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Crime

Não houve qualquer vítima mortal e “fim de papo”. Quem assim sentenciou foi o Ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, depois de escalar a localidade de Mutindiri-2, distrito de Chibava, província de Sofala, que na passada terça-feira foi palco de mais um ataque armado perpetrado por um bando armado.

 

Categórico, Monteiro garantiu que o ataque às três viaturas ao longo da Estrada Nacional Número Um (EN1) não saldou em qualquer vítima mortal.

 

O governante avançou que o grupo imobilizou o autocarro, apoderou-se dos pertences dos que nele viajavam e de seguida ateou fogo, sem que os ocupantes estivessem no seu interior.

 

O Ministro do Interior fez estes pronunciamentos na manhã da última quarta-feira, no quadro do trabalho de monitoria que está a efectuar na província de Sofala, concretamente nos locais onde se têm registado os ataques a alvos civis.

 

O ataque acorreu por volta das 6 horas da passada terça-feira, na localidade de Mutindiri-2, ao longo da EN1. Na sequência, o grupo incendiou três viaturas. Um autocarro de transporte de passageiros, que seguia com, pelo menos, 23 pessoas, e mais dois camiões (Freightliner e Canter). Os feridos foram socorridos para o Hospital Rural de Muxúnguè.

 

“Neste cenário não houve vítimas humanas a lamentar. É verdade que experimentaram dificuldades porque estavam a ser transportadas para um ponto e tiveram de abandonar. A nossa presença aqui é para fazer uma avaliação muito profunda das fraquezas que se registaram a ponto de este cenário ter acontecido”, asseverou Basílio Monteiro.

 

Sobre a quem recaía a responsabilidade moral e material do referido ataque, Monteiro disse, sem pestanejar, que fora protagonizado pelos homens da Renamo, o maior partido da oposição no país.

 

A certeza derivava do facto de, tal como disse o ministro, pelos depoimentos colhidos no local dos factos e de já se ter o perfil de quem tem estado a protagonizar os ataques e, consequentemente, a desestabilizar a região.

 

“Há referência clara dos homens que atearam fogo contra as três viaturas e dos que retiraram os bens da população que estava nas viaturas. Portanto, são reconhecidamente homens da Renamo”, disse.

 

A reacção de Basílio Monteiro surge a propósito da informação posta a circular instantes depois da ocorrência do ataque, segundo a qual 10 pessoas haviam perdido a vida e outras nove contraído ferimentos, entre graves e ligeiros.

 

Entretanto, imediatamente a seguir a ocorrência, o administrador de Chibabava, Luís Nhazonzo, confirmou à Voz da América, em contacto telefónico, o registo de 10 mortes e nove feridos em consequência do referido ataque armado. (Carta)

Dez pessoas morreram e outras nove ficaram feridas na sequência de um novo ataque contra um autocarro no centro de Moçambique. O ataque ocorreu por volta das 06:00 desta terça-feira. As vítimas seguiam num autocarro, quando um grupo abriu fogo, na localidade de Mutindiri-2, no distrito de Chibabava, na Estrada Nacional Número 1, disse Luís Nhazonzo, administrador de Chibabava, na província de Sofala.

 

"As autoridades já estão no terreno e é prematuro avançar detalhes. Oportunamente vamos avançar mais informações", declarou o administrador, acrescentando que, além do autocarro, o grupo atacou outros dois veículos, sem, no entanto, registo de vítimas.

 

Uma reportagem do canal televisivo STV mostra o autocarro incendiado na Estrada Nacional Número 1 e o motorista, entrevistado pelo órgão, descreve que grupo estava a "atirar mesmo para matar".

 

"Bateram os pneus de frente e eu não consegui mais andar com o autocarro e entrei no mato", descreve o motorista, acrescentando que, depois de ter parado, ele fugiu e o grupo ficou a incendiar o autocarro, que seguia com pelo menos 23 pessoas.

 

"É possível que alguns passageiros tenham sido carbonizados ali dentro", acrescentou.

 

Os feridos foram levados ao Hospital de Muxungue.

 

Desde agosto, um total de 21 pessoas morreram em ataques armados de grupos que deambulam pelas matas nas províncias de Manica e Sofala, incursões que têm afetado alvos civis, policiais e viaturas.

 

A situação de insegurança afeta dois dos principais corredores rodoviários do país, a EN1, que liga o Norte ao Sul do país, e a EN6, que liga o porto da cidade da Beira ao Zimbábue e restantes países do interior da África austral - levando ao reforço do policiamento e a escoltas nalguns troços.

