O Relatório Financeiro e de Produção da Nacala Logistics do primeiro trimestre de 2021 apresenta um aumento do lucro bruto na ordem dos 6%, nos negócios de transporte de carvão e de carga geral.
“O crescimento do lucro bruto ficou a dever-se a gastos operacionais abaixo do previsto. Para este período, foram orçados 88 milhões de USD, sendo que o cumprimento se situou na ordem dos 83 milhões de USD”, refere um comunicado recebido na nossa Redacção.
Citado pela nota, o Administrador Financeiro da Nacala Logistics, Fábio Iwanaga, destacou que “as operações nos dois negócios, carvão e carga geral, continuam a enfrentar desafios”.
Durante o primeiro trimestre, a nossa fonte revela que o transporte de carvão se situou em um milhão de toneladas, contra o orçado de 1.5 milhão de toneladas, e o embarque atingiu 1.1 milhão de toneladas, contra 1.5 milhão de toneladas previstas.
De acordo com a nota, estes resultados representam uma diferença em relação ao planificado na ordem de 34% (transporte) e 28% (embarque). Na carga geral, durante os primeiros três meses do ano, foram transportadas 76 mil toneladas, contra 80 mil toneladas previstas para este período.
“Na carga geral, a demanda continua a ser um desafio, mas os resultados melhoraram bastante no primeiro trimestre e esperamos que a carga retorne nos próximos meses, para atingirmos os nossos orçamentos”, referiu ainda o Administrador Financeiro da Nacala Logistics, citado pelo comunicado.
Apesar de um contexto económico desfavorável devido à pandemia do novo coronavírus, a fonte sublinha que a Nacala Logistics continua a investir na segurança e no bem-estar dos seus colaboradores e stakeholders, mantendo o compromisso de contribuir para o desenvolvimento sustentável de Moçambique e das comunidades onde opera.
A Nacala Logistics é responsável pela gestão e operação do sistema ferro-portuário de mais de 1.600 Km, fazendo a logística de carvão, de carga geral e o transporte de passageiros. Nacala Logistics é a marca que representa as empresas do Corredor Nacala, nomeadamente: Corredor do Desenvolvimento do Norte - CDN, Corredor Logístico Integrado de Nacala - CLN, Central EAST African Railways – CEAR, CLA - Companhia Logística de África e Vale Logistics Limited - VLL. (Carta)
Os megaprojectos instalados no país contribuíram para o cofre do Estado em 7.8 mil milhões de Meticais de Janeiro a Março últimos, contra 6 mil milhões de Meticais registados no primeiro trimestre de 2020. O valor representa uma variação positiva de 29%.
Dados da Autoridade Tributária de Moçambique (AT), a que a "Carta" teve acesso, detalham que, da contribuição fiscal total de megaprojectos canalizada ao Estado, o destaque vai para o sector de exploração de petróleo que cresceu 10% em 2021.
A contribuição do referido subsector cresceu de 3.4 mil milhões de Meticais, no primeiro trimestre de 2020 para pouco mais de 6 mil milhões de Meticais, de Janeiro a Março de 2021.
Para além da exploração de petróleo, a contribuição fiscal dos “outros” subsectores cresceu de 276.6 milhões de Meticais em 2020, para 292.3 milhões de Meticais em 2021.
De acordo com dados da AT, os subsectores da exploração de recursos minerais e de energia contribuíram fiscalmente menos para os cofres do Estado no primeiro trimestre de 2021.
A exploração de recursos minerais rendeu ao Estado 794.4 milhões de Meticais de Janeiro a Março últimos, contra 829.4 milhões de Meticais registados no primeiro trimestre de 2020. Uma redução de 4.2%. O subsector de produção de energia canalizou ao Estado 745.4 milhões de Meticais, em 2021, contra 1.5 mil milhões de Meticais em 2020, uma redução de 53%.
