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Economia e Negócios

A empresa britânica Gemfields anunciou, esta quarta-feira, 18 de Dezembro, ter leiloado os rubis de Namanhumbir, produzidos pela Montepuez Ruby Mining (MRM), no valor de 71,5 milhões de USD. O leilão, o 13º a ser realizado desde Junho de 2014, decorreu entre os dias 10 e 14 de Dezembro de 2019, em Singapura, no continente asiático.

 

O resultado representa um crescimento na ordem de 21,5 milhões de USD, relativamente ao último leilão, realizado em Junho passado, também em Singapura, onde a empresa encaixou 50 milhões de USD.

 

Aliás, este é o segundo melhor leilão a ser realizado dos rubis de Namanhumbir, desde o início das operações. O melhor resultado de sempre foi alcançado em Junho de 2018, quando a MRM arrecadou 71.8 milhões de USD, depois de ter vendido 82 lotes, dos 86 que estava a oferecer, em Singapura, o que correspondeu a 95 por cento.

 

De acordo com o comunicado de imprensa enviado à nossa Redacção, no leilão de 10 a 14 de Dezembro último, a Gemfields colocou a disposição dos clientes, um total de 104 lotes, mas só vendeu 91, o que equivale a 88%. Diz ainda ter disponibilizado 1.158.114 quilates, porém, foram comprados 927.130, o que corresponde a 80%. Cada quilate foi vendido a um preço médio de 77,12 USD.

 

“O produto deste leilão será totalmente repatriado para a MRM em Moçambique, com o imposto de produção devido ao Governo de Moçambique sendo pago sobre o preço total de venda alcançado no leilão”, diz o comunicado.

 

No total, sublinha o documento, a Gemfields já realizou 13 leilões dos rubis da MRM, tendo arrecadado um total de 584,1 milhões de USD em receita agregada.

 

“Estamos particularmente satisfeitos por ter visto uma variedade tão diversificada de vencedores, com 37 empresas levando para casa pelo menos um lote. Este leilão foi o nosso segundo maior até ao momento, o que significa que as receitas anuais da Gemfields com os leilões de Rubis e Esmeraldas excederam, pela primeira vez, 200 milhões de dólares”, comentou Adrian Banks, Director Executivo de Produtos e Vendas da Gemfields, citado na nota.

 

Refira-se que a Gemfields é a sócia maioritária da MRM, com 75%, sendo que os restantes 25% pertencem a Mwiriti Limitada, uma empresa moçambicana pertencente ao General na Reserva Raimundo Pachinuapa. (Carta)

O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), sociedade composta pelas empresas Vale Moçambique e Mitsui, não irá renovar em Janeiro próximo, o Contrato de Concessão de exploração comercial do serviço portuário do Porto de Nacala. Reunido ontem em Maputo, na sua 35ª sessão ordinária (a última do ano), o Conselho de Ministros determinou que, a vencer o contrato entre o Governo e o CDN, a gestão daquela infra-estrutura ficará a cargo da empresa pública Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM).

 

No entanto, os CFM mostram-se sem competência financeira para gerir o empreendimento. O Director de Administração e Finanças, Carlos Macamo, disse, em entrevista recente à “Carta”, que os CFM tinham recursos humanos suficientes e competentes para fazer a gestão da infra-estrutura. “Aliás, antes de se concessionar a privados, os CFM é que geriam o Porto de Nacala”, lembrou.

 

Porém, uma infra-estrutura daquela natureza não necessita apenas de recursos humanos para funcionar, mas também e sobretudo de recursos financeiros. Sobre estes, o gestor mostrou reservas, olhando para o actual estado económico-financeiro da empresa.

 

É que de acordo com o Relatório e Contas referente ao ano passado, (publicado há dias), os activos dos CFM caíram, ao passar de 52.3 biliões de Meticais (Mts) em 2017, para 49.9 biliões de Mts em 2018. O lucro da empresa também decresceu (60 por cento) em 2018, ao situar-se em 1,59 bilião de Mts, contra os 3,96 biliões de Mts registados em 2017.

