O ministro das Finanças, Adriano Maleiane, é um dos três co-conspiradores moçambicanos das dívidas ocultas, identificado na acusação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América. No último dia do julgamento de Jean Boustani em Brooklyn, o procurador Hiral Mehta apresentou o nome de Maleiane, Isaltina Lucas e Armando Ndambi Guebuza como coconspiradores do caso. “Finalmente, temos o Sr. Adriano.
Ele era ministro da Economia e Finanças no momento da troca [dos títulos de crédito da EMATUM com garantias do Estado]. Ele viajou com o Sr. [António Carlos] do Rosário para Nova York com os investidores. E ele sabia que Moçambique estava a mentir para o FMI sobre os empréstimos Proindicus e EMATUM. E ele escondeu isso do público e dos investidores”, disse Mehta nas alegações finais. Os nomes dos três moçambicanos constam da acusação da EMATUM mas seus nomes estão ocultados. Apenas aparece a descrição dos factos por eles praticados.
É a caçada total. O famigerado General Mariano Nhongo, da Renamo, que lidera uma pequena facção armada do partido, está a ser alvo de uma perseguição sem precedentes por partes das Forças de Defesa e Segurança do Governo de Moçambique, soube “Carta” de fontes ligadas à “inteligência” militar. “Nhongo está a ser procurado vivo ou morto. E mais dias menos dias, esse objectivo será alcançado”, disse uma das fontes, sob anonimato.
É desconhecida a actual localização de Nhongo e seu grupo. Uma fonte próxima da ala castrense da renamista disse ontem à “Carta” que o general rebelde já não se encontra na província de Sofala, onde a Renamo sempre manteve suas bases centrais, nomeadamente na serra da Gorongosa, lugar, aliás donde Nhongo anunciou sua dissidência, acusando Ossufo Momade, actual da formação de Afonso Dhlakama, de ter “traído” o partido em benefício próprio ao assinar um acordo de paz com o Governo, que significava praticamente uma rendição.
O antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza, dois dos seus filhos e 17 outros moçambicanos são indicados numa lista de "transferências feitas" pela empresa Privinvest, acusada de subornos no caso das dívidas ocultas, segundo um documento consultado ontem pela Lusa.
A construtora naval Privinvest era a fornecedora de embarcações e equipamentos para as empresas públicas moçambicanas Ematum, MAM e Proindicus que entraram em ‘default’ em 2016 e revelaram dívidas desconhecidas de Moçambique no valor de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros).
O analista da Economist Intelligence Unit (EIU) que segue a economia de Moçambique considerou hoje à Lusa que sem uma resolução dos empréstimos ocultos, o Fundo Monetário Internacional não aprovará um programa de assistência financeira.
"Sem resolução destes empréstimos feitos, não haverá um programa completo do FMI", disse Nathan Hayes em entrevista à agência Lusa, na qual apontou que Moçambique está a violar todos os critérios sobre a sustentabilidade da dívida.
Moçambique processou o banco suíço Credit Suisse, um construtor de navios dos Emirados Árabes Unidos (a Privinvest) e um grupo de banqueiros em Londres pelo seu papel no calote de 2 bilhões de USD, alegando que eles devem ser os responsáveis pelo pagamento de toda a dívida contraída pelo Governo no âmbito dos projectos da Ematum, MAM e Proíndicus.
Moçambique é representado no caso por Joe Smouha (da Essex Court Chambers) e Scott Ralston e Ryan Ferro (da 3VB), ambos instruídos por Keith Oliver, da Peters & Peters LLP. Esta firma foi a escolha pela Procuradoria Geral da República (advogado do Governo) para representar o Estado na litigação em tribunal britânico. A notícia de que a PGR intentou uma acção cível em Londres contra parte dos envolvidos no calote não é propriamente uma novidade.
O antigo PR Joaquim Chissano, homenageado (por seus 80 anos) no passado sábado na tenda gigante da Soico, na Catembe (denominada Arena 3D), dedicou, no seu discurso, uns largos minutos a Samora Júnior, o filho de Samora Machel que se envolveu recentemente num “braço de ferro” com a liderança da Frelimo, na pessoa do actual Presidente Filipe Nyusi.
Samora Júnior completava 50 anos de idade no mesmo dia e Chissano anunciou esse facto aos presentes, justificando a ausência de Samito (como é tratado Samora júnior) e dizendo que, por isso, Graça Machel iria abandonar mais cedo a cerimónia. “Carta” sabe que Joaquim e Marcelina Chissano foram juntar-se mais tarde ao corte do bolo de Samito Machel.