“Ainda que devolva o diploma, não vai mudar o que fiz”. Assim reagiu o controverso e auto-intitulado profeta, Joe Williams, a um pedido do actual deputado e porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo, Edmundo Galiza Matos Júnior, para que o Diploma de Honra atribuído pelo partido àquele devotado “servo de Deus” seja cassado.
Num vídeo posto a circular nas redes sociais, Joe Williams avançou, sem entrar em detalhes, que o diploma foi-lhe atribuído porque ele fez “uma coisa boa para o partido Frelimo”, seu partido, pelo que uma eventual devolução do diploma não alteraria o que ele fizera em benefício da formação política no poder.
Conhecido também como um grande “bon vivant”, Joe Williams recebeu um Diploma de Honra do Comité Provincial de Inhambane pelo seu “empenho, dedicação, apoio e participação activa” nas últimas Eleições Gerais, cuja votação foi a 15 de Outubro último.
Sobre o diploma em concreto, Williams disse que o "papel" em nada acrescentava à sua pessoa, isto porque não o “colocava em cima ou embaixo” dos demais. Para Williams o diploma era apenas um gesto de agradecimento e uma “verdadeira prenda” que o partido lhe oferecera.
"O certificado diz que eu fiz uma coisa boa para a Frelimo e para o meu partido. O que a Frelimo está a fazer é agradecer-me. É como uma prenda….É tipo um copo. Mesmo que eu devolva o copo, isso não vai mudar o que eu já fiz”, respondeu Joe Williams à Galiza Matos Jr. Ele desafiou Galiza a ir à sua residência levar o diploma e afixá-lo na parede de sua casa (de Galiza).
Em carta datada do passado dia 18 de Dezembro e dirigida ao Secretariado do Comité Central da Frelimo, com o conhecimento do Comité Provincial de Inhambane, Galiza Matos solicitou ao Secretário Geral do partido, Roque Silva, a cassação do diploma atribuído à Joe Williams, um suposto “profeta” que se considera como o homem mais rico de Moçambique. (Carta)
Duas raparigas perderam a vida no Distrito de Morrumbala, na Zambézia. Em causa esteve a explosão de uma mina antipessoal (morteiro 82mm) que terá detonado quando as adolescentes se encontravam a cultivar a terra naquele distrito localizado a sul da segunda província mais populosa do país, confirmou Sidner Lonzo, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), na Zambézia.
Falando esta quinta-feira (19) à imprensa, em Quelimane, Sidner Lonzo disse: “o artefacto explodiu quando as adolescentes estavam na machamba, sendo que a mina foi activada depois que foi tocada por uma enxada”.
O porta-voz da PRM explicou que durante a semana foram desactivadas duas minas na localidade de Naciaia, no Distrito de Namacurra. A operação ocorreu após as autoridades terem sido notificadas por sete vezes pela população local, principalmente por camponeses.
Lonzo revelou que, nos locais onde as minas foram encontradas, nunca existiram bases militares, mesmo durante o período da guerra civil. “Não existia nenhuma base militar num raio de 500 metros, sendo por isso uma situação que ainda teremos de investigar porque tem surpreendido as comunidades”, garantiu Lonzo.
De acordo com Lonzo, ao longo do presente ano, as autoridades desactivaram sete engenhos explosivos a nível da província da Zambézia.
De salientar que também na cidade de Tete quatro menores residentes no bairro Samora Machel perderam a vida a 19 de Setembro último, quando inadvertidamente accionaram engenhos explosivos do género, além de que as autoridades policiais encontraram, no passado dia 2 de Novembro, 15 minas naquele mesmo bairro.
Dados oficiais indicam que Moçambique tornou-se um país livre de minas antipessoais em Setembro de 2015, graças a um processo de desminagem que começou em 1992, logo após o fim da guerra civil, tendo o distrito de Morrumbala sido um dos abrangidos pelo projecto de desminagem financiado por diversas organizações internacionais, num processo que durou 23 anos.
