O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, felicitou o virtual presidente eleito Daniel Chapo, em resultado da vitória alcançada nas eleições realizadas no passado dia 09. Na sua mensagem, João Lourenço afirma estar seguro de que a vitória de Chapo "traduz a vontade e a esperança do povo moçambicano".
O Presidente de Angola aborda igualmente na mensagem os "actos que pretenderam manchar o exemplar processo que resultou na eleição" de Daniel Chapo e manifesta a sua "expectativa de que as autoridades moçambicanas se empenharão firmemente na punição exemplar dos seus responsáveis".
Por último, o Presidente João Lourenço sublinha querer trabalhar em conjunto com Daniel Chapo "para fortalecer cada vez mais os laços históricos de amizade e de cooperação que unem Angola e Moçambique, em benefício do progresso e do desenvolvimento das duas nações".
Por seu turno, o Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, líder do partido no poder e actual presidente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), felicitou a Frelimo pelo seu desempenho durante as recentes eleições.
“Gostaria de felicitar o nosso partido irmão revolucionário Frelimo e o Presidente eleito, Sua Excelência Camarada Daniel Chapo, bem como o povo de Moçambique por sua vitória retumbante durante as eleições realizadas recentemente. A ZANU-PF está pronta para cimentar a unidade revolucionária de longa data entre nossos dois partidos e nossos dois países”, disse o líder do Zimbabwe.
Vale lembrar que dois jornalistas zimbabueanos disfarçados que investigavam uma possível fraude nas eleições moçambicanas estavam entre as centenas de pessoas que votaram no Nemanwa Growth Point, nos arredores de Masvingo, em 9 de Outubro.
\A Zanu-PF, partido no poder no Zimbabwe, mobilizou os seus apoiantes para se registarem para votar nas últimas eleições em Moçambique, consideradas as mais fraudulentas da história da África e do mundo.
O Congresso Nacional Africano também felicitou a Frelimo e Daniel Chapo, proclamados vencedores das sétimas eleições gerais e legislativas e das quartas para as assembleias provinciais. Num comunicado, o ANC refere que esta vitória reafirma a confiança contínua do povo moçambicano na liderança da Frelimo e nos princípios revolucionários.
Na missiva, o ANC sublinha a histórica ligação com a Frelimo na luta contra o colonialismo e o apartheid e acrescenta que a visão dos dois partidos libertadores permanece alinhada na busca da transformação económica, justiça social e dignidade dos povos.
O ANC diz ainda que a liderança de Daniel Chapo vai ser crucial para a continuidade dos ganhos obtidos desde a independência e para enfrentar os desafios do futuro de Moçambique. Por outro lado, elogia os moçambicanos pela sua participação em eleições pacíficas, livres e justas.
A mensagem do ANC diz ainda que os processos democráticos devem reflectir a vontade do povo e garantir a continuidade da estabilidade, crescimento económico e desenvolvimento da região austral de África.
A China também se associou aos países e organizações que felicitaram o candidato da Frelimo pela sua eleição como Presidente de Moçambique, numa altura em que resultados ainda geram dúvidas no país. O Governo da China felicitou Daniel Chapo como “Presidente eleito” de Moçambique nas eleições gerais de 9 de Outubro, garantindo estar pronto para “aprofundar” a parceria estratégica entre os dois países.
“Como país amigo de Moçambique, a China está satisfeita por ver o sucesso das eleições presidenciais, parlamentares e dos governos provinciais em Moçambique. Expressamos as nossas felicitações ao partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e ao Presidente eleito Daniel Chapo”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian.
Acrescentou que a China “atribui grande importância” às relações com Moçambique, recordando que em 2025 se assinala o 50º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países. “A China está pronta para trabalhar com Moçambique para aprofundar ainda mais a parceria cooperativa estratégica abrangente e trazer mais benefícios aos povos dos dois países”, afirmou Lin Jian.
O anúncio na quinta-feira passada da vitória do candidato da Frelimo, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), reforçou os protestos populares despoletados dias antes pelo candidato Venâncio Mondlane, apoiado pelo PODEMOS, e que contestam a alegada fraude eleitoral que resultou na vitória de Daniel Chapo.
A CNE anunciou a vitória de Daniel Chapo (Frelimo) na eleição a Presidente da República de 09 de Outubro, com 70,67% dos votos, resultados que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional. Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos.
