Mais 2.139 pessoas recuperaram da pandemia do novo coronavírus, durante o fim-de-semana, subindo para 46.421, o total de indivíduos curados da doença. Do total de recuperados, 1.602 foram anunciados na sexta-feira, 410 no sábado e 127 no domingo.
No que tange às novas infecções, as autoridades da saúde reportaram o diagnóstico de mais 1.350 casos do novo coronavírus, totalizando 62.520, o cumulativo de pessoas infectadas pelo vírus, desde 22 de Março de 2020. Os novos casos foram notificados na cidade de Maputo (388) e nas províncias de Maputo (286), Gaza (quatro), Inhambane (94), Sofala (104), Manica (14), Tete (19), Zambézia (146), Nampula (93), Niassa (41) e Cabo Delgado (161).
Ainda no último fim-de-semana, 19 pessoas perderam a vida devido à Covid-19, sendo que seis óbitos foram anunciados na sexta-feira, outros seis no sábado e sete neste domingo. Das 19 vítimas mortais, oito são do sexo feminino e 11 do sexo masculino. Assim, o país conta com um total de 693 vítimas mortais devido à Covid-19.
Referir que mais 67 pacientes foram internados, sendo 21 na sexta-feira, 33 no sábado e 13 no domingo. Assim, 160 pessoas estão internadas nos hospitais, sendo que 71.9% encontram-se na cidade de Maputo. (Marta Afonso)
Seis meses depois de ter sido interrompido, foi retomado e concluído, esta quarta-feira, o processo de audição de quatro, dos sete réus envolvidos no esquema de corte ilegal de madeira, na zona tampão do Parque Nacional da Gorongosa, na província de Sofala. Dos indiciados, cinco são oficiais do Comando Distrital da PRM (Polícia da República de Moçambique) na Gorongosa e dois são cidadãos de nacionalidade chinesa, estes últimos foragidos da justiça moçambicana.
Segundo a acusação do Ministério Público, os indiciados terão cortado mais de 500 touros de madeira da espécie mondzo e que estavam prestes a sair ilegalmente do país, lesando o Estado moçambicano em cerca de dois milhões de Meticais.
De acordo com algumas organizações da sociedade civil que trabalham no sector de conservação, o esquema foi despoletado graças a uma desavença entre alguns agentes da PRM e fiscais do Parque Nacional da Gorongosa.
“Não estou satisfeito com a ocorrência de crimes desta natureza, porque, normalmente, os danos causados por crimes ambientais são irreversíveis”, disse o Procurador Distrital da Gorongosa, Nobre Wiliamo, para quem um processo judicial sobre crimes ambientais é sinónimo de que “há um recurso florestal e faunístico abatido”.
Refira-se que, em 2020, 35 cidadãos foram julgados e condenados em Sofala, acusados de corte ilegal de madeira (quatro) e caça furtiva (31) no Parque Nacional da Gorongosa. Aliás, no distrito de Muanza, ainda na província de Sofala, a equipa de fiscalização distrital apreendeu, no ano passado, 155 pranchas de madeira. (O.O.)
Se as escolas tiveram um aval, quase irreversível, para retomarem as suas actividades, o mesmo não se pode dizer do Recolher Obrigatório, introduzido em Fevereiro último na Área Metropolitana do Grande Maputo (cidades de Maputo e Matola e distritos de Marracuene e Boane).
Na sua comunicação de quase 12 minutos (uma das mais curtas desde Março de 2020), proferida na noite desta quinta-feira, o Presidente da República manteve a medida do Recolher Obrigatório na Área Metropolitana do Grande Maputo, tendo, aliás, ficado em silêncio em torno do debate público actual sobre a sua constitucionalidade, assim como eficácia no combate à Covid-19. Também não se pronunciou em torno das constantes violações dos direitos humanos por parte da Polícia da República de Moçambique (PRM), que tem na Covid-19 o seu maior cavalo de batalha de todos os tempos.
Aliás, com a retoma das aulas presenciais, dúvidas há em torno do tratamento a que os alunos, estudantes e professores do período pós-laboral serão submetidos pela PRM ao serem encontrados depois das 21:00 horas.
O Presidente da República manteve ainda a suspensão do campeonato nacional de futebol da primeira divisão, vulgo Moçambola, apesar de ter autorizado a retoma dos treinos, porém, condicionados à realização de testes semanais da Covid-19, sendo que os atletas que testarem positivo deverão ser isolados.
Aliás, na reunião que manteve com os desportistas, o Chefe de Estado defendeu que os clubes ainda não estão preparados. Disse haver necessidade de os clubes assumirem o compromisso de realizar testes regulares para melhor controlarem a pandemia, uma missão prontamente assumida pela Federação Moçambicana de Futebol.