A nossa fonte refere que a receita total registada pelo Estado em 2021 foi de 59.8 mil milhões de Meticais, contra 54.6 mil milhões de Meticais registados no primeiro trimestre de 2020. (Carta)
Relatório de um inquérito mensal revela que, pelo segundo mês consecutivo, a produção e as novas encomendas às empresas privadas continuaram a crescer, em Maio último, embora a ritmos ligeiramente mais lentos em comparação ao crescimento inicial registado em Abril. A fonte avança ainda que o emprego aumentou pela primeira vez desde Janeiro e as perspectivas para a actividade futura são as mais altas desde Dezembro de 2019.
O principal valor calculado pelo inquérito realizado pelo Standard Bank Moçambique é o Purchasing Managers’ Index (PMI). Valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês anterior, ao passo que valores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.
“A 51,2 em Maio, o PMI principal estava em consonância com o valor de 51,3 de Abril, assinalando, assim, uma segunda melhoria mensal consecutiva na saúde da economia do sector privado. Isto seguiu-se a 13 meses de declínio que foram, em grande parte, atribuídos à pandemia da Covid-19. O ritmo de crescimento diminuiu em relação ao mês anterior e foi modesto, mas, ainda assim, indicou apenas a segunda recuperação da actividade desde Março de 2020”, lê-se no relatório.
A nossa fonte explica que o crescimento da produção esteve, em grande parte, ligado a um aumento do volume de novas encomendas pelo segundo mês consecutivo, devido ao aumento das encomendas por parte dos clientes e à confiança reforçada de que o impacto da pandemia irá regredir.
Em termos de expectativas empresariais globais para os próximos 12 meses, o relatório diz que são as mais altas desde Dezembro de 2019, o que demonstra a aludida confiança dos clientes.
“Posteriormente, os níveis de emprego aumentaram pela primeira vez em quatro meses, à medida que as empresas procuravam expandir a sua capacidade como forma de antecipar uma forte recuperação económica. Isto permitiu às empresas reduzir os seus atrasos depois de ter sido registado um novo aumento em Abril. Ao mesmo tempo, a actividade de aquisição aumentou acentuadamente pelo segundo mês consecutivo”, refere a fonte.
Em contraste, o relatório relata que foi registado o mais rápido aumento de custos com pessoal em 2021 até ao momento, visto que a criação de empregos levou a que algumas empresas aumentassem a remuneração global.
Relativamente aos resultados do inquérito, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, afirma que o alívio das restrições relacionadas com a Covid-19, em conjunto com alguma recuperação da produção agrícola e a diminuição das pressões inflacionárias, “parecem” estar a ter um efeito positivo nos rendimentos disponíveis e na actividade económica no segundo trimestre do ano.
O alívio das medidas, assinalou, pode estar ainda a compensar os impactos negativos dos restantes desafios, incluindo os de segurança; o efeito da declaração de força maior da Total sobre o projecto LNG de 20 mil milhões de USD; as taxas de juro reais que se mantêm elevadas; e a escassez de liquidez em moeda externa no mercado.
“No entanto, tal como foi publicado na edição de Maio do African Markets Revealed do Standard Bank, o crescimento do PIB irá provavelmente permanecer lento este ano, a 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, acelerando para 2,2% no próximo ano”, observou Mussá.
O PMI do Standard Bank Moçambique compila respostas aos questionários enviados aos directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado. O painel é estratificado por sector específico e dimensão das empresas em termos de número de colaboradores, com base nas contribuições para o Produto Interno Bruto (PIB). Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, o sector manufactureiro, a construção, o comércio por grosso, o comércio a retalho e os serviços. (Carta)
Estudo apresentado, há dias, pela Coligação Cívica da Indústria Extractiva (CCIE) revela que o Governo está a negligenciar o acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, ratificado por Moçambique, em Novembro de 2017. Em causa, a análise aponta a falta de interesse do Executivo em criar condições para garantir a viabilidade da extracção do gás natural sem colocar em causa os esforços tendentes à redução de emissões de dióxido de carbono.
Como consequência, o estudo, intitulado “Implicações do Regime Fiscal na Colecta de Receitas e Transparência no Sector Extractivo”, infere que a negligência de questões de climas constitui risco de erosão de receitas extractivas para Estado, especialmente, no concertante à exploração do gás natural.