Entretanto, quatro anos após a declaração das autoridades dando conta que já não existiam mais minas, eis que as províncias de Tete e Zambézia voltam a viver episódios oficialmente tidos como ultrapassados. (Carta)
A Westminister Foundation for Democracy (WFD) lançou, esta quarta-feira, em Maputo, um Relatório sobre a situação social e económica das pessoas com deficiência em Moçambique, intitulado “Rumo a Políticas Sociais, Económicas e Inclusivas para as pessoas com Deficiência em Moçambique”.
De acordo com o Relatório, que reporta os resultados de um estudo realizado em Setembro último, a relação entre a deficiência e a pobreza, em Moçambique, é o principal factor que define as semelhanças entre as regiões do país.
Entretanto, ainda de acordo com a pesquisa, este factor é bastante significativo, visto que a pobreza afecta a maioria das populações das zonas rurais do país, grande parte das quais não possui infra-estruturas sociais, económicas e físicas adequadas, principalmente para as pessoas com deficiência.
Entretanto, lê-se no documento, existem alguns avanços na operacionalização das acções sobre a deficiência no país, embora persistam ainda alguns desafios que partem das acções multissectoriais, em que todos os intervenientes se consciencializem que só com uma abordagem conjunta se pode combater os obstáculos sociais e económicos, a discriminação, negação de direitos e outras barreiras.
Segundo a Alta-Comissária Britânica na República de Moçambique, NneNne Iwuji-Eme, o país tem vindo a desenvolver vários esforços tendentes a melhorar o quadro da pessoa com deficiência e estas acções são de louvar.
“As vozes ouvidas neste estudo fazem menção à persistência do estigma e discriminação das pessoas com deficiência, baixos níveis de empoderamento e barreiras no acesso a oportunidades de trabalho. Estes factos subsidiam a visão do governo do Reino Unido de que este é o momento para agir”.
Entretanto, para o Presidente do Conselho de Direcção da Associação dos Deficientes Moçambicanos (ADEMO), Ricardo Moresse, um outro grande desafio que se coloca é a falta de um censo específico sobre a população com deficiência em Moçambique, pois os dados existentes apresentam números aproximados, como se pode ver através do Censo Populacional de 2017, cujo quadro está aquém do desejado, o que pode dificultar uma planificação adequada para o sector da deficiência.
O lema “nada sobre nós, sem nós”, mencionado pelo estudo, não passará de letra morta enquanto as pessoas com deficiência continuarem a viver à margem dos centros de tomada de decisão, e enquanto se mantiverem as barreiras de ordem arquitectónica, e de acesso às tecnologias de comunicação e informação, que impedem a participação efectiva das pessoas com deficiência, em diversas esferas da vida social, económica e política. (Marta Afonso)
O sector da saúde passa a contar, desde a última segunda-feira, com 39 novos médicos especialistas em diferentes áreas, que vêm reforçar o “contingente” de 64 formados em 2018.
Segundo informações partilhadas no site oficial do Hospital Central de Maputo (HCM), esta semana, os médicos recém-graduados são formados em diversas especialidades como Anestesia e Reanimação, Cardiologia, Cirurgia, Hematologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Medicina Física e Reabilitação, Medicina Interna, Neurologia, Medicina Legal, Pediatria, Colo proctologia e Saúde Pública.
De acordo com a Ministra da Saúde, Nazira Abdula, os recém-formados devem aceitar trabalhar em qualquer local que a colocação indicar, e fazer o uso adequado das valências e competências adquiridas durante o período de formação de modo a garantir a melhoria da qualidade da assistência dos doentes.
“Somos privilegiados por termos no nosso País um “Hospital Escola” como o Hospital Central de Maputo, que de entre as imensas valências que contribuem para a melhoria da qualidade assistencial do doente, investe na formação com qualidade, na investigação científica e na busca de parcerias, sendo que os resultados são visíveis na qualidade e diversidade dos serviços oferecidos nas diferentes Unidades Sanitárias do País, o que é consubstanciado pela redução da transferência de doentes para diagnóstico e tratamento entre diferentes pontos do País e a nível internacional".
