Orçado em 4.2 milhões de Euros, financiados pela União Europeia e gerido pelo Instituto Camões, o projecto “Mais Emprego” transformou a vida de 1435 beneficiários, nos últimos quatro anos, em Cabo Delgado, uma província devastada pelo terrorismo, desde 2017. A iniciativa é levada a cabo pela Secretaria de Estado da Juventude e Emprego (SEJE).
O Projecto foi lançado em 2020 com o objectivo de aumentar as oportunidades económicas da população de Cabo Delgado, particularmente os jovens, contribuindo para a melhoria do acesso ao trabalho decente e do respectivo rendimento.
Dos 1435 beneficiários, 937 são jovens, 317 formadores e técnicos de emprego e 181 técnicos e dirigentes das entidades parceiras, 304 estagiários acolhidos por 39 empresas e 149 jovens com kits de apoio ao auto-emprego.
Segundo o Embaixador de Portugal em Moçambique, António Costa Moura, mais de 50% dos jovens abrangidos melhorou o seu rendimento graças à intervenção do Projecto “Mais Emprego”.
“Apoiou ainda 35 Pequenas e Médias Empresas (PME) no seu percurso para a certificação de qualidade ISO: 9000, tendo sido concluídas auditorias internas de qualidade e apoiados os processos de candidatura à certificação por entidades competentes de 14 PME”, apontou o Embaixador.
Falando na cidade de Maputo, em conferência final dos quatro anos de implementação do Projecto, Moura acrescentou que, enquanto projecto-piloto, o Mais Emprego permitiu, com o seu apoio, o desenvolvimento de novas abordagens e mecanismos, nomeadamente, a instalação da Incubadora de Empreendedorismo Juvenil no Instituto Nacional do Emprego (INEP) em Pemba, do Centro de Excelência de Formação de Formadores da Universidade do Lúrio (UNILÚRIO), dos Gabinetes de Apoio à Inserção na Vida Activa, da Loja do Empreendedor Mais Emprego, da certificação internacional de formadores de soldadura e do Centro de Electrotécnica do Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo.
“Estes resultados foram obtidos num contexto marcado permanentemente pelo conflito e pela crise económica provocada pela retração dos mega-projectos que arrastou consigo a maioria das PME que constituíam o tecido empresarial de Cabo Delgado”, lembrou o Embaixador.
Na conferência, alguns jovens beneficiários contaram as experiências colhidas com o Projecto “Mais Emprego”. É o caso da Maissa Rasse, residente em Pemba, proprietária da Serralharia Bila, formada em pintura de construção civil e soldadura. “Eu aprendi que para ter sucesso é preciso lutar, é preciso ser segura e dedicada. Aprendi também como conduzir um negócio, como gerir o dinheiro de forma adequada. Precisamos ser muito atentas e sérias, principalmente nós as mulheres”, disse Rasse, que se beneficiou também de um kit de soldadura.
Dos beneficiários falou também Ivan Baptista, jovem de 24 anos, formado em Higiene e Segurança no Trabalho, bem como Informática e Gestão de Pequenos Negócios. “Participei no concurso de ideias de negócios porque já tinha interesse no empreendedorismo. Eu queria algo diferente e não trabalhar para alguém”, contou. Com o Projecto, o jovem conseguiu abrir a IT Transportes e Serviços. Conta com algumas motorizadas, das quais, quatro para táxi e as restantes para entregas de encomendas”, contou o empreendedor. Com o negócio, diz conseguir um lucro mensal de 30 mil Meticais.
No seu discurso de ocasião, o Secretário de Estado da Juventude e Emprego, Oswaldo Petersburgo, disse que é preciso acarinhar, encorajar e apoiar aqueles que com foco e determinação promovem o bem. “Vocês são exemplo de resiliência e inspiração. Espero que mais jovens se inspirem verdadeiramente em vós para lutarem pelo bem de Moçambique”, disse Petersburgo, dirigindo-se aos beneficiários.
