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Crime

segunda-feira, 27 janeiro 2020 08:06

FDS baleiam gravemente dois jovens em Macomia

Militares das FDS, afectos em Mucojo-sede, balearam gravemente dois jovens, na aldeia Runho, distrito de Macomia.

 

Os dois jovens eram cunhados, sendo um natural de Rueia e outro de Simbolongo. Ambos viviam em Rueia e deslocaram-se a Runho, um dos bairros de Mucojo-sede para um passeio que terminou em tragédia.

 

Há duas versões sobre os motivos que fizeram com que os jovens fossem maltratados pelas FDS.


A primeira explicação aponta para o facto de um (terceiro) jovem, da mesma aldeia, tê-los denunciado aos militares, sob alegação de que a dupla havia consumido drogas (soruma). Face a esta acusação, os militares tê-los-iam baleado nas pernas.

 

A segunda versão refere que os jovens caíram nas mãos das Forças de Defesa e Segurança, porque supostamente não eram conhecidos naquela zona, daí a razão de serem suspeitos, mas sem, no entanto, serem questionados, viram-se apenas sendo maltratados.

 

Mais tarde, os dois jovens viriam a ser levados num carro militar para o Centro de Saúde de Macomia-sede, onde até quinta-feira recebiam tratamento, porém, agora sob a acusação de serem… insurgentes.

 

Na vila de Macomia, muitos curiosos dirigiram-se ao Centro de Saúde para ver “com os próprios olhos”, a cara dos supostos insurgentes.

 

Entretanto, uma fonte disse à Carta que um dos jovens teria perdido a vida este sábado, tendo sido enterrado num dos cemitérios da vila de Macomia, por muçulmanos da mesquita Furcan, no bairro de Manhã B, depois de uma solicitação das autoridades locais. (Carta)

segunda-feira, 27 janeiro 2020 05:57

Insurgentes continuam a exibir musculatura

Os indivíduos que atacam alvos civis e militares na província de Cabo Delgado, região norte, não param de fazer das suas. Um vídeo amador do grupo circula nas redes sociais desde a semana passada. Nas imagens, os insurgentes aparecem a exibir o seu poderio de fogo e uma viatura “nova” de marca Mahindra, que se acredita pertencer às Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Tal como documenta o vídeo, o grupo (numeroso), maioritariamente trajado com fardamento do exército moçambicano, deixa-se filmar no interior, e ao redor, da carrinha Mahindra, de cor branca, com a chapa da inscrição AIG 985 MC.

 

Nas imagens, a viatura aparece com perfurações no para-brisas, no “capot” e nas laterais (portas), denunciando à partida ter sido produto de uma confrontação armada. O grupo aparece empunhando armas de fogo (AK47 e RPG “Bazuca”) e apinhado na larga bagageira daquela viatura.

 

O vídeo começou a circular quase dois meses depois das primeiras imagens do grupo terem vindo ao público. Na verdade, não há muita diferença entre o vídeo e as outras imagens postas a circular. Ou seja, analisadas as imagens, os indivíduos que aparecem no vídeo parecem ser os mesmíssimos que aparecem nas primeiras fotografias, que deixaram meio mundo escandalizado.  

 

As vestimentas (fardamento das FDS), as armas, a bandeira preta com dizeres em árabe, o ambiente da mata, e a viatura da marca Mahindra por sinal de cor branca coincidem com as das primeiras imagens.

 

No vídeo, o grupo, ao que tudo indica inspirando no radicalismo islâmico, aparece a pronunciar a expressão “Allah Akbar” (Deus é grande – na tradução para a língua portuguesa), içando as numerosas Ak-47. Apesar de estar num local que se assemelha a uma mata é possível vislumbrar algumas residências.

 

Na sequência da circulação das imagens, o Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, veio a público confirmar que os insurgentes se haviam apoderado de viaturas das FDS. No entanto, Rafael não precisou as circunstâncias em que as viaturas foram parar às mãos daquele grupo, cujo “rosto” e motivações, até ao momento, são desconhecidos.

 

Desde que os ataques armados em Cabo Delgado iniciaram em Outubro de 2017 estima-se que cerca de 350 pessoas, entre civis e militares, perderam a vida. (Carta)    

Filhos e outros familiares de Kada Sualeh – um influente sheik, natural da aldeia Messano e residente na aldeia Runho, posto administrativo de Mucojo, em Macomia –  procuram desesperadamente saber do paradeiro do seu parente, levado para parte incerta, pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), no último sábado, numa viatura de marca Mahindra.

 

Os familiares não sabem sequer os motivos pelos quais o sheik foi levado, de repente, por policiais da Unidade de Intervenção Rápida, quando se encontrava sentado na varanda de uma residência, na aldeia Runho em Mucojo. “Não sabemos como e onde está o nosso pai”, gritam desesperados os filhos de Kada Sualeh.


O Sheik acabava de sair da mesquita, por volta das 15 horas, quando apareceu a dita viatura policial que o recolheu. Na altura, o Sheik conversava com o secretário da aldeia que, ao tentar obter um esclarecimento sobre o que se estaria a passar, foi simplesmente escorraçado.

 

O maior medo dos familiares é que o Sheik Sualeh nunca mais regresse à casa, tal como já aconteceu com várias outras pessoas, levadas pelas autoridades em circunstâncias mais ou menos similares.

