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Guy Mosse

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Correm o mundo, as imagens de um blindado das Forças Armadas de Defesa de Moçambique a atropelar, de forma fria, brutal e violenta, na manhã desta quarta-feira, uma manifestante em plena Avenida Eduardo Mondlane, no quadro dos protestos populares que decorrem no país há mais de um mês e que entraram, hoje, numa nova fase.

 

Em comunicado de imprensa divulgado na tarde de hoje, o Estado-Maior General das FADM disse que o atropelamento foi acidental e que o blindado “encontrava-se em missão de protecção de objectos económicos essenciais.

 

“As Forças Armadas de Defesa de Moçambique comunicam que na manhã desta terça-feira [na verdade, quarta-feira], dia 27 de Novembro de 2024, uma viatura militar devidamente caraterizada, atropelou acidentalmente uma cidadã na Avenida Eduardo Mondlane, próximo à paragem Belita [na verdade, foi próximo à paragem Ponto Final]”, afirma a nota, numa tentativa de “abafa” o crime público testemunhado por centenas de cidadãos.

 

Imagens gravadas em diversos ângulos mostram um blindado das FADM indo para cima dos manifestantes, numa clara acção criminosa das tropas moçambicanas. “A viatura encontrava-se em missão de protecção de objectos económicos essenciais, limpeza e desbloqueio de vias de circulação, no âmbito da manifestação pós-eleitoral e fazia parte de uma coluna militar devidamente sinalizada”, refere a fonte, sem especificar os “objectos económicos essenciais” que estavam em protecção.

 

Segundo as Forças Armadas, a vítima foi prontamente socorrida ao Hospital Central de Maputo, porém, sem sublinhar que o socorro foi prestado pelos manifestantes, uma vez que o blindando sequer parou no local do acidente. As FADM dizem lamentar “profundamente o ocorrido” e que vão assumir “total responsabilidade na assistência médica e psicossocial da vítima”.

 

Este foi o primeiro incidente envolvendo militares desde o início das manifestações a 21 de Outubro último. Na sua primeira aparição pública, a 07 de Novembro, as FADM foram elogiadas pela sua postura dialogante com os manifestantes, uma imagem posta em causa hoje com o atropelamento brutal da jovem de 29 anos de idade, que se encontra entre a vida e a morte.

 

Refira-se que o incidente causou tumultos na Avenida Eduardo Mondlane, com manifestantes a incendiarem pneus, colocar barricadas e a atirarem pedras e garrafas contra a Polícia e as FADM. Houve tentativas de incêndio de dois blindados, um em marcha e outra “estacionado”. (Carta)

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Encontra-se em estado crítico a jovem que foi atropelada brutalmente por um blindado da Polícia Militar, na manhã desta quarta-feira (27), na Avenida Eduardo Mondlane, em Maputo, durante as manifestações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, em repúdio contra os resultados eleitorais divulgados pela Comissão Nacional de Eleições.

 

A jovem, de 29 anos, mãe e esposa, foi atropelada quando participava de uma manifestação pacífica. Um blindado passou por cima dela em alta velocidade e não parou para prestar socorro. Após o acidente, vários jovens prestaram socorro e levaram a vítima para o Hospital Central de Maputo (HCM), onde ela continua a receber cuidados médicos.

 

Gerou-se no local do acidente um clima de agitação e fúria por parte da população, que recusou a ajuda da Polícia da República de Moçambique (PRM), que se encontrava nas imediações. Os manifestantes apedrejaram viaturas da Polícia em protesto contra o atropelamento da jovem, incendiaram pneus e tentaram também incendiar dois blindados da Polícia, um em circulação e outro “estacionado”.

 

Em conversa com o esposo da vítima, que se mostrou agastado com a brutalidade da Polícia, disse que não estava em condições de manter uma conversa prolongada, mas que o estado de saúde de sua esposa era crítico e o hospital estava a tentar reanimá-la. “Acabo de receber a informação dos médicos de que o estado de saúde da minha esposa é grave, e eles estão a fazer de tudo para reanimá-la”, narrou.