 

Face ao actual estado económico-financeiro dos CFM, Macamo avançou que, em caso de indicação para gerir, a empresa recorreria a empréstimos bancários para suprir a deficiência financeira. No entanto, sublinhou que as acções (como por exemplo recorrer à banca) para a gestão da infra-estrutura, só iriam começar se a autoridade concedente (o Governo através do Ministério dos Transportes e Comunicações) indigitar os CFM para o efeito.

 

Localizado na província de Nampula, o Porto de Nacala foi aberto ao tráfego em Outubro de 1951. Para além da zona norte, a infra-estrutura serve também aos países do “hinterland”. Dados dos CFM indicam que o porto conta, neste momento, com um terminal de carga geral capacitado para manusear dois milhões de toneladas por ano. (Evaristo Chilingue)

A Frontier Services Group Ltd., empresa de Hong Kong fundada por Erik Prince, decidiu encerrar uma “joint venture” de logística com a companhia nacional de petróleo de Moçambique, a ENH, mesmo quando o país se prepara para receber cerca de 60 bilhões de USD em investimentos em projetos de exportação de gás natural.

 

Os accionistas maioritários chineses da FSG decidiram retirar-se da parceria que se chamava ENHL/Frontier Service Group Lda., disse Omar Mithá, presidente da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), falando ontem a jornalistas, em Maputo. O FSG ainda não comunicou formalmente a decisão, disse ele.

 

A empresa não respondeu imediatamente a um e-mail, pedindo comentários. "A parceria não existe mais, mas foi uma decisão deles", disse Mitha. "Eles não estão mais interessados no negócio. Nós estamos bem com isso".

 

Prince, que fundou e vendeu a empresa militar privada Blackwater Worldwide, que ganhou centenas de milhões de USD em contratos com o governo dos EUA durante as guerras no Iraque e no Afeganistão, também tinha uma “joint venture” de pesca com a  Ematum SA, que enfrentou atrasos.

 

Aquele investidor americano também planejava fornecer serviços de segurança no país do sudeste africano, disse ele a repórteres em 2017. Com a ENH, o FSG tencionava essencialmente fornecer serviços de logística.

 

Mas em Moçambique, Prince já estava envolvido em assuntos de segurança, nomeadamente no contexto da insurgência em Cabo Delgado, tendo sido suplantado pela Rússia na cooperação com o Governo. Em Outubro foi reportado que o Frontier Services Group retirara os helicópteros que havia colocado em Cabo Delgado, para compensar as deficiências do exército moçambicano na luta contra os insurgentes.

 

Essa acção foi forçada, uma vez que o Presidente da República, Filipe Nyusi havia simplesmente se recusado a pagar ao fundador americano da empresa anteriormente conhecida como Blackwater. A retirada seguiu-se à assinatura de acordos de cooperação Nyusi e Vladimir Putin, em 22 de Agosto, que abriram caminho à chegada de equipamento militar e mercenários russos a Moçambique.

 

De 24 a 26 de Setembro, um Antonov An-124, pertencente à empresa militar estatal russa 224 Flight Unit, entregou drones (num aeroporto de Nampula) e um helicóptero Mi-17 equipado para operações de vigilância que também podem ser armadas. Este apoio russo, que é mais substancial e mais barato, levou Erik Prince a sair de Cabo Delgado e, eventualmente, de todos os “trabalhos” no sector de segurança na região. Agora, sabe-se que ele esta deixando a “ventura” logística. Fica por saber se também vai abandonar as acções que detém na Tunamar, que administra os navios Interceptor. (Bloomberg, com Carta)

No âmbito do Programa Energia Para Todos, a empresa Electricidade de Moçambique (EDM) precisa de um financiamento global avaliado em 6.5 biliões de USD para levar a energia eléctrica para todos os moçambicanos até 2030. No entanto, actualmente, a empresa dispõe apenas de 300 milhões de USD, ficando com um défice de 6.2 biliões de USD a angariar nos próximos 10 anos.