A titular da pasta de saúde realçou também o facto de, no quinquénio (2015-2019) prestes a findar, o MISAU ter colocado à disposição do mercado nacional 240 especialistas moçambicanos nos Hospitais Centrais, Provinciais, Gerais e Distritais, o que melhorou, na sua óptica, a capacidade técnica e a qualidade assistencial dos doentes.
Segundo a Ministra da Saúde, esta disponibilidade de Médicos Especialistas foi acompanhada pela expansão da rede sanitária, que conheceu avanços significativos nos últimos cinco anos, o que permitiu reforçar a capacidade de diagnóstico e tratamento de diversas patologias a nível das unidades sanitárias.
Mais do que investir e expandir os campos de formação, a Ministra da Saúde referiu que é preciso garantir que estes estejam revestidos de capacidades técnicas para a formação de capital humano com a qualidade almejada.
A apresentação do novo quadro de médicos especialistas aconteceu durante a cerimónia de encerramento do ano lectivo da Residência Médica 2019 (Pós-graduação Médica) do Hospital Central de Maputo (HCM) a qual serviu para fazer a entrega formal destes profissionais ao Ministério da Saúde para a colocação imediata em todo o país. (Marta Afonso)
Cinco dias após a detenção dos 12 cidadãos iranianos transportando mais de 1500 kg de heroína – conforme noticiamos na última segunda-feira – o Director-geral do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), Domingos Jofane, veio confirmar ontem, à imprensa, que os indivíduos interceptados pela operação conjunta entre a Marinha de Guerra das FADM e o SERNIC, efectivamente, transportavam as quantidades de droga acima mencionadas.
Segundo Domingos Jofane, “apercebemo-nos da aproximação de um barco que transportava carga proibida, fizemo-nos ao mar no sentido de enfrentarmos esse mal e os criminosos incendiaram o barco. De seguida capturamos 12 traficantes que estão, neste momento, a contas com a justiça”.
Jofane confirmou que as imagens que viralizaram nas redes sociais nos últimos dias eram autênticas e que o trabalho foi realizado em coordenação com as Forças de Defesa e Segurança (FDS). Este esclarecimento foi proferido à margem do Conselho Coordenador do SERNIC, que decorre em Maputo, com duração de três dias, e visa analisar a proactividade e implicações do combate ao crime.
A questão do tráfico de drogas pesadas em Moçambique virou um problema sério, conforme avançou a organização Iniciativa Global Contra o Crime Organizado, em Março do presente ano.
Segundo o seu estudo, as cidades de Pemba, Nacala, Nampula, Angoche e Maputo são citadas como “portos” de entrada e circulação de droga, sendo que o destino principal é a África do Sul, dali saindo para países da Europa, América e Ásia.
De acordo com o estudo, o tráfico da heroína proveniente do Afeganistão criou um novo corredor que passa por três países: Tanzânia, Moçambique e Quénia, o qual, entre os anos de 2016 e 2017 chegou a render pouco mais de 300 milhões de USD e estimando-se que no país tenham ficado mais de 100 milhões de USD. (Carta)
Funcionários públicos afectos a diversos pelouros do Governo da Província de Inhambane retiraram de forma fraudulenta, dos cofres do Estado, mais de 20 milhões de Mts, ao longo do ano. A informação foi avançada pelo Director Provincial de Combate à Corrupção (DPCC), Sinai Lonzo, em conferência de imprensa realizada na última segunda-feira.
Lonzo avançou que correm processos na justiça, nomeadamente, contra 13 funcionários da Autoridade Tributária, três Oficiais da Justiça, um Administrador distrital, um Director Provincial, três agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e um do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), totalizando assim 22, os arguidos envolvidos em desvios e subfacturações nas instituições acima citadas.
O valor total (estimado) dos desfalques ronda os 20 milhões de meticais, porém, as instituições de justiça só conseguiram recuperar pouco mais de 250 mil meticais até ao momento. (Carta)