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Economia e Negócios

sexta-feira, 20 novembro 2020 07:23

Lucro da ENH triplicou, mas activos caíram em 2020

O Relatório e Contas da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), referente ao exercício económico findo a 30 de Junho de 2020 e, recentemente, publicado, dá conta que o resultado líquido (lucro) da companhia triplicou, ao passar de 515.8 milhões de Meticais, em 2019, para 1.5 mil milhões de Meticais este ano.

 

Todavia, o valor dos activos (bens, como o dinheiro em caixa, entre outros direitos) da ENH caiu em 2020. O Relatório Individual (não inclui contas das empresas subsidiárias e afiliadas) mostra que, em 2019, a companhia detinha um activo total avaliado em 115.8 mil milhões de Meticais, mas, em 2020, caiu para 81.02 mil milhões de Meticais.

 

A depreciação do valor dos activos é a única mancha visível no balanço da ENH, actualmente liderada por Estevão Pale, após a saída de Omar Mithá. É que, em 2020, a ENH conseguiu reduzir consideravelmente o passivo (conjunto de dívida e obrigações da empresa, para com os clientes, fornecedores ou ao Governo, em impostos). O informe mostra que o passivo total daquela empresa pública reduziu de 102.5 mil milhões de Meticais, em 2019, para 65.04 mil milhões em 2020.

 

O capital próprio da empresa também verificou alterações positivas, ao passar de 13.2 mil milhões de Meticais, em 2019, para 15.9 mil milhões de Meticais, em 2020.

 

Perante esse balanço, o Conselho de Administração da ENH diz não haver motivos que possam, num futuro breve, levar a empresa a descontinuar suas operações, nomeadamente, prospecção, pesquisa, desenvolvimento, produção, transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos e seus derivados, incluindo a importação, recepção, armazenamento, manuseamento, trânsito, exportação, transformação e refinação desses produtos.

 

A Delloite & Douth (Moçambique), que auditou as contas da ENH, concorda com a apropriação do uso, pela Administração do pressuposto da continuidade da empresa no futuro, com base na prova de auditoria obtida.

 

Entretanto, “conforme descrito na Nota 30 das Notas às demonstrações financeiras, dependendo da profundidade e extensão temporal dos impactos disruptivos desta pandemia [Covid-19], a actividade e rendibilidade da Empresa [ENH], incluindo a valorização dos seus activos, será afectada em maior ou menor grau. A nossa opinião não é modificada com relação a esta matéria”, enfatiza a Delloite & Douth (Moçambique). (Evaristo Chilingue)

sexta-feira, 20 novembro 2020 04:36

BCI e SASOL lançam Linha de Crédito para MPME

O Banco Comercial e de Investimentos (BCI), com a petroquímica sul-africana, SASOL, lançaram na última terça-feira (17), na cidade da Maxixe, em Inhambane, a Linha de Crédito BCI negócios SASOL, que assegura condições preferenciais de crédito para as Micro Pequenas e Médias Empresas (MPME), fornecedoras da SASOL em soluções de apoio à tesouraria e ao investimento, incluindo a possibilidade de desconto de facturas na SASOL.

 

A Linha insere-se no âmbito do Programa de Conteúdo Local da Sasol, tendo o Banco Comercial e de Investimentos (BCI) sido seleccionado para montar e gerir um fundo de apoio às MPME fornecedoras ou potenciais fornecedoras desta multinacional.

 

O acto de lançamento teve lugar durante um seminário sobre oportunidades locais da Sasol, em que tomaram parte distintas individualidades, destacando-se o Governador de Inhambane, Daniel Chapo, e a Secretária de Estado nesta província, Ludmila Maguni.

 

Em representação do BCI, George Mandawa, director central adjunto de Grande Empresas, referiu, na sua intervenção, que após acordo com a Sasol “decidimos fixar a taxa em 10,5%, que está abaixo da taxa de referência Prime Rate do Sistema, e algo como à metade da taxa de juro média que está disponível no mercado neste momento para este segmento de MPME. Fala-se e discute-se muito a temática do tempo necessário para obter um crédito na banca, pelo que estamos a dizer que iremos conceder empréstimos de curto prazo em até 72 horas”.

 

Para Daniel Chapo “é extremamente importante tirarmos todas as nossas dúvidas e que tenhamos o hábito, se não percebermos alguma coisa, neste processo de conteúdo local, aproximamo-nos da própria Sasol e de todos aqueles que estão envolvidos no processo, para esclarecimento, para que não haja especulações daquilo que vai acontecer nesta nova página que estamos a abrir com a Sasol na província de Inhambane”.

 

Já o director geral da Sasol, Ovídio Rodolfo, afirmou: “a sasol decidiu adoptar uma nova abordagem de promoção de conteúdo local sustentado por cinco pilares: capacitar as pequenas e médias empresas locais em várias áreas-chave que incluem a gestão de segurança no trabalho, cumprimento das normas jurídicas e contabilidade para prepará-las a fim de poderem ter acesso a oportunidades de negócio na Sasol e noutras empresas no país; desenvolver a capacidade dos moçambicanos através de um ensino básico focado na ciência, tecnologia, engenharia e matemática; e programa de formação vocacional assim como programas de desenvolvimento profissional”.

