Conversa com a autora dos romances “O Inspector de Xindzimila” e “Romeu é Xingondo e a Julieta é Machangana” a respeito das suas inspirações, realizações e planos literários. O romance O INSPECTOR DE XINDZIMILA será pretexto para uma conversa com a prosadora Virgília Ferrão. Esta é a segunda publicação desta jovem autora depois da estreia com ROMEU É XINGONDO E A JULIETA É MACHANGANA em 2005. Nesta obra Virgília Ferrão narra a história de um jovem que «regressa à sua terra natal, a pequena e pacata vila Xindzimila. Dionísio já sabia que teria de enfrentar o seu pai e uma antiga mágoa guardada». A obra despoletará certamente uma tertúlia que nos permitirá reflectir sobre as leituras possíveis do romance desta autora e outras produções literárias.
(28 de Fevereiro, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)
Cameron Ward vem directamente de Cape Town para o primeiro especial Jazz na hora de ponta de 2019. Cameron é membro da banda Masekela desde os 21 anos e sente-se pronto para se estabelecer como artista internacional. Com ambições de um dia ocupar o seu lugar entre os gigantes da música sul-africana. Já aclamado como favorito do público norte-americano e europeu por seu carisma e proezas musicais, Ward aperfeiçoou e dominou suas ideias de improvisação perspicácia solo e vocal e habilidades de guitarra por quase uma década tocando em clubes de jazz e festivais em todo o mundo ao lado de Masekela.
(28 de Fevereiro, às 18Hrs em Maputo)
Com o objectivo de aprofundar o conhecimento do trabalho da escritora moçambicana, terá lugar no próximo dia 27 de Fevereiro, às 17h00, uma sessão intitulada “Paulina Chiziane: A Literatura Liberta, A Literatura Emancipa”, dinamizada pela investigadora Sara Jona, na Biblioteca do Camões - Centro Cultural Português. Durante este encontro, Sara Jona propõe uma tentativa de compreensão de que modo Paulina Chiziane estimula os seus leitores para a libertação de mentes oprimidas e para a emancipação da mulher. Para tal, utilizará como exemplos as obras Ventos do Apocalipse, Niketche: uma história de Poligamia e As Andorinhas.
Notas Biográficas: Paulina Chiziane é natural de Manjacaze (1955-). Afirma-se no panorama literário moçambicano como contadora de estórias, inspirada nos contos à volta da fogueira, sua primeira escola de arte. Frequentou o curso de Linguística na UEM e publicou a sua primeira obra Balada do amor ao vento, em 1990, que representa o primeiro romance publicado por uma mulher moçambicana. Seguiram-se Ventos do Apocalipse (1993), O Sétimo Juramento (2000), Niketche: Uma história de poligamia (2002), O Alegre Canto da Perdiz, (2008), As Andorinhas (2009), Por Quem Vibram os Tambores do Além (2013), Na Mão de Deus (2013), Ngoma Yethu: O Curandeiro e o Novo Testamento (2015), até ao mais recente O Canto dos Escravos (2017). Foi distinguida com diversas menções honrosas, entre as quais se destaca o Prémio José Craveirinha, da Associação dos Escritores Moçambicanos, em 2003. A sua escrita combina tradição e originalidade, “numa produção complexa e socialmente valorizada” (T. Manjate). Temática dominante é o tratamento do papel da mulher da sociedade, com os conflitos identitários que derivam da presença de uma diversidade de religiões e de culturas. Paulina Chiziane é uma escritora preocupada com o testemunho do real.
Sara Jona Laisse - Doutorada em Literaturas e Culturas em Língua Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa. Docente de Cultura Moçambicana e Metodologia de Pesquisa na Universidade Politécnica. É consultora em Avaliação de Qualidade de Ensino. É autora de manuais de ensino, artigos publicados em jornais e revistas nacionais e estrangeiras. Publicou o livro Entre o Indico e o Atlântico: ensaios sobre literatura e outros textos e é co-autora da obra Identidade Organizacional: um diferencial para a competitividade das empresas moçambicanas e do Dicionário Português-Bitonga-Português com Compêndio Gramatical. Dinamiza, há três anos, um evento académico denominado “Tertúlias Itinerantes”, no qual investigadores de diferentes áreas de saber e de várias universidades discutem o tema “interculturalidade”. Há 18 anos que mantém um outro programa de incentivo ao gosto pela literatura designado “Tertúlias de Sábado”. Tem participado em vários eventos científicos nacionais e internacionais e tem sido membro de júri em concursos literários no seu país e em outros.
