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Redacção

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Caiu o pano, esta quinta-feira (25), da sessão de apreciação do informe anual da Procuradora-Geral da República, Beatriz da Consolação Buchili, o último do presente quinquénio. A sessão desta quinta-feira estava reservada às respostas da guardiã da legalidade a questões formuladas na quarta-feira (primeiro dia) e às insistências dos deputados da Assembleia da República (AR). Beatriz Buchili, simplesmente, ignorou por completo as “questões quentes” que lhe haviam sido endereçadas no primeiro dia da sua estadia na chamada “casa do povo”.

 

De forma bastante selectiva, a detentora da acção penal no país respondeu a um punhado de perguntas. Mas ficaram por responder, dentre as várias, as perguntas relacionadas com o “chefe dos bandidos” do caso das “dívidas ocultas”, que lesaram o Estado em 2.2 mil milhões USD, com os assassinato de Gilles Cistac, do membro de Conselho do Estado Jeremias Pondeca e do Jornalista Paulo Machava. Beatriz Buchili também não prestou qualquer esclarecimento à volta do desaparecimento do membro do Conselho de Estado, Francisco Lole, o rapto e tortura do Professor Jaime Macuane e o caso de rapto e tortura do jornalista Ericino de Salema.

 

Ainda no rol das perguntas dos deputados que ficaram sem qualquer resposta, figura a do custo da aeronave presidencial (Bombardier Challenger 850) adquirido pelo Fundo dos Transportes e Comunicações, actualmente avariada.

 

Eis as perguntas respondidas:

 

Dívidas Ocultas/Processo 1/PGR/2015

 

“Reiterar que temos estado a solicitar informações por via de cartas rogatórias a vários países, incluindo aos Estados Unidos de América, donde não obtivemos resposta. E os EUA agora pretendem extraditar o deputado Manuel Chang. A acusação americana teve como base o relatório de auditoria realizado pela Kroll. A auditoria foi solicitada no âmbito do processo instruído pela PGR de Moçambique e que constitui peça processual, daí que tenha sido publicado apenas o respectivo sumário executivo para acautelar os interesses do processo então em instrução preparatória. Portanto, está claro senhores deputados que não actuamos em seguimento de actos de qualquer outra jurisdição estrangeira. O processo nunca esteve parado. Quem tem acesso ao processo pode verificar que o processo esteve sempre em progresso.

 

Caso do Manuel Chang

 

“Em relação ao pedido de extradição do deputado Manuel Chang, o mesmo funda-se na nossa convicção de que o processo que corre na justiça norte-americana não satisfaz os interesses da justiça moçambicana. O nosso pedido visa garantir a realização da justiça tal como é configurada pelas nossas leis, pois, os ofendidos no processo são o Estado e os cidadãos moçambicanos, que querem que o arguido venha responder, esclarecendo, desta forma, os contornos e as circunstâncias em que os factos ocorreram e a consequente materialização da justiça, bem assim o eventual ressarcimento pelo prejuízo causados. Os crimes de que o arguido é acusado no processo foram cometidos no Estado moçambicano e, é de lei, que seja responsabilizado no nosso país”.

 

Levantamento de imunidade para emissão do mandado de captura e extradição para Moçambique

 

“Trata-se de matéria processual que mereceu tratamento em processo específico. O deputado Manuel Chang foi detido a pedido das autoridades americanas, mas também das autoridades moçambicanas. Olhando para o Estatuto do Deputado, há dois aspectos distintos que devem ser tidos em conta. A prisão, por um lado, e o levantamento da imunidade para efeitos de julgamento, por outro. Relativamente ao primeiro, a lei exige o consentimento da AR que, no caso em apresso, foi solicitado e mereceu anuência desta casa. No que concerne ao segundo aspecto, a imunidade, o seu levantamento tem lugar a pedido do juiz para o seu julgamento. Fizemos aqui uma interpretação linear do Estatuto do Deputado”.

 

Erros no pedido de extradição no pedido enviado à Justiça Sul-africana

 

“Queremos assegurar que o nosso pedido não continha erros, pois, nunca fomos notificados de erros ou irregularidades pela autoridade central por via da qual solicitamos a extradição. Pelo contrário, fomos notificados da recepção e por ter mérito foi julgado precedente pelo tribunal, aguardando pelos procedimentos subsequentes em função da concorrência dos pedidos”.