O evento contou com o Embaixador da União Europeia em Moçambique, Antonino Maggiore, que igualmente se mostrou feliz pelos resultados do Projecto. Ao que “Carta” apurou no local, a União Europeia e parceiros estão a terminar conversações para o alargamento do orçamento para cerca de nove milhões de Euros, bem como para extensão do projecto a Nampula, província onde os terroristas recrutam jovens para as suas fileiras. Ainda não há data para o anúncio e arranque da segunda fase do Projecto “Mais Emprego”. (Evaristo Chilingue)
Pelo menos 76 pessoas morreram e outras 240 ficaram feridas por baleamento em Moçambique em 41 dias manifestações de contestação dos resultados eleitorais, indicou ontem a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
Segundo o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral, que aponta dados de 21 de outubro a 01 de dezembro, há ainda registo de “mais de 1.700 feridos por causas diversas”, em todo o país, nestas manifestações e uma estimativa de “mais de 3.000 detenções”.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou ontem uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir de quarta-feira, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00.
“Todos os bairros em atividade forte”, disse Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, numa intervenção através da sua conta oficial na rede social Facebook, convocando este novo período de contestação de 04 a 11 de dezembro.
“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros, - não temos necessidade de fazer grandes deslocações - levantando os nossos cartazes”, disse Venâncio Mondlane.
Tal como aconteceu de 27 a 29 de novembro, o candidato presidencial pede que as viaturas parem de circular das 08:00 às 15:30 locais (menos duas horas em Lisboa), seguindo-se então 30 minutos para se entoar os hinos de Moçambique e de África nas ruas.
“Vamo-nos manifestar de forma ininterrupta, sem descanso. Vão ser sete dias cheios (…). Todas as viaturas, tudo o que se move, fica parado”, insistiu, pedindo aos automobilistas para colarem cartazes de contestação nas viaturas que circulem até às 08:00 e depois das 16:00.
Na mesma intervenção, em que pediu o fecho de portas de várias instituições oficiais, exigiu ainda que as portagens sejam “encerradas” durante esta semana e aconselhou à suspensão de voos para o país.
“Pelo facto de nós estarmos a organizar o nosso país, manifestando a nível nacional, gostaríamos que se suspendessem - é uma recomendação, porque não vamos ter festas [Natal e passagem de ano], não há festas felizes quando um povo está triste, assassinado, preso (…) -, solicitar, que durante esta semana se suspendessem os voos de e para Moçambique”, disse o candidato, pedindo igualmente a paragem de toda a atividade escolar.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. (Lusa)
Os escritórios da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) no distrito de Mogovolas, na província de Nampula, foram alvo de ataque, na última sexta-feira (29), por parte da população, resultando em vários danos. A situação forçou a paralisação das actividades.
Mais uma vez, a desinformação sobre a cólera foi a principal causa da destruição. Os atacantes acusam os funcionários da MSF de alegadamente estarem a propagar micróbios que causam a cólera, que assola aquela região de Nampula.
Uma fonte revelou à "Carta" que, antes do ataque aos escritórios da organização, os populares haviam deixado uma carta na qual alertavam que, caso as mortes por cólera não cessassem, as instalações e os contentores alocados para serviços de cirurgia seriam destruídos.
A mesma fonte acrescentou que, nos últimos dias, as autoridades têm enfrentado dificuldades para manter uma boa convivência com a população. Recentemente, os operadores de táxi-mota de uma praça local se recusaram a manter um encontro com o administrador local.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula confirmou a destruição dos escritórios da MSF, resultante da desinformação sobre a origem da cólera, propalada por indivíduos ainda desconhecidos. A porta-voz da PRM, Rosa Chaúque, confirmou o ataque às instalações da organização Médicos Sem Fronteiras.
“Um grupo de indivíduos desconhecidos invadiu as residências dos Médicos Sem Fronteiras, munido de bombas caseiras e instrumentos contundentes. Amarraram o guarda do local, incendiaram um veículo e uma motorizada e subtraíram um telemóvel, alegadamente por estes estarem a distribuir medicamentos contra a cólera naquele distrito”, disse em conferência de imprensa esta segunda-feira (2), na cidade de Nampula.
A fonte garantiu que "decorrem, neste momento, diligências para a neutralização dos autores deste acto. Refira-se que o distrito de Mogovolas é o único que, neste momento, regista casos de cólera ao nível da província de Nampula, com sete óbitos confirmados até ao momento. (Carta)
Os professores prometeram e cumpriram com o boicote aos exames, especialmente na província de Maputo. "Carta" contabilizou cerca de nove escolas, onde os alunos foram retirados das salas de aula pelos professores, sob a alegação de que o Governo não pagou as horas extras em atraso, que se verifica desde 2022.
