O Presidente do Conselho de Administração (PCA), do Banco Nacional de Investimento (BNI), Tomás Matola, disse, esta quarta-feira (23), em entrevista telefónica à "Carta", que a instituição que dirige continua à busca de dinheiro junto de diversos parceiros para financiar micro, pequenas e médias empresas (PME) afectadas pela crise pandémica, visto que o valor de 1.6 mil milhões de Meticais mostrou-se muito aquém de satisfazer a avalanche das empresas que concorreram.
Entretanto, Matola avançou que, para este ano, prestes a findar, não há garantias de receber os financiamentos em busca.
Numa entrevista feita no contexto do andamento das duas linhas de crédito, no montante referido de 1.6 mil milhões de Meticais, o PCA do BNI disse que, para essa verba concorreram, até à segunda semana de Dezembro corrente, 1058 propostas de pedidos de financiamento, mas somente 224 foram aprovadas.
Para comprovar que a procura pelo crédito superou a disponibilidade, a nossa fonte revelou que as 1058 propostas representam uma demanda de 11.1 mil milhões de Meticais, valor que ultrapassou a verba disponível em 9,5 mil milhões (cerca de 600%).
As 224 propostas aprovadas, equivalentes a 1.6 mil milhões de Meticais, a fonte detalhou que, em termos gerais, o sector do comércio lidera com 29%, seguido da avicultura/pecuária com 16%, tendo o turismo e a indústria transformadora alimentar, e não só, ocupado as restantes percentagens.
Em termos regionais, o nosso interlocutor pormenorizou que os padrões variam. Na zona sul lidera a avicultura/pecuária com 25%, seguida do comércio, turismo e educação com respectivamente 17%, 13% e 9%. No centro do país, por seu turno, lideram o sector do comércio com 37%, seguido pela indústria transformadora alimentar, agricultura e turismo com respectivamente 16%, 11 e 6%.
Por fim, na zona norte do país lidera também o comércio com uma percentagem expressiva de 55%, seguido da avicultura/pecuária, indústria transformadora, agricultura e educação com 16%, 11%, 5% e 5% respectivamente.
Em termos de desembolso, Matola disse que, dos 1.6 mil milhões de Meticais, o BNI já financiou as empresas em mais de 800 milhões de Meticais, ou seja, mais de metade do valor. (Evaristo Chilingue)
A consultora NKC African Economics considera que a inflação vai continuar moderada em Moçambique, mas alerta que os riscos de subida dos preços podem materializar-se e não vão desaparecer no curto e médio prazo.
"A perspetiva de evolução da inflação em 2021 vai manter-se relativamente modesta, mas estamos muito cientes dos riscos de subida dos preços, incluindo o enfraquecimento da moeda local, o aumento dos preços da energia, eventos climatéricos adversos e o conflito local disruptivo", lê-se num comentário à inflação em Moçambique, que subiu 0,66% em novembro.
"É improvável que estes riscos desapareçam a curto e médio prazo, o que pode significar que se houver surpresas na inflação, a capacidade das autoridades monetárias para fornecerem alívio será limitada", acrescentam os analistas num comentário à inflação, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso.
Moçambique registou em novembro uma inflação mensal de 0,66%, de acordo com os dados publicados pelo boletim do Índice de Preços no Consumidor (IPC) do Instituto Nacional de Estatística (INE) em meados deste mês.
A inflação acumulada em 11 meses situa-se este ano em 1,97% e a inflação homóloga em novembro fixou-se em 3,27%.
A inflação média a 12 meses está em 3,14%.
De janeiro a novembro, destacaram-se as subidas de preços do carapau, peixe fresco, óleo alimentar, veículos automóveis ligeiros (novos e usados), refeições completas em restaurantes e pão de trigo.
A tendência de subida de preços, ainda que a ritmo ligeiro, já tinha sido identificada pelo Banco de Moçambique e outras autoridades do setor.