 

Aplicação de medidas de coação a determinados arguidos

 

“Trata-se, uma vez mais, de uma questão que se enquadra em matéria processual na qual somos chamados a respeitar os princípios constitucionais de segredo de justiça e presunção de inocência, dado que o processo se encontra em tramitação em sede do tribunal. Mas para efeito de explicação do alegado tratamento diferenciado na aplicação de medidas de coação, como já nos referimos, os magistrados agem observando os princípios da legalidade e objctividade e isenção. Como é do conhecimento de vossas excelências, a liberdade é a regra e a privação constitui uma excepção. É, por isso, que o legislador estabeleceu critérios rígidos para aplicação das medidas de coação gravosa como é caso da prisão preventiva. Na instrução dos processos temos vindo a avaliar esses aspectos para cada arguido ainda que dois ou mais arguidos tenham praticado os mesmos crimes e nas mesmas circunstâncias. Há que realizar uma avaliação minuciosa dos factos constantes no processo para se concluir da necessidade da aplicação ou não de medidas de coação em função de estarem ou não reunidos os pressupostos legalmente estabelecidos”.

 

Legalidade das dívidas vs processo de anulação das garantias em Londres

 

“Em nenhum momento referimos que as dívidas eram legais. Ao Ministério Público importa a anulação de todos actos que tenham sido ilegalmente praticados. Estamos a conduzir um processo desde 2015 e os passos que estamos a dar têm merecido diversos cometários, mas nós orientamo-nos pelos elementos que vamos colhendo ao longo do progresso do próprio processo. Quando remetemos o processo ao TA sobre as infrações administrativas fomos acusados de termos arquivado o processo-crime, no entanto, este continuava a seguir os seus trâmites em sede de instrução preparatória. Deduzida a acusação, outras questões se levantam como o porquê do processo autónomo, o porquê de o arguido B ou A estar em liberdade ou o porquê das abstenções entre outras. No processo cível são também colocadas questões sobre porquê agimos desta ou daquela maneira neste ou naquele momento. O Ministério Público actua em função dos elementos que vão sendo produzidos nas investigações em curso”.

 

Acção Cível

 

“Ela visa a anulação das garantias emitidas ilegalmente. Os elementos até aqui coligidos dão-nos segurança de que as garantias emitidas a favor da ProIndicus não são válidas e, por isso, não vinculam o Estado moçambicano. Decorrem ainda diligências no sentido de determinar as circunstâncias em que foram emitidas outras garantias, nomeadamente, a favor das empresas EMATUM e MAM, daí que, em relação a estas, tenhamos reservado o direito de aplicar o direito da acção no processo que corre os seus termos em Londres”.

 

Constitucionalidade ou não da incorporação das dívidas na CGE

 

“Não compete a PGR pronunciar-se sobre este aspecto. A Constituição de República atribuiu competências as várias entidades para poder recorrer ao Conselho Constitucional (CC) a declaração de inconstitucionalidade, incluindo a AR. Temos conhecimento, excelências, a existência de um processo a correr termos no CC e não vamos tecer qualquer cometário, deixando que o órgão competente se pronuncie”.

 

Processo de arbitragem instaurado pela Privinvest contra o Estado moçambicano

 

“Fomos notificados pela Court Internacional de Arbitragem de Paris e pela Instituição Suíça de Arbitragem Internacional para os termos do processo e estão em curso diligências para intervir enquanto representantes do Estado Moçambicano nos tribunais”.

 

Transferência de Délio Portugal

 

“O magistrado em causa foi transferido por deliberação do Conselho Superior da Magistratura Judicial, órgão que integra personalidades de reconhecido mérito eleitos por esta augusta casa povo de quem não devemos ter dúvidas da idoneidade das suas decisões. Ademais, a transferência do magistrado decorre do facto de ter sido nomeado juiz-presidente do recém-criado Tribunal do Trabalho da província de Maputo. É verdade que existe um princípio de juiz natural, segundo o qual o juiz da causa deve prosseguir com o processo até o final. Ora, no caso vertente trata-se de um juiz colocado na secção criminal que pratica actos de natureza jurisdicional, que decorre durante a instrução preparatória, o que significa que sua transferência não interfere na tramitação do processo em que o mesmo interveio por não lhe ser aplicado o princípio de juiz natural”.

