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Adássia Macuácua, sobrevivente do assassinato contra Elvino Dias.jpg

O Hospital Central de Maputo (HCM) informou, esta manhã, que a jovem que estava na boleia do advogado Elvino Dias, assassinado na última sexta-feira, em Maputo, continua viva e poderá ter alta nos próximos dias.

 

Segundo o director dos Serviços de Urgência do Hospital Central de Maputo, Dino Lopes, a vítima sofreu escoriações e fracturas nos membros superiores. "Desde a sua entrada, realizamos atendimento de urgência, conseguimos estabilizar a paciente, e actualmente ela se encontra estável, consciente e fora de perigo. A jovem deverá receber alta hospitalar ainda esta semana", frisou, escusando-se a dar mais informações por questões que não se dignou a explicar.

 

Em relação ao estado dos pacientes que deram entrada nas últimas 24 horas, a fonte disse que dos 192 pacientes atendidos naquela unidade sanitária, 16 estavam envolvidos nas manifestações de ontem.

 

Deste número, cinco permanecem internados com fracturas e traumas, enquanto 11 já receberam alta. Os pacientes chegaram ao Hospital Central de Maputo transferidos de várias unidades de saúde, como o Hospital Geral de Mavalane, Polana Caniço e José Macamo.

 

O director dos Serviços de Urgência do HCM acrescentou ainda que ainda não foi registada nenhuma morte associada à paralisação de ontem convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. Esclareceu ainda que nenhum agente da polícia deu entrada no hospital vítima dos tumultos de ontem. (Carta)

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A Polícia da República de Moçambique (PRM), através da sua Unidade de Intervenção Rápida (UIR), impediu, na manhã de hoje, a manifestação pacífica convocada para esta segunda-feira pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em repúdio, por um lado, aos resultados eleitorais e, por outro, ao assassinato bárbaro do advogado Elvino Dias e do mandatário nacional do PODEMOS Paulo Guambe, ocorrido na madrugada de sábado, 19, em Maputo.
 
Logo pela manhã a UIR já estava posicionada na Praça da OMM, junto ao local onde estava agendada a concentração dos manifestantes a nível da cidade e província de Maputo, munida de blindados, cães e gás lacrimogéneo.
 
Antes mesmo de os manifestantes iniciarem a marcha, a Polícia começou a lançar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, facto que exacerbou os ânimos dos apoiantes de Venâncio Mondlane.
 
Os minutos seguintes transformaram-se em caos, sobretudo nas Avenidas Joaquim Chissano, Milagre Mabote, Acordos de Lusaka, Vladimir Lenine e na Rua da Resistência. Uma chuva de pedras foi lançada contra Polícia, enquanto esta respondia com gás lacrimogéneo.
 
Postes de iluminação pública e painéis publicitários foram derrubados pelos manifestantes para servir de barricadas. Igualmente, foram queimados pnêus em plena via pública. Uma viatura do Serviço Nacional de Salvação Pública foi "rechaçado" pelos manifestantes, quando tentava apagar o fogo na via pública.
 
Viaturas particulares e de reportagem "não" escaparam à fúria popular. Aliás, um repórter de imagem da STV ficou ferido, quando um invólucro de gás lacrimogéneo explodiu junto aos seus pés. O jornalista encontra-se internado no Hospital Central de Maputo.
 
A manifestação desta segunda-feira foi convocada por Venâncio Mondlane, inicialmente, como de paralisação da actividade económica, através de uma greve geral. Mas, o assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, mandatários de Venâncio Mondlane e PODEMOS, respectivamente, levou o candidato suportado pelo PODEMOS a convocar uma marcha pacífica em todo país. (A. Maolela)

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Várias instituições da cidade e província de Maputo poderão não abrir as portas hoje, segunda-feira, por temerem vandalização e outras situações que possam causar danos. Trata-se de uma medida de precaução na sequência de uma greve geral convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido PODEMOS, para contestar os resultados anunciados pelas Comissões Provinciais de Eleições.

 

Maior parte das instituições de ensino privado vão interromper as suas atividades, entre as quais, o Colégio Arco-Íris, que emitiu na última quinta-feira uma nota de suspensão de aulas para esta segunda-feira.

 

Neste âmbito, a instituição orientou os alunos a resolverem as fichas de trabalho em casa durante o período em que as instalações permanecerão fechadas. A Sociedade de Ensino e Investigação (SEI), composta por várias instituições de ensino, como o ISCIM, IPCI, ATLÂNTICO e o IQRA, também anunciou a suspensão temporária das suas actividades para garantir a segurança de todos os membros.

 

O Instituto Técnico Profissional Samora Machel, no distrito de Marracuene, província de Maputo, também decidiu suspender as suas actividades presenciais esta segunda-feira, devendo as aulas continuar de forma online, por meio de grupos de WhatsApp de cada turma, nos horários específicos. Entretanto, o instituto garante que informará a data da retoma das aulas presenciais no fim da tarde de amanhã.

