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Eleições 2024_ Guerrilheiros da Renamo assaltam sede nacional e pressionam demissionário Ossufo Momade.jpg

A última de segunda-feira foi de tensão na Renamo. Ex-guerrilheiros tomaram de assalto a sede nacional do, até ao momento, maior partido da Renamo, numa clara pressão ao demissionário Ossufo Momade, que já colocou o seu lugar à disposição durante a reunião da Comissão Política Nacional realizada no sábado passado, na cidade de Maputo.

 

Os ex-guerrilheiros da Renamo estão preocupados com o destino do seu partido e ainda não foram informados que Momade já colocou o lugar à disposição. Os homens, em número não especificado, só se retiram da sede nacional da Renamo após conversações, cujos termos não tivemos acesso.

 

O CIP Eleições sabe que os ex-guerrilheiros estão a pressionar Ossufo Momade para que aceite que se retorne às armas. Fonte sénior da Renamo disse que os ex-guerrilheiros estão dispostos a retornar às matas para retomar o conflito armado.

 

Ossufo Momade deverá convocar o Conselho Nacional da Renamo para anunciar a decisão e definirem-se os passos a serem seguidos até à realização do congresso electivo. O Conselho Nacional será convocado para o próximo ano, logo que terminar a crise eleitoral em curso.

 

Na sua primeira intervenção durante a sessão da Comissão Política Nacional, Ossufo Momade anunciou que colocava o seu lugar à disposição, porque percebeu que ele era o problema na Renamo. “Eu sou, neste momento, o problema desta organização”, foi nestes termos que justificou a colocação do lugar à disposição, reconhecendo as suas fraquezas.

 

A maioria dos membros concordou com o pedido de demissão do Presidente do partido, mas houve uma minoria de seis a sete membros que não concordou, de onde se destacaram Celeste Macote, ex-líder da Liga Feminina da Renamo, e Victor Mudivila Viandro.

 

No final, a Comissão Política aconselhou que o processo fosse avançado depois da contestação eleitoral, alegadamente porque todos estavam a agir “com cabeças quentes”. Mais do que isso, é que, se Ossufo deixar o partido imediatamente, a Renamo será dirigida temporariamente por José Manteigas, que preside a mesa do Conselho Nacional, uma figura bastante contestada dentro da Renamo.

 

Ossufo Momade deverá criar condição para uma transição que não aumente a divisão no seio da Renamo. O próximo sucessor da Renamo deverá ser uma figura mais consensual possível, que possa liderar o retorno dos membros da Renamo que abandonaram o partido, como Manuel Bissopo e os filhos de Afonso Dhlakama. Abre-se ainda a possibilidade de retorno de Venâncio Mondlane.

 

A Renamo irá rever os seus estatutos para que o presidente do partido não seja necessário e automaticamente candidato do partido às eleições. Isso permitirá que a Renamo possa ter um presidente e encontre um candidato do partido sem que haja conflitos.

 

Na verdade, esta ideia surge da traição havida no congresso da Renamo na medida em que havia consenso de que Ossufo Momade não seria candidato da Renamo. O Presidente da Renamo tinha aceite a proposta, mas após a eleição, aceitou a proposta dos membros de ser ele o candidato da Renamo.

 

Havia uma lista curta de possíveis candidatos da Renamo que incluía Manuel de Araújo, Ivone Soares e Venâncio Mondlane (passaria por um processo de pacificação interna). A Renamo tinha colocado também a possibilidade de avançar com Rosário Fernandes, mas precisaria da sua aceitação dada a sua ligação com o partido Frelimo e também a sua aceitação pelas alas radicais da Renamo. (CIP Eleições)

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Atrasaram 24 horas, mas já são conhecidas as novas medidas a serem implementadas na terceira fase das manifestações populares, convocadas há duas semanas pelo candidato Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe. A nova fase, que inicia esta quinta-feira, 31 de Outubro de 2024, deverá durar uma semana e o objectivo final é a ocupação das ruas da capital do país, no dia 07 de Novembro.