A paralisação dos exames aconteceu em várias escolas secundárias, tais como da Liberdade, de Matlemele, da Matola, Malagatana Nguenha, Eng. Filipe Nyusi, Nelson Mandela, do Bili, da Massaca e Unidade 2, todas na província de Maputo.
“Já bebemos água o suficiente, inclusive tivemos várias reuniões com as direcções provinciais e com o próprio Governo, sendo que nenhuma conversa surtiu efeito. Todos os dias só fazem promessas que nunca cumprem”, disseram os professores da Escola Secundária Eng. Filipe Nyusi que, por sinal, foram os primeiros a contactar a Redacção da “Carta” na manhã desta segunda-feira, informando que estavam a mandar embora os alunos porque o Governo não cumpriu com a sua promessa.
Na Escola Secundária Unidade 2, por exemplo, a direcção da escola deu batas aos vizinhos, que tiveram de pular o muro para controlar o único exame de português que foi realizado, enquanto os professores se manifestavam do lado de fora, exigindo pagamento das horas extras. "Não estamos a pedir nenhum favor, estamos a exigir aquilo que são os nossos direitos e não vamos entrar nas salas de aula enquanto não formos pagos", afirmaram os professores.
Na Escola Secundária da Liberdade, a direcção tentou negociar com os professores, horas antes do início dos exames, mas sem sucesso. Os professores mantiveram-se firmes na sua decisão de não entrar nas salas de aula.
No caso da Escola Secundária da Matola, os professores entraram nas salas e dispersaram os alunos, que saíram aos cânticos e ao som de apitos, em apoio à causa da classe. Em Boane, depois de os professores mandarem os alunos da 12ª classe saírem das salas e irem para casa, estes decidiram juntar-se e iniciar uma marcha ao som de “vuvuzelas” e apitos.
Quanto à capital do país, apesar do boicote de alguns professores, na maioria das escolas os alunos realizaram os exames normalmente. Vale ressaltar que nesta segunda-feira haviam sido agendados os exames de Português e Biologia para a 10ª e Português e Filosofia para a 12ª classe, mas, em algumas escolas, só foi possível realizar um único exame devido ao boicote.
"Carta" soube que alguns funcionários do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), destacados para o terreno para acompanhar a situação de perto, prometeram que o pagamento das horas extras seria efectuado até ao fim do mês corrente. (Carta)
O Banco de Moçambique afirma que os preços vão aumentar até final do ano devido às consequências da tensão pós-eleitoral no país, de acordo com a mais recente previsão, a que a Lusa teve acesso.
O relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação (CEPI) indica que a inflação em Moçambique “manteve-se estável em outubro”, apesar de um ligeiro aumento para 2,68%, mas “as perspetivas de curto prazo apontam para uma aceleração da inflação anual no quarto trimestre de 2024”.
“Esta previsão decorre, essencialmente, das restrições no fornecimento de bens e serviços decorrentes da tensão pós-eleitoral”, lê-se no relatório.
Acrescenta que o inquérito de novembro aos agentes económicos “aponta para a estabilidade da inflação anual”, em torno de 3,14 % em dezembro, equivalente a 19 pontos base “abaixo das expectativas divulgadas no inquérito anterior”.
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou, há precisamente um mês, que a instabilidade pós-eleitoral no país não altera as previsões de crescimento - 5,5% segundo o Governo em 2024 -, que já incorporavam essa possibilidade, desde que “se dissipe” no “curto prazo”, o que não aconteceu até agora, com sucessivas paralisações e manifestações, incluindo o encerramento da maior fronteira do país.
“Por enquanto, na base daquilo que sabemos hoje, de como esses riscos estão a ocorrer e se está materializando neste momento (…) no entendimento que esse processo, esses riscos, se dissipem no curto prazo, é que essas perspetivas da nossa economia são positivas. Hoje, por enquanto. No entendimento que se dissipe num período razoável, curto”, disse na altura o governador.
“É essa a mensagem, porque já estavam incorporados [os riscos pós-eleitorais], na nossa visão, nas nossas perspetivas. Hoje só se estão a realizar. Não são uma coisa nova em que, como tal, temos que ajustar as nossas previsões”, acrescentou Zandamela.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que disse que vai anunciar hoje uma nova vaga de contestação.
A anterior, entre 27 e 29 de novembro, levou a nova paralisação da cidade de Maputo, com barricadas de manifestantes por toda a capital, impedindo a circulação.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. “As nossas projeções já têm vindo a incorporar esses riscos, essas incertezas”, garantiu o governador do Banco de Moçambique.