(27 de Fevereiro, às 17Hrs no Centro Cultural Português)
Entre os 17 agentes do SERNAP detidos (e não apenas 14 como escrevêramos esta tarde) implicados na soltura de reclusos, encontram-se os ex-directores da Penitenciária Provincial de Maputo e Preventiva da Cidade de Maputo, designadamente Ramos Zamboco e José Machado. Os 17 estão envolvidos na facilitação de saída de reclusos por meio de falsas declarações, falsidade de documentos e abuso de cargo e funções, de acordo com o processo 273/10/P/17, investigado pela Procuradoria Provincial da República-Maputo. (Carta)
Para as eleições a terem lugar no dia 15 de Outubro deste ano tomarão posse esta segunda-feira (25) na capital do país 11 presidentes provinciais das comissões eleitorais, incluindo da própria cidade de Maputo. Os vice-presidentes e membros das mesmas comissões já foram empossados. O porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, disse ao nosso jornal que o evento deve-se ao facto de ter expirado o mandato do anterior elenco directivo das comissões eleitorais nas províncias, que vinha vigorando desde 2013. Outro motivo é o da ausência dos membros da Renamo nos mesmos órgãos, por na devida altura terem decidido não tomar posse. A situação alterou-se devido à nova composição da CNE e do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), tendo os membros do maior partido da oposição passado a fazer parte das comissões provinciais eleitorais.
Questionado pelo nosso jornal sobre as razões de a capital do país passar a ter uma Comissão Provincial de Eleições, (CPE), tendo em conta que no novo modelo eleitoral e de descentralização irá desaparecer a figura de governador da cidade de Maputo, Paulo Cuinica respondeu que “a Lei ainda está a ser revista, e só depois da sua aprovação é que ficará claro se haverá ou não governador ou Assembleia Provincial na cidade de Maputo”.
Governo promete cobrir défice
Entretanto, conforme revelou Paulo Cuinica na semana finda, o governo prontificou-se a cobrir o défice de 8.1 mil milhões de Mts a fim de completar os 14.6 mil milhões de Mts necessários para a realização das eleições gerais, legislativas e provinciais. Assim sendo, não haverá qualquer impedimento de ordem financeira para a realização das eleições gerais marcadas 15 de Outubro do presente ano. Com esta disponibilidade do Executivo moçambicano, a CNE e o STAE não mais estarão dependentes de apoios dos parceiros internacionais para viabilizar as eleições deste ano.
Cuinica disse também que de 1 a 15 de Março vão ter lugar em todo o território nacional cerimónias de empossamento dos membros das Comissões Distritais de Eleições (CDE), grupo que irá liderar o recenseamento eleitoral cujo arranque está previsto para 01 de Abril próximo. (Omardine Omar)
Os ataques de insurgentes da última quinta-feira, que atingiram directamente as operações da Anadarko, causaram um profundo mal-estar entre os principais investidores do gás do Rovuma. A Anadarko já anunciou que mandou suspender temporariamente suas obras em Afungi e restringiu a circulação de colaboradores, nomeadamente os que estão confinados no seu acampamento naquela península perto de Palma, em Cabo Delgado. A Exxon Mobil, que também possui um acampamento em Afungi, ainda não tomou posição oficial, mas fontes seguras disseram à “Carta” que a gigante norte-americana está a ponderar atrasar o anúncio o seu Financial Investiment Decision (FID) para depois das eleições de Outubro.
A intenção inicial da Exxon, que tenciona investir 20 biliões de USD no seu projecto de liquefação de gás no Rovuma, era a de anunciar o Plano de Desenvolvimento (PoD) e o FID ao mesmo tempo em Julho deste ano; diferentemente da Anadarko, a Exxon não precisa de garantir a venda antecipada de gás para mobilizar recursos na banca e fazer o FID; a Exxon tem capacidade própria de financiamento; só o ano passado, seus resultados líquidos rondaram os 19 biliões de USD.
Mas o escalar da situação da insurgência em Cabo Delgado levou a que altos quadros da gigante norte-americana começassem a ponderar um plano B: esperar para ver a evolução do caos, lançar o PoD em Julho como programado, mas atrasar o FID.
Uma das razões para esta decisão é a falta de informação sobre a escalada de violência. As multinacionais queixam-se em privado de não receberem do governo moçambicano dados concretos da situação no terreno, o que lhes limita a capacidade de decisão sobre a dimensão de investimento na sua auto-protecção. Todas as multinacionais que operam em Cabo Delgado contam com segurança própria, que protege as suas instalações dentro de dado perímetro, cabendo às Forças de Defesa e Segurança a garantia de que todas as operações no exterior dos acampamentos sejam seguras.
