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Actualizado de Segunda a Sexta

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Política

Adolfo Manuel da Silva Correia (CEO da Tropigalia), de 60 anos de idade, de nacionalidade portuguesa, já está em casa. Ele foi solto na segunda-feira, depois de ter estado encarcerado no Estabelecimento Penitenciário Preventivo da cidade de Maputo, a antiga Cadeia Civil. Sua soltura foi garantida à “Carta” por uma fonte próxima da família. Adolfo Correia esta em casa, a descansar, disse a fonte, revelando o “abalo” familiar depois da sua detenção.

 

O advogado de Adolfo Correia, o conhecido causídico Eduardo Jorge, com quem estamos a tentar estabelecer conversa, não atendeu às nossas chamadas. Correia foi detido na sexta-feira, por iniciativa da Procuradoria-Geral da República. Dados não confirmados oficialmente referem-se a mandados de captura, alegadamente emitidos por um juiz de instrução, contra três indivíduos, nomeadamente o CEO da Tropigalia e dois outros indivíduos. Pesa sobre os mesmos a acusação de associação e crimes.

 

Ontem, a Tropigalia, uma sociedade anónima, emitiu um comunicado, informando os accionistas e o público, que “as recentes acusações veiculadas por alguns meios de comunicação social contra o seu PCA, Adolfo Correia, não estão, de forma alguma, relacionadas com as actividades da Tropigalia, por um lado, nem, por outro, relacionadas com o exercício de funções de PCA da Tropigalia, cargo ocupado pelo Adolfo Correia.”

 

A empresa frisa mesmo que “as acusações veiculadas por tais meios de comunicação social, falsa e levianamente conectadas à Tropigalia, são na verdade referentes à actuação do Senhor Adolfo Correia individualmente, em nada relacionadas com a Tropigalia, nem interferem com a capacidade da actual administração em prosseguir com normalidade as operações da Tropigalia.

 

A Tropigalia está actualmente em fase de expansão, tendo iniciado em  2021 a construção de um novo centro de distribuição que permitirá alavancar a sua estratégia de crescimento e optimizar a sua capacidade logística. Eventualmente, Adolfo Correia estaria directamente ligado à captação de âmbito. E foi nesse âmbito que ele se envolveu com um homem de nacionalidade turca. (M.M.)

terça-feira, 26 março 2024 07:38

SAMIM abandona Moçambique por falta de fundos

A Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM), que tem apoiado as forças moçambicanas na luta contra o terrorismo islâmico na província nortenha de Cabo Delgado, vai deixar o país em Julho por falta de fundos, segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros, Verónica Macamo.

 

“A SAMIM está a enfrentar alguns problemas financeiros. Também temos que cuidar das nossas próprias tropas e teríamos dificuldade em pagar a SAMIM. Nossos países não estão a conseguir arrecadar o dinheiro necessário”, disse.

 

Macamo falava após um encontro em Lusaka entre o Presidente Filipe Nyusi e o seu homólogo zambiano, Hakainde Hichilema, actual presidente do órgão de Cooperação em Política, Defesa e Segurança da SADC.

 

A SAMIM está implantada em Moçambique desde meados de 2021. Em Agosto de 2023, a sua missão foi prorrogada por mais 12 meses, até Julho de 2024. O plano da SAMIM é a retirada gradual das forças dos oito membros da SADC que a compõem. Macamo disse aos jornalistas que, dadas as suas limitações orçamentais, a SADC optou por priorizar a sua missão na República Democrática do Congo (RDC) acima da SAMIM.

 

A SADC, disse ela, acredita que a situação é relativamente estável quando comparada com a violência no leste da RDC, onde mais de 120 grupos armados lutam para saquear os recursos naturais do país.

 

“África tem muitos problemas e actualmente a SADC tem duas missões, na RDC e em Moçambique”, acrescentou Macamo. “E a SADC pensou que, para Moçambique, se outros países continuarem a apoiar-nos com material, incluindo material letal, poderemos efectivamente superar o terrorismo”. (AIM)

terça-feira, 26 março 2024 07:20

Chuvas voltam a paralisar Grande Maputo

Doze dias depois da passagem da Tempestade Tropical “Filipo”, a Área Metropolitana do Grande Maputo, que abarca os Municípios de Maputo, Matola, Boane, Marracuene e Matola-Rio, no sul do país, voltou a ficar paralisada, depois de ter enfrentado mais de 30 horas de chuvas intensas, que causaram inundações em todos os bairros da capital do país e da cidade mais industrializada de Moçambique.