Na terceira posição da eleição presidencial, segundo o anúncio da CNE, ficou Ossufo Momade, presidente da Renamo, até agora maior partido da oposição, com 5,81%, seguido de Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), com 3,21%.
A Frelimo venceu as eleições legislativas, reforçando a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados, e elegeu todos os governadores provinciais. O anúncio dos resultados pela CNE aconteceu no primeiro de dois dias de greve geral e manifestações em todo o país convocadas por Venâncio Mondlane contra o processo eleitoral deste ano, que está a ser marcado por confrontos entre manifestantes e a Polícia nas principais avenidas da capital moçambicana.
O rasto dos confrontos com os manifestantes que saíram às ruas resultou na queima de pneus, vandalização de estabelecimentos e interrupção da circulação e do comércio, com forte resposta policial, com blindados, equipas cinotécnicas, lançamento de gás lacrimogéneo e tiros para o ar, incluindo baleamento de civis indefesos.
Além de Mondlane, Ossufo Momade, um dos candidatos “derrotados” disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação. Lutero Simango recusou igualmente os resultados, considerando que foram “forjados na secretaria” e prometeu uma “acção política e jurídica” para repor a “vontade popular”. (Carta e outras agências)
A Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), um dos principais parceiros do ANC no Governo de Unidade Nacional, condena as recentes eleições presidenciais moçambicanas, que segundo aquela força política foram marcadas por irregularidades generalizadas, violência e assassinatos políticos.
A declaração de Daniel Chapo como Presidente pela Comissão Nacional de Eleições – com 70,6% dos votos – não é apenas suspeita, mas indicativa de um processo eleitoral profundamente comprometido, aponta a Porta-voz da Aliança Democrática para Relações Internacionais, Emma Louise Powell.
Relatos de fraude flagrante, adulteração de votos e intimidação lançaram uma sombra escura sobre a democracia de Moçambique. Observadores, incluindo a União Europeia, documentaram “irregularidades durante a contagem e alterações injustificadas de resultados eleitorais”.
Essas descobertas levantam sérias preocupações sobre a legitimidade da eleição e a violação do direito dos cidadãos moçambicanos de escolher livremente os seus líderes. O mais perturbador é que o assassinato violento de dois conselheiros de Venâncio Mondlane, o principal oponente de Chapo, aumentou a atmosfera de medo e repressão. Elvino Dias, advogado de Mondlane, e um porta-voz do partido Podemos foram mortos a tiros poucos dias antes do anúncio dos resultados pela CNE.
Tais actos de violência política minam a confiança nas instituições do país e lançam um manto sombrio sobre esta eleição. A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) tem um papel crítico a desempenhar para garantir a paz, a democracia e a estabilidade na região.
Num documento que a “Carta” teve acesso, a Aliança Democrática apela à SADC para intervir urgentemente e exigir uma recontagem independente dos votos. “Apenas através da transparência e da responsabilização é que a vontade do povo moçambicano pode ser reconhecida” – diz a DA.
O principal partido da oposição na África do Sul fundamenta que “não abordar essas irregularidades pode alimentar mais agitação e desobediência civil, com a ameaça de violência crescente se aproximando”.
Destaca ainda que os líderes regionais não podem ignorar as vozes da juventude e da sociedade civil de Moçambique que buscam um futuro livre de corrupção e repressão. “Agora, mais do que nunca, Moçambique precisa de uma liderança forte e baseada em princípios para evitar mais instabilidade”.
Nestes termos, a Aliança Democrática como parte do Governo de Unidade Nacional da África do Sul, insta a SADC a agir rapidamente, com o compromisso de defender os princípios democráticos e evitar uma crise que pode repercutir em toda a África Austral.
O apelo da DA diz a terminar que África do Sul apoia o povo de Moçambique na sua demanda por um processo eleitoral justo e equitativo. (Carta)
Dados recolhidos em Setembro pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) indicam que o país registou um aumento de preços na ordem de 0,16% em relação a Agosto passado. A divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas destacou-se, ao contribuir no total da variação mensal com cerca de 0,09 pontos percentuais (pp) positivos.
Desagregando a variação mensal por produto, a autoridade destaca o aumento de preços do arroz em grão (1,1%), do carapau (1,1%), do feijão manteiga (1,9%), do quiabo (14,1%), de refeições completas em restaurantes (0,4%), da batata-reno (6,9%) e do limão (29,5%). Estes produtos contribuíram no total da variação mensal com cerca de 0,13pp positivos.