 

Em conferência de imprensa havida na última segunda-feira (16), o Director de Energia Social na EDM, Joaquim Ou-chim, explicou que os 300 milhões foram angariados nos últimos 12 meses, após o lançamento do programa em Novembro de 2018 pelo Presidente da República.

 

Segundo Ou-chim, o montante será aplicado no arranque da implementação do Programa no primeiro trimestre de 2020, que consistirá basicamente no início de efectivação de novas ligações no âmbito do projecto que é subdividido em duas abordagens: uma, Dentro da Rede Eléctrica Nacional (On-grid) e outra Fora da Rede Eléctrica (Off-grid).

 

Do valor existente, a fonte explicou que 200 milhões serão alocados à rede nacional para a densificação (ou aumento) de ligações e extensão da rede eléctrica. Os restantes 100 milhões de USD destinam-se à segunda componente do Programa (Off-grid) e deverão ser usados para reforçar o primeiro segmento (On-grid), no desenvolvimento de projectos de sistemas solares residenciais.

 

Segundo o Director de Energia Social na EDM, os referidos fundos foram mobilizados desde o lançamento do Programa, junto de vários parceiros, como o Banco Mundial e Reino da Noruega, da Suécia, e da União Europeia.

 

Para garantir o início da efectivação de novas ligações no primeiro trimestre do próximo ano, a fonte explicou que foi concluída a gestão ambiental e social do Programa em todas as províncias, bem como a elaboração do manual de procedimentos de implementação, documento que também será usado pelos parceiros para auditar e monitorar a implementação do Programa.

 

Além disso, o Director de Energia Social na EDM disse que, para o arranque técnico das actividades em 2020, a empresa já adquiriu, em sede de concursos públicos, diverso material eléctrico com destaque para cabos e condutas, transformadores e contadores.

 

No âmbito deste Programa, a EDM espera incrementar o número de novas ligações por ano, dos actuais 247 mil (equivalente a 34% do nível de electrificação do país) para 300 mil em 2020. No entanto, a partir de 2021, a meta da empresa é efectuar entre 350 a 450 mil novas ligações por ano. (Evaristo Chilingue)

É oficial. A empresa Sahara Energy será a nova fornecedora de combustíveis ao país durante o próximo semestre. O anúncio de adjudicação foi tornado público, ontem, pelo Director Nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis, Moisés Paulino, durante uma conferência de imprensa.

 

O anúncio, que é a confirmação do que “Carta” avançou em Novembro passado, aquando da abertura das propostas, marca o início de uma nova era no fornecimento de um dos produtos mais importados no país.

 

A adjudicação à Sahara Energy sucede o aval da Comissão (interministerial) de Aquisição de Combustíveis Líquidos e da Associação de Empresas de Petróleos, depois de, em princípios de Novembro passado, a multinacional ter ganho o concurso internacional lançado pela Importadora Moçambicana de Petróleos, num universo de 10 concorrentes.

 

Com sede no Canadá e a operar em mais de 38 países, a Sahara qualificou-se no concurso, por se propor a importar, nos próximos seis meses, 960 mil Toneladas Métricas (TM) de três diferentes combustíveis (gasolina, gasóleo e jet), por 45,80 USD por TM em média.

 

Em sede de concurso, o preço da Sahara foi menor que os 47,43 USD sugeridos pela Trafigura, 50,95 USD pela IPG, 51,74 USD pela Glencore, 52,74 USD pela Petrochina, 53,11 USD pela Totsa, 53,60 USD pela Vitol, 54.64 USD pela actual importadora, a Finergy, 58,38 USD pela Addax e uma média de 70,92 USD por TM proposta pela Augusta.

 

Adjudicada, a empresa deverá importar de Janeiro a Junho do próximo ano 960 mil TM de combustíveis (contra 900 mil TM importados neste semestre), das quais 250 mil TM de gasolina, 50 mil TM de jet e 660 mil TM de gasóleo, através dos terminais de Maputo, Beira e Nacala.

