Setecentas (700) pessoas já perderam a vida devido à Covid-19, em Moçambique. Esta terça-feira, as autoridades da saúde anunciaram a morte de mais duas pessoas, vítimas da pandemia, sendo duas mulheres, uma de 41 anos de idade e outra de 75 anos de vida.
No que toca às novas infecções, as autoridades da saúde reportaram o diagnóstico de mais 179 casos do novo coronavírus, aumentando para 62.882 o cumulativo de casos registados no território nacional. Os novos casos foram notificados na cidade de Maputo (38) e nas províncias de Maputo (nove), Inhambane (17), Sofala (três), Manica (três) e Tete (dois), Zambézia (67), Nampula (12), Niassa (22) e Cabo Delgado (seis).
O Ministério da Saúde disse ainda ter registado 15 novos internamentos e cinco altas hospitalares, facto que aumenta para 166 o número de pessoas actualmente internadas nos hospitais nacionais, das quais 113 encontram-se na cidade de Maputo.
Entretanto, mais 1.135 pessoas recuperaram totalmente da Covid-19, subindo para 47.729 (75.9%), o cumulativo de indivíduos curados da doença. Assim, actualmente, 14.449 pessoas continuam infectadas pelo vírus. (Marta Afonso)
Já estão a ser administradas, em todo o território nacional, as primeiras doses da vacina contra a Covid-19, produzida pela farmacêutica chinesa Sinopharm. A campanha de vacinação que, nesta primeira fase, irá envolver profissionais da saúde, idosos residindo em lares e trabalhadores das morgues e cemitérios municipais, iniciou na manhã desta segunda-feira, sendo que a cerimónia oficial teve lugar no Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária do país.
Armindo Daniel Tiago, Ministro da Saúde, foi o primeiro cidadão e profissional da saúde a ser administrado a primeira dose da SARS-COV-2 Vacine (Vero Cell) inactivada, cuja eficácia contra doença sintomática é de 79,3% e 100% contra a doença moderada e grave.
À comunicação social, Tiago revelou, antes de tomar a vacina, que aceitou ser o primeiro vacinado, como forma de ilustrar, à sociedade, a seriedade do Governo, assim como do processo. “É para demonstrar que o Governo de Moçambique faz as coisas com seriedade, que eu aceitei ser o primeiro cidadão a ser vacinado. É na qualidade de profissional de saúde [é especialista em Endocrinologia], grupo definido como prioritário, que serei vacinado. (…) Com este acto, pretendemos garantir a fiabilidade do processo para que a sociedade em geral confie no mesmo”, explicou o governante.
Aliás, o Ministro da Saúde diz haver diversas teorias que apontam para a “maliciosidade” das vacinas contra Covid-19, mas que não apontam a eficácia dos outros medicamentos administrados no dia-a-dia.
“Existem, na nossa sociedade e em todo o mundo, muitas correntes que dizem que as vacinas têm maliciosidade, que as vacinas não são eficazes, que as vacinas têm outros elementos. Lembremo-nos que nós tomamos, na nossa vida, muitas vacinas e nem sequer sabemos qual é a sua eficácia e tomamos muitos medicamentos no dia-a-dia e, eventualmente, não sabemos qual é a eficácia dos mesmos. Mas contra a vacina da Covid-19 as correntes são imensas”, rematou.
“Sinto-me bem”
Após tomar a vacina, Armindo Tiago disse sentir-se “melhor do que os que estavam no local da cerimónia”, porém, foi recomendado a repousar por 15 minutos para avaliar-se os efeitos da vacina.
Refira-se que as reacções adversas provocadas pela SARS-COV-2 Vacine (Vero Cell) inactivada vão desde a dor no local da injecção (mais frequentes) até à febre transitória, fadiga, cefaleia, diarreia, inchaço e endurecimento no local da injecção, que são as frequentes.
Segundo Armindo Tiago, para além dos profissionais da saúde, as 200 mil doses doadas pelo governo chinês serão alargadas aos funcionários das morgues e cemitérios municipais, assim como aos idosos que residem nos lares.