“No entanto, alguns produtos com destaque para o tomate (4,0%), a cebola (1,7%), o camarão fresco (2,9%), a galinha viva (0,6%), os medicamentos relacionados com a nutrição, sais minerais e vitaminas (5,2%) e os materiais diversos para manutenção e reparação da habitação (0,5%), contrariaram a tendência de aumento de preços, ao contribuírem com cerca de 0,07 pp negativos no total da variação mensal”, lê-se no comunicado do INE.
A Autoridade calculou que, de Janeiro a Setembro do ano em curso, o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 1,20%, tendo as divisões de Alimentação e bebidas não alcoólicas e de Restaurantes, hotéis, cafés e similares, tido o maior destaque, ao contribuírem com cerca de 0,49 pp e 0,24pp positivos, respectivamente.
Em termos homólogos, os dados do mês em análise, quando comparados com os de igual período de 2023, indicam que o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 2,45%, tendo a divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas tido maior subida de preços, ao variar com cerca de 5,29%.
Relativamente à variação homóloga, o INE constatou que todos os centros registaram uma subida do nível geral de preços. A Cidade de Quelimane registou a maior subida de preços com cerca de 3,95%, seguida da Cidade de Xai-Xai com 3,18%, da Cidade da Beira com 3,14%, da Cidade de Maputo com 2,32%, da Cidade de Chimoio com 2,28%, da Província de Inhambane com 1,92%, e das Cidades de Nampula com 1,80% e de Tete com 1,40%. (Carta)
As instituições bancárias e financeiras concederam menos financiamento por via de crédito às empresas e famílias durante o ano económico de 2023, revela o Relatório de Inclusão Financeira referente àquele ano, publicado há dias pelo Banco de Moçambique, regulador do sistema financeiro nacional. Ainda assim, a instituição diz ter havido, no ano passado, aumento do Índice de Inclusão Financeira (IIF) em 1,14 pontos.
Do relatório consta que “por cada 1000 adultos foram concedidos cerca de 15,0 milhões de Meticais contra 16,6 milhões de Meticais em 2022”. O documento relata ainda que o nível de poupança financeira, medido pelos depósitos totais em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), fixou-se, no período em referência, em 44,1 %, tendo-se observado uma redução de 2,5 pp face ao ano de 2022.
No concernente aos pontos de acesso a serviços financeiros por cada 10 000 km², o Banco Central constatou que, no período em análise, o número de agências bancárias caiu para 9,1, contra 9,3 agências registadas em 2022; o número de agentes bancários reduziu para 12,5, contra os 28,0 agentes bancários registados em 2022. Já o número de ATM baixou para 18,5, contra 19,6 registadas no ano precedente e o número de POS caiu para 377,9 contra os 488,6 registados no ano anterior. Entretanto, no mesmo período, a instituição registou um aumento no volume de agentes não bancários para 2811 contra os 1845,4 registados em 2022.
Em relação ao mercado segurador, em termos nominais, até finais de 2023 registou-se uma contracção em 0,2 % em relação a igual período de 2022, que se situou em 6,3 %. A taxa de penetração de seguros na economia situou-se em 2,03 %, contra 1,85 %, em 2022.
No concernente ao mercado bolsista, o Banco Central observou que, durante o período em análise, a capitalização bolsista evoluiu de 138.5 mil milhões de Meticais, em 2022, para 183.8 mil milhões de Meticais em 2023, equivalente a um crescimento em 32,7 %. Em termos de proporção do PIB, a capitalização bolsista situou-se em 25,8%, isto é, acima da meta de 9,2% prevista na Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2016-2022.
“O índice de inclusão financeira (IIF), calculado pelo Banco de Moçambique (BM) para o ano de 2023, situou-se em 15,13 pontos, o que representa um aumento de 1,14 pontos em relação aos 13,99 pontos registados em 2022. Este crescimento resulta, fundamentalmente, do aumento de agentes não bancários, contas bancárias e moeda electrónica”, lê-se no relatório.
Com o objectivo de garantir cada vez maior segurança financeira, para o presente ano, o Banco de Moçambique prevê a implementação de um quadro legal para contas bancárias básicas, que facilitará o acesso ao sistema financeiro para segmentos anteriormente excluídos; a aprovação da ENIF 2025-2031, que promoverá políticas e acções coordenadas; a implementação do número único de identificação bancária para simplificar processos e reduzir fraudes.