 

Em mais uma comunicação virtual proferida na noite desta terça-feira, na sua página oficial do facebook, após “graves e profundos problemas técnicos” registados na segunda-feira, Mondlane afirmou que “o nosso lema [nesta fase] será a manifestação contra o assassinato do povo moçambicano”, em repúdio à violência policial assistida no distrito de Mecanhelas, no Niassa, no passado sábado, em que uma pessoa foi morta e outras cinco ficaram feridas com balas da Polícia, perante aplausos dos membros e simpatizantes do partido Frelimo.

 

Segundo Venâncio Mondlane, os moçambicanos devem unir-se para combater “o regime assassino da Frelimo” que, nas suas palavras, faz recordar o regime colonial português que, com recurso à força, tirou a vida de moçambicanos indefesos quando estes buscavam a sua liberdade. Aliás, Mondlane compara o que aconteceu em Mecanhelas com os massacres de Mueda e de Wiriyamu, ocorridos em 1960 e 1972, respectivamente.

 

Na sua comunicação virtual de quase 44 minutos, transmitida em directo no facebook, seu principal veículo de comunicação, Mondlane acusou o Presidente da República de estar a carimbar o assassinato de cidadãos indefesos ao não condenar as acções brutais da Polícia e o comportamento dos membros do seu partido, no Niassa.

 

“Significa que o próprio Presidente perdeu a noção de quais são as suas obrigações, enquanto Chefe de Estado. Veio carimbar que, de facto, é um regime de assassinos, de mafiosos, de criminosos”, atirou Mondlane, que continua a convocar as manifestações a partir da “parte incerta”.

 

Mondlane explica que a nova manifestação será dividida em dois grupos, sendo que um terá a responsabilidade de marchar em direcção à Cidade de Maputo (no caso dos que se encontram fora da capital do país), enquanto os que não puderem marchar, deverão se manifestar junto às Comissões Distritais de Eleições e junto às sedes distritais do partido Frelimo.

 

Em Maputo, Venâncio Mondlane espera ver perto de quatro milhões de pessoas, no dia 07 de Novembro, provenientes das diferentes províncias do país. “Chega de massacrar o nosso povo. Chega de insensíveis. (…) Chegou a hora de cada um fazer alguma coisa por Moçambique. (…) Não vão ser os estrangeiros que vão libertar a pátria”, disse, pedindo mais uma semana de sacrifício aos moçambicanos.

 

Refira-se que Venâncio António Bila Mondlane promete 25 dias de terror ao governo da Frelimo, em homenagem às 25 balas descarregadas sobre Elvino Dias e Paulo Guambe. Até ao momento, o país já esteve paralisado três dias, dos quais, dois consecutivos, com as consequências ainda a se fazer sentir até hoje.

 

Dos três dias de manifestações, pelo menos 10 pessoas foram assassinadas pela Polícia, de um total de 73 alvejadas, de acordo com os dados da Ordem dos Médicos de Moçambique. Diversas infra-estruturas públicas e privadas foram destruídas, incluindo sedes da Frelimo e esquadras da Polícia. Aliás, a Polícia disse ter aberto um processo criminal contra o político, devido aos actos verificados em Chalaua, em Nampula, onde seguidores do político incendiaram uma esquadra, viaturas e apoderaram-se de uma arma de fogo. (Carta)

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O Governo moçambicano acusa o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane de ser o autor moral das manifestações violentas que, na semana finda, tomaram conta do país, com destaque para as cidades de Maputo e Matola, e que culminaram com a morte de pelo menos 11 pessoas, dezenas de feridos (incluindo agentes da Polícia) e destruição de diversas infra-estruturas públicas e privadas, incluindo esquadras da Polícia e sedes do partido Frelimo, em quase todo país.

 

A acusação foi feita hoje pelo Ministro do Interior, Pascoal Ronda, quase 24 horas depois de a Polícia da República de Moçambique (PRM), através do Comando-Geral, ter anunciado a instauração de um processo criminal contra Venâncio Mondlane, apesar de a competência para o efeito estar reservada ao Ministério Público.