 

O Centro Infantil e Externato Confiança na província de Maputo também suspendeu hoje as suas actividades. Serviços de transporte público também haviam anunciado um “recolher” obrigatório dos seus meios circulantes, mas perante pressão política, tiveram de desmentir as suas próprias comunicações.

 

A Polícia da República de Moçambique (PRM) afirmou, na última sexta-feira, que tomará medidas coercivas para impedir qualquer acto de violência e desordem pública face à convocação de uma paralisação nacional. “Serão tomadas todas as medidas necessárias e justificáveis para rechaçar quaisquer actos de vandalismo e desordem”, disse o porta-voz da PRM, Orlando Modumane. (Marta Afonso)

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Mais de 48 horas após o assassinato político do advogado Elvino Dias e do mandatário nacional do PODEMOS, Paulo Guambe, o Presidente da República Filipe Jacinto Nyusi ainda não se pronunciou sobre o sucedido.

 

Até ao momento, da Presidência da República de Moçambique quem deu a cara foi a Primeira-Dama, Dra. Isaura Nyusi, que através de sua página oficial do Facebook, às 21h30m de domingo (20), manifestou seu repúdio pelo assassinato e consolo às famílias dos malogrados.

 

“Venho, por este meio, juntar-me às vozes que repudiam, veementemente, o assassinato do jovem Advogado Elvino Dias e do Mandatário Paulo Guambe,  ocorrido no dia 19 de Outubro, na Cidade de Maputo.

 

Estes actos macabros constituem a destruição do amor e da fraternidade, valores e virtudes que devemos transmitir às gerações vindouras. A Família é a base da sociedade e destruir uma família é destruir os alicerces que constroem uma sociedade. Endereço as minhas mais sentidas condolências às famílias enlutadas, e que as Almas dos perecidos descansem em Paz!'”, disse a esposa do Presidente da República.

 

Daniel Chapo, candidato presidencial e secretário-geral da Frelimo, reagiu na tarde de sábado ao crime, considerando-o como “afronta à democracia” e pediu uma “investigação célere e imparcial” ao duplo homicídio.

 

Advogado e membro da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) com carteira suspensa por iniciativa própria, por estar a exercer cargos sénior na esfera do poder político no Estado, Chapo disse que “foi com profunda consternação que recebi a notícia do brutal assassinato do advogado e do mandatário do partido PODEMOS, Elvino Dias e Paulo Guambe, respectivamente, ocorridos na última madrugada.”

 

"Gostaria de exortar às instituições da Justiça para que conduzam uma investigação célere, imparcial, independente e rigorosa, visando apurar os factos e responsabilizar os autores. A justiça tem de ser feita. Não podemos permitir que exista lugar ao medo num Estado de Direito Democrático”, lê-se no comunicado de Chapo.

 

A Frelimo, em um comunicado de imprensa sem assinatura de qualquer órgão também se manifestou no sábado contra o assassinato. “Acompanhamos com tristeza e grande choque o assassinato dos cidadãos nacionais Elvino Dias, advogado e Paulo Guambe mandatário do Partido PODEMOS, ocorrido na madrugada de hoje, dia 19 de outubro, na Cidade de Maputo.

 

A FRELIMO repudia veementemente este acto macabro e exorta a todas as autoridades que façam de tudo ao seu alcance para clarificar este caso. A FRELIMO endereça as mais sentidas condolências às famílias enlutadas”, termina o comunicado da Sede Nacional do partido no poder.

 

Enquanto isso, o país e o mundo aguardam até ao momento (tarde de segunda-feira) por pronunciamentos de Filipe Jacinto Nyusi, Chefe de Estado e Comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança, e ainda presidente da Frelimo, por pelo menos mais dois meses e meio. (Carta)

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Está praticamente declarada a “guerra” entre o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane e as Forças de Defesa e Segurança (FDS), a quem o político atribui a autoria material do bárbaro assassinato do advogado Elvino Dias, crivado de balas na noite desta sexta-feira, em Maputo.

 

Em declarações públicas feitas na tarde de hoje, a partir do local onde foram assassinados Elvino Dias, mandatário e assessor jurídico de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, porta-voz do PODEMOS, partido que suporta a candidatura presidencial do político, Mondlane defendeu terem sido as Forças de Defesa e Segurança a assassinarem barbaramente o seu advogado e o porta-voz do PODEMOS.

 

“Está claro que foram as Forças de Defesa e Segurança que fizeram este crime”, afirmou a fonte, clarificando, a seguir, a sua declaração. “Logo após o assassinato, homens do SERNIC [Serviço Nacional de Investigação Criminal] e do SISE [Serviço de Informações e Segurança do Estado], que estiveram aqui, arrancaram e quebraram os telefones dos jovens que estavam aqui, recolheram as cápsulas das balas para retirar vestígios acusatórios na perícia. Temos provas disso”, garantiu o político.