Na sexta-feira, isso não se verificou. A Anadarko foi atacada. O facto está a causar um profundo mal-estar no seio dos investidores. Nas “boardrooms” locais da indústria extractiva questiona-se com insistência as razões por que o Governo não responde a uma oferta feita pelo Governo americano, há meses, de apoiar na eliminação dos insurgentes.
No passado dia 7 de Fevereiro, aquando do encerramento da operação "Cutless Express” (que juntou forças navais de vários países africanos e a armada americana em treinos conjuntos), Brian Hunt, o encarregado de negócios da Embaixada Americana em Maputo, confirmou que uma oferta tinha sido feita, mas que cabia ao governo de Maputo fornecer informação sobre se a mesma seria aceite ou declinada. O silêncio do Governo é visto como “estranho”, sobretudo quando, como aconteceu na última quinta-feira, os insurgentes atacaram directamente um dos principais investidores no terreno. (M.M.)
Segundo dados preliminares da empresa Eletricidade de Moçambique (EDM), fornecidos ontem, mais de 28 mil famílias (aproximadamente 28.200) nas províncias de Maputo e Gaza ficaram sem energia eléctrica na sequência do mau tempo registado na noite do último sábado, caracterizado por intensas chuvas acompanhadas de ventos fortes e trovoadas.
A EDM diz que foi na província de Gaza onde houve o maior número de afectados, sobretudo na capital provincial Xai-Xai, com 22 mil clientes daquela empresa a ficarem sem electricidade devido aos danos no sistema elétrico. O porta-voz da EDM em Gaza, Edson Loforte, afirmou que na cidade de Xai-Xai ficou interrompida a linha de média tensão que liga Chongoene e Chibuto, a partir da subestação de Chicumbane, tendo ficado afectados 22 mil clientes. Igualmente interrompeu-se a linha de média tensão que liga Zongoene a partir da subestação de Chicumbane, afectando 1200 clientes. Em Xai-Xai está fora de serviço a subestação de Tavane, situação que afectou vários clientes da EDM, incluindo o Hospital Provincial de Gaza. De acordo com Loforte, os danos causados pelo vendaval ainda estão por contabilizar.
Perdas na província de Maputo
Quanto às perdas provocadas pelo vendaval de sábado passado na província de Maputo, o porta-voz da EDM nesta região, Neves Xavier, disse que foram de aproximadamente um milhão e quinhentos mil Mts, resultantes da destruição de 30 postes de média tensão, dos quais 24 na zona de Sapat, próximo a portagem da Moamba, para além da avaria de um Posto Transformador (PT) localizado no bairro Zona Verde.
Em Maputo ficaram destruídos nove para-raios, equipamento que protege os PT das descargas atmosféricas, bem como dois pórticos, postos nos quais faz-se a montagem e fixação de todos os acessórios de um PT.
A vila da Namaacha também terá ficado sem energia eléctrica como consequência do vendaval de sábao à noite. No que respeita ao número de pessoas que ficaram sem electricidade, Neves Xavier disse que foram cinco mil na província de Maputo.
Equipas no terreno
Os porta-vozes da EDM garantem aos clientes ainda afectados que a energia eléctrica será resposta o mais rápido possível, para o que as equipas daquela empresa encontram-se no terreno a efectuar trabalhos de reparação. (Evaristo Chilingue)
Seis pessoas morreram e várias ficaram feridas na sequência de um novo ataque no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, disseram ontem à Lusa fontes locais. O ataque ocorreu por volta das 13:00 de sábado, quando uma viatura de transporte de passageiros que seguia numa estrada de terra batida que liga o distrito de Macomia à sede do posto administrativo de Mucojo foi intercetada por um grupo desconhecido, explicaram as fontes.
O grupo armado disparou contra a viatura para que o motorista parasse, tendo posteriormente invadido o veículo e matado seis pessoas, entre as quais uma criança. Várias pessoas foram feridas durante o ataque, onde o motorista e o cobrador foram posteriormente levados ao Hospital Provincial de Pemba para assistência.