A conjuntura reflete choques na economia provocados pela pandemia de covid-19.
Os valores do IPC são calculados pelo INE a partir das variações de preço de um cabaz de bens e serviços, com dados recolhidos nas cidades de Maputo, Beira e Nampula. (Lusa)
Moçambique é alto para investimento chinês e terras agrícolas, mas seu envolvimento é baixo em outras áreas. Em muitos dos números, é muito semelhante ao Gana. O investimento estrangeiro directo (IED) chinês em 2018, em Moçambique, foi de $546 milhões, o terceiro depois da África do Sul e da República Democrática do Congo. O IDE total da China em Moçambique é de $1,4 mil milhões, o 7º em África.
As propriedades de terra da China em Moçambique são 31.200 ha, a segunda maior na África (depois dos Camarões). Isto cobre seis projectos, dos quais os dois maiores totalizam 26.000 ha de arroz no vale do Limpopo. Os dados são do Projecto de Pesquisa China África da Universidade Johns Hopkins, chefiado pela professora Deborah Bräutigam, especialista em investimento e comércio China-África.
Mas em outros sectores, Moçambique não está entre os 10 primeiros. A receita bruta chinesa de contratos em Moçambique totalizou $3,6 biliões nos anos de pico de 2015,16,17. Mas este foi apenas o 14º maior da África. A dívida total de Moçambique para com a China é de $2,45 mil milhões, dos quais $2,15 são créditos à exportação e o sector chave é o dos transportes, $1,5 mil milhões. Mais uma vez, Moçambique ocupa apenas a 14ª posição. As importações da China foram de US $1,9 bilião em 2018 e as exportações para a China de US $ 651 milhões, novamente bem abaixo na lista. Em 2018, havia 3.153 trabalhadores chineses em Moçambique. (JH)
Após a queda acentuada das receitas de exportações verificada no segundo trimestre deste ano, durante o pico da pandemia, o Banco de Moçambique reporta que nos últimos três meses (Julho, Agosto e Setembro), observou-se um aumento das exportações.
Em Relatório sobre Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI), referente a Dezembro, o Banco Central justifica a tendência crescente das exportações, com a recuperação dos preços internacionais das principais commodities, bem como o aumento de quantidades de bens vendidas pelo país ao resto do mundo.
Dos vários produtos de bandeira, consta em CEPI que, no último trimestre, a exportação de barras de alumínio rendeu ao Estado 220 milhões de USD, contra 212 milhões de USD registados no trimestre anterior, de pico da pandemia. Da exportação do carvão mineral, o Estado embolsou 156 milhões de USD em receitas, contra 140 milhões registadas no segundo trimestre. A exportação de energia rendeu 126 milhões de USD, contra 101 milhões registados no trimestre de pico da crise pandémica.
“Entretanto, do lado das importações, realça-se o prevalecente aumento da aquisição de bens de capital (maquinaria) e material de construção, bens que, apesar da Covid-19, mostraram uma relativa rigidez", lê-se no CEPI.
Por consequência desse prevalecente aumento de importações, o Banco de Moçambique relata em informe que a conta corrente continuou a registar défice, que no último trimestre situou-se em 1,384 milhões de USD negativos.
Em termos de prognóstico, para o curto prazo, o Banco Central perspectiva que a economia mantenha a tendência para recuperação gradual, depois de, no terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB), registar uma queda menos acentuada (-de -1,09%) contra uma contracção de 3,25% observada no segundo trimestre de 2020.
“Os efeitos adversos da Covid-19 continuarão a condicionar a actividade económica até ao final de 2020, no entanto, em magnitude inferior à observada no III trimestre, tendo em conta o alívio progressivo das medidas restritivas e a contínua melhoria da procura externa. Esta perspectiva está em linha com a contínua melhoria do Índice de Clima Económico (ICE) e do Índice de Produção Industrial (PMI) em Outubro e Novembro, respectivamente bem assim do aumento do crédito à economia”, fundamenta o CEPI.