 

“O Venâncio Mondlane é o autor moral destas manifestações. Ele é quem move com isto. Ele agora não está aqui, está na África do Sul, mas de lá comanda, usa as redes sociais e que nós, como usuários das redes sociais, não poderíamos permitir isso, porque manipula a opinião pública e causa destruições. Há muita família que está a chorar pelos danos que são causados”, afirmou o governante, questionando quem ganha com as manifestações.

 

Falando em conferência de imprensa concedida na tarde desta terça-feira, Pascoal Ronda disse já existirem “expedientes” para responsabilizar Venâncio Mondlane pelos actos de violência e milhares de jovens que aderiram às manifestações populares, convocadas pelo político com objectivo de contestar os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe.

 

“O Ministério Público já tem expedientes lavrados relativos aos autores morais e materiais e que devem, por lei, responder pelos seus actos”, garantiu, sublinhando que as Forças de Defesa e Segurança vão continuar a cumprir com a sua missão “para que a livre circulação de pessoas e bens continue sendo uma regularidade em nosso país”.

 

O governante sublinhou que o terror causado pelas marchas “é imperdoável”. “Aqui muitos jovens foram arrastados por vozes de pessoas que são autores morais deste problema. A factura que resulta dos danos a quem é que vai?”, questionou.

 

Ronda diz condenar as manifestações violentas e também a suposta instrumentalização de jovens e crianças porque, “como se sabe, nada se constrói se não se destrói aquilo que, por muito tempo, custou suor às pessoas, custou impostos das pessoas”. Por isso, apela a não adesão às manifestações “porque em nada ajudam”.

 

Na sua comunicação, o Ministro do Interior não teceu quaisquer comentários à actuação da Polícia, tida como co-responsável pela escalada da violência no país, sobretudo nos maiores centros urbanos.

 

Lembre-se que a Polícia, através da Unidade de Intervenção Rápida, foi a responsável pelos actos de violência assistidos na segunda-feira passada, na Cidade de Maputo, após disparar gás lacrimogénio para os manifestantes, como forma de impedir a marcha de repúdio ao assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe. Uma das botijas de gás foi atirada aos jornalistas quando entrevistavam o candidato presidencial Venâncio Mondlane.

 

Igualmente, a Polícia foi considerada responsável pelos tumultos testemunhados no distrito de Mecanhelas, província do Niassa, ocorridos no sábado e que resultaram em um morto e cinco feridos. Em quase todo país, a Polícia foi acusada de disparar balas verdadeiras contra os manifestantes, para além de realizar detenções arbitrárias. (Carta)

terça-feira, 29 outubro 2024 15:18

Empresário português raptado esta tarde em Maputo

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O crime organizado voltou a fazer vítimas e, desta vez, o alvo foi um empresário português, raptado na tarde desta segunda-feira, em Maputo. Informações confirmadas pela “Carta” indicam que a vítima é um empresário da área de construção civil.

 

Segundo o porta-voz da Polícia, na Cidade de Maputo, Leonel Muchina, o crime aconteceu por volta das 14h20m, na Avenida Armando Tivane, zona nobre da capital do país. Um vídeo captado por uma câmara de segurança ilustra um grupo de quatro homens, transportados uma viatura SUV e munidos de armas de fogo, a carregarem a vítima, minutos depois de desembarcar da sua viatura.

 

No local, os criminosos efectuaram pelo menos três disparos para dispersar os cidadãos que se encontravam nas proximidades, incluindo um indivíduo que tentava prestar socorro à vítima. Testemunhas contam que, no local, o empresário deixou cair o seu telemóvel, que foi recolhido por agentes do SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal).

 

“Estamos, neste momento, em busca de respostas para este crime e nossa intenção é culminar com a captura dos criminosos e o resgate da vítima”, afirma a Polícia, em Maputo, em mais uma promessa de tudo fazer para esclarecer o caso.