 

A cunhada da vítima, que também se encontra na maior unidade sanitária do país, lamentou o facto de o blindado ter atropelado a sua cunhada e não ter parado para prestar socorro. Consta que a Ordem dos Advogados de Moçambique encontra-se no terreno a trabalhar no assunto e na posse do auto lavrado pela polícia.

 

Refira-se que as manifestações desta quarta-feira ocorrem quase 24 horas após o fracasso do diálogo político convocado pelo Chefe de Estado aos quatro candidatos presidenciais. Na origem do fracasso está a ausência do candidato presidencial Venâncio Mondlane que se encontra, neste momento, em parte incerta, por questões de segurança. (Carta)

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A Região Metropolitana do Grande Maputo volta a registar mais um ambiente caótico, com o início, hoje, da terceira fase (da quarta e última etapa) das manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto aos resultados eleitorais de 09 de Outubro.

 

Numa ronda feita pela nossa reportagem, esta manhã, nos troços Matola-Gare/Mahlampsene e Zimpeto/Cidade da Matola, foi possível observar paragens e terminais lotados, devido a falta de transporte público e semi-colectivo de passageiros. Igualmente, foi possível notar uma circulação tímida de viaturas particulares e de transporte de mercadorias.

 

Relatos colhidos pela “Carta” indicam que o problema é extensivo a todas rotas da província e cidade de Maputo. Aliás, imagens amadoras enviadas à nossa Redacção mostram a movimentada Avenida de Moçambique (que coincide com a Estrada Nacional Nº 1) despida de viaturas, com as pessoas a caminharem sobre o pavimento, umas em direcção aos seus locais de trabalho e outras às suas residências.

 

Em alguns pontos de Maputo, Matola, Boane e Marracuene, como Matola-Rio, em Boane; Praça dos Combatentes (vulgo Xiquelene) e Maquinag, na Cidade de Maputo; e Casa Branca, BIC e Mahlampsene, na Matola, grupos de manifestantes mandavam parar os carros em plena via pública, colocando barricadas. Uma viatura de recolha de resíduos sólidos, do Município da Matola, viu a chave ser retirada da ignição por ignorar a ordem de paragem dos manifestantes, na zona da BIC.

 

Noutros pontos das cidades de Maputo e Matola, os manifestantes tomaram de assalto as vias públicas, chegando mesmo a colocar mesas, fogões e cadeiras para passar refeições, tal como se viu no bairro do Luís Cabral. Em Mahlampsene e na Avenida Guerra Popular, os manifestantes saltavam à corda, enquanto na Praça dos Combatentes jogavam à bola.

 

O comércio (formal/informal) esteve praticamente “fechado”, com os principais mercados “às moscas”, enquanto instituições públicas funcionavam à “meio-gás”. Até ao princípio da tarde, a única via segura para entrada e saída de viaturas na cidade de Maputo é a Estrada Circular de Maputo, porém, a Casa Militar (a guarda presidencial) bloqueou o acesso às Avenidas Julius Nyerere e Kenneth Kaunda, a partir da rotunda do Hotel Radisson Blu, facto que estava causar congestionamento ao longo da Avenida da Marginal.

 

Refira-se que Venâncio Mondlane afirmou ontem o início, hoje, da terceira fase dos protestos, enquadrados na chamada quarta e última fase das manifestações. Em concreto, Mondlane disse que, a partir das 08h00 desta quarta-feira, os cidadãos devem desligar os seus carros em plena estrada e caminhar em direcção aos seus locais de trabalho, devendo retomar às suas viaturas depois da jornada laboral. Os protestos terminam na sexta-feira e a medida foi anunciada para ser implementada nas cidades.

 

“A partir das 08h00, em plena estrada, com os carros cheios de cartazes, vamos desligar os carros. Fechamos o carro e vamos andar a pé até ao local de trabalho. Vamos usar as nossas estradas como parque de estacionamento amanhã [hoje]”, anunciou Venâncio Mondlane, pedindo, mais uma vez, “sacrifício” e “paciência” aos moçambicanos.