 

Serviços públicos, estabelecimentos de ensino e comerciais estiveram encerrados esta segunda-feira em quase todos os bairros da Área Metropolitana do Grande Maputo, devido aos estragos causados pelas chuvas intensas. Algumas escolas e instituições públicas fecharam as portas porque encontravam-se alagadas e outras devido às dificuldades de acesso.

 

O transporte público e semi-colectivo de passageiros funcionou a “meio-gás”, com a maioria dos operadores a parquear os autocarros, devido à intransitabilidade das vias, com destaque para as estradas municipais. Por exemplo, a Avenida 25 de Setembro, na baixa da Cidade de Maputo, manteve-se intransitável até ao início da tarde de ontem, devido às inundações.

 

Dezenas de viaturas foram arrastadas pela fúria das águas em diferentes estradas e avenidas do Grande Maputo e outras dezenas de condutores viram suas viaturas griparem os motores após desafiarem as águas das chuvas.

 

Os Caminhos-de-Ferro de Moçambique também interromperam a circulação de comboios em todas as linhas da zona sul. Na linha do Limpopo, por exemplo, as águas arrastaram os solos, que acabaram soterrando por completo a linha férrea, no bairro das Mahotas, no Distrito Municipal de KaMavota.

 

Os serviços de abastecimento de água e de fornecimento de energia eléctrica também estiveram interrompidos em alguns bairros e centenas de famílias continuam a dormir ao relento, devido ao alagamento das suas residências. Até à noite de ontem, havia famílias que não sabiam onde dormir, pois, as escolas que costumam alberga-las também estavam alagadas.

 

No Município da Matola, a Edilidade fala de mais de 10 mil munícipes afectados pelas chuvas, porém pouco mais cinco mil é que conseguiram ter abrigo. No Município de Marracuene, as chuvas inundaram mais de 100 casas, em mais de 10 bairros e deixaram perto de 80 postos de recenseamento eleitoral sem condições de funcionamento.

 

O Edil de Maputo, Razaque Manhique, anunciou, ontem, o encerramento das escolas da capital do país até sexta-feira, como forma de minimizar o sofrimento das famílias, por um lado, e com vista a encontrar solução dos constantes alagamentos das escolas da capital, por outro.

 

Refira-se que o drama vivido domingo e segunda-feira na Área Metropolitana do Grande Maputo não é novo e repete-se sempre que a chuva cai nesta parcela do país. Aliás, as chuvas voltaram a inundar as residências e estradas do Grande Maputo, numa altura em que as famílias ainda se refaziam dos estragos causados pela Tempestade Tropical “Filipo”, que também deixou estas autarquias em estado de alerta.

 

Chuvas mataram quatro pessoas e afectaram mais de 12 mil

 

Pelo menos quatro pessoas morreram, duas ficaram feridas e outras 12.740 foram afectadas pela chuva intensa registada no sul do país no domingo, divulgou ontem (25) o Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), citado pela Rádio Moçambique, emissora pública.

 

Os óbitos foram registados na província de Inhambane, todos causados por raios, disse Ana Cristina, directora do CENOE, durante uma reunião do Conselho Técnico de Gestão e Redução do Risco de Desastres.

 

O mau tempo, registado nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, causou ainda a destruição total ou parcial de 11 casas e inundou outras 9.985, além de afectar também 19 escolas, 49 vias de acesso e 13 centros de saúde, indicam os dados preliminares.

 

Segundo a fonte, foram abertos 27 centros de acolhimento, que agora albergam pelo menos 7.658 pessoas. Segundo as autoridades moçambicanas, até ao passado dia 15, um total de 135 pessoas morreram, 195 ficaram feridas e 131.915 foram afectadas pela época da chuva no país, que decorre entre Outubro e Abril.

 

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época da chuva.

 

Cerca de 15 mil famílias às escuras

 

O mau tempo que se faz sentir desde a noite do dia 24 de Março de 2024, caracterizado por chuvas intensas e ininterruptas, acompanhadas de trovoadas, está a registar alguma perturbação na rede eléctrica. Esta situação condicionou o fornecimento de energia a cerca de 15 mil clientes da empresa Electricidade de Moçambique (EDM) na Cidade de Maputo, bem como das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane.

 

Em comunicado, a EDM assegura que equipas técnicas da empresa estão no terreno e em prontidão, intervindo na rede para a reposição gradual do sistema. Entretanto, as condições atmosféricas e a inacessibilidade de alguns locais têm sido os grandes obstáculos dos trabalhos, o que influencia a demora da reposição do fornecimento de energia.