 

Refira-se que o BCI tem como um dos seus principais vectores estratégicos o apoio às PME, oferecendo um conjunto de soluções visando responder aos grandes desafios que este segmento de mercado tem enfrentado no seu dia-a-dia, tendo em conta o cenário empresarial moçambicano.

 

O Banco dispõe de uma vasta oferta de produtos e serviços, que se resume em produtos de apoio à tesouraria e ao investimento; aplicações a prazo; apoio à gestão corrente.

 

Em matéria de desenvolvimento de Programas de Conteúdo Local em Moçambique, a estratégia do BCI enquadra-se na disponibilização de um conjunto de soluções de apoio às pequenas e médias empresas no âmbito dos Grandes Projectos visando o seu desenvolvimento, capacitação dos seus recursos, transferência tecnológica e processos de Certificação, além de toda a vasta gama de soluções financeiras. (Carta)

Por causa da contínua depreciação do Metical face a outras moedas, e não só, o Governo receia que, nos próximos anos, aumentem encargos do serviço da dívida pública contraída junto dos países membros do “Clube de Paris” e alguns do grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo (G20).

 

Recentemente, o Executivo, através do Ministério da Economia e Finanças (MEF), comunicou a disponibilidade de um grupo de 10 países credores (dos quais sete do Clube de Paris e as restantes do G20), de suspender o serviço da dívida de Moçambique, cujo vencimento está programado para o período entre 01 de Maio e 31 de Dezembro de 2020, para que o país possa beneficiar-se de uma moratória temporária de um ano.

 

Após mostrar a disponibilidade, justificada pela crise mundial provocada pela Covid-19, os países credores determinaram a amortização da dívida em três anos (2022, 2023 e 2024), através de seis tranches iguais (duas tranches por ano, a primeira em Junho e a segunda em Dezembro).

 

Nas contas do MEF, com a suspensão do serviço da dívida, Moçambique espera absorver 73.2 milhões de USD para minimizar o impacto social e económico da Covid-19. Todavia, o Ministério alerta que essa suspensão da dívida tem os seus riscos no futuro.

 

“O risco desta moratória reside fundamentalmente no facto de ela concentrar e agravar as obrigações de serviço da dívida no futuro, uma vez que os pagamentos, ora suspensos (adicionados aos juros de mora e juros diferidos), irão se adicionar a partir de 2022, às prestações que estarão originalmente por vencer nessa altura. Adicionalmente, não se pode descartar totalmente o risco de um agravamento dos encargos da dívida por conta de uma eventual depreciação do metical face às moedas estrangeiras (risco cambial)”, lê-se numa nota informativa denominada “Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida”, disponível no site do MEF.

 

Entretanto, em caso de obtenção daqueles 73.2 milhões de USD (porque o Governo ainda está a preparar acordos com os credores), o Executivo espera aplicar o valor nos esforços para prevenção e combate à Covid-19, suprir necessidades fiscais decorrentes da redução da receita fiscal e apoio à economia.

 

“Para discutir como estes recursos serão alocados (quando libertados), temos de partir do pressuposto de que o Governo está ainda longe da realização do montante de USD 700 milhões, orçamentados para cobrir o pacote de resposta à Pandemia da Covid-19. Até Setembro de 2020 foram registados, para esse Fundo, desembolsos na ordem dos USD 452,3 milhões, o correspondente a 64,6%”, refere a nota.

 

Face ao défice, o MEF reitera que, em linha com a disponibilidade de suspensão da dívida com o “Clube de Paris”, os recursos libertos do serviço da dívida deverão ajudar a compensar o actual défice de 35,4% no Fundo de resposta à Covid-19.

 

Dados do MEF indicam que, até ao fecho do ano fiscal 2019, o stock da dívida bilateral de Moçambique para com aqueles 10 países era de cerca 1,02 bilião de USD. (Evaristo Chilingue)

A combinação de medidas para fazer face aos impactos da covid-19 permitiu libertar "6.000 milhões de meticais (68,6 milhões de euros) para financiamento à economia”, anunciou ontem Rogério Zandamela, governador do Banco de Moçambique.

 

Aquele responsável falava na abertura da 45.ª reunião do Conselho Consultivo do Banco de Moçambique, que se realiza até sexta-feira no Chimoio, Manica, centro do país.

 

A conjugação da instabilidade militar no centro e norte com os efeitos da pandemia teve “efeitos devastadores” na atividade económica moçambicana, referiu.

 

“O ano prestes a findar foi marcado por um contexto político, económico, social interno e internacional bastante complexo, o que tornou o cumprimento da nossa missão particularmente desafiador”, disse Rogério Zandamela, governador do Banco de Moçambique.

 

O fraco desempenho e as restrições impostas para prevenir a propagação do novo coronavírus levaram o Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano a registar uma variação negativa no segundo trimestre de 3,25% e as exportações a reduzirem-se em 400 milhões de dólares (337,4 milhões de euros), realçou.