 

Detenção de jornalistas em Cabo Delgado

 

“Os arguidos foram libertos mediante termo de identidade e residência. Importa asseverar que os arguidos respondem por práticas de infração criminais e não pelo facto de serem jornalistas ou por actos relacionados por exercício das suas funções. O nosso apelo é que aguardemos pela decisão judicial a ser proferida no processo ora em curso”.

 

Caso de Américo Sebastião

 

“No que diz respeito ao pedido de cooperação feita por Portugal, importa fazer referência que a PGR ainda não recebeu um pedido formal de cooperação jurídica e judiciária sobre este caso”. (Ilódio Bata)

Entrou em funcionamento, na quinta-feira, 25 de Abril, em Maputo, o primeiro Tribunal de Trabalho no País, que conta com quatro secções, oito magistrados judiciais e é dotado de autonomia em termos administrativos.

 

Dirigida pelo presidente do Tribunal Supremo, Adelino Muchanga, a cerimónia de inauguração do Tribunal de Trabalho da Cidade de Maputo contou com a presença de representantes do Governo, do judiciário, dos empregadores, sindicatos, entre outros convidados.

 

Na sua intervenção, a ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, considerou que com a instalação do primeiro Tribunal de Trabalho, matérias como a cobrança judicial das dívidas das contribuições da Segurança Social Obrigatória das empresas, a cobrança coerciva de multas por infracção das normas laborais terão um tratamento mais célere e desfecho justo, salvaguardando legalmente os interesses do Estado.

 

“A conjugação de esforços entre os mecanismos alternativos extrajudiciais e judiciais na resolução de conflitos laborais proporciona um sistema de justiça laboral moçambicano mais moderno, compatível com as boas práticas internacionais”, destacou a governante.

 

Com o funcionamento pleno dos tribunais de trabalho, conforme enfatizou Vitória Diogo, tanto os investidores a nível nacional e internacional, como os trabalhadores e os que buscam trabalho, sentir-se-ão mais encorajados, pois estarão conscientes de que o quadro estrutural laboral está mais sólido.

 

Vitória Diogo destacou o facto de o Presidente da República, Filipe Nyusi, ter assumido, neste mandato, como uma das prioridades a instalação dos Tribunais do Trabalho.

 

Para o presidente do Tribunal Supremo, a autonomia em termos de orçamento e gestão do novo tribunal vai facilitar a almejada especialização dos operadores nele afectos e a correcta definição das suas prioridades.

 

“O que pretendemos e esperamos é que a confiança, a ser depositada nesta nova instância de resolução de litígios pelos seus utentes, se funde na independência, na probidade, na isenção, na celeridade e na qualidade das suas decisões”, frisou.

 

Em tempo de crise, segundo observou Adelino Muchanga, as empresas vêm-se na contingência de accionarem os freios nos seus investimentos e optimizarem a mão-de-obra, sendo que os reflexos imediatos chegam ao judiciário, designadamente com processos de impugnação, pedidos de reintegração e de indemnização.

 

“Os tribunais são chamados a desempenhar o seu papel no dilema entre a manutenção do emprego e a sustentabilidade das empresas. Perante este dilema, há que encontrar o ponto de equilíbrio”, sustentou.

 

Na ocasião, foi empossada Erzelina Manjate para o cargo de juíza presidente do Tribunal de Trabalho da Cidade de Maputo. Mestre em Direito Penal pela Universidade Católica portuguesa e pós-graduada em Estudos Penitenciários pela mesma universidade, Erzelina Manjate era juíza presidente do Tribunal Judicial da província de Cabo Delgado. (FDS)

Waldemar de Sousa (IT e Infra-estruturas), Alberto Bila (Emissão de Moeda e Contabilidade) e Paulo Maculuve (Recursos Humanos) já não são administradores do Banco de Moçambique, a partir de hoje. A decisão vai ser tornada pública nas próximas horas, mas “Carta” já está na posse da informação essencial. A medida foi tomada pelo Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, mas por indicação de Rogério Zandamela, o actual Governador de Banco de Moçambique.