 

Por motivos de segurança e prevenção de acidentes eléctricos, a EDM decidiu desligar alguns equipamentos eléctricos alagados e Postos de Transformação (PTs) que alimentam residências inundadas.

 

Neste contexto, a EDM reforça o apelo para a observação rigorosa de medidas de prevenção e segurança, nomeadamente evitar estar próximo de qualquer equipamento eléctrico; evitar tocar nos cabos eléctricos ou postes; controlar as crianças para não brincarem perto das infra-estruturas danificadas; durante o período de intervenção técnica, por precaução, todas as instalações eléctricas deverão ser consideradas como estando permanentemente em tensão.

 

Além disso, a EDM apela para o desligamento do quadro geral e todos os electrodomésticos, como televisores, geleiras e fogões, etc.; manter sempre os aparelhos eléctricos afastados da água; evitar manusear os aparelhos e equipamentos eléctricos com o corpo molhado ou descalço; não utilizar ferramentas eléctricas ao ar livre em condições de humidade; e mesmo em caso de interrupção no fornecimento de energia, todas as instalações devem ser consideradas como estando permanentemente em tensão.

 

Chuvas arrasaram o comércio no grossista do Zimpeto

 

As chuvas intensas e ininterruptas que têm vindo a cair desde a madrugada de 24 de Março, na zona sul do país, principalmente na Cidade e Província de Maputo, não só causaram inundações, destruição de infra-estruturas sociais e económicas (públicas e privadas), mortes e desalojamentos, mas também afectaram o comércio no mercado grossista do Zimpeto.

 

O mercado grossista do Zimpeto é o maior do país, mas esta segunda-feira (25), numa ronda feita por “Carta”, constatou-se que o negócio foi muito difícil. Por causa da chuva intensa, muitos vendedores não se fizeram ao mercado e, como consequência, poucas lojas e bancas abriram. Os poucos que lá foram disseram que foi um dia muito difícil para trabalhar.

 

No local, a equipa do jornal interpelou Shelton Langa que vende batata reno no grossista do Zimpeto, há meio ano. “Foi muito difícil trabalhar. Os produtos não podem molhar porque podem estragar rapidamente e, para piorar, não temos alpendre. Este que temos não é suficiente para todos nós os vendedores aqui no mercado. Este alpendre só cobre os vendedores de pepino, repolho e pimento, enquanto eu vendo batata reno”, relatou o vendedor.

 

O dia foi também difícil para Atália Massingue que vende verduras naquele mercado há 15 anos. Antes, porém, contou-nos que é uma das pessoas afectadas pela água na sua casa no bairro de Magoanine. “A casa ficou inundada. Saímos para um centro de acolhimento. Só consegui chegar aqui às 12h00 porque nas primeiras horas era difícil conseguir transporte por causa do efeito das chuvas. Com essas chuvas poucos clientes vieram ao mercado, o que tornou o dia muito difícil. Mas não é o mesmo que ficar em casa”, relatou Massingue.

 

Durante a conversa, Massingue disse ainda que, de tão difícil que foi o dia, sequer conseguiu dinheiro para a poupança diária (xitique diário). Apenas conseguiu dinheiro para satisfazer necessidades básicas daquele dia, na esperança de no dia seguinte o ambiente melhorar no Zimpeto.

 

Desde 2007, Mónica Macuácua, também abordada pela "Carta", frequenta o mercado grossista do Zimpeto para vender verduras e sustentar a sua família. À semelhança dos outros revendedores, Macuácua disse ser um dia para esquecer devido ao mau tempo. “As pessoas não vieram ao mercado, por isso não houve negócio. Isto afectou também o Município cujos fiscais se queixaram quando andavam a vender as senhas. Se a chuva continuar a cair poderemos ficar sem produto, porque as machambas também foram devastadas pela chuva intensa. Aliás, as verduras que sobreviveram serão caras de adquirir e por isso o preço de revenda vai aumentar”, disse a vendedeira.

 

No mercado grossista do Zimpeto não só trabalham os vendedores, mas também auxiliares das compras, aqueles que ajudam o cliente a carregar na hora de fazer compras. Na nossa ronda, a equipa interpelou um desses auxiliares: Emílio Mabunda. Contou ao jornal que por dia consegue facturar pelo menos 200 Meticais, mas esta segunda-feira, o valor que conseguiu nem foi metade da sua receita diária. Ele também apontou os efeitos das chuvas intensas para o fraco desempenho.

