As crianças que morrem à fome
de cólera, miséria, violência
abandono e selvajaria governamental;
Louvados sejam
Todos aqueles que sem condições
lutam
por mais um dia de felicidade
por mais uma refeição de verdade;
Louvados sejam
Os heróis anónimos que morrem
nas matas
montanhas e emboscadas
lutando por um ideal desconhecido;
Louvadas sejam
As mulheres da minha pátria
que com um bebê
nas costas cultivam a terra
produzem alimentos que poucas vezes consomem;
Louvados sejam
Os governantes do amanhã
que com a sabedoria
do passado e presente podem
combater os erros dos seus antecessores
suprirem as diferenças regionais
evitarem a miséria
da guerra, corrupção, misantropismo e neocolonização;
Louvados sejam
Os jovens íntegros
que diante da cólera do desemprego,
exclusão
Perseguição e até abate de cérebros pensantes
acreditam num futuro risonho
colorido de esperança, glórias e sem miséria;
Louvados sejam
Os sábios de ontem que alertaram
sobre
a maldade da ditadura
tirania, oligarquia e os vícios da democracia.
Que incompreendidos morreram
perante a intolerância dos seus
governantes
morreram afogados
Com seus pensamentos, conhecimentos e devaneios progressistas;
Louvados sejam
Os nossos inimigos criados
que
mesmo com a miséria do povo defendem
a podridão de um governo
incapaz, ineficaz e desculture da paz;
Louvadas sejam
As almas dos rapazes de Xitaxi, Matchedje, Bilibiza, Negomano, Vanduzi, Gorongosa, Morrumbala e Chiango
Louvados sejam
Os africanos e moçambicanos
do amanhã
que terão a oportunidade através
da educação, formação, da história antiga e actual
Perceber os malefícios da guerra e corrupção
Compreender que os países e o local de nascença viveram
durante anos condenados às ambições misantrópicas e endémicas
dos seus governantes e aliados
que o imperativo da paz foi sempre preterido
em favor do derramamento do sangue inocente e chacinas em troca da riqueza do povo e do silêncio dos capazes...
Louvada seja
A pátria que amamos e por ela labutamos, nos marimbamos, lacrimejamos e nos ensanguentamos...
Omardine Omar - Janeiro de 2021.
Na virada do ano pensei no Estado moçambicano em 2021, sobretudo na sobrevivência ou resiliência dos elementos que compõem um Estado: Território, Povo e Poder Político/Soberania. Cogitei sobre cada um deles e no final uma pergunta ficou no ar: o que será destes elementos na Pérola do Índico em finais de 2021?
Na esteira da cogitação lembrei-me que na primeira década do século em curso participei em vários tipos de eventos cujo objecto era o combate à pobreza ou mesmo o desenvolvimento do país. A dado momento não me revia nos propósitos dos planos em debate por achar que não eram os mais correctos para o que o país precisava. Entendia eu que o principal objectivo passava por “Organizar o Estado” e não o de reduzir/eliminar a pobreza ou o de crescer o país de x para y. Na altura partilhei esta ideia com uma amiga que tratou logo de discordar e no lugar propôs que “Organizar as pessoas” é que deveria ser o objectivo. Na defesa do seu argumento ainda alinhou uma série de altos dirigentes como exemplos de que antes de organizemos o Estado devíamos organizar as pessoas. Foi difícil não concordar.
Hoje, decorridos mais de 10 anos da conversa, acabei ligando para a citada amiga afim de partilhar a minha inquietação, a que ficara no ar acima. Mal eu terminara a contextualização e a decorrente inquietação, ela perguntou: “Já habemus pessoas?” Certamente uma outra pergunta que fica no ar. De toda maneira, e para terminar, tal como a maioria de nós recebeu um “votos de próspero 2021”, vai o meu “Próspero 2021 Estado Moçambicano”.
Chegado ao mês de Dezembro, as emoções elevam-se, as mensagens multiplicam-se, os governos, empresas, instituições, comunidades, famílias e indivíduos fazem uma introspeção do ano que está prestes a desaparecer e/ou prestamos contas a quem de direito se for o caso.
Procuramos justificar as promessas não cumpridas, lamentar e/ou pedir desculpas pelos factos inadequados, etc.
Sempre foi assim?
Sim, as sociedades mais antigas, desde que há registos há 4600 anos - Babilónicos, Maias, Hindus e Chineses - tiveram comportamentos semelhantes.
É a natureza humana reagindo ao sentimento de perda. Esta é a razão, conforme os Livros Sagrados, a importância do calendário – Termos consciência da maior riqueza que temos – o TEMPO.
Tempo é o único factor irrecuperável, tudo o resto se perde, se ganha. O tempo não é dinheiro como disseram os ingleses (time is Money) – TEMPO É VIDA.