 

As incursões acontecem num reduto da Renamo, principal partido de oposição, onde os guerrilheiros se confrontaram com as forças de defesa e segurança moçambicanas e atingiram alvos civis até ao cessar-fogo de dezembro de 2016.

 

Oficialmente, o partido afasta-se dos atuais incidentes e diz estar a cumprir as ações de desarmamento que constam do acordo de paz de 06 de agosto deste ano, mas um grupo dissidente (considerado "desertor" pela Renamo) liderado por Mariano Nhongo permanece entrincheirado na região, reivindicando melhores condições de desmobilização e ameaçando recorrer as armas caso não seja ouvido. (Lusa)

O Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) diz que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão em permanente prontidão combativa e têm estado a incrementar acções operativas nalguns distritos do norte da Província de Cabo Delgado, visando repelir e combater os malfeitores que “têm tido esporádicas incursões, tendo como alvos civis e as FDS”.

 

Esta informação consta de um comunicado enviado à nossa redacção, esta segunda-feira, 23, pela PRM, numa altura em que os distritos de Muidumbe, Macomia, Mocímboa da Praia, Palma e Nangade têm sido, constantemente, atacados pelos insurgentes – como aconteceu entre sexta-feira e domingo, datas em que ocorreram vários ataques a aldeias daqueles distritos da Província de Cabo Delgado.

 

Segundo apurámos de fontes militares, foram atacados na manhã de Domingo (22) um tanque militar e uma viatura da marca Nissan, de caixa aberta. O ataque ocorreu a 4 km da Aldeia de Chitunda, no Distrito de Muidumbe, na Estrada Nacional que liga os distritos de Mocímboa da Praia à Cidade de Pemba. Estranhamente, os ataques ocorreram no mesmo local onde sexta-feira (20), os insurgentes atacaram três viaturas, que resultaram em dois mortos.

 

Na mesma sexta-feira, o Presidente da República, Filipe Nyusi, discursando no Distrito do Lago, Província de Niassa, durante a inauguração das novas instalações da Igreja Anglicana, disse estar disponível para dialogar com os homens armados que têm protagonizado ataques em Cabo Delgado desde Outubro de 2017.

 

O Presidente Nyusi disse: “os nossos irmãos estão a ser mortos em algumas zonas de Cabo Delgado por pessoas que não sabemos quem são nem o que querem. Se nos dissessem, sentar-nos-íamos com essas pessoas para podermos dialogar”. Nyusi afirmou ainda que a paz é a condição para o desenvolvimento em Moçambique.

 

Os ataques em Cabo Delgado têm sido controversos e já mataram mais de 300 pessoas, entre civis e militares, segundo dados oficiais e já provocaram mais de 65 mil deslocados. Os distritos a norte de Cabo Delgado possuem várias aldeias abandonadas e propriedades públicas e privadas destruídas. (Carta)

segunda-feira, 23 dezembro 2019 07:47

Insurgentes voltam a atacar Chitunda em Muidumbe

Foram precisos apenas três dias para que o grupo que aterroriza os distritos da zona norte da província de Cabo Delgado voltasse a escalar a aldeia Chitunda, no distrito de Muidumbe, naquela província do norte do país.

 

Depois de ter feito uma incursão na madrugada da passada segunda-feira, 16 de Dezembro, os insurgentes voltaram a atacar aquela aldeia na madrugada da última quinta-feira, 19 de Dezembro, tendo resultado na morte de quatro pessoas.

 

De acordo com as nossas fontes, foi por volta das 3 horas que o grupo invadiu aquela comunidade, tendo começado a disparar contra a população, que foi obrigada a correr de forma atabalhoada. Para além das quatro mortes, asseguram as fontes, os insurgentes também queimaram palhotas e vandalizaram diversos bens.

 

Já as 06 horas de sábado, 21 de Dezembro, segundo a Agência Lusa, o grupo voltou a escalar aquela aldeia, tendo atacado um autocarro da empresa NAGI Investimento. O ataque resultou na morte de duas pessoas.

 

"O motorista do autocarro não parou no local por isso conseguiu evitar muitos danos", contou à Lusa uma fonte residente naquele posto administrativo, tendo acrescentado que houve uma segunda viatura atingida no mesmo período naquela estrada, mas sem vítimas, e que também prosseguiu viagem apesar dos disparos.

 

As fontes garantem que os autocarros da empresa NAGI Investimento têm sido os “preferidos” pelos insurgentes, pelo facto de serem estes que transportam os membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) que são destacados para combater naquele ponto do país.