 

Ainda não é clara a razão da saída dos três. “Carta” sabe que Alberto Bila estava em fim de mandato (dois mandatos) e Paulo Maculuve também (um mandato). Waldemar de Sousa tinha eventualmente mais dois anos por cumprir do seu segundo mandato. Uma fonte disse-nos que Zandamela nunca apreciou o trabalho de Paulo Maculuve.

 

Um dado adicional, ainda por confirmar, indica que Silvina de Abreu pode ser uma das novas administradoras. Silvina é a actual directora de Comunicação e Imagem do BM (e do Gabinete do Governador), que desde Fevereiro vem implementando uma estratégia de comunicação mais fechada, claramente em contramão com a legislação sobre o acesso à informação. Há indicações de que, para além de Silvina de Abreu, outros dois novos administradores são Benedita Guimino (que acumula as directorias de Emissão e Tesouraria e Sistema de Pagamentos) e Jamal Omar (director do Departamento de Cooperação Internacional).

 

Apesar de a decisão oficial caber ao Governo, o governador do Banco de Moçambique tem um peso excessivo na indicação dos seus pares. A saída dos três é vista nos corredores do sector financeiro (e dentro do BM) a partir dois prismas distintos. O primeiro interpreta-a como uma decisão “normal”, na medida em que os três já eram administradores desde os tempos de Ernesto Gouveia Gove. Quando Rogério Zandamela foi indicado para Governador, em Agosto de 2016, os três já estavam lá. Faz sentido, por isso, que Zandamela queira constituir a sua própria equipa. Uma outra “govista”, Gertrudes Tovela, que termina o mandato no próximo ano, poderá também não renovar, de acordo com fontes de “Carta”.

 

O prisma distinto envolve uma certa teoria de conspiração: os três eram os únicos que ousavam afrontar os pontos de vista de Zandamela sobre a direcção da política monetária e de toda a gestão institucional do banco. A discussão aberta era apanágio da antiga liderança de Ernesto Gove. Zandamela mudou o estilo e passou a decidir quase que unilateralmente. Aliás, o estilo da comunicação pública do banco também mudou radicalmente. O toque da colegialidade foi substituído por um registo mais sisudo, de pensamento único, inclusive nas conferências de imprensa que o banco organiza.

 

Nos corredores do sector financeiro não se percebe que rumo o banco levará: se radicalizará o perfil de uma instituição mais afoita a um policiamento (da economia e do sector financeiro) de confronto ou se se abrirá mais ao diálogo com a banca comercial, abraçando também uma política monetária mais expansiva e menos penalizadora das pequenas e médias empresas e das classes de renda baixa. (M.M.)

Conceita Sortane, Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), explicou ontem as razões que levaram o seu ministério a encomendar Smart Phones e Tabletes para os funcionários da instituição. 

 

Ela respondia a uma pergunta de “Carta de Moçambique” à margem da cerimónia de abertura do Seminário Nacional de Educação, que termina esta sexta-feira (26). As ofertas devem-se ao facto de existirem no sector professores e alunos que “mais se empenham no processo de ensino e aprendizagem e como forma de os estimular serão premiados com estes aparelhos”.

 

Na conversa, interrompida pelo seu assessor de imprensa, a ministra não clarificou a proveniência do valor e muito menos o número de aparelhos a serem adquiridos, alegando que não podia partilhar os dados em público. O MINEDH anunciou, na última segunda-feira (22), a contratação da Xava, uma empresa de compras pela internet, para a aquisição de Smart Phones e Tabletes, para “incentivo dos funcionários do MINEDH", no valor de 787.591,35 Mts. (Marta Afonso)

Num acórdão de três páginas e sem número de referência, datado de 16 de Abril, os juízes Inácio Ombe, Arlindo Mazive e Alexandre Victor do Nascimento Samuel, do Tribunal Superior de Recurso (TSR), defendem que os autos do processo 120/18 (Caso Embraer) mostram que, desde a instrução preparatória até a instrução contraditória, bastante matéria foi reunida para permitir um julgamento sem penumbras, em que em debate profundo de todos os intervenientes processuais, com a mediação do juiz de causa, poder-se-á confirmar ou não confirmar a prática dos crimes de que os três réus (Paulo Zucula, Mateus Zimba e José Viegas) são acusados.