Apresentado pela activista e especialista em indústria extractiva, Fátima Mimbire, a análise lembra que os esforços para redução de emissões implicam o redimensionamento de algumas actividades, como é o caso da exploração e produção de combustíveis fósseis. Nesse sentido, Moçambique, que nos últimos anos tem estado a basear a sua economia na extracção de recursos como o carvão, gás natural e no futuro (petróleo leve) e deposita grandes expectativas de receitas fiscais na extracção de gás natural, poderá ser significativamente afectado.
“O acordo de clima coloca em causa o futuro da extracção e utilização de combustíveis fósseis, com destaque para o gás natural, que foi considerado, durante algum tempo, como uma alternativa limpa ao carvão e ao petróleo, sobretudo, devido aos seus métodos produtivos e se desaconselha a usar como fonte de energia eléctrica”, afirmou Mimbire.
Durante a apresentação do estudo, a especialista referiu-se a um estudo realizado pela "Carbon Tracker" em 2020, para sublinhar que os níveis actuais de investimento em combustíveis fósseis estão desajustados das metas de redução de emissões do Acordo do Clima, colocando 1,6 trilhão de USD de investimentos em risco, se o mundo não agir em conjunto no combate às mudanças climáticas.
No sector de gás, destacou Mimbire, estima-se que cerca de 228 biliões de USD de investimentos futuros estejam em risco. “Em Moçambique ainda não iniciou o debate, pelo menos publicamente, sobre como garantir a viabilidade da extracção do gás natural sem colocar em causa os esforços tendentes à redução de emissões de dióxido de carbono, que ocorre através da emissão do metano expelido a partir dos sistemas de queima de gás natural, conhecido por flaring”, afirmou Mimbire.
Todavia, no estudo, a investigadora realça que a própria Total (que com demais empresas implementa o Projecto Mozambique LNG, na Bacia do Rovuma) assumiu compromissos de incorporar nas suas operações, acções protectivas do ambiente e está a alocar 400 milhões de USD em investimento para tais acções.
Mimbire assinalou, porém, que acordos do clima serão mais efectivos a partir de 2030, altura em que, de acordo com projecções, as receitas significativas começarão a fluir para o Estado e os projectos atingirão o ponto de equilíbrio, mas, perante a actual negligência do Governo em debater assuntos sobre o clima, os investimentos para a expansão poderão estar em causa.
Lembre-se que Moçambique tem reservas de gás natural estimadas em cerca de 270 trilhões de metros cúbicos, cuja exploração vai arrancar nos próximos anos. Nesse âmbito, o Governo prevê arrecadar perto de 100 mil milhões de USD, durante o ano de vida dos três projectos em instalação na Bacia do Rovuma. (Evaristo Chilingue)
O mercado financeiro tem conhecimento de que o Banco Central permitiu “facilidades” no cumprimento das normas prudenciais que possibilitam ao Moza, por um determinado número de anos, não cumprir essas normas na sua plenitude. A este respeito, “Carta” não dispõe dos valores reais de boa parte dos indicadores de gestão, porque os mesmos não foram publicados.
O Moza ou o Banco Central, querendo, poderão contrariar esta informação, caso a mesma não tenha sustentação, ou completar a informação que falta, permitindo assim a plena compreensão sobre a situação real do Banco. Uma leitura linear da degradação dos indicadores anteriormente mencionados (no nosso artigo de destaque ontem) apontam claramente para o reforço urgente de capitais adicionais depois de, em 2017, o BM ter emprestado MT 11.712 mil milhões de meticais (cerca de USD 186 milhões, ao câmbio de MT 60 por cada USD), sem juros nem prazo de reembolso, à Kuhanha, SA, uma sociedade privada que gere os interesses privados dos trabalhadores do BM.