Esta onda de contestação acontece em Moçambique desde 21 de outubro, com as atividades económicas fortemente condicionadas, com protestos pós-eleitorais que até se alastram ainda à principal fronteira do país, Ressano Garcia, com a África do Sul. (Lusa)
Está agendada para esta manhã, quando forem 11h00, a conferência de imprensa destinada ao anúncio da proposta do PODEMOS para o fim da crise pós-eleitoral, caracterizada por manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. A referida conferência de imprensa estava agendada para as 16h00 desta segunda-feira, mas foi adiada em cima da hora sem quaisquer explicações aos jornalistas.
À “Carta”, uma fonte do PODEMOS explicou que o adiamento se deveu à sobreposição de agenda do Presidente do partido, Albino Forquilha, que à hora marcada estava reunido. A fonte explicou que, pela sensibilidade do tema, não havia condições de ser delegado outro membro a apresentar a proposta, pelo que o evento terá lugar esta manhã, em Maputo.
No entanto, alguns críticos entendem que o adiamento se deveu ao desalinhamento entre a comunicação do PODEMOS e do candidato presidencial Venâncio Mondlane. Lembre-se que Mondlane fez uma transmissão em directo às 13h00 de ontem, na qual anunciou o início, amanhã, de uma nova fase das manifestações populares, que deverá decorrer em todos os bairros do país durante oito dias.
De acordo com o comunicado de imprensa inicial emitido pelo PODEMOS, a proposta para o fim da crise pós-eleitoral será entregue ao partido Frelimo, à Presidência da República e a “outras instituições relevantes”, não especificadas.
Refira-se que falhou, na terça-feira, o diálogo político entre o Presidente da República e os candidatos presidenciais, com objectivo de pôr fim à crise que se vive no país. O falhanço deveu-se à ausência do candidato Venâncio Mondlane, que se encontra em parte incerta (no estrangeiro) há mais de 40 dias.
Mondlane, que foi o primeiro a confirmar a presença na reunião, disse que não se fez ao encontro porque não recebeu quaisquer respostas do Presidente da República à proposta de agenda por si submetida, no acto da confirmação da presença no encontro. (Carta)
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu ontem que o HIV/SIDA prevalece entre os principais desafios de saúde pública no país, destacando, no entanto, resultados “encorajadores” no combate à doença nos últimos anos.
“Ainda estamos a perder muitos compatriotas nesta batalha, mortes que podem ser evitadas”, declarou Filipe Nyusi, numa mensagem alusiva ao Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, assinalada este domingo.
O número de mortes por HIV/SIDA, em Moçambique, baixou para cerca de 44.000, em 2023, comparado aos 48 mil óbitos registados em 2022, segundo estatísticas do Governo moçambicano, que estima em 81 mil novas infeções no país.
Embora admita que a SIDA continua um desafio de saúde pública, na sua mensagem, o chefe de Estado moçambicano destacou “resultados positivos” nas estratégias do Governo e parceiros face à doença. “As novas infeções pelo HIV na população reduziram, tendo passado de 143 mil em 2015 para 81 mil em 2023. O Mesmo aconteceu com o número de novas infeções em crianças dos 0 aos 14 anos, que passaram de 19 mi, em 2015, para 12 mil, em 2023”, frisou.
Apesar dos resultados, prosseguiu o chefe de Estado, a doença continua um problema que exige o envolvimento de todos para sua erradicação, numa estratégia cujo objetivo é, sobretudo, desacelerar o número de mortes e baixar ainda mais as novas infeções. “Queremos alargar a cobertura do tratamento antirretroviral e reduzir níveis inaceitáveis do estigma e discriminação”, acrescentou Filipe Nyusi.
O Governo moçambicano estimou em 2,4 milhões o número de pessoas vivendo com HIV/SIDA no país, segundo dados de 2023, em que igualmente se registaram 81 mil novas infeções, uma redução comparando com estatísticas de 2022, com 97 mil novos casos.
Aponta-se as províncias de Sofala e Zambézia (centro do país), e de Nampula (na região norte) como as que registam índices elevados de novas infeções, enquanto Tete (centro) apresenta números mais baixos. As estatísticas do Governo indicam ainda que no ano passado 10% do total das mulheres grávidas com HIV transmitiram o vírus para as suas crianças.