 

Refira-se que este foi o segundo caso de rapto a ocorrer na cidade de Maputo, em Outubro, desde Agosto. O primeiro caso aconteceu no dia 11 (dois dias após às eleições), sendo que a vítima foi prontamente restituído à liberdade, após perseguição da Polícia. (Carta)

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A Hora e a Vez de Augusto Matraga, 110 minutos, (2011).

 

Sinopse

 

Um fazendeiro valente e mulherengo, Augusto Matraga (João Miguel), está prestes a declarar falência. Em meio à crise, sua esposa Dionóra (Vanessa Gerbelli) toma a decisão de abandoná-lo, levando a filha do casal, após receber uma proposta de Ouvídio Moura (Werner Schünemann). Toda essa situação desperta a raiva de Augusto que o leva a ir até à casa de Ouvídio em busca de vingança. Chegando lá, ele é espancado pelos capangas do Major Consilva (Chico Anysio), que o marcam a ferro e o jogam em direcção a um precipício. À beira da morte, Augusto é então encontrado por um casal que o resgata e cuida dele para que se recupere. Cinco anos se passam e ele deixa o local, agora totalmente diferente e temente a Deus.

 

Director: Vinícius Coimbra.

 

Autor: Guimarães Rosa.

 

Cinematografia: Lula Carvalho.

 

(30 de Outubro, às 18h00 no Centro Cultural Português)

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Coragem, comunidade e criatividade na liderança quotidiana: apresentação do quarto volume da “We Will Lead Africa”. Uma conversa com Sarah Owusu, Michelle Mocumbi, Filomena Mairosse e Lélio Adriano.

 

A We Will Lead Africa é uma plataforma de narração que recolhe histórias de liderança africana. Este evento é uma apresentação do quarto volume de histórias sobre coragem, comunidade e criatividade.

 

Junte-se a este grupo para a leitura da obra e conversa sobre o significado da liderança no contexto africano.

 

(31 de Outubro, às 18h00 na Fundação Fernando Leite Couto)

terça-feira, 29 outubro 2024 14:37

Cinema Infantil / Azur et Azmar

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Ano: 2006

> Nacionalidade: França, Bélgica, Espanha e Itália

> Duração: 90'

> Classificação etária: ≥ 6

> Idioma: Francês

> Legendas: Português

 

Esta emocionante animação conta a história de duas crianças que foram amamentadas pela mesma mulher. Azur, o filho do cavaleiro, é loiro e tem olhos azuis, enquanto Asmar, filho da ama, possui olhos escuros. Criados como irmãos, eles são brutalmente separados. Mas Azur, que sempre ouviu histórias sobre a mágica Fada dos Djins, não descansará até encontrá-la do outro lado do mar. Já crescidos, Azur e Asmar partem, cada um em sua própria busca pela Fada. Rivalizando em coragem, eles exploram terras mágicas, cheias de perigos e maravilhas, e descobrem que a verdadeira amizade pode superar qualquer desafio.

 

(02 de Novembro, às 10h00 no Centro Cultural Franco-Moçambicano)

 

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A instabilidade política que o país vive, desde a realização das eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 09 de Outubro, – e que já levou milhares de pessoas às ruas em protesto, por um lado, aos resultados oficiais e, por outro, ao assassinato bárbaro do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe – está a ter repercussões sociais nos maiores centros urbanos do país.

 

Esta segunda-feira, os municípios de Maputo e Matola registaram um movimento considerado “anormal” de pessoas e viaturas, em busca de mantimentos para os próximos dias, classificados como “duros e muito difíceis” pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, responsável pela realização das manifestações de rua em curso no país.

 

Milhares de cidadãos, de diferentes extratos sociais, inundaram mercados, supermercados e diversos estabelecimentos comerciais em busca de produtos de primeira necessidade, com destaque para os alimentares e de higiene pessoal e de limpeza.

 

“Carta” esteve ontem em dois supermercados e testemunhou a presença massiva de pessoas, logo pela manhã, em busca de alimentos. “Não sabemos o que vai acontecer a partir de amanhã”, disse uma cidadã, que empurrava uma carinha de compras com quase tudo o que necessita para manter a sua família.