 

Zandamela disse que o BM teve de tomar medidas de política monetária inéditas para salvar a economia, nomeadamente com redução de custos de financiamento às famílias e empresas.

 

Mais de 2500 empresas beneficiaram de renegociação dos empréstimos os bancos, facilitada pelo regulador, que baixou a fasquia de depósitos que os bancos são obrigados a manter em moeda estrangeira junto do Banco de Moçambique.

 

O dirigente disse que para apoiar o processo de importação, como último recurso, o banco central introduziu de março a dezembro uma linha de crédito em moeda estrangeira, no valor de 500 milhões de dólares, contudo, com pouca adesão: até agora apenas 3,5 milhões foram solicitados

 

Rogério Zandamela justificou a fraca adesão com o facto de o mercado continuar suficientemente abastecido de divisas para os níveis atuais de procura de importações.

 

Apesar do contexto adverso, o governador fez uma avaliação positiva da atuação do Banco sob o seu próprio comando, por ter conseguido contribuir para a estabilidade macroeconómica e assegurado a estabilidade do sistema financeiro, além de promover a inclusão financeira.

 

"Foi assegurada uma inflação abaixo de 5%, suficientemente baixa e estável para proteger o poder de compra dos cidadãos, manter o nível confortável de reservas internacionais” e “foi consolidada a solidez e robustez do sistema bancário”, acrescentou.

 

Como ganhos o Banco de Moçambique destaca ainda a introdução do número único de identificação bancaria, o que vai tornar o sistema nacional de “pagamento moderno, robusto e seguro”. (Lusa)

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) revela ter registado, até ao terceiro trimestre de 2020, uma produção de energia de 11.602,31 GWh, correspondente a 2,3% acima do planeado para o período em análise, não obstante os efeitos adversos e severos da Covid-19 sobre a economia e sobre as empresas.

 

Em comunicado de imprensa, recebido na nossa Redacção, a HCB reporta ainda que durante os primeiros nove meses, a venda de energia fixou-se em cerca de 19 mil milhões de Meticais, 1,7% acima do planeado. Com esta realização, a empresa assegura continuar a implementar os seus projectos de melhoria na performance operacional, assegurar o cumprimento integral dos contratos com os colaboradores e clientes, honrar os compromissos com os fornecedores e os accionistas e pagando integral e pontualmente os impostos, taxas e dividendos.

 

“Permite, igualmente, à HCB prosseguir com a realização de iniciativas de responsabilidade social corporativa”, acrescenta a nota.

 

Mesmo com esses resultados, a HCB diz que continua determinada a alcançar a meta de produção anual de 14.938 GWh atenta ao contexto macroeconómico adverso, agravado por choques exógenos, incluindo os da propagação da Covid-19. (Carta)

Lançado na última quinta-feira, em Maputo, o Índice de Robustez Empresarial (IRE), elaborado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), revela que as empresas no geral estão a recuperar, mesmo ainda mergulhadas na crise do novo coronavírus (Covid-19).

 

Esta recuperação, fundamenta o documento, é justificada pelo aumento gradual das receitas do sector empresarial no terceiro trimestre, sendo que, face ao trimestre anterior, registou-se uma subida de 12.3%, isto é, de 12,148 Meticais, por unidade produtiva, para 13,645 Meticais, graças ao alívio de algumas restrições internas e de economias externas.

 

Sectorialmente, o IRE revela que a indústria figura como o sector com maior robustez empresarial, quando comparado com os outros sectores de actividade, tendo apresentado no primeiro semestre de 2020 um IRE de 0.69. A nossa fonte explica que tal se deve ao facto de o sector apresentar maior produtividade comparativamente aos outros, devido ao seu relativo nível de desenvolvimento e mecanização.

 

“Por outro lado, o sector com menor robustez é da Agricultura, devido aos diversos desafios que assolam os operadores deste sector. Olhando para a evolução do nível de robustez empresarial por sector, nota-se que, entre primeiro e segundo trimestres de 2020, para todos os sectores, o IRE reduziu consideravelmente devido aos impactos da Covid-19”, observou a análise da CTA.

 

No documento, os “homens de negócios” lamentam o facto de o sector da hotelaria e restauração ter registado uma redução de maior proporção, tendo ascendido a cerca de 60%, de 0.68 no primeiro trimestre para 0.23, no segundo trimestre, quando, em contrapartida, o sector industrial registou uma menor redução, em apenas 31%.

 

O IRE da CTA explica que a realidade acima exposta deve-se ao facto de que, apesar das medidas restritivas impostas pelo Governo para fazer face à Covid-19, grande parte da actividade produtiva industrial não foi interrompida, diferentemente do que sucedeu no sector da hotelaria e restauração, em que grande parte das empresas encerraram as suas actividades devido ao baixo nível procura, tendo, no caso dos hotéis, a taxa média de ocupação atingido 5%.

 

No entanto, realça o IRE da CTA, conforme se pode notar, no terceiro trimestre de 2020, todos os sectores apresentam uma ligeira recuperação face ao trimestre anterior devido à reabertura gradual das economias a nível internacional e o alívio de algumas restrições a nível doméstico. (Carta)