 

O acórdão é uma resposta ao recurso interposto pela defesa dos três, em Julho do ano passado, após o despacho de pronúncia ter sido lavrado por um juiz do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. Essencialmente, o recurso contra a pronúncia alegava que ela se baseava em cálculos aritméticos erróneos, os quais demonstravam que o juiz estava a escamotear, em prejuízo dos arguidos, dados relevantes sobre a compra de duas aeronaves pela LAM à Embraer entre 2008 e 2009.

 

O TSR deu por chumbado o recurso embora o acórdão não apresente qualquer disputa aos argumentos da defesa. Ao invés, os juízes desembargadores consideraram válidas as contra-alegações do Ministério Público corroborando o despacho de pronúncia.

 

“A pronúncia é apenas um conjunto de indícios suficientes de ter havido cometimento de crime ou crimes por determinado agente ou agentes, como acontece no caso vertente”, escrevem os desembargadores, sublinhando que “se alguma diligência ainda se mostra necessária durante a discussão da causa com vista a abalar a matéria constante da pronúncia, ainda poderá ser ordenada, se os argumentos e sua defesa ao tribunal o demonstrarem suficientemente”.

 

Os três arguidos do processo nº 120/18 são acusados de terem concertado, entre 2008 e 2009, com a fabricante brasileira Embraer, um esquema de corrupção que consistiu na sobrefacturação dos preços de duas aeronaves para beneficiarem de “comissões” no valor de 800 mil USD. (Carta)

Dois meses depois da paralisação das suas actividades, devido a dois ataques protagonizados por insurgentes contra duas caravanas de empresas sub-contradas para a construção da vila de reassentamento e do Aeródromo de Palma, a petrolífera norte-americana Anadarko promete retomar as suas actividades brevemente. Em conversa com “Carta”, o Assessor de Comunicação da Anadarko, Hélder Ossemane, disse que a empresa está a trabalhar em parceria com o Governo para fortalecer a segurança nas zonas relevantes, de modo a retomar as actividades naquela parcela do país.

 

“Estamos a trabalhar em estreita colaboração com o Governo para aumentar a segurança dentro e à volta do nosso local do Projecto. Esperamos que, como resultado desse esforço conjunto, em breve possamos retomar o trabalho”, disse Ossemane sem avançar as datas. Também sem nenhuma data exacta, a fonte garantiu que a Anadarko continua bem posicionada para tomar a Decisão Final de Investimento “durante o primeiro semestre deste ano (até finais de Junho)”, conforme avançou, anteriormente.”

 

Os dois ataques que levaram a Anadarko a suspender suas obras, aconteceram a 21 de Fevereiro passado, na estrada entre Mocímboa da Praia e Afungi, a cerca de 20 km do local da construção. Na sequência destes ataques, a Anadarko anunciou a paralisação das suas actividades. Refira-se que por causa da insegurança em Cabo Delgado aquela multinacional terá requisitado, em concurso público, seis blindados acompanhados de serviços de mecânica e gestão, para protecção do seu Projecto Mozambique LNG. (E.C.)  

Afinal o juiz Délio Portugal, que decretou a prisão da maior parte dos arguidos das “dívidas ocultas” mais Helena Taipo, não foi despromovido. A explicação é do presidente da Associação Moçambicana de Juízes (AMJ), Carlos Mondlane, que afirma não ser verdade que a transferência daquele juiz para a 3ª secção laboral do recém-criado Tribunal de Trabalho da província de Maputo, onde será presidente, se pode equiparar a uma “despromoção”. Mondlane disse que o processo de transferência de juízes é um acto estabelecido no regulamento do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), órgão de disciplina dos juízes.