Sublinhar que, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde (INS), a taxa de positividade nas equipas que disputam o Moçambola é de 5%, estando, desta feita, abaixo da média nacional, que é de 10%.
Refira-se que, em geral, o Chefe de Estado manteve as medidas anunciadas nas comunicações anteriores, destacando-se o encerramento de bares e barracas de venda de bebidas alcoólicas; assim como o encerramento de ginásios, piscinas públicas e praias.
Sublinhar que as medidas, ontem anunciadas, entram em vigor a partir da 00:00 horas do próximo domingo, 07 de Março, por um período de 30 dias. (A.M.)
Frágil e tímida, Vaida Raposo, 15 anos, aproveitou as restrições impostas pela covid-19 para quebrar uma tradição familiar e se desfazer de um casamento prematuro arranjado pelos tios em Mondoguara, uma aldeia pobre do interior de Manica, centro de Moçambique.
O homem com quem viveu por quatro meses ficou retido no Zimbabué em dezembro devido ao encerramento da fronteira, tendo a rapariga decidido procurar o auxílio do Comité Comunitário de Proteção da Criança para denunciar a “tortura de amor”.
“Ele agora foi para o Zimbabué e por causa do coronavírus ainda não voltou”, disse à Lusa Vaida Raposo, que agora tem “medo de ele voltar” e que a leve. Por isso quer uma intervenção das autoridades para ser transferida para outra zona e se dedicar aos estudos.
A mãe da rapariga, uma garimpeira de 34 anos, foi dada em casamento a um homem duas vezes mais velho, e agora tenta impedir a repetição do episódio com a primogénita, para que ela não tenha de “conviver com a infelicidade pelo resto da vida”.
“Não posso permitir que a vida que vivi seja vivida pela minha filha. Ela deve estudar e ter outra visão de lar”, disse à Lusa Cherit Matandira, que a par de outras ativistas, luta agora pelos direitos da filha e de outras meninas em risco de uniões na aldeia.
A rapariga entrou para as estatísticas de dezenas de miúdas resgatadas, em 2020, de uniões prematuras em quatro distritos de Manica pela Save The Children, uma organização humanitária virada para a defesa da criança.
No total, 92 crianças foram identificadas pelos 114 Comités Comunitários de Proteção à Criança, criados pela Save The Children, como estando em situação de risco de uniões prematuras em 2020 nos distritos de Manica, Machaze, Macossa e Tambara, tendo 47 sido resgatadas.
Outras 13 raparigas foram resgatadas pela organização através da Linha Fala Criança, apoiada pelo projecto Norad.
Apesar do sucesso no caso de Vaida Raposo, a diretora do programa de Manica da Save The Children, Ana Dulce Guizado, receia que “neste momento a covid-19 esteja a regredir todo o processo de sensibilização” já feito pela organização, por as crianças estarem confinadas nas residências e sujeitas a todo o tipo de violência.
“A próxima prioridade é reforçar as campanhas até que as uniões prematuras sejam definitivamente banidas”, acrescentou.
Mais a norte de Mondoguara, danças celebram o regresso a casa de Rutendo Djambo, uma rapariga de 16 anos que viveu por vários dias num lar polígamo em Nhandiro, uma aldeia de Mavonde, no interior de Manica.
O resgate da rapariga, agora grávida de um idoso, é celebrada pelo pai, um camponês de 53 anos que resistiu ao lobolo, um dote em espécie ou animais dado à família da noiva.
É a desculpa económica que leva muitos pais a entregarem as suas filhas menores para casamentos por elas indesejados.
“A esposa mais velha do homem veio cá buscar-me para ser mais uma mulher do seu marido”, contou à Lusa a aluna primária, que sonha em ser professora para ensinar outras crianças a não aceitarem os casamentos arranjados.
Geralmente, mulheres mais velhas num lar polígamo procuram trazer meninas mais novas para os seus esposos, como forma de salvar a honra da casa e evitar que sejam abandonadas, uma prática reiterada que tem perpetuado as uniões prematuras.
À semelhança de Rutendo Djambo, Cláudia Naisson, 14 anos, descobriu que estava grávida de três meses após ser resgatada de uma união prematura com um homem mais velho em Messica, uma aldeia mais a sul do distrito de Manica.
Ela engravidou aos 13 anos e aos 14 teve o parto da filha, que agora tem 07 meses. Agora salta à corda na sombra de uma mangueira frondosa, onde as crianças da aldeia se juntam para brincar.