 

À saída, explicou o político, os cidadãos deverão entoar o hino nacional por 15 minutos (entre as 15h30m e as 15h45m) e o hino de África por igual período (entre as 15h45m e as 16h00). No regresso à casa, os condutores deverão buzinar como parte dos protestos até às suas residências. (Carta)

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A Polícia foi chamada ontem à sede nacional da Renamo, em Maputo, após antigos guerrilheiros da maior força da oposição, contestatários do líder do partido, Ossufo Momade, na sequência das eleições gerais, terem protestado nas instalações.

 

“Quem chamou a Polícia ainda nos interessa saber e com que intenção (…). Nós chegámos e pedimos que a Polícia não entrasse nas premissas da Renamo, porque afinal de contas não há necessidade de haver Polícia para resolver um problema que está dentro de casa. E como viu, uma hora e meia, duas horas, o assunto está resolvido”, explicou aos jornalistas o deputado Muhamad Yassine, à porta da sede do partido, envolvida por um aparato policial.

 

Numa mensagem enviada aos jornalistas durante a manhã, este grupo de antigos guerrilheiros da Renamo, desmobilizados ao abrigo do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), assinado com o Governo, referiam que, juntamente com outros quadros do partido, “tomaram” a sede, “exigindo a demissão” de Ossufo Momade do cargo de presidente, depois de já terem pernoitado no local.

 

Presente no exterior, o contingente policial acabou por não tomar qualquer ação na sede nacional da Renamo em Maputo. “Esta era uma situação que, no meu entender, não era assim tão complicada assim de se resolver. Era uma questão de nos sentarmos com os nossos mais velhos militares, poder perceber exatamente qual é que era a sua exigência e como é que se pode tratar”, acrescentou o deputado, garantindo que foi alcançado um “consenso”.

 

“É uma questão mesmo estatutária. É entendimento dos militares que o segundo conselho nacional deve ser realizado este ano, em função daquilo que é o estatuto. E eu penso, em função daquilo que discutimos, que vamos submeter a carta ao gabinete do presidente e pedir que o conselho nacional seja realizado este ano”, acrescentou Muhamad Yassine, falando em “representação do porta-voz do partido”, garantindo que esse pedido, embora sem detalhar o motivo para a convocatória dessa reunião magna, “não fere” os estatutos da Renamo.

 

“Estão aqui os representantes dos militares e conseguimos um consenso, afinal de contas somos uma única família: é a Renamo. Não há uma casa que não tenho desentendimentos. O bom é que discutimos os nossos assuntos dentro de casa e todos nós estamos felizes com aquilo que foi o resultado do nosso entendimento”, concluiu Yassine, mas sem permitir que os representantes dos antigos guerrilheiros falassem à comunicação social presente.

 

Ossufo Momade assumiu a liderança da Renamo após a morte do líder histórico e fundador do partido Afonso Dhlakama (1953-2018) e foi também candidato nas eleições gerais de 09 de outubro de 2024 ao cargo de Presidente da República.

 

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo (Frelimo) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, resultados que ainda carecem da validação do Conselho Constitucional, mas que não são reconhecidos por nenhum dos restantes três candidatos, entre acusações de fraude eleitoral.

 

Venâncio Mondlane, ex-deputado da Renamo e apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos, seuindo-se Ossufo Momade, com 403.591 votos (5,81%), e Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceiro partido parlamentar), com 223.066 votos (3,21%).

 

Já para as legislativas, segundo a CNE, venceu a Frelimo, garantindo mais 11 deputados, para um total de 195 mandatos, seguida do Podemos, elegendo 31 deputados.