 

Explicou que aquele dispositivo legal define que “um juiz afecto à secção de instrução criminal tem dois anos apenas à sua frente”, devido a “sensibilidade” da secção. Porque Délio Portugal tinha cumprido os dois anos estabelecidos no regulamento, afirma Mondlane, foi-lhe confiada a presidência de um dos tribunais recentemente criados, pelo facto de ser um “bom juiz” e “reconhecido a nível da magistratura judicial”.

 

Aliás, acrescenta Mondlane, é pelo seu trabalho que também lhe foi confiado a condução daqueles mediáticos casos. Lembrar que o juiz Délio Miguel Pereira Portugal foi transferido, semana finda, para a 3ª secção laboral do Tribunal Judicial da Província de Maputo, onde desempenhará as funções de presidente do Tribunal de Trabalho daquela província. Os Tribunais de Trabalho serão inaugurados, esta sexta-feira, em todo o país. (Omardine Omar)

Na China onde se encontram chefes de Estados e de Governos convidados especiais do anfitrião Xi Jinping, presidente chinês, para o II Fórum Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional (na base da qual a China lança o seu pacote financeiro para a cooperação económica com vários países do mundo), o Presidente Filipe Nyusi discutiu com o seu homólogo chinês a nova abordagem na cooperação económica entre os dois países, traduzida na atracção de capital chinês para investir em Moçambique a título de “equity”, ou seja, a título de investimento privado e não à título de dívida pública.

 

Nesse sentido, estão previstas assinaturas de acordos entre empresas chinesas e o Governo moçambicano, visando projectos concretos de investimento privado cobrindo os sectores da Agricultura (que merece um destaque especial, segundo Filipe Nyusi), Telecomunicações, Portos e Caminhos de Ferro, Minas, Energia, Barragens, Água e Estradas, num pacote que poderá ultrapassar os 4 bilhões de USD, na etapa inicial deste novo paradigma de cooperação económica.

 

A estratégia de Filipe Nyusi, que está a ser positivamente acolhida pela China, é usar o capital chinês, que atualmente concentra a maior liquidez do mundo, para capitalizar a capacidade produtiva de Moçambique, desde o sector de infra-estruturas aos sectores produtivos, onde a Agricultura tem lugar privilegiado, com foco no abastecimento doméstico e exportação. Com a subida de Xi Jinping ao poder, a China iniciou uma nova era de construção da sua estrutura produtiva e actuação económica no plano global, onde as preocupações com o clima estão no centro, tendo assinado o Protocolo de Paris, diferentemente dos EUA.

 

Isso levou a China a ter de desconcentrar a sua indústria, tendo já encerrado dezena de unidades cimenteiras. Esta estratégia cria oportunidades aos países vizinhos da China e aos países africanos, sobretudo aos que têm a possibilidade de escoar a sua produção a partir do Oceano Índico, como Moçambique. Como resultado, países asiáticos que exportam para a China hoje apresentam um saldo positivo na sua Balança de Pagamentos, ou seja, estão a exportar para a China mais do que importam.

 

Dado a grande e crescente demanda da China em recursos diversos, desde energia à matéria-prima agrícola, países africanos como Moçambique podem incrementar o saldo da sua balança de pagamentos ao aumentarem suas exportações para a China. É neste contexto que se enquadra a nova era de cooperação Moçambique/China.

 

Os chineses se oferecem também a aliviar o peso actual da dívida no PIB de Moçambique, através da transferência para regime o de Parcerias Público-Privadas (PPPs) de projectos de infra-estruturas comercialmente viáveis mas que hoje sufocam a tesouraria do país. Deste modo, Moçambique pode ir libertando folga na sua tesouraria, alocando mais fundos para projectos e áreas sociais. A China vai também ajudar na reconstrução das infra-estruturas pois ciclone.

 

Para Moçambique e África hoje foi um dia histórico, pois foi assinado um Acordo com o China, que marca uma viragem na abordagem do financiamento chinês ao desenvolvimento. Em suma, o memorando prevê que, no lugar de construção de infra-estruturas com endividamento do Estado, passa a ser: i) Investimento por conta e risco do capital privado chinês nos regimes de BOOT e o capital privado chinês poderá tomar para sua conta projectos viáveis e que actualmente endividam o Estado, e assim aliviar o peso da dívida do Estado, libertando capacidade de endividamento para projectos sociais, abrindo espaço para financiamento à capacidade produtiva e de exportação de Moçambique para a China, ajudando a colmatar demandas da China e melhorando a Balança de Pagamentos por parte de Moçambique.