O regulador do sistema financeiro nacional prevê igualmente a consolidação da interoperabilidade entre serviços financeiros para um sistema mais integrado e eficiente e o fortalecimento da protecção do consumidor com a implementação da estratégia de educação financeira, bem como a supervisão baseada no risco de modo a garantir um ambiente financeiro seguro e sustentável para todos os moçambicanos. (Carta)
Os resultados eleitorais anunciados na quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) mostram 170.000 votos falsos para a Frelimo e para Chapo. Mais uma vez, os números falam e contam uma história de fraude.
Cada eleitor chega e recebe três boletins de voto, um para cada uma das três eleições. Há três urnas separadas e ninguém denuncia eleitores que colocam boletins de voto numa caixa e não nas outras.
No entanto, a CNE relata que, na Zambézia, 56.000 eleitores colocaram boletins de voto na urna para o Parlamento (Assembleia da República), mas não para o Presidente. Em Inhambane, 6% dos eleitores supostamente votaram para o Parlamento, mas não para o Presidente e ninguém se apercebeu.
Nós argumentamos que os números da CNE contam uma história diferente. Claramente todos os eleitores votaram nas três eleições, mas alguns colocaram boletins de voto extra numa das eleições, ou os funcionários eleitorais acrescentaram votos extra quando redigiram os boletins de resultados.
Os sete membros que votaram contra a aceitação dos resultados citaram precisamente estes números duvidosos. Mas, a maioria na CNE, incluindo o seu presidente, o bispo Carlos Matsinhe, aceitou esses números obviamente impossíveis. Mas, os números falam e eles contam uma história de 170.000 votos falsos.
Em todas as 11 províncias, a diferença entre os votos de Chapo para presidente e os da Frelimo para o Parlamento foi pequena, mas geralmente Chapo ganhou mais votos. No entanto, em duas províncias, Zambézia e Inhambane, as tabelas da CNE mostram que 111.000 votos extras foram para a corrida parlamentar e, claramente, foram diretamente para a lista da Frelimo. Nestas duas províncias, a Frelimo estava claramente ansiosa por manter e ganhar assentos parlamentares. E tinha razão – sem esses votos extra, a Frelimo teria perdido um lugar para o PODEMOS.
Na província de Maputo, onde Venâncio Mondlane saiu-se bem no ano passado, a Frelimo estava preocupada e colocou mais 31.291 votos na disputa presidencial. Nampula e Tete são outras duas províncias onde a Frelimo quis colocar mais votos nas eleições presidenciais e apoiar Chapo.
Assim, os dados mostram que a Frelimo encheu 170.000 votos extras e pôde escolher em que concurso usar esse poder extra. Podemos não ter visto os votos a serem enchidos, mas os números aprovados pela CNE disseram-nos onde eles estavam. (CIP Eleições)
O fim-de-semana ainda não havia terminado e o candidato presidencial Venâncio Mondlane anunciava, na sua página oficial do Facebook, a chegada, a partir de amanhã, de novos “dias duros e muito difíceis”, depois dos vividos na semana finda, em todo o território nacional.
O candidato presidencial suportado pelo PODEMOS (formado por dissidentes da Frelimo), e que reivindica a vitória nas eleições de 09 de Outubro, agendou para esta segunda-feira o anúncio das medidas da terceira fase das manifestações populares, cujo início terá lugar amanhã, mas ainda sem previsão do seu término.
“Meu povo! Usem o dia de hoje [ontem], domingo, de amanhã [hoje], segunda-feira, para se organizarem, porque a partir da terça-feira [amanhã] virão dias duros e muito difíceis”, declarou Mondlane, numa curta publicação na sua rede social.
As novas medidas de protesto aos resultados eleitorais da dupla CNE/STAE (agudizadas pelo assassinato do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS Paulo Guambe), que dão vitória à Frelimo e seu candidato, já causam expectativas, depois do terror vivido na semana finda, nas cidades de Maputo, Matola, Nampula e Nacala-Porto.
Lembre-se que as cidades de Maputo e Matola, por exemplo, estiveram paralisadas e em chamas durante a semana finda (em particular na segunda, quinta e sexta-feira), fruto das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais, assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, sequestros, raptos e contra a violência policial.