 

Alguns cidadãos alegam que o Sheik Kada – que já foi a Meca, em peregrinação, graças ao apoio de um agente económico local – é acusado de ser um dos recrutadores de jovens para insurgência.


Contudo, esta é uma hipótese prontamente refutada por várias fontes contactadas pela “Carta”, que consideram o Sheik Kada, uma pessoa íntegra, que por várias vezes fez orações para muitos dirigentes, em cerimónias de estado, em Mucojo. Logo, para as referidas fontes, não faz qualquer sentido que o religioso tenha algum tipo de ligação com os insurgentes. Aliás, ele foi mesmo uma das pessoas que mais condenou a instalação daqueles grupos criminosos nas aldeias do posto administrativo de Mucojo.

 

Não é a primeira vez que as Forças de Defesa e Segurança capturam civis nos distritos em conflito, sem qualquer mandado emitido por uma autoridade competente.(Carta)

Aldeia Manica é a sede da localidade com o mesmo nome. Está localizada a sete quilómetros da sede do Posto Administrativo de Mucojo, onde existe uma posição das FDS e a 45 quilómetros da sede do distrito de Macomia.

 

Este sábado, a aldeia não escapou à fúria da insurgência. Poucos minutos passavam das 15 horas, quando os insurgentes irromperam no local, dispararam e a seguir incendiaram maior parte das palhotas, bens e produtos alimentares.

 

Mataram uma pessoa, feriram mais outra e raptaram duas mulheres, que tinham ido à machamba muito próximo da aldeia.

 

Algumas pessoas, de acordo com fontes da “Carta”, que por volta das 16 de sábado se tinham refugiado na sede do posto administrativo de Mucojo, descreveram que o grupo era composto por jovens.

 

Dizem as fontes que não houve resposta por parte das Forças de Defesa e Segurança.

 

Como entram na aldeia Manica?

 

As fontes contaram que a população não tinha dúvida que os insurgentes iriam qualquer dia atacar a aldeia Manica, pois teriam deixado um recado nesse sentido, quando entraram na aldeia Ningaia.

 

As duas mulheres raptadas levaram a que um grupo de homens saísse à procura de pista após algumas horas terem passado sem que as mesmas voltassem. Na perseguição das peugadas, foi quando o grupo foi surpreendido por tiros, tendo dali começado a perseguição, até à aldeia Manica, onde o grupo fez os desmandos. (Carta)

O Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) diz ter apreendido armas de fogo ilegais na posse de cinco cidadãos em alguns distritos das províncias de Maputo, Gaza e Zambézia. A informação consta no comunicado da PRM com o título: “Caracterização geral da situação operativa do país”, enviado à nossa redação esta quarta-feira.

 

Segundo consta no aludido comunicado, no passado dia 16 de Janeiro de 2020, no Bairro da Liberdade, Município da Matola, a PRM deteve os nacionais C.J. Cossa, de 31 anos de idade, P.I. Rafael, de 32 anos de idade, F.R. Macudza, de 42 anos de idade e C.D. Chilumele, de 43 anos de idade, que na ocasião estavam na posse de duas pistolas com a marca Talkos contendo três munições e a outra com a marca Zastava com cinco munições. Na ocasião, foi apreendida uma viatura da marca Toyota Corolla, com a matrícula AEL 947 MP.

 

De acordo com a PRM, os indiciados são acusados pela prática de crime de armas proibidas. Já na Província de Gaza, no passado dia 13 de Janeiro de 2020, no Distrito de Chókwè, a PRM deteve o nacional F.E. Mucasse, de 30 anos de idade, indiciado na prática do crime de armas proibidas e apreendeu na sua posse uma arma de fogo tipo pistola, calibre 4.5mm, n°U03130760587.

 

Na Província da Zambézia, no povoado de Mbessa, no Distrito de Gilé, no passado dia 12 de Janeiro de 2020, apreendeu uma arma de fogo do tipo MG e 180 munições da mesma arma em estado obsoleto. No mesmo distrito, no dia 14 de Janeiro de 2020, apreenderam uma arma de fogo de tipo PK e uma caixa contendo 360 munições, que se encontravam soterradas numa residência abandonada.

 

Ainda no mesmo comunicado, a PRM diz ter detido, em todo o território nacional, 1521 indivíduos, sendo 1308 por violação de fronteiras e 213 por práticas de delitos comuns, assim como 57,115g de Cannabis sativa. (Carta)

terça-feira, 21 janeiro 2020 03:24

Insurgentes incendeiam mais casas em Chitunda

Pela terceira vez, os insurgentes voltaram a atacar a aldeia Chitunda, no Posto Administrativo do mesmo nome, em Muidumbe, Cabo Delgado.

 

Faltavam poucos minutos para as 15:00h da última sexta-feira, quando os insurgentes surpreenderam parte dos residentes que ainda permanece naquela comunidade.

 

Com disparos para o ar, as pessoas entraram em pânico. Os malfeitores aproveitaram-se da situação para incendiar casas.

 

Esta situação obrigou algumas famílias a abandonarem a aldeia para outras regiões do distrito de Muidumbe.

 

Prevê-se que esta situação também vá aumentar o receio de circulação no troço Chitunda-Awasse.

 

A unidade sanitária local já não funciona e os profissionais foram movimentados para outras unidades hospitalares, devido à situação de insegurança naquele ponto do distrito de Muidumbe. (Carta)

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