 

De acordo com os resultados anunciados pela CNE, a Renamo, até agora maior partido da oposição, caiu de 60 para 20 deputados, e o MDM manteve a representação parlamentar, mas viu o total de deputados cair de seis para quatro. (Lusa)

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As Forças de Defesa e Segurança do Ruanda e as autoridades civis de Macomia, em Cabo Delgado, autorizaram, desde semana passada, o regresso da população deslocada e acolhida nos bairros da vila-sede, ao posto administrativo de Mucojo. “O regresso a Mucojo começou na semana passada, enquanto em Quiterajo ainda estão a trabalhar”, confirmou Selemane Saide, residente de Mucojo.

 

“Estes dias estamos a comer peixe vindo de Mucojo, até porque o preço baixou. Antes o peixe vindo de Mocímboa da Praia ou Quissanga era vendido a 250 meticais, mas agora estamos a comprar a 170 meticais", comentou outro morador, acrescentando que, além do início da actividade pesqueira, as pessoas estão a regressar com as respectivas famílias.

 

“Até hoje, domingo, são seis a sete carros que vão para lá. Só que vão e voltam à vila de Macomia. Cada passageiro paga 250 meticais e estamos a ver as pessoas a irem com as suas trouxas”, acrescentou Sabila Saide, outro residente da vila de Macomia.

 

“Hoje recebemos muito peixe. Por exemplo, o peixe-serra, pesando entre cinco, sete e oito quilos, era vendido por apenas 250 meticais. Algumas pessoas chegaram a conservar nos congeladores e outras até colocaram o peixe para secar por falta de clientes”, disse Saifo Juma, também morador da vila de Macomia.

 

No entanto, as autoridades ainda não autorizaram o regresso da população ao posto administrativo de Quiterajo, onde, de acordo com o site “Notícias de Defesa”, recentemente as Forças de Defesa e Segurança reocuparam e expulsaram os terroristas das suas principais bases. (Carta)

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As principais capitais provinciais do país, incluindo as cidades de Maputo e Matola, estarão “bloqueadas” a partir desta quarta-feira, como parte das novas medidas de protesto, no quadro da quarta e última etapa das manifestações populares convocadas pelo candidato Venâncio Mondlane, em repúdio aos resultados das eleições de 09 de Outubro.

 

Em mais uma comunicação virtual à nação feita na tarde de ontem, através da sua página oficial do Facebook, Venâncio Mondlane afirmou que, a partir das 08h00 desta quarta-feira, os cidadãos devem desligar os seus carros em plena estrada e caminhar em direcção aos seus locais de trabalho, devendo retomar às suas viaturas depois da jornada laboral. A medida é exclusiva para os que estiverem nas cidades.

 

“A partir das 08h00, em plena estrada, com os carros cheios de cartazes, vamos desligar os carros. Fechamos o carro e vamos andar a pé até ao local de trabalho. Vamos usar as nossas estradas como parque de estacionamento amanhã [hoje]”, anunciou Venâncio Mondlane, pedindo, mais uma vez, "sacrifício " e"paciência "aos moçambicanos.

 

À saída, explicou o político, os cidadãos deverão entoar o hino nacional por 15 minutos (entre as 15h30m e as 15h45m) e o hino de África por igual período (entre às 15h45m e às 16h00). No regresso à casa, os condutores deverão buzinar como parte dos protestos até às suas residências.

 

Segundo o líder espiritual das manifestações populares, enquanto os carros ficam parados em plena faixa de rodagem, os que não trabalham devem levantar os seus cartazes no meio das viaturas desocupadas. Aliás, Venâncio Mondlane afirma que os condutores devem ter cartazes de protesto nas suas viaturas.

 

A nova fase das manifestações populares, iniciadas a 21 de Outubro, termina na sexta-feira e deverá incluir o “panelaço” durante as três noites. (Carta)

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Deixou de ser uma previsão e passou à uma certeza: Venâncio António Bila Mondlane não tomou parte, esta terça-feira, do diálogo político convocado pelo Presidente da República, semana finda, com os quatro candidatos presidenciais, com objectivo de “discutir a situação do País no período pós-eleitoral”, caracterizada por manifestações populares em protesto contra os resultados eleitorais, que apontam uma vitória da Frelimo com mais de 70% dos votos.

