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Política

A Procuradoria-geral da República já submeteu, ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, a acusação contra o antigo Ministro dos Transportes e Comunicações. Paulo Zucula é acusado de receber subornos da construtora brasileira Odebrecht, no âmbito da construção do Aeroporto Internacional de Nacala.

 

Em prisão preventiva, desde o passado dia 06 de Junho, Paulo Zucula é acusado de prática de dois crimes, nomeadamente, corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais na forma continuada.

 

Além do antigo Ministro dos Transportes e Comunicações, o Ministério Público acusou, igualmente, o arquitecto Emilliano Finoch, à data dos factos, dono da construtora Geo Projectos Construções. Emillinano Finoch também foi detido, no início do mês, mas viria a beneficiar de liberdade provisória mediante pagamento de caução no valor de 20 milhões de meticais.

 

O processo nº 58/11/P/2019 – IP foi aberto na sequência dos subornos que terão sido pagos ao antigo ministro dos Transportes e Comunicações do governo de Armando Guebuza pela construtora brasileira Odebrecht, no âmbito da construção do Aeroporto Internacional de Nacala e do Terminal de Carvão da Beira.

 

A construtora brasileira Odebrecht admitiu, num acordo com o Departamento da Justiça dos Estados Unidos da América, ter pago subornos no valor de 900 mil USD a governantes moçambicanos para a construção do Aeroporto Internacional de Nacala.

 

Além de Paulo Zucula, outro dirigente que terá beneficiado dos pagamentos indevidos da Odebrecht é Manuel Chang, antigo Ministro das Finanças, nos dois mandatos de Armando Guebuza, também foi constituído arguido no mesmo caso.

 

Mas, porque o antigo titular da pasta das Finanças encontra-se detido na África do Sul, no âmbito do processo das dívidas ocultas, o Ministério Público fez a separação das culpas e aguarda pela sua extradição para deduzir a acusação. (O País)

A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) prevê uma recessão de 2,2% este ano em Moçambique devido aos efeitos dos ciclones na economia, que deverá recuperar em 2020, com um crescimento "modesto" de 2,7%.

 

"Houve prejuízos extensos nas infraestruturas, construções, portos e agricultura devido aos ciclones, que deverão pesar fortemente na economia neste e no próximo ano", avisam os consultores da unidade de análise económica da revista britânica The Economist, os únicos entre as principais consultoras a anteverem uma recessão no país este ano.

 

Numa análise à economia moçambicana, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Economist escrevem que o crescimento de Moçambique deverá "recuperar de forma modesta" em 2020, com uma expansão de 2,7%, acelerando para uma média de 4,6% entre 2020 e 2022, ainda assim abaixo da média superior a 7% dos anos antes da descida do preço das matérias-primas e da crise das dívidas ocultas.

 

A indústria do gás será um dos principais motores do crescimento da economia, diz a EIU, apontando os investimentos da Eni, ExxonMobil e da Anadarko como exemplos de grandes petrolíferas mundiais que preparam avultados investimentos no país, "o que deverá tranquilizar outros investidores e melhorar a confiança na economia".

 

No entanto, alertam, "a construção dos equipamentos implica enormes importações e, como resultado, a contribuição direta do gás natural liquefeito para o crescimento económico será limitado até a produção começar, o que deverá acontecer a partir de meados da próxima década".

 

Ainda assim, ressalvam, "o início da produção do campo Coral, que deverá acontecer em 2023, vai aumentar o crescimento no final do período da análise, levando a uma expansão real do PIB de 7,5% nesse ano".

 

A inflação deverá aumentar este ano, para 7,1% "devido às pressões resultantes das graves perturbações no setor agrícola, que obriga a significativas importações alimentares, aumentando ligeiramente para 7,2% em 2020 e mantendo-se perto dos 6% até 2023.

 

O metical deverá continuar a descer de valor face ao dólar, "devido à inflação elevada e défices no orçamento e na balança corrente", devendo valer, em média, 64,7 por dólar este ano, desvalorizando-se continuamente até serem necessários 69,4 meticais por dólar em 2022.

 

Do ponto de vista político, a análise da EIU salienta o domínio das eleições presidenciais e parlamentares em 15 de outubro e as negociações de paz entre os dois principais partidos políticos no país

 

"A Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique], partido no poder, vai ter de conseguir suplantar as frustrações dos eleitores sobre o alto nível de desemprego e as limitadas oportunidades económicas, com a política orçamental a continuar a tentar aumentar os padrões de vida para estancar estas tensões", escrevem.