Estradas bloqueadas, comércio paralisado, sons de balas, cheiro de gás lacrimogéneo, saque e pilhagem de bens e confrontos entre a Polícia e manifestantes são alguns dos momentos vividos nas manhãs, tardes e noites de segunda, quinta e sexta-feira, que resultaram em 11 mortos, mais de uma centena de feridos e mais de 450 detidos e milhares de meticais perdidos pela pobre e obsoleta economia moçambicana. Só na greve da segunda-feira, a CTA estimou em 1.4 mil milhões de Meticais, o dinheiro perdido pelos empresários.
Em geral, Venâncio Mondlane promete 25 dias de terror ao Governo de Filipe Nyusi, em homenagem a Elvino Dias e Paulo Guambe, crivados com 25 balas. Até ao momento, o país esteve literalmente parado três dias, com as “sequelas” a se fazerem sentir durante os sete dias da semana.
Em comunicações virtuais feitas na quinta-feira e sábado passados, Venâncio António Bila Mondlane disse estar aberto ao diálogo com o partido no poder (Frelimo), virtual vencedor das eleições de 09 de Outubro, mas defendeu haver linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas, com destaque para a verdade eleitoral.
Mondlane disse que, tal como ele, Daniel Chapo e a Frelimo devem apresentar as actas das mesas de votação, que indicam a vitória expressiva do antigo Governador de Inhambane. Defende que o voto não se negoceia. Exigiu ainda funerais condignos e indemnização aos manifestantes mortos pela Polícia nos três dias manifestações.
Na sua última comunicação, feita no sábado, Mondlane prometeu envolver quatro milhões de moçambicanos na terceira fase das manifestações. Os detalhes da reivindicação serão conhecidos hoje. (Carta)
Da noite para o dia, a vida de Adássia Macuácua mudou completamente na transição de sexta-feira, 18, para sábado passado, 19 de Outubro. Uma cidadã anónima e pacata, sobreviveu a uma série de insólitos nessa noite. Apanhou uma boleia imprevista, que nunca chegou a acontecer e a qual deveria ter abandonado antes de partir... acabando na madrugada em uma cama de hospital.
Durante esta semana, Adássia se tornou pública, como sobrevivente de um assassinato político que tirou a vida à seus dois bons e desconhecidos samaritanos: Elvino Dias, advogado e mandatário do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário nacional do PODEMOS. No leito hospitalar da enfermaria de Ortopedia, onde se recupera, nos últimos dias, Adássia sobreviveu a boatos de sua morte e a um mini-interrogatório policial do Presidente da República.
Na última terça-feira (22), ''Carta'' visitou o mercado do bairro da Malhangalene, conhecido como "Pulmão", na cidade de Maputo, local frequentemente visitado pelo advogado Elvino Dias e de onde partiu para a eternidade, na noite de última sexta-feira, levado por 25 balas assassinas junto com seu companheiro de luta Paulo Guambe, mandatário do PODEMOS.
Em conversa com vendedores daquele mercado, que preferiram não se identificar por temer represálias, procuramos entender o que terá acontecido na fatídica noite e quem era a cidadã que estava à boleia do mandatário de Venâncio Mondlane, candidato à Presidente da República.
Uma boleia imprevista, que nunca foi...
Contaram-nos que Elvino Dias e Paulo Guambe estavam a socializar numa das barracas do “Pulmão”, onde o advogado costumava beber. Por volta das 23h00, quando Dias e Guambe abandonavam o local com destino a suas casas, uma das trabalhadoras da barraca pediu boleia ao advogado, para si e sua prima, a cidadã Adássia Macuácua. Adássia, contaram as nossas fontes, é uma funcionária recém-contratada por uma das vendedeiras, graças à ajuda da prima.
Ao chegarem ao carro, a prima de Adássia, cuja identidade não nos foi revelada, recebeu uma chamada do seu local de trabalho, solicitando o seu retorno para atender clientes que exigiam sua presença. Ela mandou a prima aguardar no carro de Elvino e prometeu voltar em breve. Chegada ao posto de trabalho, apercebeu-se que levaria mais tempo que o previsto. Decidiu ligar para a prima a fim de orientá-la a descartar a boleia e retornar à barraca, com a promessa de que encontrariam outra forma de voltar para casa.
