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terça-feira, 02 abril 2019 07:34

As mentiras dos restantes dias

Mentiras. Vamos lá falar do Ministério da Cultura e do Ministério Juventude e Desportos. Não existe melhor homenagem a mentira do que estes dois ministérios juntos no mandato de um governo. Uma burla. 

 

Mas, ouve lá, quando o sô Silva acorda, escova os dentes, toma um banho, põe creme dele de aloe vera, pentea, veste casaco dele e gravata, matabicha, bebe água e despede-se da família, diz que vai aonde e fazer o quê? Aliás, ele diz que faz o quê na vida? Onde é que está a tal Cultura que ele diz que está a trabalhar nela todos os santos dias de Cristo que lhe dá o direito de ser chamado "ministro"? A tal Cultura que lhe dá o direito de andar de Mercedes, Á-Dê-Cê e viver numa casa protocolar onde está? Sô Silva só aparece nos festivais da cultura, conselhos coordenadores e quando Yolanda astea bandeira do traseiro dela. Má-nada! 

 

A juventude é esta mesmo igual ao seu desporto. Até agora os melhores resultados que os jovens conseguem alcançar tem sido nos desportos aquáticos... concretamente na modalidade de bebedeira. Portanto, é esta juventude e é este desporto pelos quais a mana Nyelete é ministra. Uma juventude que vive com a esperança moribunda de tanto aguardar promessas qual o seu desporto. 

 

E aí eu pergunto: precisamos mesmo destes ministérios? Fazem-nos falta? Fazendo um exercício assim rápido, estou a ver o que pode acontecer se não tivermos um Ministério da Saúde, da Educação, etecetera, mas não vejo nada de anormal que pode acontecer se não tivermos ministérios da cultura ou da juventude e desportos. Aliás, só sei que, se não tivermos essas cenas, vamos poupar muito tako. 

 

Estão a prometer aos nossos netos a mesma política de emprego e habitação que nos prometeram há quarenta anos, mas a única coisa que nos dão são cervejas. Outras mentiras que deviam acabar são malta Força Aérea e Marinha de Guerra. Vamos ser sérios, pessoal. 

- Co'licença!

Dez dias depois da morte do Procurador Geral-adjunto da República, Januário dos Santos Necas, é escassa a informação sobre as suas causas. Isto não pode ser! Necas era um alto quadro da magistratura do Ministério Público e, por isso, sua morte deve ser investigada até às ultimas consequências. Dez dias depois e ninguém diz nada. A medicina legal tem a obrigação técnica de revelar o laudo da autópsia, para dissipar a enorme curiosidade da opinião pública sobre este caso. A PGR e o SERNIC têm o dever de dizer o que já fizeram até hoje.

segunda-feira, 01 abril 2019 05:35

Na estação de malas vazias

Nasceu nos meados da década de oitenta quando a utopia da juventude parecia inabalável. Acabava de morrer o paradigma do povo, Samora Machel, seguido por quase todos, não propriamente - se calhar - por aquilo que ele fazia, mas pela capacidade de contagiar através dos seus discursos caudalosos. Samora era, por assim dizer,  um grande actor projectado em palanques imensos que estravasavam para as ruas e mercados e todos os cantos, por isso não havia como não lhe seguir as peugadas. Ele vibrava de tal forma que parecia imortal, por debaixo da risada, porém, daqueles que o fariam sucumbir sem piedade.

 

Layitha foi dado à luz quando Samora estava no auge, mas pouco tempo depois a aurora de todos nós foi encoberta. Apagou-se o engajamento. O entusiasmo. Aquele que nos dava motivos para acordar sucumbiu aos algozes.  E até hoje, depois dessa tragédia nacional,  a impressão que subjaz é a de que ninguém tem a certeza do destino que nos espera. O pior ainda é que, mesmo sabendo das dúvidas que mais parecem a certeza de que vamos para lado nenhum, mostramo-nos incapazes de inventar um novo futuro.

quinta-feira, 28 março 2019 13:13

SEXO AUTO-ENFRAQUECIDO

-- País onde mulher é objecto decorativo é Nação condenada --

 

Quando foi dito "Por detrás de um grande homem está uma grande mulher", a moçambicana, acredito eu, auto-excluíu-se. Quando alguém aferiu que "o futuro de Moçambique está nas mãos dos jovens" deve ter sabido antes que a rapariga não quis essa responsabilidade que, no entender delas, é só dos rapazes. Conheço outros ditos e teorias importantes como o da ONU, através das suas agências, que acredita estar mais garantido o futuro da população (porque toda ela inicia na criança) quando se educa e privilegia. Mas a ONU deve ter auscultado as meninas moçambicanas, e elas pediram para não se preocuparem com elas. Não querem ser educadas.

Não posso me queixar do mérito do "casting" do filme "O Calote da Dívida"
porque foi muito bem feito, os actores são bons. Mas, não posso dizer o
mesmo do director/realizador. Onde já se viu um filme desta categoria sem
"Chefe dos Bandidos"!?


Depois destes minutos todos, algo me diz que este filme não vai animar. Num
filme da categoria de acção como este não pode chegar até ao meio sem se
conhecer o "Chefe dos Bandidos". Já é tempo do "Chefe dos Bandidos"
aparecer. Que seja Al Pacino ou Escobar ou Abdul-Jabbar, já é momento de
aparecer para dar mais acção ao filme. Esses malta Bolo Yeung, Tong Po,
etecetera, têm os seus chefes. Este tipo de suspense é típico filmes de
suspense mesmo ou de terror.


Estamos cansados desses vinte bandidinhos fosfóricos sem graça. Acho que o
papel deles nesta longa-metragem já terminou. Já não têm mais texto e estão
a virar figurantes. O filme está a ficar "mono". Só estamos a ouvir
"formação de quadrilha" para cá, "formação de quadrilha" para lá, mas o
próprio formador das tais quadrilhas, nada. Como é possível tantas
quadrilhas conectadas entre si, mas sem mandante?!


Se esta cena não tem "Chefe dos Bandidos" é melhor falarem de uma vez por
todas. Não nos criem expectativas em vão. Não gastem nossas pipocas. Se não
tem "Chefe dos Bandidos", digam, para mudarmos de filme. Queremos ver "A
Ladra de Turbante", essa película que foi lançada ontem em Angola.

- Co'licença!

quarta-feira, 27 março 2019 06:16

O vendedor de zips

Encrustado no regaço de um cadeirão, ele embrenhara-se numa sesta quase de barriga vazia, mas esses são aqueles momentos em que o sono eclipsa a dor e a angústia das perdas arrastadas pelas águas na madrugada de uma noite em que, quem sabe, mais um zip se encravaria nas frabiquetas de orgasmos de cada um. E, depois, em cada despertar de cada sesta renasce sempre a esperança. 

 

O homem, encontrado na viela central de Buzi, não ronca. Seu sono parece profundo, a clientela ausente e a mercadoria amontoada numa mesinha bem junto de si. O homem é um dos vários heróis do Buzi. Aliás, no Buzi todos são heróis. Nenhuma hierarquia captaria uma diferenciação do heroísmo, a não ser por decreto oficial.