Quanto ao comportamento de preços num futuro próximo, o Banco de Moçambique perspectiva um ligeiro aumento, depois de, em Novembro último, a inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), passar de 3,20%, em Outubro, para 3,27%.
A subida de preços no futuro, fundamenta o CEPI, justifica-se pelo término da vigência das medidas administrativas de controlo de preços decretadas no contexto da Covid-19, restrições na circulação de pessoas e bens (instabilidade militar nas zonas centro e norte do país) e aceleração dos preços dos bens alimentares na África do Sul.(Carta)
A moeda nacional, o Metical, mantém a tendência para depreciação em relação às moedas dos principais parceiros comerciais – revela o Banco de Moçambique em relatório de Dezembro corrente, sobre Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI). E, de facto, no mercado informal, um Dólar dos Estados Unidos da América (USD) chega a custar 81 Meticais, contra 74.06 Meticais do mercado formal, constatamos esta terça-feira (22), no Mercado Central da Cidade de Maputo.
Em relação ao Euro (EUR), verificamos que, enquanto no mercado formal (câmbio do dia do Banco de Moçambique), um EUR compra-se a 90.75 Meticais, no mercado informal chega a custar 95 Meticais.
Face à aproximação das festas do natal e fim do ano, o Rand sul-africano (ZAR) também disparou. No Mercado Central da Cidade de Maputo, um ZAR chega a custar 4.950 Meticais, valor que é inferior aos 5.09 Meticais no sector formal, de acordo com o câmbio do dia do Banco Central.
Em relatório (CEPI), o regulador do sistema financeiro nacional relata que, no período que decorre desde Outubro último até 8 de Dezembro de 2020, o Metical depreciou face ao Dólar 2,20%, ao Euro 4,82% e ao Rand em 10,63%. Em termos acumulados e anuais, o Banco Central verificou que a moeda nacional registou perdas nominais face ao Dólar de 20,51% e 16,45%, respectivamente, num contexto em que os bancos registaram compras líquidas de divisas do público, no mercado cambial.
“O comportamento do Metical no período em referência resultou em ganhos anuais de competitividade nas exportações do país, medidos em termos de Índice de Taxa de Câmbio Efectiva Real (ITCER), em resultado da depreciação do Índice da Taxa de Câmbio Efectiva Nominal em (15,56%), num contexto de continuidade da estabilidade do diferencial entre os preços domésticos e os dos principais parceiros comerciais do país”, ressalta o Banco de Moçambique. (Evaristo Chilingue)
No seu relatório sobre a Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI), referente ao mês de Dezembro, o Banco de Moçambique revela que a economia, principalmente no que sector privado diz respeito (crédito ao sector privado), tende a crescer. Tal decorre da redução gradual da taxa de juro de política monetária ocorrida ao longo do ano e das medidas de apoio ao sector tomadas no contexto da pandemia.
O Banco Central não relata o facto em números absolutos, mas em percentagens. Comprova que de Julho a Setembro, o crédito expandiu em 4,8%, contribuindo para uma variação acumulada para 13,0% em Setembro, após 9,4% em Julho. Em termos de variação anual, o crédito à economia acelerou de Julho a Setembro em 3,1 pontos percentuais (pp), para 13,7%.
“Em termos de distribuição por sectores institucionais, o sector privado (empresas e particulares) foi o que mais contribuiu para a variação acumulada, sendo que as empresas públicas não financeiras observaram contribuições menos acentuadas”, detalha o CEPI.
Quanto à denominação, o relatório do Banco Central descreve que a componente em moeda nacional é a que mais contribuiu para o acréscimo global deste agregado, com uma participação de 9,3 pp, na variação total, sendo o remanescente 4,5 pp da componente em moeda estrangeira. No curto prazo, o regulador do sistema financeiro nacional espera que a tendência de aumento de crédito à economia prevaleça. (Carta)