As autoridades do Malawi proibiram o recenseamento eleitoral de moçambicanos que vivem no Malawi. O Malawi é um dos nove países onde os moçambicanos que vivem na diáspora têm direito a votar nas eleições gerais em Moçambique. O recenseamento no Malawi, como nos outros oito países, começara no passado dia 1 de Maio e deve terminar no final deste mês (30 de Maio). Mas, sem aviso prévio, na semana passada as autoridades do Malawi interromperam o recenseamento e decretaram que ele só poderá ser retomado após as eleições no próprio Malawi, que serão realizadas na hoje, terça-feira. “A decisão é, até certo ponto, embaraçosa”, admitiu o Alto Comissário moçambicano no Malawi, Jorge Gune, citado pela Rádio Moçambique.
Mas ele minimizou o problema, mesmo considerando-o “muito normal, já que os dois processos eleitorais se sobrepõem. Os malawianos consideram as eleições de terça-feira (hoje) as mais disputadas desde a introdução de um sistema multipartidário no Malawi”.
“A decisão é normal e pacífica, tendo em conta que as autoridades do Malawi pretendem controlar o seu processo”, afirmou Gune. O desafio agora, disse ele, será "redobrar nossos esforços no período restante, para que possamos cumprir as metas". De acordo com as estatísticas publicadas pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), o número total de moçambicanos em idade de votar e residentes no Malawi é de 11.408. Entre 1 e 12 de Maio, 1.262 eleitores já haviam sido recenseados como eleitores. Os moçambicanos que vivem no estrangeiro têm direito a votar nas eleições presidenciais e parlamentares desde 2004. Dois dos 250 assentos na Assembleia da República representam os eleitores na diáspora. (AIM)
O Presidente Filipe Nyusi disse no sábado que o Governo não pode incluir na Polícia da República de Moçambique (PRM) oficiais do antigo movimento rebelde Renamo que já foram desmobilizados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Falando numa cerimónia de graduação na Academia de Ciências Policiais de Maputo (ACIPOL), Nyusi disse que os homens da Renamo a serem incluídos no Comando Geral da Polícia devem ser aqueles que estão actualmente em serviço activo na guerrilha da Renamo, e isto tinha sido decidido durante o seu diálogo com o falecido líder da Renamo Afonso Dhlakama (falecido em Maio de 2018).
O ex-Presidente da República e do partido Frelimo, Armando Emílio Guebuza, disse, na última reunião do Comité Central daquela formação política, que “o tribalismo está forte” na sua organização política e que se não for combatido, “estaremos a voltar para 1962 (antes da formação do movimento militar que, mais tarde, se transformaria em político)”, somente com a diferença de termos um país independente.
“Em nome de todos os Moçambicanos a quem temos o privilégio de representar, queremos exprimir palavras de louvor e felicitação a ti Kalungano, pelo teu aniversário natalício. Tu que és uma personalidade incontornável na história de libertação de Moçambique”, escreve o Presidente Filipe Nyusi, numa mensagem por ocasião dos 90 anos de Marcelino dos Santos, que hoje se comemoram.
“Queremos usar este momento singular, para celebrarmos com viva emoção a vida e obra de um HOMEM, mostrando, com muita sinceridade e solenidade, que bem merece o enorme impacto que o seu percurso representa para cada um de nós, e para a história de um Povo e desta Nação que heroicamente se ergue com o seu inestimável contributo”, diz o actual o PR.
Para Filipe Nyusi, “a melhor retórica para o acompanhar nesta efeméride é, sem dúvida, o nosso abraço amigo, manifestando a fraternidade que as palavras omitem ou oprimem”. “Queremos recordá-lo que o país com o qual sonhou junto de Mondlane e outros Camaradas, está a trilhar pelos caminhos da paz, desenvolvimento e prosperidade, e a vossa visão está a ser continuada, contando com as forças que temos. As árvores que plantaste, os textos que escreveste, as lutas que travaste, são, hoje, a razão da nossa força para continuarmos a lutar pela emancipação de um povo cujo passado esteve sequestrado pelo colonialismo”. (Carta)
É um cenário alarmante. A saga da desflorestação continua na província de Tete e os “predadores” de sempre comandam a “farra”. As florestas foram entregues aos furtivos chineses que usam licenças dos nacionais e aliciam as comunidades locais com valores monetários que variam de 50 a 500 Mts por uma espécie como Nkula, Chanado, Chanfuta ou Umbila, muito apreciadas no mercado internacional.
Marcelino dos Santos redigiu, de Portugal, onde se encontrava a estudar desde 1947, uma carta que seria publicada no prestigiadíssimo O Brado Africano, onde anuncia, com irredimível convicção, a sua combatividade, aos 20 anos. Isto nos finais dos anos 40. Permanecerá quatro intensos anos na antiga capital do Império. Estuda e conspira, milita clandestinamente. Envolvido numa organização dos estudantes das colónias, sairá para Paris, em 1951, onde prossegue a sua actividade política com premência, a par dos seus estudos. Abandonado o curso de engenharia, estuda ciências económicas e sociologia. Reúne, no seu quarto, a 100 metros da Sorbonne, futuros lutadores pela liberdade. Intentava fazer um movimento anti-colonial, que precede a formação da frente – no caso de Moçambique - que irá concretizar o objectivo da luta. Participa em importantes encontros internacionais, como os festivais da juventude. Em 1959 é expulso de França. Razões? A sua intensíssima actividade política. Bélgica e Inglaterra inscrevem-se nos territórios de exílio. Em 1961 (18 e 19 de Abril) participa na fundação da CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas). O PAIGC, que nascera em 1956, representa a Guiné-Bissau e Cabo Verde, o MPLA (igualmente fundado em 1956) representa Angola, o MLSTP (nasceria em 1960) participa em nome de S. Tomé e Príncipe, e a UDENAMO (também de 1960, que será substituída pela ulterior FRELIMO na organização) defende o nome de Moçambique. Marcelino dos Santos é eleito secretário-geral da CONCP e secretário das Relações Exteriores da UDENAMO. Seria, em 1962, fundador da FRELIMO, da qual chegará a ser vice-presidente.