 

Moçambique tem agora disponíveis um “plafond” de 5 bilhões de USD, prontos para serem usadoas em projectos de investimento envolvendo empresas chinesas. (Carta)

“Moçambique é um país irmão e amigo da China: e reafirmamos a nossa disposição para o seu desenvolvimento”, Xi Jinping. Foi assim que o Presidente Chinês resumiu a audiência concedida ao Presidente Filipe Nyusi, quando o recebeu no Palácio do Povo, ontem. A manhã e tarde da quarta-feira, dia 24 de abril de 2019, não foram quaisquer para Jinping. Ele teve uma torrente de audiências com seus homólogos, chefes de Estados, que aceitaram o convite para participarem do II Fórum Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional, a ter lugar de 26 a 27 de Abril em Pequim. Ao todo são 120 Estados e 90 organizações internacionais que assinaram o compacto do Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional, incluindo Moçambique.

 

Xi Jinping tinha que os receber em audiência entre 24 e 25 de abril. Em média, o Presidente Chinês dedicou até 25 minutos para cada Chefe do Estado. Mas, para o caso de Moçambique, foi diferente. A irmandade entre China e Moçambique também se provou na prática, olhando para o tempo que os dois Chefes de Estado levaram a conferenciar: nada menos que 85 minutos (1hr, 25min), numa demonstração inequívoca de que havia muito que falar e partilhar informação mutuamente importante para os dois. O episódio foi igualmente demonstrador das habilidades diplomáticas do nosso Presidente Nyusi, cujo rastro de simpatia e afeto contagia a todo e qualquer um que o conhece.

 

O Presidente Filipe Nyusi foi o primeiro de todos a ser recebido pelo Chefe do Estado chinês, Xi Jinping. Imediatamente o PR foi recebido pelo número dois da República chinesa, o Presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Li Zhanshu, também conhecido nos meandros da diplomacia chinesa como “o padrinho de Moçambique”, com quem almoçou naquela tarde. Não é para menos, se tivermos em conta que o resto dos Chefes de Estado tiveram apenas 25 minutos com o Presidente Xi. O russoVladmir Putin, que chega hoje a Pequim, será dos últimos a serem recebidos pelo Presidente chinês.

 

Só para dar mais um ou dois exemplos da destreza diplomática do presidente moçambicano. Na manhã de hoje, 25 de Abril, Raila Odinga, antigo Primeiro-ministro queniano e atual líder da oposição, teve que aguardar pelo Presidente Nyusi à saída do Hotel para lhe saudar. Não havia tempo e Odinga sabia que, se tivesse perdido aquele instante, muito dificilmente lhe encontraria. E também Odinga queria fazer ciúmes ao seu Presidente, Uhuru Kenyatta, que tudo fez para que se hospedasse no mesmo Hotel onde o seu “irmão” Presidente Nyusi se encontra.

 

Não conseguiu; pois perdera a reserva em benefício da recém-eleita Presidente da Indonésia, Joko Widodo. As 08:35, o Presidente Nyusi irrompia dos elevadores e eis que o abraço aconteceu, para a alegria de ambos. Odinga não estava no Hotel para mais nada. Abraçou, saudaram-se em KiSwahili e depois evadiu-se do espaço. Odinga havia chegado na noite anterior e soube da presença do Presidente Nyusi, pelo que procurou todas formas de o saudar, antes do raiar do sol.

 

Aconteceu o mesmo com a atual Directora-Geral do FMI, Christiane Lagarde, quando, em plenos “anos ranhosos” e quando ninguém queria falar com Moçambique, Presidente Nyusi encontrou-a no seu gabinete em Washington e lá se tornaram amigos.