 

O cenário observado no sector de venda de produtos alimentares, no maior mercado do país, também foi notório no sector de revenda de roupa ou calçado novo e usado. Devido à chuva parte considerável das bancadas desses revendedores andavam vazias como se de um domingo ou feriado se tratasse. Algumas lojas nos arredores do mercado estavam fechadas, pois, depois da chuva era expectável que o mercado andasse às moscas.

 

Depois da chuva intensa, as vias de acesso (estradas e ruas na área metropolitana do grande Maputo) ficaram alagadas e intransitáveis e por isso os “chapas” circularam com limitações. Este facto foi notório no terminal de transportes anexo ao mercado, que em plena segunda-feira andou meio vazio. (Carta)

A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) retoma a greve nacional, a partir da próxima quinta-feira, devido ao incumprimento do caderno reivindicativo. O anúncio foi feito esta segunda-feira (25) pelo porta-voz da APSUSM, Anselmo Muchave. A greve havia sido suspensa em Agosto do ano passado.

 

“Voltaremos à greve porque o período de suspensão só serviu para provar a falta de comprometimento do Governo. Aquando da greve anterior, dissemos que as nossas unidades sanitárias se ressentem da falta de material médico-cirúrgico e hospitalar e de medicamentos. Enquanto esperávamos alguma melhoria, o cenário nas unidades sanitárias é pior que antes”, refere o Porta-voz da APSUSM.

 

Segundo Muchave, houve várias negociações com o Governo, mas não foram cumpridos os acordos em relação a vários aspectos do caderno reivindicativo. De acordo com a fonte, para além do incumprimento do caderno reivindicativo, as condições dos hospitais estão a deteriorar-se.

 

Especificou que neste momento não há medicamentos para tratar as doenças mais comuns, incluindo a falta de luvas, máscaras, seringas e agulhas, gesso, cateteres, papel para imprimir documentos hospitalares e resultados das análises.

 

Mencionou ainda a falta de reagentes de laboratório, combustível para ambulâncias, comida para doentes, roupa hospitalar e aumento do número de unidades sanitárias que não funcionam por falta de energia, resultante dos cortes efectuados pela Electricidade de Moçambique.

 

Em alguns casos, disse Muchave, os pacientes compram "credelec" para serem atendidos.

 

Um dos pontos solucionados pelo Governo foi o pagamento de um subsídio e o reenquadramento de um pequeno grupo de funcionários em detrimento da maioria. Enquanto isso, o pagamento das horas extras continua a ser uma miragem.

 

Sem detalhar sobre o período de duração da greve, Anselmo Muchave acusou o Governo de indiferença na solução dos problemas dos hospitais públicos, alegando que, quando ficam doentes, os dirigentes recorrem às clínicas privadas.

 

“O pacato cidadão que não tem condições de se dirigir a uma clínica fica entregue à própria sorte, e esquecem que o direito à saúde não é um favor, mas sim um dever do Estado”.

 

Lembre que a greve dos profissionais de saúde surge no âmbito das negociações que decorreram em 2023 entre o Governo e a APSUSM. A associação congrega cerca de 71 mil profissionais que lutam por melhores condições de vida e trabalho. (M.A)

A Bacia Hidrográfica do rio Umbeluzi e seus afluentes, concretamente os rios Movene e Calichane, registam um incremento significativo, devido às fortes chuvas que caem na província de Maputo, com mais de 50 mm, podendo atingir o nível de alerta.

 

Por outro lado, a Barragem dos Pequenos Libombos encontra-se neste momento com a capacidade de encaixe reduzida, face ao aumento do nível de armazenamento ocorrido aquando da passagem da Tempestade Tropical Severa “Filipo”, associada à perturbação atmosférica denominada “INVEST 95S”.

 

De acordo com a Administração Regional de Águas do Sul (ARA Sul), a barragem dos Pequenos Libombos irá iniciar com as descargas progressivas e controladas de água, inferiores a cerca de 100 por cento. Neste âmbito, com o aumento do caudal, está previsto o condicionamento da travessia dos drifts de Umpala e Mazambanine e inundações nas zonas baixas dos rios.

 

Assim sendo, a ARA Sul apela aos utentes para a tomada de medidas de precaução ao se fazerem aos rios Maputo, Umbeluzi, Incomati e Limpopo e a retirada das pessoas e bens nas bermas, sob risco de serem arrastados pela força de água. Igualmente apela para o acompanhamento da informação hidrológica disseminada pelas autoridades competentes.