 

Refira-se que os ataques verificados em Chitunda acontecem dias depois de a população local ter expulsado os membros das FDS por alegada inoperância. O episódio aconteceu no domingo antepassado, 15 de Dezembro. Entretanto, fontes afirmam que o governo aumentou o efectivo naquela aldeia do distrito de Muidumbe, província de Cabo Delgado. (Carta)

Estão desfeitas as dúvidas (se é que existiam).  Dez dias após as redes sociais terem sido inundadas por imagens ilustrando os insurgentes de Cabo Delgado em posse de uniformes e de duas viaturas das Forças de Defesa e Segurança (FDS), uma das quais da Polícia da República de Moçambique (PRM), o Comandante-Geral desta última corporação, Bernardino Rafael, confirmou o facto.

 

Falando esta quarta-feira a jornalistas, à margem da cerimónia de inauguração da 24ª Esquadra da PRM, a nível da cidade de Maputo – localizada no bairro do Zimpeto – Bernardino Rafael confirmou que (pelo menos) a viatura da Polícia e os respectivos uniformes, que aparecem nas imagens, pertencem efectivamente à corporação.

 

“Confirmamos que a viatura é nossa e foi incendiada em circunstâncias que estamos a investigar, para esclarecer o que de facto aconteceu”, afirmou Rafael.

 

Segundo o Comandante-Geral da Polícia, a dita viatura caiu numa emboscada. Porém, não adiantou o local e nem a data em que a mesma foi parar às mãos dos malfeitores, tendo reiterado apenas que as FDS estão a trabalhar para esclarecer a situação. Para Bernardino Rafael, o mais importante, neste momento, é o "êxito" que as FDS estão a ter no teatro das operações.

 

Refira-se que, nas referidas imagens, o grupo que aterroriza os distritos da zona norte da província de Cabo Delgado aparecia com duas viaturas de marca Mahindra, uma de cor branca e outra (com as cores) da Polícia da República de Moçambique, uniformes da Polícia e das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, armas de fogo, granadas e munições. Sublinhe-se que estas foram as primeiras imagens publicadas pelo grupo, desde que iniciou as suas incursões a 5 de Outubro de 2017. (Carta)

Mariano Nyongo ameaçou “paralisar” distritos das províncias de Tete e Sofala, acusando as forças governamentais de estarem a raptar e matar guerrilheiros seus.

 

“Eles (as forças governamentais) querem provocar a guerra e a Renamo vai responder. Tudo vai estar paralisado em Nhamatanda, Gorongosa e Zumbo”, disse o líder da auto proclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana, em entrevista telefónica à Lusa a partir da serra da Gorongosa, na província de Sofala.

 

Nyongo acusa as forças governamentais de estarem a raptar e matar os seus guerrilheiros naquela região.


“Na manhã de hoje foram achados dois corpos de membros nossos sem vida em Lamego, no distrito de Nhamatanda. Estas pessoas foram raptadas pelos militares da Frelimo na noite de sábado passado”, disse.

 

Apesar de as autoridades moçambicanas responsabilizarem os membros da Renamo pelos ataques no centro de Moçambique, Nyongo reitera que não está ligado aos ataques que têm sido protagonizados desde Agosto na região.


“Se realmente nós atacarmos será um perigo para a população e não para os governantes. Nós podemos inviabilizar o funcionamento de empresas, gado e outras actividades económicas”, ameaçou.

 

Nyongo lidera a auto-proclamada Junta Militar da Renamo que contesta a liderança do partido e exige melhores condições de reintegração dos seus guerrilheiros, considerando que o acordo de paz assinado em Agosto entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o presidente da Renamo, Ossufo Momade, é nulo.

 

O grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nyongo já ameaçou por mais do que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido, mas, por sua vez, também se diz perseguido por outros elementos desconhecidos.

 

As incursões armadas na província de Sofala e Manica, que já causaram pelo menos 11 mortos desde Agosto deste ano, acontecem num reduto da Renamo, onde os guerrilheiros se confrontaram com as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e atingiram alvos civis até ao cessar-fogo de Dezembro de 2016.

 

Oficialmente, o partido afasta-se dos actuais incidentes e diz estar a cumprir as acções de desarmamento que constam do acordo de paz de 06 de Agosto, mas o grupo liderado por Nyongo (considerado "desertor" pela Renamo) permanece entrincheirado, reivindicando melhores condições de desmobilização. (Lusa)

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