 

Mas, voltemos ao assunto principal: à semelhança dos outros Presidentes que o precederam, o Presidente Nyusi também tem uma meta e um desafio pessoal que pretende realizar. Ligar o Zumbo ao Chinde. Diríamos por, outras palavras, ligar por estrada o Distrito do Zumbo ao Oceano Índico. Este foi um dos temas na mesa das discussões, ao que China se prontificou em atender/financiar. A ser concretizado, serão 1123 km de estrada ligando todas as províncias do centro de Moçambique, o que vai melhorar a vida das populações dos distritos de Zumbo, Fíngoe, Moatize, Doa, Mutarara (Tete); Morrumbala, Chinde, Luabo e Mopeia (Zambézia); Caia, Chemba (Sofala); Tambara (Manica), para além de ainda melhorar as relações comerciais, mobilidade de pessoas e bens não só para os moçambicanos como para os países do “hinterland”, nomeadamente Malawi, Zâmbia e Zimbabwe.

 

De igual modo, a EN1 não ficou esquecida. A China está disposta a financiar a reabilitação da estrada de modo a torná-la numa via de referência na região. Não é brincadeira. E, para fechar com chave de ouro, o Presidente Nyusi não se esqueceu dos estragos do IDAI. Xi reafirmou a disponibilidade da China em participar da reconstrução do país. E, para tal, ela vai também ajudar a reabilitar a EN6, que vai da cidade da Beira a Machipanda, fortemente sabotada pelas águas das chuvas do Ciclone IDAI.

 

Se olharmos para tudo o que escrevi em termos de resultados, chegamos a conclusão de que o Cinturão e Rota de que tanto se fala é isso mesmo: melhoria ou criação de melhores infra-estruturas de transporte e comunicação, interligando pontos de interesse nacional e estes com outros pontos de interesse internacional, por forma a melhor integrar as economias e escalar as sinergias de cooperação internacional.

 

Um Moçambique bem interligado é vantajoso não apenas para o país como para a região. E, no limite, a ambição de Xi é subverter o legado colonial nessa vertente, dado que ela foi feita para servir os interesses colonialistas e não necessariamente dos povos. E para terminar, um Memorando de Entendimento foi assinado entre o Ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, e sua contraparte chinesa, para a construção de uma estrada que vai de Namacurra a Macuse, numa extensão de 50 km. Esta estrada é de capital importância dado que em Macuse projeta-se a edificação de um porto cuja construção irá brevemente arrancar. O Fórum ainda não acabou mas, pelos resultados garantidos, vale a pena dizer que a diplomacia moçambicana funcionou. E bem. (*Em Pequim/Colaboração)

quinta-feira, 25 abril 2019 13:30

Cinema / Pedro e Inês

Na 18ª edição do Ciclo de Cinema Europeu em Maputo, Portugal participará com o filme "Pedro e Inês", de António Ferreira, que será apresentado no dia 28 de abril. O 18.º Ciclo de Cinema Europeu traz o melhor do cinema europeu contemporâneo a Moçambique. Durante o Ciclo serão apresentados 14 filmes europeus produzidos nos últimos anos, muitos dos quais foram premiados e são exibidos aqui pela primeira vez.

 

O Ciclo de Cinema Europeu tem ainda um programa paralelo com Documentários, Workshops e debates. Cada ano, o Ciclo de Cinema Europeu é o resultado da colaboração entre várias Embaixadas e Institutos Culturais de países europeus e da Delegação da União Europeia em Moçambique. Nesta 18ª edição, o Ciclo de Cinema Europeu não decorrerá só em Maputo, mas também em Quelimane. Nesta mesma linha, é importante salientar que todas as actividades do Ciclo de Cinema (desde a Cerimónia de Abertura até os filmes e o programa paralelo) são gratuitas.

 

Pedro e Inês: Uma conhecida história de amor contada em três versões e séculos distintos: no passado, no presente e no futuro. Pedro e Inês reencontram-se através dos tempos, uma e outra vez. Mas, qualquer que seja as circunstâncias e a época em que vivam, o seu amor é impossível. Actores principais - Diogo Amaral, Joana de Verona, Vera Kolodzig, João Lagarto, Custódia Gallego, Miguel Monteiro, Miguel Borges. Duração - 120 minutos. Versão original – português.

 

( 28 de Abril, às 19h30 no Centro Cultural )