 

Por seu turno, os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) informam que, devido às chuvas intensas, fica cancelada a circulação de todos os comboios programados para esta segunda-feira.

 

“Neste momento, a nossa equipa operacional está a monitorar a situação e, logo que as condições de segurança estiverem criadas, retomaremos com as actividades”. Entretanto, na vizinha África do Sul, o início da semana também será marcado por chuvas fortes.

 

O Serviço Meteorológico sul-africano emitiu um alerta laranja de nível 5 que afecta partes do país. Isto poderá resultar em chuvas intensas que levarão à inundação de estradas e povoações, danos a propriedades e infra-estruturas, perigo à vida, deslocamento de comunidades afectadas e perturbações graves no fluxo de tráfego ou ao encerramento de estradas principais. O alerta foi emitido para as partes de KwaZulu-Natal, Mpumalanga e Limpopo. (Carta)

O Bispo da Diocese dos Libombos e Primaz da Igreja Anglicana de Moçambique e Angola (IAMA), Dom Carlos Simão Matsinhe, vai à reforma no próximo mês de Julho. A informação foi oficializada na semana finda, pelo próprio Bispo da Diocese dos Libombos, em comunicado enviado ao Clero e ao Povo daquela Diocese.

 

A reforma, que já vinha sendo anunciada desde Janeiro último, é oficializada quatro meses depois de Dom Carlos Matsinhe ter enfrentado uma onda de contestação, devido à gestão conturbada e calamitosa do processo eleitoral de 2023. Aliás, a Comissão Permanente da 23ª Sessão do Sínodo Diocesano da IAMA chegou a convocar uma Sessão Extraordinária do órgão para debater o futuro do sacerdote, mas o encontro não chegou a acontecer.

 

De acordo com a Diocese dos Libombos, a reforma de Carlos Matsinhe surge em cumprimento dos limites de serviço episcopal estabelecidos pelos cânones da Igreja Anglicana de Moçambique e Angola, que apontam para os 70 anos de idade como limite para o exercício daquele cargo. O Bispo dos Libombos completa exactamente 70 anos em Outubro próximo.

 

O comunicado enviado aos sacerdotes e aos crentes da Igreja refere que Carlos Matsinhe irá se despedir do cargo a 14 de Julho próximo, durante a celebração da Missa de Acção de Graças a Deus pelos 45 anos do ministério ordenado ao serviço de Deus.

Refira-se que Carlos Matsinhe foi ordenado 11º Bispo da Diocese dos Libombos a 28 de Setembro de 2014, em substituição de Dom Dinis Sengulane, o primeiro sacerdote moçambicano a liderar aquela Diocese, cargo que desempenhou entre 1976 e 2014. Já em Novembro de 2022, Matsinhe foi eleito Primaz da Província Anglicana de Moçambique e Angola, a 42ª província anglicana no mundo e a 15ª em África.

 

Entretanto, desde fim de 2023 que a autoridade religiosa de Carlos Simão Matsinhe não reunia consenso, devido à gestão calamitosa do processo eleitoral, na qualidade de Presidente da CNE (Comissão Nacional de Eleições), cargo que desempenha desde Janeiro de 2021. A sua abstenção, na madrugada do dia 26 de Outubro, durante a votação que chancelou os resultados finais das eleições autárquicas de 11 de Outubro, que na altura deram vitória à Frelimo em 64 autarquias, das 65 existentes do país, colocou em causa a sua autoridade religiosa.

 

Aliás, em Carta Pastoral emitida dias antes do anúncio dos resultados finais das VI Eleições Autárquicas, o Conselho Anglicano de Moçambique (CAM) apelou aos órgãos eleitorais, em especial a Dom Carlos Matsinhe, para a observância da Lei Eleitoral e a prática da verdade, durante a fase de centralização nacional e apuramento geral dos resultados de 11 de Outubro.

 

“(…) Os eleitores esperam de vós a honestidade, integridade, transparência, respeito e a verdade. Jesus Cristo exorta a humanidade para conhecer a verdade, dizendo que a verdade vos libertará”, defenderam os bispos anglicanos, citando o livro do Evangelho de João (capt.8, vers.32). Porém, debalde!

 

Sublinhe-se que as eleições de 11 de Outubro de 2023 são consideradas as mais fraudulentas da história da democracia moçambicana, tendo sido alvos de contestação em quase todo o país. Aliás, alguns Tribunais Judiciais do Distrito provaram ter havido irregularidades que colocaram em causa a credibilidade do processo, algo inédito na democracia moçambicana. (Carta)

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