 

Em causa estão as manifestações de rua convocadas há dias pelo candidato Venâncio Mondlane e que, esta semana, deverão entrar na sua terceira fase, das quatro programadas. Hoje estava previsto o início da referida fase, mas “graves e profundos problemas técnicos na página” de Venâncio Mondlane, no Facebook, fizeram com que o político não anunciasse as medidas a serem implementadas.

 

Lembre-se que Venâncio Mondlane, que se encontra em parte incerta desde o primeiro dia das manifestações, tem recorrido às redes sociais para mobilizar os seus seguidores, cujos protestos já geraram violência, mortes, vandalização e saqueamento de estabelecimentos comerciais.

 

A corrida desenfreada aos mercados, testemunhada esta segunda-feira, registava-se também nos pequenos comerciantes estrangeiros, instalados no interior dos bairros suburbanos de Maputo e Matola. Nos supermercados, os utentes chegavam a levar, em média, 45 minutos nas filas para efectuar o pagamento pelos produtos adquiridos.

 

Relatos colhidos pela nossa reportagem indicam que as enchentes verificavam-se também nos concorridos mercados grossista do Zimpeto e retalhistas da Malanga, Xipamanine, Fajardo, Benfica, Xiquelene e Mahlampsene. Em todos locais, os utentes diziam recear o encerramento, a partir de hoje, do comércio, tal como se verificou na semana finda.

 

Para além da corrida aos mercados, houve igualmente registo de congestionamento em quase todo dia e todas estradas. Por exemplo, na Estrada Nacional Nº 1 (troço entre a rotunda de São Roque e Zimpeto), o congestionamento, agudizado pelas chuvas de domingo e segunda-feira, o trânsito estava caótico, com os condutores a necessitarem de pelo menos duas horas para percorrer uma distância inferior a 02 Km. (A.M.)

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O Hospital Central de Maputo (HCM) atendeu 40 pacientes vítimas das manifestações, que ocorreram na semana passada na capital moçambicana e em diversos pontos do país. A informação foi partilhada nesta segunda-feira pelo director do Serviço de Urgência do HCM, Dino Lopes.

 

Por exemplo, na semana de 21 a 26 de Outubro, o serviço de urgência de adultos recebeu 1.185 pacientes, dos quais 420 vítimas de trauma (acidentes de viação, entre outros). Deste número, 29 foram por acidente de viação, enquanto em relação às manifestações o hospital registou um total de 40 pacientes.

 

Dados do HCM indicam que, no dia 21, a unidade sanitária recebeu 16 pacientes e nos dias 24 e 25 entraram outros 24. “Refira-se que, no dia 21, o primeiro dia das manifestações, tivemos dois casos de pacientes internados, sendo que um deles é jornalista (que já teve alta), enquanto o outro continua a receber cuidados hospitalares”, detalhou.

 

Em relação aos pacientes que deram entrada nos dias 24 e 25, na segunda etapa das manifestações, 10 foram internados; entre os quais uma mulher em estado crítico que se encontra nos cuidados intensivos, enquanto os outros estão em diferentes serviços.

 

Entretanto, o director dos serviços de urgência explicou que, até agora, dos 40 pacientes vítimas das manifestações, nenhum caso evoluiu para óbito até então. Por outro lado, em relação à mulher alvejada no carro do advogado Elvino Dias, no dia do assassinato deste, Dino Lopes informou que ela continua internada e goza de boa saúde.

 

Quanto aos danos causados pelas manifestações, Lopes relata que as ambulâncias desta unidade sanitária foram atingidas por pedras, enquanto se dirigiam a alguns bairros para recolher os seus trabalhadores. Isso fez com que os que conseguiram ir trabalhar tivessem que fazer turnos fora do normal, resultando em sobrecarga.

 

Porém, apesar das manifestações, o número de pacientes que deu entrada nesta unidade sanitária na semana passada não fugiu muito do habitual. (M.A.)

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Polêmica instalada? Talvez sim, talvez não! Em linguagem viperina, o reputado ficcionista moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa insurge-se contra a atribuição por Eduardo Agualusa, escritor luso-angolano, do epíteto de “bolsonarista” a Venâncio Mondlane, político moçambicano que desafia o regime da Frelimo.