 

Em mais uma transmissão em directo na sua página oficial do Facebook, feita quase uma hora após o início da reunião (que contou com a participação de Ossufo Momande, Lutero Simango e Daniel Chapo), o candidato suportado pelo PODEMOS afirmou que não tomou parte do encontro porque não recebeu quaisquer respostas por parte do Presidente da República à proposta de agenda submetida na sexta-feira.

 

“Não estou a participar desse debate, nem virtualmente, por uma razão muito simples. É que, até hoje [terça-feira, 26 de Novembro], não recebemos qualquer ofício em resposta à nossa carta. Infelizmente, o Presidente da República não respondeu as questões por mim colocadas e uma delas era a possibilidade de participação virtual. Nenhum dos 20 pontos apresentados foi respondido”, afirmou o político, logo na introdução da sua comunicação.

 

Segundo Venâncio Mondlane, o silêncio de Filipe Jacinto Nyusi às suas exigências é sinal de que “o Presidente da República está a criar um teatro” e que “não tem nenhuma vontade genuína de haver um diálogo sério para se resolver o problema da crise pós-eleitoral que Moçambique está a viver”.

 

“O Presidente da República não tem preocupação com a situação em que a população moçambicana se encontra; com as vidas perdidas; com os ilícitos eleitorais cometidos pelo STAE, na manipulação dos resultados, na adulteração dos documentos e na falsificação das actas e editais. O Presidente da República não tem interesse em clarificar isto”, defendeu.

 

Lembre-se que Venâncio Mondlane, que foi o primeiro a aceitar publicamente o convite do Chefe de Estado, condicionou a sua participação à extinção de todos processos criminais que correm contra si na PGR (Procuradoria-Geral da República). Exigiu também a presença da imprensa, de organizações da sociedade civil e da comunidade internacional, para além da definição de uma “agenda clara”.

 

Ausência questionada pela oposição

 

A ausência de Venâncio Mondlane foi questionada pelos candidatos presidenciais do MDM e Renamo, Lutero Simango e Ossufo Momade, respectivamente, no início da reunião. Aliás, o Presidente da Renamo foi mais longe ao dizer que Venâncio Mondlane “é o centro do problema”, pelo que reunir sem a sua presença “não estamos a resolver nada”.

 

“Quem convocou a manifestação foi ele e a sua ausência é perigosa, na medida em que nós queremos coisas sérias, responsáveis e resolver os problemas”, afirmou Ossufo Momade, para quem Filipe Nyusi deve fazer de tudo para que Venâncio Mondlane esteja dentro do país e em segurança.

 

Em resposta, o Presidente da República afirmou que “o candidato Venâncio não foi expulso de Moçambique, não há motivos para não estar em Moçambique. Se há motivos legais, podia colocar esse problema para nós vermos porque precisamos de falar”.

 

“Se estivesse no sítio conhecido, se calhar sugerisse a esta equipa que está interessada em resolver o problema [o Presidente da República e os candidatos presentes] a ir ter com ele lá, mas ninguém sabe onde está”, defendeu Filipe Jacinto Nyusi, assegurando que “o esforço será feito” para garantir que o político esteja em Moçambique.

 

“Aceitou o convite e não colocou o problema de segurança, então, tem a certeza de que os moçambicanos não trocariam a vida dele”, atirou o Chefe de Estado, em meio a risos.

 

Para o Presidente da República, o tema (situação do País no período pós-eleitoral) é que vem em primeiro lugar no diálogo, sendo que a agenda é definida, por consenso, com o evoluir dos debates. “Temos experiência do diálogo que estabelecemos no passado, que resultou numa agenda sobre a descentralização e depois sobre o DDR. Mas, no primeiro dia não é isso que se disse”.

