semana, de um grupo de 100 pessoas vindas de Maputo para trabalhar na Bonatti uma empresa sub-contratada por aquela petroquímica sul-africana.
O incidente aconteceu numa altura em que decorria a inscrição de candidatos a emprego na sede da localidade daquele distrito. Face ao motim, o governo local viu-se obrigado a reunir com os manifestantes junto com os representantes da SASOL. Na reunião que não foi além de 30 minutos os manifestantes falaram num clima de tensão, de falta de transparência na contratação, cobranças de valores monetários que chegam a atingir os 15 mil Meticais em troca de emprego e a preferência de mão-de-obra de fora do distrito em detrimento da local.
Em resposta a estas inquietações, o governo prometeu criar uma comissão que integra elementos das comunidades para apurar a proveniência das pessoas trabalhando em projectos da SASOL. Tal comissão iniciou o trabalho na passada segunda-feira e irá divulgar o relatório amanhã.
Com vista a colher mais informações sobre o assunto, o nosso jornal contactou o responsável provincial pelas relações institucionais da SASOL, Januário Mucavele, o qual avança que a existência de “rumores” poderá ser o motivo da greve. Além disso, Mucavele recusou-se a fazer qualquer pronunciamento antes da divulgação do relatório.
“Neste momento, a Sasol não tem nenhum posicionamento, antes da divulgação do relatório da comissão do trabalho. Esse grupo de trabalho tem de apresentar o relatório no dia 5 de Dezembro. Seria prematuro pronunciarmo-nos sobre o assunto antes dessa data”, afirmou Mucavele.
Refira-se que, como consequência da greve, uma cidadã foi detida pela polícia e houve disparos para o ar, com objectivo de dispersar os manifestantes que chegaram a bloquear a estrada com toros e paus. (Carta)
A falta de confiança na economia moçambicana por parte dos agentes económicos agravou em Outubro passado, facto que acontece pelo quarto mês consecutivo.
No boletim mensal “Indicadores de Confiança e de Clima Económico (ICCE)”, publicado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), consta que o nível de confiança dos agentes económicos decresceu de 97.9 pontos em Julho para 96.7 em Agosto. No mês de Setembro, o indicador voltou a agravar para os 93.5 pontos, tendo em Outubro último se fixado nos 92.5 pontos.
No relatório, a autoridade estatística explica que a conjuntura desfavorável deveu-se à deterioração das expectativas de emprego e da procura, que ocorre há dois meses. “Sectorialmente, a baixa confiança dos empresários em Outubro deveu-se à apreciação negativa da confiança nas actividades de transportes, de construção e da produção industrial, suplantando assim a avaliação positiva registada nas actividades de outros serviços não financeiros, de alojamento, incluindo a restauração e de comércio no período de análise”, acrescenta a fonte.
O ICCE é um estudo mensal que analisa a opinião dos agentes económicos (gestores das empresas) acerca da evolução e perspectiva da sua actividade, particularmente no que respeita ao emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações de actividade. (Evaristo Chilingue)
O Standard Bank lançou, na quarta-feira, 4 de Dezembro, em Maputo, o Agente África-China (ACAP), um agente comercial credenciado, que vai auxiliar o empresariado nacional no estabelecimento de contactos, avaliação e comunicação com fornecedores e vendedores chineses, bem como gerir o processo de importação de bens e serviços de qualidade, neste país asiático, de maneira eficiente e segura.
Para a operacionalização deste serviço inovador, o Standard Bank conta com a parceria do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), que vai suportar as transacções, através uma carta de crédito emitida pelo Standard Bank, dando aos importadores tempo suficiente para receber e vender as mercadorias antes de efectuar o pagamento.
Assim, os fornecedores chineses podem permanecer confiantes no pagamento: “Com este serviço, pretendemos eliminar todas as barreiras que os nossos clientes e empresários enfrentam hoje”, disse Tanuja Viriato, gestora de clientes do Africa-China Banking do Standard Bank, à margem da cerimónia de lançamento da nova plataforma.