 

A Frelimo, dizem, "vai continuar a exercer o seu domínio do espaço político e a sua influência sobre as instituições estatais e a comunicação social vai ser uma vantagem" e, por isso, esperam que vença as eleições de outono.(Lusa)

O corte da madeira e a posterior venda ilegal é uma situação que dia-pós-dia vem ganhando espaço, em certos distritos da província de Cabo Delgado, segundo apurou a “Carta”. Os distritos de Montepuez e Ancuabe são palcos da saga que, mais uma vez, é liderada pelos chineses que, sob olhar impávido das estruturas locais, continuam a explorar florestas de forma desenfreada.

 

Uma investigação conduzida pela nossa reportagem, a nível daquela província, constatou que a acção dos furtivos acontece durante as madrugadas, na rota dos distritos acima mencionados, onde camiões, transportando aquele recurso natural, circulam e em conluio com os fiscais, que fingem não saberem do sucedido.

 

Passaram, nesta quinta-feira, 11 dias, após o assassinato dos dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), pertencentes à especialidade de Guarda Fronteira. E por o caso apresentar feições “atípicas”, tendo em conta o seu desenvolvimento, “Carta” procurou, na tarde ontem, o criminalista e antigo director da extinta Polícia de Investigação Criminal, a nível da cidade de Maputo, António Frangoulis.

 

Benício Guirruta e Faustino Monteiro foram, recorde-se, baleados no passado dia 16 Junho por militares sul-africanos na região da Ponta D’Ouro, distrito da Matutuíne, província de Maputo, alegadamente, durante uma confrontação armada com estes últimos.

 

sexta-feira, 28 junho 2019 06:19

A merecida homenagem a Ian Christie

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, atribuiu na terça-feira o título de “Cidadão Honorário da República de Moçambique” ao jornalista escocês Iain Christie, fundador do serviço de Inglês da Agência de Notícias de Moçambique (AIM).  A distinção de honrarias e títulos foi a peça central das cerimônias de terça-feira que marcaram o 44º aniversário da independência moçambicana em 25 de junho de 1975. Iain foi o primeiro a ser nomeado na lista de indivíduos e instituições que foram homenageados.

 

Iain Christie nasceu na capital escocesa, Edimburgo, em 1943. Depois de trabalhar em vários jornais britânicos, mudou-se para a Tanzânia em 1970. Trabalhou no "Daily News" em Dar es Salaam e especializou-se em reportagens sobre as lutas travadas pelos movimentos de libertação africanos contra o domínio colonial e racista.

 

Em Dar es Salaam, Iain encontrou líderes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e ajudou a editar a revista em língua inglesa da Frelimo, “Mozambique Revolution”. Em 1972, visitou as áreas libertadas na província nortenha de Cabo Delgado, na companhia do Presidente da Frelimo, Samora Machel.

 

Com a derrube do regime colonial-fascista português em 1974 e a independência de Moçambique no ano seguinte, foi natural que Iain se mudasse, com sua esposa Frances e seus dois filhos, Connor e Carol, de Dar es Salaam para Maputo, que se tornou sua casa nos últimos 25 anos de sua vida.

 

Inicialmente ele trabalhou na AIM, e em 1976 fundou seu serviço de inglês, mas foi-lhe pedido que montasse uma estação de rádio em inglês, em apoio à luta de libertação do Zimbabwe, entrando então em sua fase crítica.

 

Em 1976, Moçambique fechou as suas fronteiras com a colónia britânica rebelde da Rodésia do Sul e implementou sanções da ONU contra o regime de Ian Smith. Moçambique tornou-se um bastião de apoio ao movimento de libertação do Zimbabwe, e foi pedido a Iain que treinasse repórteres do Zimbabwe na “Voz do Zimbabwe”, o programa de rádio transmitido para o Zimbábwe, usando os transmissores da Rádio Moçambique.

 

Com a independência do Zimbabwé em 1980, “A Voz do Zimbabué” deixou de ser transmitida e, no seu lugar, a Rádio Moçambique estabeleceu o seu serviço externo, com Iain como seu director.

 

Inicialmente, o Serviço Externo considerava a África do Sul seu público-alvo, e vários jornalistas do Congresso Nacional Africano (ANC) trabalharam na estação durante os anos da luta contra o apartheid.

 

Depois de ter denunciado o recrudescimento do tribalismo, na sua formação política, a Frelimo, o ex-Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, voltou a defender a necessidade da união e auto-estima entre os moçambicanos, como condição sine qua non para um futuro melhor.

 

A tese foi defendida, esta terça-feira, à margem das comemorações dos 44 anos da independência nacional, quando questionado pelos jornalistas sobre o futuro do país, tendo em conta a actual situação política, social e económica do país.