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A Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH) prevê, para os próximos dois dias, a ocorrência de inundações urbanas em alguns bairros da capital do país e do Município da Matola, devido a possível acumulação de águas pluviais.

 

O aviso foi emitido na tarde desta terça-feira, momentos depois de o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) ter emitido o alerta de amarelo sobre a possível a ocorrência de chuvas moderadas (de 30 a 50 milímetros em 24 horas), acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas nas províncias de Maputo, Maputo Cidade, Gaza, Manica e Tete.

 

Concretamente, as chuvas e ventos fortes irão atingir todos distritos da província de Maputo; todos distritos municipais da Cidade de Maputo; os distritos de Massingir, Chókwè, Guijá, Mabalane, Mapai, Massagena, Chigubo, Bilene, Limpopo e a Cidade de Xai-Xai, na província de Gaza; Mussurize, Sussundenga, Manica, Báruè, Macate, Vanduzi e Cidade de Chimoio, em Manica; e Doa, Moatize, Mágoe, Tsangano, Cahora Bassa, Maravia, Zumbo, Mutarrara, Chiuta, Angónia, Macanga, Marara, Chifunde, Changara, Zumbo e Cidade de Tete, na província de Tete.

 

Assim, de acordo com a DNGRH, as chuvas poderão provocar inundações urbanas, podendo afectar, na cidade de Maputo, os bairros 25 de Junho A e B, Acordos de Lusaka, Luís Cabral, Chamaculo B e C, Xipamanine, Aeroporto A e B, Munhuana, Mafalala, Urbanização, Costa do Sol, Magoanine e Mutanhana. No Município da Matola, as chuvas irão inundar os bairros da Machava, Matola Gare, Ndlavela, Patrice Lumumba, São Damanso, Unidade D, Vale de Infulene, Singatela, Tsalala, Trevo, Muhalaze, Liberdade, Fomento, Matijbuane, Nkobe e Matolas A, D, J, H e F.

 

No seu comunicado, a DNGRH afirma que as chuvas também poderão registar um incremento do volume de escoamento nas baciais do Umbeluzi, Incomáti, Limpopo, Save, Búzi e Púngoè.

 

Refira-se que o INAM anunciou, ainda na tarde desta terça-feira, que o Ciclone Tropical EX-BELNA, que está a afectar a Ilha de Madagáscar, desde segunda-feira, enfraqueceu nas últimas horas, tendo-se tornando numa depressão tropical, pelo que, poderá afectar o país. “Contudo, o INAM continua a monitorar a evolução dos sistemas na bacia do sudoeste do Índico e no Canal de Moçambique, visto que ainda estamos na época chuvosa e ciclónica”, sublinha. (Marta Afonso)

 

Lançado ontem, em Maputo, o Relatório Mundial de Desenvolvimento Humano indica que, em 2018, Moçambique manteve-se na 180ª posição (nível em que se situou em 2017), num total de 189 países avaliados, tendo consolidado a sua posição de um dos 10 piores países para o desenvolvimento da espécie humana. Em geral, o relatório da autoria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta a desigualdade como principal factor para a colocação de Moçambique no grupo.

 

De acordo com o documento, no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Moçambique alcançou 0.446 valores face a uma cotação mínima de 0.377 valores obtidos pelo Níger que é o pior de todos, contra uma máxima de 0.954 valores conquistados pela Noruega que está em primeiro lugar na tabela, com o IDH mais elevado.

 

Dos países lusófonos, Timor-Leste também se manteve na 131ª posição, que lhe coloca no conjunto dos países de desenvolvimento médio. No mesmo relatório, consta que Angola caiu duas posições, de 147 para 149, enquanto Brasil caiu um lugar, ao sair de 78 para 79, mas permanecendo na lista dos países com alto desenvolvimento humano.

 

Por sua vez, Cabo Verde está no conjunto dos Estados de desenvolvimento humano médio, tendo subido da posição 128 para 126. São Tomé e Príncipe passou de 138 para 137. Por fim na lusofonia, Portugal continua sendo o único Estado na categoria de países de desenvolvimento humano muito alto, mantendo a 40ª posição.