 

Prosseguindo, Filipe Nyusi admitiu a possibilidade de reformular o formato do diálogo (de quatro para um candidato de cada vez), de onde se pode definir as matérias que podem ser discutidas, tal como definir-se o horizonte temporal para discussão dessas matérias.

 

O Chefe de Estado disse ainda que nem todos encontros estarão abertos aos jornalistas – como se verificou na abertura da reunião de hoje – para que nem tudo se torne notícia, de modo a ser evitar maus aconselhamentos. (A. Maolela)

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Numa marcha realizada ao ritmo de canções evangélicas, a caminho do Conselho Constitucional (CC), seguida de um momento de orações, mães e esposas das vítimas das manifestações em curso em todo o país, em repúdio aos resultados das eleições de 9 de Outubro último, decidiram manifestar-se nesta segunda-feira (25) em frente ao CC.

 

Em lágrimas, e empunhando cartazes com os dizeres “Mãe Lúcia Ribeiro, qual é a meta de mortes?”, as mulheres gritavam por justiça, dizendo que estão cansadas de sofrer e que não querem mais mortes para o povo.

 

Questionadas sobre o motivo que as levou a se manifestarem em frente ao CC, responderam em coro: “Nós estamos neste local porque carregamos uma dor. O Governo disse que devíamos ir votar, mas em nenhum momento nos disse que deveríamos votar nos 25 tiros, nos nossos filhos que estão a morrer com balas e gás lacrimogéneo”.

 

Prosseguindo, as mulheres referiram: “viemos aqui para pedir que a justiça seja feita. Queremos que pare a morte dos nossos filhos. Nossos filhos morreram, outros estão feridos e outros ainda se encontram numa cama do hospital”.

 

“Por esta razão, estamos aqui para dizer que a mãe Lúcia Ribeiro é uma mãe que carregou por nove meses e sabe qual é a dor de uma mãe. Não existe mãe que vai parir um porco ou um cabrito. Então, ela, sendo mãe, não deve agir pelo dinheiro, mas sim pela justiça. Mesmo que sofra ameaças de morte, vale mais perder a vida e salvar milhares de moçambicanos que estão a morrer, que estão a chorar. Nossos filhos estão a morrer como cabritos. Queremos apenas manifestar pelos nossos direitos”.

 

Elas disseram ainda que querem mudanças e pedem que o Governo pare de violar a lei, e que seja reposta a verdade eleitoral de acordo com a vontade do povo, para que não haja mais derramamento de sangue.

 

“Eles estão a esquecer que somos o povo. Eles (os dirigentes) passam a vida a distribuir riquezas entre eles, enquanto o povo sofre. A cada dia, a vida está mais cara, o saco de arroz está cada vez mais caro. Viemos exigir ao Conselho Constitucional aquilo que o povo decidiu. Queremos que haja mudança no nosso país. Votamos em Venâncio e queremos que a verdade seja reposta”, detalharam.

 

As mães dizem igualmente que foram ao Conselho Constitucional porque acreditam que é lá onde a voz do povo será ouvida e esperam ver os seus problemas resolvidos. “Clamamos à mãe Lúcia para que ela sinta a nossa dor. Que ela esqueça o dinheiro, tenha piedade de nós e dos nossos filhos, que perecem a cada dia. Estamos a sofrer. O nosso governo está a matar-nos dia após dia. Se os nossos problemas não forem resolvidos, o povo não será mais o mesmo”, gritou uma das mães com lágrimas nos olhos.

 

Durante as manifestações, agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) dirigiram-se às mães, apelando para que se retirassem do CC. Elas cumpriram as ordens e saíram do local aos gritos, dizendo tudo o que estavam a sentir e repudiando a acção da polícia.

