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Crime

Passava das 18 horas da sexta-feira, 8 de Novembro, quando insurgentes escalaram a aldeia Rueia, no posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, em Cabo Delgado, onde começaram a disparar para o ar, colocando a população de sobreaviso, a qual fugiu em debandada. Um casal que tinha ido ao mato defecar, visto que os locais não usam latrinas, viu os insurgentes a chegar e contou não mais que 10 homens.

 

Na incursão em Rueia, os insurgentes mataram a tiro uma pessoa que em vida respondia pelo nome de Mbaguia, conhecido na zona como pescador de polvo. Várias palhotas foram incendiadas, para além de 5 barracas de venda a retalho. A aldeia Rueia dista cerca de 2 km da sede do posto (Mucojo). Nas proximidades de Mocujo, existem duas posições das Forças de Defesa e Segurança. De Rueia, é onde considerável o número de jovens (mais de 20), que se juntou ao grupo rebelde, de acordo com fontes locais. (Carta)

A carnificina continua em Cabo Delgado. Depois de no passado sábado terem atacado uma viatura no troço Mocímboa da Praia-Palma, os insurgentes voltaram a fazer das suas. Desta vez, o palco foi a aldeia de Simbolongo, localidade Pangane, distrito de Macomia.

 

Munidos de armas brancas (catanas) e de fogo, os indivíduos, ao que tudo indica inspirados no radicalismo islâmico extremo, decapitaram na noite da passada terça-feira dois indivíduos. O ataque a aldeia de Simbolongo ocorreu quando já passavam poucos minutos depois da hora 18. 

 

Na aludida localidade, contou uma fonte à Carta, os insurgentes queimaram as casas, na sua maioria feitas de pau a pique. Antes de incendiar as casas, saquearam os poucos alimentos que se encontravam no interior das mesmas, que os proprietários haviam recebido no âmbito da ajuda alimentar do Programa Mundial da Alimentação (PMA).

 

Só não aconteceu o pior, contou a fonte, graças a pronta intervenção das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que trataram de repelir os atacantes. A posição das Forças de Defesa e Segurança está a cerca de 5 quilómetros do local onde ocorreu o ataque.

 

A população de Simbolongo, que chegou de abandonar por completo a aldeia estava, aos poucos, a regressar em resposta aos apelos das autoridades locais, que teima em dizer que a situação está controlada.  

 

A população suspeita, anotou a fonte, que o grupo que atacou Simbolongo, seja parte do grupo de quatro indivíduos capturados no domingo pelas autoridades. Esta é a terceira vez que os malfeitores escalam a aldeia Simbolongo. Nas últimas duas, o grupo atacante, igualmente, queimou residências e decapitou pessoas, algumas quando se preparavam para quebrar o jejum, isto durante ramadão findo.

 

Entretanto, ainda na passada segunda-feira, foram vistas, na vila de Macomia, várias sub-unidades das FDS a deslocaram-se à Mucojo, no quadro das acções de desmantelamento das bases do grupo, que desde outubro de 2017 tem estado a atacar àquela província da região norte do país. (Carta)

Apesar da narrativa oficial teimar em apontar para “golpes” infligidos aos insurgentes, a realidade no terreno continua a apresentar dados completamente opostos. A última quinta-feira é a prova viva. Treze pessoas perderam a vida na sequência de um ataque a uma viatura de transporte de passageiros.

 

O ataque ocorreu por volta das 9:00 horas no troço Chinda-Mbau, no distrito de Mocímboa da Praia, contou uma fonte local à “Carta”. Os insurrectos incendiaram a viatura, obrigando os passageiros (sobreviventes) a fugir em debandada.  

 

O ataque condicionou a circulação de viaturas e motorizadas naquele troço, que liga Mbau à estrada principal.  A nossa fonte contou que o medo tomou conta da população local e que por temer o pior tem estado a abandonar a região. O destino tem sido a vila de Mocímboa da Praia.

 

Entretanto, na manhã de ontem, o ministério da Defesa Nacional emitiu uma nota de imprensa dando conta de mais operação realizada com sucesso. No documento refere: “no seguimento do plano Operacional no Teatro Operacional Norte (TON), as Forças de Defesa e Segurança assestaram, no dia 02 de Novembro de 2019, mais golpes de artilharia contra novos esconderijos dos malfeitores, na foz do rio Messalo, distrito de Muidumbe, na província de cabo Delgado”. Durante a operação, avança a nota que temos vindo a citar, “foram causadas baixas consideráveis aos insurgentes e muitos encontram-se em fuga”. (Carta)

Na passada sexta-feira (01 de Novembro), o Ministério da Defesa Nacional (MDN) emitiu mais um comunicado dando conta que neutralizou vários insurgentes, tendo outros se colocado em fuga. No comunicado de imprensa a que "Carta" teve acesso, a instituição dirigida por Atanásio M’tumuke diz ter aplicado golpes de artilharia contra o grupo armado desde a passada quinta-feira (31 de Outubro) e na sexta-feira no distrito de Muidumbe, na região de Gaza e na zona de Marere, na foz do rio Messalo, distrito de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado.

 

No comunicado em nossa posse, o MDN diz: "as operações prosseguem e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuam em perseguição aos insurgentes que se encontram fugitivos". Entretanto, "Carta" apurou, de fontes fidedignas a nível das FDS, que no passado sábado foram capturados quatro integrantes do grupo de insurgentes no Posto Administrativo de Quiterajo, no Distrito de Macomia, que desde Outubro de 2017 vêm protagonizando ataques aos distritos ao norte e ao centro da província de Cabo Delgado.

 

Os insurgentes, cujas bases o Ministério da Defesa Nacional (MDN) diz estar a destruir, protagonizaram uma emboscada a uma viatura, na tarde deste domingo (27 de Outubro), na região de Namala, em Miangalewa, distrito de Muidumbe, tendo causado a morte de 20 elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Fontes disseram à "Carta" que os malfeitores, primeiro, puseram barricadas ao longo do caminho e, quando a viatura das FDS chegou no local, começaram a disparar, antes de decapitarem as vítimas e queimar a viatura.

 

O Ministério da Defesa Nacional (MDN) celebrou mais uma vitória contra os insurgentes que, desde 05 de Outubro de 2017, vêm “atazanado” as populações nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Palma, Muidumbe e Nangade. Os ataques que ocorrem em aldeias e Postos Administrativos destes distritos já provocaram vários mortos e deslocados. 

 

Entretanto, dois anos depois, o governo moçambicano, em colaboração com os "irmãos russos", vem bombardeando bases dos insurgentes e impondo golpes de artilharias de ataque em ataque. Nesta terça-feira, em mais uma propaganda, o MDN disse ter derrotado, uma vez mais, o grupo, em Muidumbe. 

 

No comunicado, o MDN diz: "no seguimento do plano Operacional na zona norte do país, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) assestaram, nesta terça-feira, 22 de Outubro de 2019, mais um golpe de artilharia, aplicado com uma Bateria Mista de Canhão B11-P de 122,4 milímetros e morteiros 120mm, contra um local de refúgio dos malfeitores, na região de Miangalewa, distrito de Muidumbe, na província de Cabo Delgado".

 

A instituição garante ainda que "durante a operação, vários malfeitores foram neutralizados” e que “as operações prosseguem e as Forças de Defesa e Segurança continuam em perseguição aos insurgentes que se encontram fugitivos". (Carta)

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