“Depois de várias chamadas, a moça achou estranho a prima não atender e imaginou que pudesse estar com o celular no silêncio e, por isso, não ouviu tocar. Aquela moça (Adássia) não conhecia Elvino Dias porque era nova aqui no mercado. Ela não tinha nem duas semanas de trabalho. A prima tinha acabado de arranjar emprego para ela e, logo a seguir, aconteceu tudo isso”, lamentou uma das fontes.
Sobre a chamada repentina que forçou o regresso da prima de Adássia ao posto de trabalho, quando ambas já estavam prestes a seguir para casa à boleia de Elvino Dias, junto com Paulo Guambe, explicaram-nos ser comum clientes solicitarem ser atendidos por uma funcionária específica em detrimento de outras.
“Neste mercado, isso é normal. Existem clientes que, ao chegarem a uma barraca e não encontram as pessoas que os atendem habitualmente, preferem ir a outro lugar. Portanto, isso é comum. Existem clientes exigentes'', aos quais as funcionárias fornecem atendimento personalizado e exclusivo, segundo um dos nossos interlocutores.
''Por isso, a moça teve que voltar, mas ela não sabe se a prima (Adássia) não atendeu suas chamadas porque já havia ocorrido o assassinato do advogado ou porque não ouviu o celular, pois ligou uns 10 minutos depois e nesta zona há muito barulho à noite, especialmente aos fins-de-semana", sustentou.
Sortilégios de ser Adássia na era do ''Fake News''
No princípio da semana, viralizaram rumores nas redes sociais, com destaque para Facebook e WhatsApp. Uns especulavam sobre a identidade e verdadeira profissão de Adássia, com supostos e conspiracionistas perfis, fotografias de outras pessoas com nomes semelhantes ao dela, num enredo fértil para os criadores e fomentadores do mais mortal vírus mediático desta época: o ''Fake News''. Os rumores mais perigosos, no entanto, diziam que Adássia não teria sobrevivido aos ferimentos de que foi vítima colateral no cobarde assassinato político.
O ''Pulmão'' sucumbiu ao choque: Adássia estivera apenas no lugar errado e na hora errada. "Tivemos informações de que a moça levou tiros nos braços e que o seu estado de saúde era estável. Ficamos chocados quando disseram que ela perdeu a vida. Nem tinha recebido o primeiro salário do emprego que a prima arranjou para ela", relata uma das fontes que estima que Adássia tenha aproximadamente 40 anos de idade. Ninguém sabe onde ela vive.
Contam as fontes que a prima de Adássia Macuácua ainda não conseguiu retornar ao trabalho e vive sob o sentimento de culpa, por ter colocado a prima naquela situação. "É muita coisa que passa na cabeça daquela moça, porque Elvino era das suas relações e a prima mal o conhecia. Inclusive, foi ela quem interveio para que a prima conseguisse a boleia que a levou ao hospital, onde está internada até hoje.''
Na terça-feira, o Hospital Central de Maputo (HCM) garantiu que Adássia Macuácua está viva e fora do perigo, colocando um ponto final ao boato que inundava as redes sociais, de que a sobrevivente havia perdido a vida. Nesse dia, o Director de Urgência do HCM, Dino Lopes, escusou-se a dar mais detalhes sobre a identidade da paciente. Dizia: “não posso fornecer esse tipo de informação por motivos que não vou explicar. A saúde da paciente está estável e em breve terá alta clínica”, explicou.
Já, na quarta-feira, depois de um silêncio sepulcral de quatro dias após a tragédia, enquanto o país se despedia de Elvino Dias e Paulo Guambe, o Presidente da República deslocou-se ao HCM para visitar a sobrevivente. Dirigindo-se à Adássia no plural, em nome do colectivo que representa (presumimos: Estado, Governo e Povo Moçambicano) disse estar ali para lhe prestar solidariedade. Qual polícia número um da República de Moçambique, Filipe Nyusi, perante as câmeras e microfones da mídia, interrogou Adássia se conhecia os malogrados e se não teria visto a cara dos autores dos 25 tiros que tiraram a vida à Elvino Dias e Paulo Guambe e a feriram.