“Gosto de brincar com as crianças, porque também ainda sou uma criança”, precisou Cláudia Naisson, que enquanto salta a corda fixa os olhas na filha, que repousa nos braços de uma outra criança.
A brincadeira descontraída contrasta com a tarefa de ser mãe na infância.
Cláudia quer agora influenciar com a sua experiência as crianças da sua aldeia para não seguirem o “espinhoso” caminho de assumir um lar ainda na inocência.
Um líder local, Cláudio Serrote, disse à Lusa que as aldeias continuam “infestadas” com casos de uniões, uma situação que está a perpetuar a pobreza, porque muitas das raparigas acabam como garimpeiras, para acompanhar os maridos na extração ilegal de ouro em minas artesanais.
A comunidade “agora está a ver que aquelas meninas que estão a ter esta ideia de casar cedo já estão a sofrer" e "muitas já estão a ir no ouro [garimpo] junto com o próprio marido”, relatou, observando que “casa-se para melhorar a situação [económica], mas no lugar de melhorar a situação está a piorar”.
O Ministério Público em Manica, o distrito com maior incidência de casos, observa que práticas tradicionais de uniões prematuras estão enraizadas nas comunidades e “andam em contramão” com a lei, agravando a pobreza entre as vítimas.
Os magistrados dizem estar a ser proativos para eliminar o problema. Só este mês, três casos de casamentos prematuros deram entrada na Procuradoria Distrital de Manica, estando ainda na fase de triagem.
Em 2020, 20 casos chegaram àquela instituição envolvendo menores de 13 a 16 anos, tendo sete sido levados a tribunal e todos condenados.
“Um dos casos foi de uma menor que se envolveu com um idoso. Ela já estava grávida e para nós foi um pouco complicado prender alguém que é o único sustento de uma menor grávida", referiu Nilson Dos Reis, procurador-chefe distrital de Manica.
"A justiça às vezes fica com um pé atrás, porque podemos estar a repor a legalidade, mas alguém está a sofrer por causa do nosso trabalho. Neste caso ficámos constrangidos, mas tivemos de fazer o nosso trabalho” disse.
Moçambique tem uma lei contra os casamentos prematuros aprovada em 2019, mas a diretora da Save The Children em Manica lamenta o facto de em 2020 ter havido pouco contacto com crianças para a divulgação da norma devido às restrições da pandemia de covid-19.(Lusa)
Mais seis pessoas perderam a vida, em Moçambique, devido à Covid-19, aumentando para 674, o total de óbitos causados pela doença. As vítimas eram todas do sexo masculino, sendo que as mesmas tinham idades compreendidas entre 43 e 95 anos.
Na actualização feita esta quinta-feira, as autoridades da saúde reportaram ainda a infecção, pelo novo coronavírus, de mais 775 pessoas, das quais 431 na cidade de Maputo. Os outros casos foram notificados nas províncias de Maputo (72), Gaza (oito) Inhambane (18), Sofala (88), Manica (três), Tete (oito), Zambézia (129), Nampula (15) e Cabo Delgado (três). Assim, o país conta com um cumulativo de 61.170 casos positivos do novo coronavírus.
Em relação aos internamentos, mais 17 pacientes foram hospitalizados, enquanto 14 tiveram altas, pelo que o número de internados, baixou para 181, dos quais 74% na capital do país.
Entretanto, mais 280 recuperaram da doença, totalizando 44.276 (72.4%), o cumulativo de pacientes que venceram esta pandemia. Porém, neste momento, há 16.210 casos activos. (Marta Afonso)
É mais um caso de abuso de poder que se verifica no distrito de Chinde, província da Zambézia. Dois funcionários dos Serviços Distritais da Saúde, Género e Acção Social foram expulsos pelo Chefe do Executivo Distrital, Pedro Vírgula, depois destes terem sido acusados, pelo Secretário Permanente Distrital, de terem desviado 870 mil Meticais dos cofres do Estado.
Trata-se de um caso despoletado em Outubro de 2020, no qual eram indiciados quatro funcionários. Na altura, todos foram suspensos e interditos de se ausentar do distrito, porém, dois dos indiciados acabariam sendo expulsos e os restantes readmitidos, num processo pouco claro.
Entretanto, após o recurso submetido ao Tribunal Administrativo, os visados ganharam a causa. O responsável pela audição das contas públicas decidiu favoravelmente ao recurso interposto pelos dois funcionários, pelo que o Executivo de Chinde terá de readmiti-los.
No entanto, refira-se que o caso de desvio de fundos, nos Serviços Distritais da Saúde, Género e Acção Social de Chinde, continua a correr os seus trâmites legais com vista a responsabilizar os infractores. (O. Omar)