Para reduzir o número de novas infeções e de mortes pela doença, o Governo está a realizar um inquérito visando compreender os níveis de estigma com o objetivo de combatê-lo e de mobilizar mais pessoas a testar e iniciar tratamento ao HIV. (Lusa)
Pelo menos cinco pessoas perderam a vida desde Outubro em consequência das chuvas que afectam a província de Nampula, no norte do país, além de vários outros danos. Todas as vítimas foram atingidas por descargas atmosféricas.
A delegada do Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD) em Nampula, Anacleta Botão, afirmou na sexta-feira (29), durante a reunião do Comité Operativo de Emergência, que um total de 2.044 pessoas foram afectadas desde o início da época chuvosa 2024/2025.
Botão detalhou que a maioria das pessoas afectadas, incluindo os danos, ocorreram principalmente nos distritos de Malema, Monapo e Meconta. "Contabilizamos um total de 2.044 pessoas afectadas e registamos cinco óbitos, todos causados por descargas atmosféricas", revelou, destacando que foram destruídos não só imóveis, mas também postos de energia eléctrica, salas de aula e algumas unidades sanitárias.
Apesar do trabalho dos Comités de Gestão do Risco de Desastres Naturais, que têm realizado acções de sensibilização nas comunidades, a delegada do INGD lamentou a insistência de algumas pessoas em viver em zonas consideradas de alto risco.
Além disso, o Secretário de Estado Jaime Neto e o governador Manuel Rodrigues destacaram a importância de intensificar a sensibilização para evitar mais perdas humanas na província.
Na província de Nampula, onde são necessários 970 milhões de meticais para a resposta a emergências, as autoridades estimam que cerca de 100 mil pessoas poderão ser afectadas durante a época chuvosa e mais de 20 mil vão precisar de apoio directo. (Carta)
Orçado em 154 milhões de dólares sob financiamento dos Bancos Mundial, Alemão e Europeu, o projecto de interconexão eléctrica entre Moçambique e Malawi (MOMA) irá adicionar 120 mega watts à rede nacional de energia eléctrica do Malawi.
Em Moçambique, a infra-estrutura parte da subestação de Matambo para Zóbuè, no distrito de Moatize, em Tete, numa extensão de 142 quilómetros, com capacidade de 400 kV. Já no território malawiano, a linha tem 76 quilómetros até Phombeya, no distrito de Balaka, visando melhorar o acesso a este serviço no país vizinho.
Este projecto marca o início de um novo capítulo no fornecimento de electricidade no Malawi, pois contribuirá não só para o crescimento económico do país, mas também para a industrialização da região austral de África.
O Secretário-chefe do Ministério malawiano da Energia, Alfonso Chikuni, garantiu que o seu país poderá começar a receber energia de Moçambique a partir de Junho de 2025.
Chikuni disse que o projecto enfrentou atrasos significativos tanto do lado do Malawi como de Moçambique. "A construção do lado do Malawi deverá ser concluída até Março de 2025, enquanto o trabalho no lado moçambicano deverá terminar até Abril de 2025. Os testes finais e a integração do sistema ocorrerão até Maio de 2025", disse Chikuni.
O projecto, uma vez concluído, permitirá que o Malawi importe na fase inicial até 50 megawatts de electricidade de Moçambique, uma medida que visa estabilizar o fornecimento de energia do país, que há muito tempo é insuficiente para uso doméstico e industrial.
O presidente da Comissão Parlamentar de Recursos Naturais e Mudanças Climáticas, Werani Chilenga, elogiou o governo por levar adiante a interconexão, descrevendo-a como crucial para resolver o deficit energético do país.
"Este é um passo louvável para melhorar o fornecimento de energia do país. No entanto, deve-se notar que este projecto já está há muito atrasado. Temos que acelerar para garantir que sectores-chave como mineração e manufatura não sejam prejudicados pela falta de energia", disse Chilenga.
O projecto MOMA faz parte de uma iniciativa regional mais ampla para melhorar o comércio de energia no âmbito do Southern African Power Pool.
Malawi assinou um acordo inicial para importar 50 megawatts de Moçambique, com planos de aumentar para 120 megawatts.
Espera-se que o projecto alivie os desafios energéticos de longa data do Malawi, que têm sufocado o crescimento industrial e o desenvolvimento económico. No entanto, permanecem questões sobre a prontidão do país para cumprir as suas obrigações financeiras relacionadas ao acordo de compra de energia, particularmente em termos de reservas em moeda estrangeira. (Carta/The Nation)