 

A Sahara vem substituir a Finergy que, durante o semestre a findar, forneceu combustíveis ao país com uma série de dificuldades, principalmente no cumprimento de prazos, alegadamente por falta de experiência e competência financeira. (Evaristo Chilingue)

A actividade económica do país tem estado a decrescer nos últimos três anos, prevendo-se que este ano o Produto Interno Bruto (PIB) ronde nos 2.1%, contra os 4.7% previstos, devido principalmente a efeitos dos ciclones Idai e Kenneth.

 

No entanto, num balanço preliminar relativo ao ano, havido ontem em Maputo, o Banco de Moçambique (BM) disse perspectivar que o PIB acelere para cerca de 4%.

 

“Esta previsão é fundamentada pelas acções de reconstrução pós-ciclones, pela regularização das dívidas aos fornecedores de bens e serviços ao Estado, pelo incremento do crédito ao sector privado e pelo impulso do investimento no sector do petróleo e gás”, explicou o Governador do BM, Rogério Zandamela.

 

Perante gestores da banca comercial, administradores e funcionários da instituição e não só, Zandamela renovou para 2020 o compromisso de combater a inflação, que em Novembro passado situou-se nos 2.58%, contra 4.27% registados em igual mês no ano passado.

 

“As nossas perspectivas apontam para a continuidade da estabilidade de preços, consubstanciada numa inflação estável, em níveis de um dígito, dentro da banda de convergência da SADC, embora relativamente acima do nível deste ano”, acrescentou.

 

Ainda em 2020, o Banco Central espera continuar comprometido com o regime de câmbio flexível, com vista a absorver os choques exógenos e consolidar as reformas no mercado cambial, de modo que a taxa de câmbio reflicta a procura e oferta de divisas, no mercado doméstico.

 

A trabalhar nesse quadro, o BM perspectiva que as reservas internacionais permaneçam em níveis confortáveis, podendo cobrir acima de cinco meses de importações de bens e serviços, excluindo as transacções dos grandes projectos.

 

Em relação a 2019, Zandamela disse que a avaliação preliminar dos impactos das medidas e reformas implementadas é bastante positiva, a avaliar pelo bom desempenho dos indicadores sob a alçada do BM.

 

“A inflação manteve-se baixa e estável, em torno de 2 por cento, em linha com o nosso objectivo de médio prazo, de um dígito, e substancialmente abaixo da meta de convergência da SADC, de 3 a 7%. As reservas internacionais incrementaram para cerca de sete meses de cobertura das importações, nível confortavelmente acima dos padrões mínimos aceitáveis, de três meses”, destacou o Governador.

 

Na sua locução, aquele gestor sublinhou também que a taxa de câmbio manteve-se relativamente estável, tendo, no contexto actual de regime cambial flexível, flutuado na banda entre 60 e 65 meticais por dólar, bem como o rácio de solvabilidade do sistema bancário que continuou robusto, em torno de 25%, bem acima do mínimo de 12% estabelecido, num contexto de redução do crédito mal parado.

 

O gestor máximo do BM anotou inclusive que o crédito ao sector privado expandiu, depois da contracção verificada em 2018, tendo (o crédito total) crescido, em termos acumulados até Outubro, em 6% e o crédito em moeda nacional aumentado em torno de 11%.

 

No âmbito da implementação de reformas visando o reforço da estabilidade macroeconómica e do sistema financeiro, o Governador do Banco Central recordou ainda que, em face da melhoria significativa das projecções de inflação para o médio prazo, a instituição que dirige baixou a taxa de juro de política monetária por duas vezes, passando de 14,25%, no início do ano, para os actuais 12,75%.

 

“Adicionalmente, reduzimos a proporção dos depósitos em moeda nacional que os bancos comerciais são obrigados a manter no Banco de Moçambique por motivos precaucionais, de 14 para 13 por cento”, apontou.

 

Entretanto, lembrou Zandamela, perante o agravamento dos riscos externos e visando conferir maior peso ao Metical, incrementámos a proporção dos depósitos em moeda estrangeira que os bancos são obrigados a manter no BM, de 27 para 36 por cento. (Evaristo Chilingue)