Sublinhar que a vacina chinesa é tomada em duas fases, com um intervalo de 21 dias, sendo que a primeira dose será administrada até próxima sexta-feira e a segunda será aplicada entre os dias 29 de Março e 02 de Abril próximo. (Marta Afonso)
As desconfianças e incertezas que reinavam nos profissionais da saúde, em torno da eficácia e, sobretudo, efeitos adversos da vacina contra Covid-19, parecem ter sofrido um duro golpe. Os primeiros vacinados, em quase todo o país, dizem sentir-se bem e que não sentem nenhum efeito adverso associado à administração da SARS-COV-2 Vacine (Vero Cell) inactivada, produzida pela farmacêutica chinesa Sinopharm, cuja eficácia contra doença sintomática é de 79,3% e 100% contra a doença moderada e grave.
Mouzinho Saíde, Director do Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária do país, é um dos profissionais da saúde inoculados esta segunda-feira e garantiu sentir-se bem e que “não sentia nenhuma reacção adversa”.
“Gostaria de chamar atenção para o facto de que esta vacina é segura, protege contra formas graves da doença e, por isso, encorajamos a todos a fazer seguramente porque a vacina irá garantir protecção”, disse Mouzinho Saíde, que teve o privilégio de ser vacinado depois do Ministro da Saúde.
Quem também disse sentir-se bem e que não sentia qualquer dor é Isabel Jamussone, uma idosa também vacinada nesta segunda-feira. “Estou bem e não sinto dores”, disse ela, que estava acompanhada por um outro idoso também vacinado. Todos residem num lar de idosos, localizado na capital do país.
Por seu turno, Francisco Alberto, coveiro de um dos cemitérios municipais da cidade de Maputo, disse sentir-se “melhor” agora que tomou a vacina contra Covid-19, visto que trabalha directamente com os funerais de pessoas que perderam a vida devido à pandemia, tendo já realizado nove funerais.
Refira-se que o Plano Nacional de Vacinação prevê vacinar, até 2022, perto de 17 milhões de moçambicanos com idade superior a 15 anos, equivalente a 54,6%. Dados oficiais do Ministério da Saúde apontam para a vacinação, em todo o país, de um total de 59.161 profissionais da saúde do Sistema Nacional de Saúde (SNS). (Marta Afonso)
As 484 mil doses da vacina contra a Covid-19, ontem recebidas pelo Governo moçambicano, serão utilizadas de forma “transparente e criteriosa”, respeitando o Plano Nacional de Vacinação, tornado público na última sexta-feira.
A garantia foi dada esta segunda-feira pelo Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, após receber as primeiras 384 mil doses da vacina contra Covid-19, adquiridas através do mecanismo Covax e outras 100 mil doses oferecidas pelo governo indiano.
Segundo o Primeiro-Ministro, o Governo continuará a promover acções diplomáticas, no sentido de assegurar a obtenção de mais doses de vacinas contra Covid-19.
Até ao fim deste ano, o país irá receber um total de 2.064.000 vacinas, no âmbito do mecanismo Covax. Refira-se que, até ao momento, o país já recebeu um total de 684 mil doses da vacina contra Covid-19, sendo que as primeiras 200 mil foram recebidas no passado dia 24 de Fevereiro.
“Com estas acções, esperamos garantir a implementação efectiva do Plano [Nacional de Vacinação] que visa vacinar cerca de 17 milhões de pessoas”, sublinhou do Rosário. (Marta Afonso)
A vila municipal de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado, completou, este domingo, 62 anos da sua elevação à categoria de vila. Entretanto, a festa foi completamente beliscada pelos terroristas, que continuam a “gerir” a vila-sede daquele distrito, desde que a tomaram em Agosto de 2020.
Um dos maiores centros comerciais da província de Cabo Delgado, Mocímboa da Praia, tornou-se, a partir daquele mês, numa vila fantasma, com as residências e ruas totalmente desertas e com diferentes edifícios públicos e privados destruídos. Os seus munícipes transformaram-se em hóspedes (forçados) em outras vilas distritais, devido aos ataques terroristas, que tiveram seu início exactamente naquela vila-sede, a 05 de Outubro de 2017.