 

Ao nível da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Moçambique é também o pior, encontrando-se, em termos regionais, atrás da República Democrática do Congo, o segundo pior colocado na África Austral, na 179ª posição. (Evaristo Chilingue)

terça-feira, 10 dezembro 2019 06:31

Explosão na mina de Ouro em Gilé mata cinco pessoas

Sidner Lonzo, Porta-Voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), na ZambéziaCinco pessoas morreram e outras três contraíram ferimentos muitos graves, como resultado da explosão de uma motobomba, numa das minas de exploração de ouro, na Localidade de Namiale, distrito de Gilé, na província Zambézia.

 

Tudo indica que as cinco pessoas mortas ficaram intoxicadas depois da inalação do combustível pouco depois da explosão da Motobomba. No entanto, os três feridos graves encontram-se no hospital Distrital de Gilé a receber tratamentos.

 

A informação foi confirmada esta segunda-feira (09 de Dezembro) pelo Porta-Voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), na Zambézia, Sidner Lonzo, em entrevista aos órgãos de comunicação social baseados em Quelimane. (Carta)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que a malária, o principal problema de saúde pública em Moçambique, atingiu 228 milhões de pessoas, no ano passado, tendo provocado a morte de cerca de 405 mil, principalmente na África Subsaariana.

 

Os dados constam do Relatório Mundial sobre a malária, publicado semana finda, em Genebra, na Suíça. De acordo com a ONU News, os dados revelam uma queda em relação ao número de mortes em 2017, quando cerca de 435 mil pessoas perderam a vida, devido a esta pandemia.

 

Segundo aquela publicação das Nações Unidas, 61% das grávidas e crianças, na África Subsaariana, tiveram acesso a redes tratadas com insecticida em 2018, comparado com apenas 26% registados em 2010. Sublinha ainda que a cobertura das grávidas que recebem as doses recomendadas de tratamento aumentou de 22% em 2017 para 31% no ano passado.

 

Em relação às crianças com menos de cinco anos de idade, estima-se que 72% tenham tomado o medicamento preventivo durante a época chuvosa. "Grávidas e crianças são as mais vulneráveis ​​e não serão feitos progressos sem um foco nesses dois grupos", considera o Director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, em nota, citado pela ONU News.

 

Segundo a ONU News, a OMS estima que 11 milhões de grávidas foram infectadas na África Subsaariana no ano passado. Como resultado, quase 900 mil crianças nasceram abaixo do peso.

 

Para Ghebreyesus, "existem sinais encorajadores, mas a carga de sofrimento e morte é inaceitável, porque é amplamente evitável.”

 

Nos países mais atingidos, não houve melhoria na taxa global de infecções entre 2014 e 2018. O chefe da OMS afirmou que essa falta de progresso é “altamente preocupante.”

 

A falta de recursos continua sendo apontada como uma barreira. Em 2018, afirma a publicação das Nações Unidas, o financiamento para controlo e eliminação da malária atingiu cerca de 2,7 biliões de USD, muito aquém da meta de 5 biliões de USD.

 

No ano passado, a OMS e a Parceria RBM para o Fim da Malária lançaram uma iniciativa que se concentra nos países mais afectados. O plano deve ser implementado em 11 países, onde se registram 70% de todos os casos.

 

Em Novembro desse ano, a iniciativa já tinha sido lançada em nove desses países, com reduções substanciais em dois deles. Na Índia, foram registados menos 2,6 milhões casos e no Uganda menos 1,5 milhão. (ONU News)

A chuva intensa que se abateu sobre a Beira, centro de Moçambique, trouxe para Rabeca Mussece lembranças do pesadelo de um passado recente de destruição, tendo sido obrigada novamente a procurar refúgio num centro de acolhimento após inundações na sua casa.

 

“Voltei a ser obrigada a deixar a minha casa e fugir para um centro de acomodação devido à chuva, tal como em Março. Perdi o pouco que estava a tentar reorganizar”, lamenta à Lusa Rabeca Mussece, 33 anos, com o filho ao colo, sentada num dos bancos da Escola Secundária de Matadouro, no bairro da Manga, cidade da Beira.

 

Tal como Rabeca Mussece, um total de 110 pessoas foram obrigadas a procurar refúgio naquela escola após chuva intensa, de quarta-feira e quinta-feira, nalguns distritos da província de Sofala, incluindo a cidade da Beira.

 

Estas regiões tentam reerguer-se após a passagem do ciclone Idai, que matou cerca 604 pessoas no centro do país e afectou 1,5 milhão, destruindo diversas infra-estruturas. As chuvas começaram na madrugada de quarta-feira, anunciando a época chuvosa que o país agora atravessa e que só termina em Abril.