Será que se justificam esses sentimentos e emoções?
Não sei, mas melhor do que eu, o leitor vai decidir depois de ler os factos históricos que se seguem:
Se formos ao detalhe vamos perceber que nenhum calendário mudava o ano no final de Dezembro. Nos lunares, a data não é fixa, depende do nascimento da lua nova e, mesmo dentro do mesmo sistema lunar ou solar, havia discrepâncias no número de dias por ano que, por sua vez, não eram uniformes. Alguns calendários tinham 10 meses por ano, outros 18 meses com 20 dias por mês, por cada ano, etc.
Apesar de serem factos históricos importantes, “se soubermos de onde viemos, saberemos para onde vamos”, a pergunta que você deve querer fazer é: e então?
A razão desta missiva tem a ver com:
Então, você que deve querer ir às compras ou socializar, quer saber quanto mais rápido possível, fazer o quê?
Não há dois casos iguais – esta é uma prova de que Deus existe, para quem tem fé.
A primeira recomendação sensata que podemos partilhar é que nas datas relevantes devemos aproveitar para reflectir, recapitular, identificar os factores positivos e naturalmente os menos positivos, corrigir os que considerarmos necessários, assumir a responsabilidade – esta é sempre sua. Somos dotados de consciência, livre arbítrio (cada um faz as suas escolhas).
Enquanto não assumirmos a responsabilidade pessoal, a porta de entrada rumo ao sucesso, felicidade, criatividade e até da saúde não estará disponível.
Faça como diz Confúcio – Chame os nomes pelos próprios nomes – em outras palavras, não se engane a si próprio, tipo:
Nós seres humanos somos dotados de capacidades sem limites – é outra prova da existência de Deus, capazes de trazer a solução de qualquer problema, não importa o grau da sua complexidade, dizem os Livros Sagrados (já que estamos na época natalícia para uns) que “Deus não dá nenhum peso a alguém sem que lhe dê forças para carregar”.
O estimado leitor deve estar a dizer, calma aí, então porque é que eu e muitos não conseguimos solução dos nossos problemas?
Porque nos enganamos a nós próprios! Como?
Vou repetir quatro ensinamentos pilares de qualquer resolução rumo à felicidade:
Desejo-vos uma boa reflexão.
A Luta continua!
A Camal
No entanto, seu conteúdo não vincula a empresa.
O ataque perto do acampamento da Total de Afungi foi um ataque ao âmago do gás do Rovuma. A decisão da Total de evacuar os moçambicanos de Palma (não apenas por causa das questões de seguranças, mas também por uma alegada vaga de Covid 19, que assolou o acampamento, de acordo com fonte reputadas de “Carta”) é um indicador de que a exploração do gás vai sendo adiada. Adiar a exploração do gás é o mais sensato da fazer hoje. É certo que a economia presente precisa das suas receitas, mas os moçambicanos do futuro podem muito bem tratar do assunto.
Moçambique não tem estrutura de poder capaz de conduzir a exploração do gás ao almejado “El-dorado”. A abordagem da guerra é titubeante (com contratos secretos e compra de equipamento quase obsoleto) e essa mesma guerra começa a ser uma justificação do negócio de rapina que se está a implantar no sector, cada vez mais com termos de troca prejudiciais para a sociedade moçambicana. Ao invés de construir um acampamento sólido, usando nossa pedra e areia, a Total mandou vir pré-fabricados lá da Europa. Nosso conteúdo local está vendo navios. Aliás, esses módulos residenciais chegaram de navio.
Se este regime não consegue impor o conteúdo local e terminar com esta guerra, então paremos com o gás. Esta guerra parece um instrumento de saque. Saque externo e interno. E temos cerca de 500 mil deslocados, empurrados para distritos recônditos da Zambézia. Como? De Macomia para a Zambézia? E aqui são tratados como estrangeiro, desterrados? E quando a guerra terminar, sua terra já foi tomada? E o gás esgotado? Não!
A exploração do gás nas actuais condições não serve aos moçambicanos. Nem com famigerados fundos soberanos. Aliás, o maior fundo soberano são nossas florestas e nossos mares, que, mesmo sem guerra, esta geração que fez a luta armada não consegue gerir de maneira dignificante. A rapina chinesa comanda. Eles lá na China sabem quanto cada um dos moçambicanos deve ao Estado chines. Nós cá em Moçambique não conseguimos calcular quanto dessa dívida já estaria paga, em espécie, através da nossa madeira e frutos do mar. (Sim! A ponte para a Catembe poderia ser paga dessa forma, e não com portagens astronómicas, como foi anunciado). É intrigante como esta elite no poder não consegue corrigir os desmandos nas pescas e florestas. No gás, corremos o mesmo risco. Melhor parar! Já! (Marcelo Mosse)