Este ataque aconteceu a mais de 100 quilómetros a sul de local onde na quinta-feira a petrolífera norte-americana Anadarko sofreu dois ataques relacionados, que resultaram em um morto e seis feridos. (Carta)
O pároco da catedral de Maputo, Giorgio Ferreti, anunciou ontem que o papa Francisco visitará Moçambique ainda este ano, na primeira visita papal ao país desde 1988. “Vou contar-vos um segredo. Este ano vamos receber uma visita muito especial. O papa Francisco vai estar aqui connosco este ano”, disse Giorgio Ferreti, aos fiéis que se encontravam na catedral.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, convidou o papa Francisco a vir a Moçambique durante uma deslocação ao Vaticano, em setembro do ano passado, e acabou por quebrar as regras do protocolo ao anunciar aos jornalistas a possível visita. Apesar de não haver ainda uma data para a visita do líder da igreja católica, a AFP adianta que setembro foi sugerido como uma “data plausível” e que a deslocação deverá incluir também Madagáscar. A última visita de um papa a Moçambique aconteceu em 1988 com João Paulo II que, na ocasião, pode verificar a devastação causada pela prolongada guerra civil. (Lusa)
Teve início, esta semana, a operacionalização da Linha de Crédito de Comercialização Agrícola (LCCA), lançada em Dezembro último, pelo Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) e pela Gapi.
Os primeiros créditos, num montante de cerca de 10.5 milhões de Meticais, já foram concedidos. As propostas de financiamento aprovadas são de empresas que operam em zonas rurais de Niassa, Tete e Nampula.
O Comité Directivo da LCCA está a priorizar as empresas actuando nas zonas fronteiriças, para que a produção nacional de alimentos permaneça em território nacional.
A comercialização de produtos alimentares, com destaque para milho e feijão e com impacto em comunidades rurais no distrito de Doa, em Tete, é uma das operações comerciais priorizadas pelo Comité da LCCA. Este financiamento vai beneficiar mais de 10 mil famílias, residentes em comunidades como Cachere, Mara, Michone, Sabgomba, Manoriza, Missocossa e Thapo no distrito de Doa. Outro beneficiário é uma empresa do Niassa, envolvida na indústria alimentar, que impulsiona a cadeia de comercialização de cereais no seio dos pequenos produtores naquela província, ajudando a criar uma rota para o mercado de seus produtos. A empresa possui uma fábrica de processamento de milho, com capacidade para processar duas toneladas por hora e que foi, recentemente, inaugurada pelo Chefe de Estado.
Com o crédito da LCCA, esta empresa acredita poder desenvolver um papel crucial na cadeia de valor de cereais do mercado local, sobretudo nos distritos de Lichinga, Mandimba, Maúa e Muembe, dado que “grande parte do milho processado e/ou transformado em farinha é comprado através de uma rede de comerciantes rurais que incentivam os produtores familiares a aumentarem a sua produção, visto que os mesmo passam a ter um mercado seguro para comercializar os seus produtos”.
Neste momento, a empresa encontra-se focada na ampliação do seu mercado, para assegurar a absorção de grande parte do grão que acaba saindo do País de forma clandestina. Para garantir um melhor armazenamento e conservação dos seus produtos, está a usar os silos da Bolsa de Mercadorias de Moçambique.
Em Nampula, a empresa beneficiada é uma pequena agroindústria que se dedica à compra, processamento Industrial e venda de farinha de milho e seus derivados. Esta empresa propõe-se cumprir com as normas governamentais, no âmbito da produção de alimentos enriquecidos, com base na farinha de milho e soja. “Com o financiamento, vamos dinamizar a produção, através de duas linhas de processamento, sendo uma para produção de farinha de milho fortificada com capacidade de 20 toneladas por dia e outra para produção de papas enriquecidas, com base nas farinhas mistas de milho e soja, com capacidade de 4 toneladas por dia” – garante Chissungue Haje António, representante da empresa.
José Farinha, gestor de uma das empresas beneficiárias destas primeiras operações da LCCA, vem desenvolvendo a actividade de comercialização há vários anos, mas, segundo conta “não conseguia comprar cereais, numa quantidade que me permitisse alavancar rapidamente a minha actividade e beneficiar as comunidades do meu distrito, porque não tinha dinheiro suficiente”.
Na sua opinião, o surgimento da LCCA vai dinamizar a actividade dos produtores que, muitas vezes, viam a sua produção apodrecer por falta de escoamento.
Além do financiamento à comercialização previsto na LCCA, o acordo entre o ICM e a Gapi contempla actividades de assistência técnica, com vista à criação e capacitação de operadores da comercialização agrícola e do agro-processamento de pequena e média dimensão. Estas actividades beneficiam de sinergias com programas como o ProMer, Agro-Investe, ProSul , entre outros que contam com a participação da Gapi e o apoio do Governo e de parceiros como o FIDA, BAD e Danida.(FDS)