No leito de sua debilidade face aos vários ferimentos sofridos, Adássia disse ao Chefe de Estado que não conhecia Elvino Dias e Paulo Guambe e que pediu boleia porque o marido estava a demorar ir buscá-la naquela noite. Às várias sortes e sortilégios que em uma semana mudaram sua vida, Adássia Macuácua vai ter de se proteger de audácia perante o escrutínio público, as teorias de conspiração e o processo de investigação policial/judicial que a tem como testemunha-chave do crime que ceifou a vida de Elvino Dias e Paulo Guambe. (Carta da Semana)
O Consulado do Malawi, em Tete, emitiu um alerta de viagem, avisando os utentes da estrada de Malawi para Moçambique e vice-versa para evitar a rota. O Cônsul-Geral, Happy Jonathan Sakah, aconselhou os transportadores malawianos, incluindo motoristas, para ter extrema cautela ao utilizar a rota Malawi-Moçambique via Zimbabwe.
Sakah também instou os malawianos residentes em Moçambique a permanecerem dentro de casa durante o período de protesto de dois dias, que termina hoje, para minimizar eventuais danos.
De acordo com a imprensa malawiana, Moçambique está em tensão alta, na sequência de manifestações generalizadas de ontem (24) e de hoje (25), após eleições gerais disputadas realizadas no início deste mês e consideradas as mais fraudulentas de sempre.
Não obstante a crise, a Comissão Nacional de Eleições divulgou ontem os resultados que indicam que Daniel Francisco Chapo, Secretário-Geral da Frelimo, venceu a eleição presidencial com um total de 4.912.762 votos, correspondentes a 70,67%.
Em segundo lugar, ficou Venâncio António Bila Mondlane, com um total de 1.412.517 votos, equivalentes a 20,32%, enquanto Ossufo Momade ocupou a terceira posição, ao obter um total de 403.591 votos, o que representa 5,81%. Lutero Simango ocupa o último lugar com 223.066 votos, equivalente a 3,21%.
Por sua vez, para o parlamento, Frelimo conquistou 195 assentos na Assembleia da República, contra 31 do PODEMOS, 20 da Renamo e quatro do MDM, obtidos em Sofala (dois) e Nampula (dois). Os partidos da oposição em Moçambique alegam irregularidades eleitorais, o enchimento de urnas, entre outros ilícitos.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem enfrentado críticas por sua gestão, levando a um descontentamento generalizado entre os apoiantes da oposição. Os protestos estão a ser organizados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido Podemos. As manifestações decorrem nas principais cidades de Moçambique, incluindo Maputo, Beira e Nampula. (Carta/Nation)
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) chancelou, na manhã desta quinta-feira, a vitória da Frelimo e do seu candidato presidencial, no escrutínio do passado dia 09 de Outubro. Dados apresentados esta tarde pelo Presidente da CNE, Dom Carlos Matsinhe, indicam que Daniel Francisco Chapo, Secretário-Geral da Frelimo, venceu a eleição presidencial com um total de 4.912.762 votos, correspondentes à 70,67%.
Em segundo lugar, de acordo com o Edital da Centralização Nacional e Apuramento Geral dos Resultados, ficou Venâncio António Bila Mondlane, com um total de 1.412.517 votos, equivalentes a 20,32%, enquanto Ossufo Momade ocupou a terceira posição, ao obter um total de 403.591 votos, o que representa 5,81%. Lutero Simango ocupa o último lugar com 223.066 votos, equivalente a 3,21%.
Por sua vez, a eleição legislativa foi ganha pela Frelimo, que conquistou 195 assentos na Assembleia da República, contra 31 do PODEMOS, 20 da Renamo e quatro do MDM, obtidos em Sofala (dois) e Nampula (dois). Na verdade, foi a confirmação do que já era público, com base nos Editais do Apuramento Provincial.
Comparativamente às eleições legislativas de 2019, a Frelimo ganhou mais 11 deputados, enquanto a Renamo perdeu 40 e o MDM dois deputados. O PODEMOS, que entra para o Parlamento pela primeira vez, deverá torna-se na segunda maior força política do país.
A Frelimo foi, igualmente, anunciada vencedora das eleições provinciais, em todo território nacional, renovando, desta forma, o mandato de governar 10 províncias do país, excepto a Cidade de Maputo, que dispõe de um estatuto especial.
Em termos de mandatos, nas Assembleias Provinciais, a Frelimo conquistou 731 lugares, em todo país, contra 54 da Renamo e 27 do MDM. O PODEMOS tem 42 mandatos. No total, existem, em todas Assembleias Provinciais, um total de 867 mandatos.