“Carta” conversou com algumas pessoas, naturais de Mocímboa da Praia, que hoje se encontram refugiadas na cidade de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado. Todas lamentam o facto de terem assinalado a data distante da sua terra natal, porém, algumas têm certeza de que irão regressar às suas casas (já destruídas), no entanto, há quem já perdeu a esperança, tendo em conta o escalar da violência.
Elisa Juma, viúva e mãe de quatro filhos, é natural de Mocímboa da Praia e diz estar a viver momentos difíceis. Desde Outubro de 2020, reside no bairro Cariacó, arredores da cidade de Pemba, onde encontrou um cantinho para poder “descansar” do som dos tiros, embora ainda não tenha encontrado rumo para sua vida. Aliás, acredita que a situação irá se normalizar e que irá regressar à sua terra natal.
Quem também diz estar a ser difícil adaptar-se à nova vida é Momade Abudo, que reside no bairro de Mahate, também nos arredores da cidade de Pemba. O custo de vida é a maior barreira encontrada por Abudo, que reside com sua esposa e seus cinco filhos. Entretanto, garante que a sua vida será reconstruída naquele ponto do país, pois, já perdeu a esperança de regressar a Mocímboa da Praia devido à intensidade da guerra.
Sublinhar que, no passado dia 28 de Fevereiro, o Edil da vila municipal de Mocímboa da Praia, Cheia Momba, avançou que a efeméride seria assinalada, de forma simbólica, na aldeia Nanjua, no distrito de Ancuabe. (Carta)
O novo presidente do município da cidade da Beira, no centro de Moçambique, Albano Cariz, sucessor de Daviz Simango, que morreu vítima de doença, disse que quer construir uma cidade cada vez mais resiliente às mudanças climáticas.
Um dos projectos consiste em "trazer um saneamento cada vez mais próximo ao munícipe, contribuindo assim na edificação de uma Beira cada vez mais resiliente às mudanças climáticas", declarou o novo autarca, durante a sua tomada de posse em Sofala, no centro de Moçambique.
Albano Cariz, que substitui o falecido autarca Daviz Simango, ocupava a função de vereador para a área de Construção e Urbanização e estava na terceira posição na lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) às eleições autárquicas de 2018.
"É para mim uma grande honra assumir os destinos da cidade da Beira. Na nossa governação pretendemos fazer maravilhas. Vamos continuar a trabalhar para o bem do município", disse Albano Cariz.
O novo presidente pretende "fazer de tudo para mitigar os efeitos das calamidades naturais" na cidade da Beira, em Sofala, província que foi assolada, em 2019, pelo ciclone Idai e mais recentemente pelo ciclone Eloise e pela tempestade Chalane.
Segundo o autarca, dos vários projectos por materializar, consta também a reabilitação de valas de drenagem, além da criação de mecanismos de protecção costeira, acções que, segundo Albano, são continuidade do trabalho desenvolvido por Daviz Simango.
Daviz Simango, 57 anos, sofreu uma paragem cardíaca que lhe provocou a morte na madrugada do dia 22 de Fevereiro, depois de estar internado numa unidade de saúde sul-africana para onde foi transportado devido à doença súbita em 13 de fevereiro.
Cerca de 90% da cidade da Beira, capital provincial de Sofala, foi destruída pelo ciclone Idai em Março de 2019, que fez 604 mortos e mais de 1,8 milhão de pessoas afectadas, Segundo a Federação Internacional da Cruz Vermelha.
O país atravessa a época chuvosa e ciclónica, que ocorre entre os meses de Outubro e Abril, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
Os desastres naturais dos últimos meses afectaram profundamente o centro e sul de Moçambique, nas províncias de Sofala, Manica, parte sul da Zambézia, Inhambane e Gaza.
Os mais graves foram a tempestade Chalane, no final de 2020, e o ciclone Eloise, em Janeiro, que afectaram o centro de Moçambique, com um balanço oficial total de 19 mortos. Relatos de autoridades locais apontam para o dobro. (Lusa)