 

Segundo Venâncio Mondlane, as pessoas que mataram Elvino Dias não pretendiam apenas acabar com o indivíduo, mas com a sua causa. “Ele tinha dito, em um vídeo, que já se sentia morto, pelo que, para nós, a morte em si, não é uma grande perda. A grande questão que se coloca aqui é a tentativa de se matar os valores que nós defendemos. Aquela descarga exacerbada de tiros [mais de 20 tiros] não era só para matar o homem. Há muito mais do que matar o homem, mas tentar matar os valores, intimidar, aterrorizar as pessoas que acreditam naqueles valores”.

 

Mondlane revela que, quando recebeu as primeiras informações sobre o assassinato do seu advogado, pensava que era “uma coisa fictícia”, mas só pela manhã (por volta das 04h00) “é que tive a clareza de que isto era real”. “A mim podem matar, mas a minha luta, essa é que não vai morrer. Então, este é o sentimento que eu tenho agora. Estou a me reerguer para a luta, estou a me reerguer para dar um catalisador maior para esta chama que, até certo ponto, estava ténue, mas acho que, a partir de hoje, está a arder no coração de muitos jovens”, atirou.

 

Para o político – que já se auto-proclamou Presidente da República eleito, em face da contagem paralela do PODEMOS lhe dá vitória em nove círculos eleitorais, dos 11 existentes no país – o sangue do advogado Elvino Dias e do cineasta Paulo Guambe será vingado, sendo que a primeira etapa terá lugar na segunda-feira, dia em que terá lugar a greve geral por si convocada.

 

“O sangue destes jovens será vingado e é o início de uma etapa que só Deus sabe como é que ela vai terminar. Na segunda-feira, vai ser a primeira etapa. Se quiserem usar a violência, podem usar, mas fiquem a saber que depois da vossa violência há-de vir algo extraordinariamente mais forte do que vocês todos. Vão se arrepender disso”, garantiu.

 

Segundo Venâncio Mondlane, a greve da segunda-feira não irá se resumir simplesmente na paralisação da economia nacional. “Agora vamos ter um carácter diferente. Já não vamos ficar em casa de braços cruzados. Vamos carregar os nossos cartazes, vamos sair para rua e levantar os nossos cartazes, pacificamente. Não vamos destruir bens públicos e nem privados, mas vamos sair e caminhar nas nossas ruas para mostrarmos o nosso repúdio. Isto não nos podem tirar”, afirmou a fonte.

 

Mondlane afirma que a concentração, na cidade de Maputo, terá lugar exactamente no lugar onde foram assassinados Elvino Dias e Paulo Guambe. A concentração será às 9h00 e a marcha inicia pontualmente às 10h00. Garante que não irá usar o colete à prova de bala.

 

“Nós não vamos fazer desordem. O que vamos fazer é o usufruto de um direito público constitucional, que é, quando estamos revoltados, temos de mostrar a nossa revolta publicamente. Então, o senhor (senhor Comandante) não venha tentar contar narrativas antecipadas para começar a fazer a brutalidade que vos carateriza, a mesma que fizeram em Nampula e mesma que quiseram fazer na Beira e aquele tem feito sempre”, sentenciou.

 

Na sua declaração de pouco mais de 14 minutos, refira-se, o candidato não teceu qualquer comentário sobre o passo a seguir na sua batalha eleitoral. Porém, garantiu que Elvino Dias não era o único advogado com quem trabalhava, desde finais de 2023. (A. Maolela)

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Daniel Chapo, o candidato da Frelimo as eleições presidenciais de deste sangrento mês de Outubro, acaba de ser emitir sua posição relativamente ao assassinato de duas figuras da oposição na madrugada de hoje em Maputo.

 

Chapo classifica a tragédia como uma “afronta” à democracia.

 

“Carta” publica, a seguir, seu “repúdio” na íntegra:

 

“Foi com profunda consternação que recebi a notícia do brutal assassinato do advogado e do mandatário do partido PODEMOS, Elvino Dias e Paulo Guambe, respectivamente, ocorridos na última madrugada.

 

Este acto de violência não é apenas um ataque contra indivíduos dedicados e comprometidos com o Endereço as minhas mais sinceras condolências às famílias enlutadas. Perder um ente querido em À classe dos advogados e dos artistas, de que eram parte Elvino Dias e Paulo Guambe, respectivamente, expresso a minha solidariedade. Sei que este é um momento de grande pesar para Que este trágico incidente não nos desvie da construção de uma nação mais justa e inclusiva, onde a vida e a dignidade humana sejam sempre respeitadas.

 

Gostaria de exortar às instituições da justiça para que conduzam uma investigação célere, imparcial, independente e rigorosa, visando apurar os factos e responsabilizar os autores. A justiça tem de ser feita.

 

Não podemos permitir que exista lugar ao medo num Estado de Direito Democrático. Neste momento tão difícil para todos nós, exigimos que se faça valer a lei.

 

Reafirmo o meu total repúdio a este crime e a qualquer tipo de violência e intolerância no nosso País, ao mesmo tempo que reitero o meu compromisso em defender a verdade e a justiça em Moçambique”. (Carta)

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