 

Eis o texto integral do escritor, transcrito da sua página Facebook, onde foi originalmente publicado ontem.

 

Basta, Agualusa!

 

À primeira perdoa-se, à segunda tolera-se com alguma reticência, mas à terceira, diz-se basta! E é isso que digo ao Agualusa, escritor angolano que conheço há mais de trinta anos. Sei, e já tive oportunidade de o cumprimentar por lá, onde vive há anos num recanto bem idílico da Ilha de Moçambique; sei que tem escrito tranquilamente nessa nossa universalmente conhecida ilha; sei, e por lá passei (e fiquei desolado), que a trezentos metros da casa de pedra que hospeda Agualusa estendem-se os pobres e suburbanos bairros de macuti (cobertura das casas à base das folhas de palmeiras), com crianças desnutridas, evidenciando carências de gerações de desvalidos que nada beneficiaram com a independência de há 49 anos. Sei que essas pessoas carentes de tudo conhecem, nomeando, as poucas e influentes famílias moçambicanas que detém o lucrativo negócio das casas de pedra, mas deixam, na placitude dos dias, que os poderosos se banhem nas águas do Índico, deleitando-se com “selfies” e encantadoras imagens do pôr do sol do Índico. Mas vamos ao essencial:

 

À primeira, o Agualusa, a caminho de apresentação, em Luanda, do livro Vidas e Mortes de Abel Chivukuvuku, por sinal seu conterrâneo, disse, para o mundo lusófono e não só, que Moçambique tinha uma oposição pobre em qualidade, e que em nada se compara com a oposição angolana. Relevei, pois pensei para com os meus botões, o homem tem as suas razões, dada a dinâmica da oposição em Angola entre os três movimentos da gesta nacionalista – MPLA, UNITA e FNLA.

 

Por outro lado pensei que a biografia de Abel Chivukuvuku o havia encantado de tal modo que secundarizava, para não dizer desprezava, tudo à sua volta.

 

À segunda, pensei, à partida, que fosse uma piada, “une boutade”, como dizem os franceses, quando disse, a caminho de Lisboa, para o lançamento do seu último livro, que Venâncio Mondlane era um populista. Estava eu a caminho do exterior. E fui pensando, o Agualusa deve estar a exteriorizar o falatório de uma certa elite moçambicana que fica desvairada quando o “status quo” é abalado. Essa elite, normalmente gente com dois ou mais passaportes, pouco se expressa em público, mas está sempre atenta ao cenário político. A dúvida perseguiu-me, chegando a pensar que o escritor devia estar desconcertado, ao se imaginar, em um futuro próximo, assaltado pela turba dos deserdados a invadir a pacata cidade de pedra da Ilha do Próspero, como a apelidou um dos nossos maiores poetas: Rui Knopfili.

 

À terceira fiquei aloucado quando Agualusa escreve, em letras garrafais, na sua habitual crónica portuguesa, que temos, em terras moçambicanas, um Bolsonaro africano! O Venâncio Mondlane?.. Um homem a assumir, corajosamente e com transparência, uma luta por mudanças no seu próprio país, vira um bolsonarista aos olhos de um escritor ricamente acomodado na ilha de Moçambique?!

 

Não é um despautério, é um insulto à nossa inteligência, à luta de muitos desfavorecidos por uma vida mais digna e igualitária e, já agora, Próspera.

 

Posso admitir tudo, mas isto não, Agualusa!

Uma afirmação dessas, dita por um escritor, habitualmente residente em Moçambique, em terras lusas, e aguardando por bons ventos para o seu regresso (pode-se presumir tudo, agora), não provoca revolta? Os macuas são calmos, como o moçambicano em geral, mas não gostam que lhes provoquem, que lhes pisem os calos!
Por vezes, Agualusa, as excessivas mordomias que não vêm do nosso suor, tolhem-nos a visão.

 

Ungulani Ba Ka Khosa
Outubro de 2024

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