 

No local, deixaram vários cartazes com diferentes mensagens pedindo que fossem entregues à Lúcia Ribeiro e que não fossem jogados no lixo. “Pedimos que ela respeite esse povo, que é o seu patrão. Estamos a morrer dia após dia. Pedimos que vocês vejam as mensagens do povo que estão escritas nestes papéis que aqui viemos deixar. Eles dizem que o povo é quem manda, mas é esse mesmo povo que estão a matar todos os dias. Não votamos para a morte”, sentenciaram. (M.A)

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Estão confirmadas as presenças dos quatro candidatos presidenciais no diálogo político de amanhã, convocado pelo Chefe de Estado, na semana finda. Nesta segunda-feira, Daniel Capo, candidato presidencial e Secretário-Geral da Frelimo, confirmou a sua presença no encontro.

 

Em comunicado de imprensa partilhado pelo partido no poder, no início desta tarde, Daniel Francisco Chapo defende que a sua participação no encontro reafirma o seu “compromisso na promoção da estabilidade política do país”.

 

A nota refere ainda que Chapo “expressa o seu agradecimento pela iniciativa” do Presidente da República, Filipe Nyusi, que também é Presidente do partido Frelimo. A confirmação de Daniel Chapo no encontro que decorre amanhã, pelas 16h00, chega quase 24 horas após a o Presidente e candidato presidencial da Renamo, Ossufo Momade, ter confirmado a sua presença no dia.

 

No entanto, diferentemente dos candidatos da oposição, que vão ao encontro com pontos de agenda pré-definidos, a Frelimo não avança quaisquer pontos de agendas sugeridos por Daniel Chapo.

 

Lembre-se que Venâncio Mondlane, que reclama vitória nas eleições de 09 de Outubro, diz que só vai ao mediante a eliminação imediata dos processos judiciais instaurados contra si, a libertação de todos os detidos durante as manifestações e a indemnização das famílias cujos entes-queridos foram mortos pela Polícia durante as manifestações. Exige também que a reunião seja aberta à imprensa e com a presença da sociedade civil e da comunidade internacional.

 

Já Lutero Simango disse que tomaria parte do encontro, se o mesmo contar com a presença dos quatro candidatos e “uma agenda consensual”. Aliás, para o Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a reunião deve discutir as causas da actual tensão política pós-eleitoral e não as consequências.

 

Por sua vez, Ossufo Momade condiciona a sua participação à confirmação da participação (física e/ou virtual) de todos os candidatos presidenciais. Refere ainda que o Presidente da Renamo leva à mesa do diálogo a proposta de anulação das eleições gerais e provinciais de 09 de Outubro, assim como o reconhecimento, por todos os candidatos, de que o escrutínio não foi transparente.

 

A reunião, anunciada na terça-feira por Filipe Jacinto Nyusi, visa “discutir a situação do País no período pós-eleitoral”, caracterizada por manifestações populares em protesto contra os resultados eleitorais, que apontam uma vitória “retumbante” da Frelimo com mais de 70% dos votos. (Carta)

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Começam hoje, em todo território nacional, os exames da 6ª classe. O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) espera examinar 877.959 alunos, num momento em que os professores continuam a “congelar” as notas finais em protesto à falta de pagamento de horas extras.

 

Informações do MINEDH indicam que os exames do ensino primário e secundário decorrem de 25 de Novembro a 13 de Dezembro, envolvendo cerca de 1.560.000 alunos, em 14.500 centros. Os exames iniciam pontualmente às 07h30min e terminam às 12h00, para o turno da manhã, e das 12h30m às 17h00, para o turno da tarde.

 

Os professores mantêm-se firmes no propósito de boicotar os exames do ensino secundário, que terão início na próxima semana. “Mantemos o nosso posicionamento, porque a conversa que tivemos com o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano sobre o pagamento das horas extras em atraso foi um fiasco”, afirmou Isac Marrengula, da Associação Nacional dos Professores (ANAPRO).

 

“Estamos a preparar o boicote aos exames enquanto o Governo não se preocupar em resolver o nosso problema”, confirmou.

 

Refira-se que os exames deste ano acontecem num clima de manifestações que se vive um pouco por todo o país, devido às eleições que ocorreram no último dia 9 de Outubro, cujos resultados são considerados fraudulentos. (M.A.)

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