Este empréstimo foi concedido em Violação da Lei Orgânica do BM - Artigo 42º da Lei 1/92 de 3 de Janeiro, que veda ao Banco Central conceder crédito, excepto a instituições de crédito. Nesta mesma transação, ao contrair um empréstimo junto do BM, a Kuhanha violou o Decreto 25/2009 de 17 de Agosto, Art. 37º a 39º (Fundos Pensões no Âmbito da Segurança Social Complementar). A Kuhanha é um Fundo de Pensões, cuja supervisão pertence ao Instituto de Seguros de Moçambique 11.
O Presidente do CA da Kuhanha é Rogério Zandamela que, em simultâneo, ocupa o cargo de Governador do Banco; A Kuhanha, é o accionista maioritário do Moza. Assim, sobre o Conselho de Administração do da Kuhanha, presidida por Rogério Zandamela recai a responsabilidade primeira da degradação financeira acelerada do Banco intervencionado; Este é um exemplo de que o Banco Central não deve gerir directamente um banco comercial – não apenas compete de forma desigual com a restante banca como dilui as sua funções de supervisão.
Se o Moza não fosse dirigido pela Kuhanha, cujo presidente é a mesma pessoa que dirige o BM, com os indicadores em processo de degradação, acima mencionados, qual seria a actuação do Banco Central sobre os accionistas e sobre os gestores? Em contrapé com a propalada transparência e contrariamente às normas de apresentação do Relatório e Contas pelos bancos, o próprio Banco de Moçambique ainda não publicou o Relatório e Contas auditado de 2019 nem o de 2020. Igualmente, a Kuhanha não tem apresentado publicamente os seus relatórios auditados.
É importante que as contas sejam publicadas para se conhecer o impacto dos prejuízos do Moza sobre as contas dos seus accionistas e sobre o empréstimo concedido pelo BM à Kuhanha. Os balanços publicados tornam clara a origem dos capitais para os novos aumentos de capital, para que não ocorra mais um empréstimo ilegal por parte do BM à Kuhanha. (Carta)
Apenas 0.6 por cento do universo de agricultores existentes nos 154 distritos das 11 províncias de Moçambique é que têm acesso ao crédito para o desenvolvimento de suas actividades agrícolas. A informação consta do inquérito agrário integrado - 2020 apresentado nesta quinta-feira, em Maputo, pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), Celso Correia, e que estará disponível para o público a partir do dia 15 de Junho.
Segundo Celso Correia, esta situação poderá vir a mudar com o Sustenta, dado que este programa incorpora todos problemas que os agricultores enfrentam e transforma o sector agrário no país e dos agricultores que procuram financiamento, sementes de qualidades e acompanhamento dos extensionistas como forma de impulsionarem as suas actividades. Na apresentação do inquérito, Celso Correia disse que estávamos diante de um marco histórico no sector porque o instrumento iria permitir uma planificação real e não baseada em estimativas que muitas vezes acabam sendo especulativas.
No inquérito consta também que apenas 9.7 % dos agricultores é que usa sementes agrícolas melhoradas e que o país não produz 14 milhões de toneladas de mandioca conforme avançavam dados históricos, mas sim 6 milhões de toneladas do tubérculo. Na ocasião, Correia revelou que o inquérito demonstrou que Moçambique produz mais gergelim do que aquilo que era declarado.
No documento apresentado pelo super-ministro, Celso Correia, as províncias de Tete e Zambézia é que mais se destacam em várias áreas da produção agropecuária. Tete destaca-se pela produção de milho, feijão manteiga, gado bovino e suíno, pequenos ruminantes, tabaco, entre outras culturas. Zambézia surge na frente com a produção de arroz com 31, 23% , soja, feijões com 33, 81%. Nampula destaca-se na produção da mandioca com 41, 64%, castanha de caju, algodão e amendoim. Sofala com gergelim e galinhas. Manica com macadamias e província de Maputo destaca-se com o maior produtor de cana de açúcar.
Segundo Celso Correia, a maior ambição do sector é sair dos actuais 4, 8% registados até ao final do 1º trimestre, o grande desafio será de chegar aos 8%. Correia disse que este instrumento permitirá que os diferentes sectores possam programar-se devidamente e intervir com informações reais e factuais. (Omardine Omar)