O partido no poder, lembre-se, foi declarado vencedor das eleições provinciais de 2019, as primeiras em que os Governadores Provinciais foram eleitos, através do sistema de cabeça-de-listas, inaugurando uma nova página da democracia moçambicana.
Segundo a CNE, na eleição presidencial, 9.704.417 eleitores não se deslocaram às urnas, o correspondente a 56,52%, enquanto 273.858 depositaram votos em branco e 239.039 votos foram considerados nulos.
Aliás, o elevado índice de votos nulos e em branco, tal como o elevado índice de abstenção e de discrepância entre o número de votantes nas três eleições foi um dos principais pontos da discórdia durante a Assembleia de Centralização de dados, segundo o Presidente da CNE. Os resultados, sublinhe-se, foram aprovados com nove votos a favor, contra sete.
Referir que os resultados hoje aprovados e divulgados pela CNE deverão ser submetidos ao Conselho Constitucional para efeitos de validação e proclamação dos vencedores, um acto a ter lugar a qualquer dia, visto que não existe um prazo legal estabelecido para que o órgão possa apresentar o seu Acórdão.
Os resultados divulgados pelos órgãos eleitorais, lembre-se, estão sendo contestados pelo PODEMOS e o seu candidato presidencial Venâncio Mondlane, que entendem terem ganho o escrutínio do dia 09 de Outubro, com pelo menos 53% dos votos. (Carta)
O jornalista Salomão Moyana e seis representantes da oposição, na CNE (Comissão Nacional de Eleições), votaram contra os resultados que dão à Frelimo 195 mandatos no Parlamento, contra 55 da oposição.
Os resultados foram aprovados com nove votos de representantes da Frelimo, incluindo o Presidente da CNE, Dom Carlos Matsinhe. A sessão, iniciada às 15h00 de ontem, só terminou às 8h00 desta manhã. É a segunda vez que Carlos Matsinhe vota favoravelmente pela aprovação dos resultados eleitorais fraudulentos. A primeira vez foi nas eleições autárquicas do ano passado.
Os seis representantes da oposição na CNE exigem a recontagem de votos nas Mesas onde se registaram discrepâncias de números; a requalificação dos votos nulos; e a anulação dos resultados eleitorais.
Os representantes da oposição na CNE apresentaram 10 argumentos para a não aprovação dos resultados das eleições de 9 de Outubro, dos quais os seguintes: a marginalização dos técnicos indicados pelos partidos da oposição nos STAE, a todos os níveis, sobretudo nos CPD, locais onde é feito o armazenamento de dados eleitorais; e o facto de a selecção dos MMV ter sido feita com base em listas fornecidas pelo partido Frelimo, operacionalizadas pelos directores distritais do STAE, em claro atropelo às normas eleitorais, o que contribuiu para a promoção da fraude no sistema eleitoral.
Igualmente, arrolaram a colocação tardia dos MMV da Renamo e do MDM, sendo que, em alguns casos, foram escorraçados pelos observadores do Conselho Nacional da Juventude, que se entendem ser elementos da Frelimo que circulam pelas Mesas dando ordens ilegais e fora do seu âmbito de observação eleitoral.
As irregularidades invocadas pelos vogais da oposição incluem também a circulação de boletins pré-votados e o enchimento de urnas com a conivência dos Presidentes de Mesas de Votos e dos directores do STAE; as discrepâncias significativas do número de votantes entre as três eleições: Presidencial, Parlamento e Assembleia Provincial; e a presença do número de eleitores acima dos inscritos nos cadernos eleitorais, sendo que o mais gritante se verificou em uma Mesa, em Harare, Zimbabwe, onde votaram 750 eleitorais, quando o caderno só tinha 595 eleitores inscritos.
Os vogais da oposição não votaram nos resultados apresentados esta tarde por Matsinhe devido também a ausência de mapas de centralização de resultados, Mesa por Mesa, ao nível dos distritos, e um número elevado de votos em branco e nulos, o que pode configurar falta de transparência no processo; devido a não verificação, pelo STAE, das dúvidas levantadas em plena sessão de apuramento com recurso aos meios informáticos; e pelo facto de os mandatários da oposição terem sido dispensados, durante a Assembleia Nacional, sem terem acompanhado a apresentação das actas que lhes dariam oportunidade de verificar as suas reclamações, submetidas anteriormente. (CIP Eleições/Carta)