 

"Só na madrugada de quarta-feira a quantidade de chuva que caiu foi a que nós estávamos a prever para os próximos 15 dias deste mês. Foi muita chuva e vamos continuar a monitorar até que as baixas pressões passem ao nível desta região", disse à Lusa Jamal Alfat, delegado do Instituto Nacional de Meteorologia em Sofala.

 

Além da cidade da Beira, a chuva inundou residências nos distritos de Marromeu, Cheringoma, Caia, Muanza, Dondo, Búzi, Nhamatanda, Marínguè, Gorongosa, destruindo infra-estruturas e deixando um total de cinco mil pessoas vulneráveis.

 

Hoje, para os que se refugiaram nos centros de acomodação, os problemas parecem ser os mesmos de há nove meses.

 

“Pedimos água, mantas e redes mosquiteiras, pois, muitos de nós perdemos quase tudo com a chuva de quarta-feira”, lamentou Rabeca Mussece.

 

Não muito longe da Escola Secundária de Matadouro, o bairro periférico Ndunda é um retrato fiel do impacto das chuvas, com várias casas submersas e crianças a transformarem os charcos em lagoas, num evidente perigo para a saúde pública.

 

"Há pessoas a beberem água retirada dos charcos”, alerta Afonso Luis Neves, um dos poucos residentes do bairro que teve a coragem de permanecer no local, embora, por vezes, temesse que chuva tivesse o impacto do Idai.

 

"Não sabíamos muito bem o que estava a acontecer na madrugada de quarta-feira. Mas decidi ficar, não dá para perder tudo novamente como aconteceu no Idai”, acrescenta Afonso Luís Neves.

 

O Hospital Central da Beira espalhou brigadas pelas ruas da cidade da beira para evitar surtos e outras doenças associadas às chuvas.

 

“Até ao momento não temos qualquer caso de diarreia relacionado com o evento que estamos a passar, mas estamos prontos para responder, disse a directora clínica do HCB, Ana Tambo.

 

Apesar de ter abrandado nos últimos dois dias, as previsões apontam para chuva na Beira nos próximos dias.

 

O ciclone Idai afectou cerca de 1,5 milhão de pessoas no centro do país.

 

Pouco tempo depois, em Abril, o norte do país foi afectado por outro ciclone, o Kenneth, que causou a morte de 45 pessoas e afectou 250 mil. Entre os meses de Novembro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral. (Lusa)

A petroquímica sul-africana Sasol e o Governo dizem não ter resposta da comissão de inquérito sobre o tumulto havido a 27 de Novembro no distrito de Inhassoro, norte de Inhambane, protagonizado por populares que reivindicavam a contratação externa da mão-de-obra em empresas sub-contratadas pela multinacional. A título de exemplo, a população que se amotinou em frente à administração local referenciou a chegada, naquela semana, de um grupo de 100 pessoas vindas de Maputo para trabalhar na Bonatti, uma empresa sub-contratada pela Sasol.

 

Em conversa telefónica com o responsável pelas Relações Institucionais da Sasol, Januário Mucavele, e com o Secretário Permanente do Distrito, José Matsinhe, “Carta” soube que a equipa, composta por ambos organismos, não conseguiu cumprir com as datas indicadas, alegadamente, porque o trabalho não foi concluído.

 

O Secretário Permanente, que chefia a comissão, avançou que amanhã (10) o grupo poderá pronunciar-se sobre o assunto. “O caso está a preocupar o Governo. Então, acredito que até esta terça-feira o relatório estará disponível”, disse Matsinhe.

 

Segundo o Governante, o trabalho da equipa visa apurar, junto das empresas sub-contratadas pela Sasol, a veracidade das alegações que levaram a população local a reivindicar. Para o efeito, Matsinhe disse estar em curso um trabalho de fiscalização das referidas empresas.

 

Refira-se que, para além da exclusão de contratação de mão-de-obra local, durante a manifestação, a população queixou-se ainda da falta de transparência na contratação e das cobranças de valores monetários que chegam a 15 mil Meticais em troca de emprego. O tumulto levou à detenção duma cidadã e disparos pela polícia para dispersar os manifestantes que chegaram a bloquear uma estrada com toros e paus. (Carta)