Um estudo conjunto realizado pelo Observatório do Meio Rural (OMR) e pela Universidade Católica de Moçambique (UCM), em Maio findo, concluiu que o nível de implementação das medidas de prevenção contra a propagação do novo coronavírus é ainda baixo.
De acordo com o estudo, que teve lugar nas cidades de Maputo, Beira e Nampula, a capital do país tem registado um maior cumprimento, havendo tendências de redução na cidade da Beira e ainda mais na cidade de Nampula. “Nas zonas periféricas das cidades, existe um menor cumprimento das normas de precaução”, refere o estudo.
O estudo, que tinha como objectivo avaliar o nível de cumprimento das medidas de prevenção da Covid-19 nas cidades de Maputo, Beira e Nampula, focou-se no comportamento dos cidadãos na utilização de máscaras, luvas e cumprimento do distanciamento social, assim como na higienização de locais de maior concentração de pessoas. O mesmo incidiu em quatro grandes espaços, nomeadamente: terminais e paragens de transporte; mercados municipais; casas de pasto (barracas); e cemitérios e casas mortuárias.
Em termos metodológicos, a pesquisa baseou-se em observações, que decorreram em dois períodos distintos, nomeadamente, de 6 a 9 de Maio (quarta a sábado) e de 19 a 22 de Maio (terça a sexta-feira). “A observação das casas de pasto foi realizada durante o período nocturno (entre as 19 e as 21 horas) de sexta-feira ou sábado, tendo a observação nos terminais e paragens de transporte decorrido durante as horas de ponta, entre as 6 e as 9 horas ou entre as 16 e 18 horas)”, refere o relatório publicado esta semana pelo OMR.
Assim, os resultados do estudo confirmam que a aplicação das medidas de prevenção estipuladas pelo Governo, no âmbito do Estado de Emergência, em vigor no país desde o passado dia 01 de Abril, não foi imediata e que foram sendo progressivamente assimiladas pelos cidadãos, porém, com algumas resistências. “Na maioria dos parâmetros de observação, registou-se um aumento do nível de cumprimento da primeira para a segunda observação”, sublinha o estudo.
“O grau de cumprimento das medidas de prevenção é mais evidente a três níveis: na utilização de máscara nos transportes semi-colectivos de passageiros (excepto nos veículos my love, particularmente nas zonas mais periféricas das cidades); nos cemitérios e casas mortuárias; e no encerramento das casas de pasto. No primeiro e terceiro casos, existe uma acção incisiva das forças policiais”, assegura o estudo.
“A maioria dos passageiros nos transportes públicos rodoviários, na Cidade de Maputo, utiliza máscara de protecção respiratória, tendo a percentagem aumentado de 99,7% para 99% ao longo dos dois períodos. Trata-se de uma prática largamente observada em todos os locais observados”, diz a pesquisa, que observou a situação em seis paragens da capital do país.
De acordo com a pesquisa, os indivíduos do sexo masculino, os mais idosos e os mais escolarizados (neste caso, excepto Nampula) são os que mais usam máscara, observando-se, entretanto, “hábeis formas de contorno, envolvendo actores informais das casas de pasto a operar «clandestinamente»”.
Para os pesquisadores, é necessário que haja uma intensificação nas acções de implementação das medidas de precaução, como a realização de campanhas de informação e sensibilização directa dos cidadãos (particularmente junto das mulheres e jovens) e nas zonas periféricas das cidades; uma maior responsabilização das instituições municipais; e uma maior pressão educativa e, se necessário, sancionatória das forças policiais.
O nosso país conta, neste momento, com um acumulativo de 307 casos positivos de Covid-19, dos 11.239 cidadãos testados. Destes, 97 já recuperaram da doença, enquanto dois perderam a vida. Assim, existem, neste momento, 208 pessoas infectadas pela doença. (Carta)