Trata-se, conforme enfatizou Tanuja Viriato, de criar um amplo ecossistema de serviços, soluções e apoio para que Moçambique e China possam tirar o máximo proveito das vastas oportunidades de comércio, desenvolvimento e crescimento que cada um destes países pode obter do outro.
“Pretendemos imprimir maior qualidade, segurança e eficiência na importação de bens e serviços da China”, indicou a gestora de clientes do Africa-China Banking do Standard Bank, ajuntando que “na próxima etapa vamos efectuar esta transacção no sentido inverso, isto é, vamos abrir esta solução para os exportadores moçambicanos”.
A propósito desta iniciativa do Standard Bank, o conselheiro Económico e Comercial da Embaixada da República Popular da China, Liu Xiaoguang, referiu que as relações comerciais entre Moçambique e China são muito boas e proveitosas, para ambos os países.
“Com esta plataforma, o Standard Bank está a apoiar as empresas chinesas e moçambicanas a realizarem os seus negócios, abrindo, desde modo, um mundo de possibilidades para os investidores que importam bens e serviços da China”, realçou.
Num outro desenvolvimento, o diplomata considerou que a nova plataforma constitui uma oportunidade de as empresas transaccionarem, no âmbito das importações, com maior segurança e qualidade, na aquisição de bens na China, país cuja relação comercial com Moçambique atingiu dois biliões de dólares norte-americanos, este ano.
Liu Xiaoguang disse ainda que o ACAP reveste-se de capital importância nas trocas comerciais entre os dois países, uma vez que a China exporta vários produtos que Moçambique precisa, nomeadamente equipamentos e, particularmente, produtos para a indústria.
Por sua vez, Isaías Mondlane, presidente do pelouro do agro-negócio, na Câmara de Comércio de Moçambique, considerou que o ACAP traz vantagens adicionais para os membros da agremiação, uma vez que abre uma janela para um mercado seguro, quer em termos de importações, quer em termos de exportações.
“Temos muitos membros que já fazem negócios com a China, mas esta janela vai permitir que façam o negócio com maior segurança, porque terão um agente que vai estabelecer o contacto directo com os produtores e fornecedores de equipamento agrícola e acessórios”, destacou Isaías Mondlane.
Por outro lado, segundo sustentou, a plataforma cria a possibilidade de os investidores nacionais colocarem os seus produtos, na China, de forma mais segura, pois o Standard Bank perspectiva introduzir, igualmente, uma proposição para as exportações.(FDS)
Contraída no período que vai de 2007 a 2017, a dívida total do Estado aos fornecedores de bens e serviços, ascende os 29.7 biliões de Meticais (Mts), mas o Governo apenas assumiu o pagamento de 19.5 biliões de Mts.
Do total assumido, o Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma disse ontem à “Carta” que cerca de 5.3 biliões de Mts vão ser desembolsados pelo Governo ainda este ano, para o pagamento de perto de três mil empresas.
Segundo Vuma esse montante, faz parte do grupo da dívida que inicialmente o Governo não queria pagar, alegadamente porque embora validada, não tinha visto do Tribunal Administrativo (TA).
“No entanto, o Governo aceitou pagar a dívida sob justificação de que depois irá responsabilizar internamente os visados pela contratação da mesma. Para tal, estamos neste momento a trabalhar com técnicos do TA para a concepção do visto para o pagamento imediato”, explicou Vuma.
No que toca ao grupo da dívida validada com o visto do TA, calculada em 8 biliões de Mts, a CTA diz que, até Setembro passado, o Governo já tinha pago 7.27 mil milhões, correspondente a 87.3 por cento, a favor de 1044 empresas. Até ao fim do ano, frisou o Presidente da CTA, o Governo irá saldar o montante remanescente.
Por fim, há a dívida não validada, que o Executivo nega pagar, no valor de 6.2 biliões de Mts, por a sua contratação não ter preenchido os requisitos mínimos exigidos. Mas Vuma assegurou que a CTA vai continuar a trabalhar com vista à regularização e pagamento. (Evaristo Chilingue)