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Redacção

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Problemas de transitabilidade impedem há duas semanas o acesso à região norte da província de Cabo Delgado, ao longo da Estrada N380, concretamente no troço Macomia-Oasse.

 

"Carta" apurou que o problema, que já é do conhecimento das autoridades, está na ponte sobre o rio Messalo que separa os distritos de Muidumbe e Macomia. O rio transbordou e afectou uma parte da ponte, dificultando a passagem de viaturas sobretudo de mercadorias.

 

A situação está a complicar o abastecimento da zona norte de Cabo Delgado, nomeadamente, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Mueda, Nangade e Palma, que já se ressentem de falta de produtos básicos e de combustíveis.

 

Por exemplo, na vila de Mocímboa da Praia, um litro de combustível chega a custar 300 meticais. Segundo Bacar Salimo, motorista e residente na vila de Mocímboa da Praia, para além da especulação do combustível, o stock é bastante reduzido para a demanda dos restantes distritos como Mueda, Nangade e Palma.

 

Falando à Rádio Moçambique, emissora pública, o administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, confirmou a escassez de produtos alimentares no distrito, mas garantiu que agentes económicos da província foram mobilizados para usar a via marítima para abastecer a região.

 

"Também estamos com falta de combustível, problema que afecta os táxi-mota e as camionetas que fazem o transporte semi-colectivo interdistrital. Caso melhore a transitabilidade, acredito que vamos usar o sistema normal para trazer os produtos através da estrada", descreveu o administrador de Mocímboa da Praia.

 

Neste momento, para se chegar ao norte de Cabo Delgado via terrestre, recorre-se à estrada Montepuez-Mueda, descrita como sendo de difícil circulação sobretudo neste período de chuvas. (Carta)

Inicia na manhã de hoje, em todo o país, o recenseamento eleitoral para as VII Eleições Gerais, que se realizam a 09 de Outubro próximo. O registo, que decorre até ao dia 28 de Abril, abrange todos os cidadãos em idade eleitoral que não se puderam registar no ano passado.

 

De acordo com os dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), durante os próximos 45 dias, os órgãos eleitorais vão registar pouco mais de 7.7 milhões de eleitores, que se deverão juntar aos 8.7 milhões que foram recenseados em 2023, no âmbito das eleições autárquicas de 11 de Outubro.

 

Os órgãos eleitorais dizem esperar, nos postos de votação, um total de 16.497.501 potenciais eleitores, sendo que, destes, 279.685 encontram-se no estrangeiro. Refira-se que, no estrangeiro, o recenseamento inicia no dia 30 de Março e termina no dia 28 de Abril.

 

Ontem, o Presidente da CNE, o Bispo Carlos Matsinhe, voltou a exortar os potenciais eleitores a afluírem em massa aos Postos de Recenseamento Eleitoral, alegando que “o seu voto conta para o futuro de Moçambique”.

 

“Apelamos, igualmente, aos agentes de educação cívica eleitoral e aos brigadistas para também fazerem esforços de alcançar a todos os potenciais eleitores, com os serviços que estão sob a vossa responsabilidade. É necessária maior flexibilidade, colaboração entre os cidadãos, agentes de educação cívica eleitoral e brigadistas”, defendeu Matsinhe, que, em 2023, viu sua reputação jogada na sarjeta devido aos gritantes casos de fraude registados nas eleições autárquicas.

 

Segundo a CNE, o registo de eleitores será feito em 8.774 Postos de Recenseamento Eleitoral, a nível nacional, que serão auxiliados por 6.330 brigadas, enquanto no estrangeiro foram criados 391 postos de recenseamento eleitoral e 297 brigadas.

 

Para o caso da província de Cabo Delgado, onde o terrorismo continua a semear luto, os órgãos eleitorais afirmam que deverão recorrer ao transporte aéreo para alocar o material de registo e as respectivas brigadas de recenseamento eleitoral. Refira-se que a estratégia foi usada no ano passado durante o recenseamento dos eleitores, assim como no dia da votação.

 

Sublinhar que a CNE espera investir 19.9 mil milhões de Meticais nas Eleições Gerais deste ano, sendo que o Governo já desembolsou 6.5 mil milhões de Meticais, o correspondente a cerca de 33% do Orçamento. (Carta)

Os ataques terroristas que se verificam na província de Cabo Delgado desde Outubro de 2017, e que já atingiram as províncias de Nampula e Niassa, fizeram disparar as despesas dos sectores da defesa e segurança e ordem pública, tendo crescido na ordem de 5,4% desde o primeiro ano do terrorismo em Moçambique.

 

Contas feitas pela “Carta”, com base nos Relatórios da Conta Geral do Estado e no Relatório do Balanço do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado de 2023, indicam que as despesas com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) cresceram em 50.825,3 milhões de Meticais entre 2017 e 2023.

 

De acordo com a Conta Geral do Estado de 2017, o sector da defesa (Forças Armadas de Defesa de Moçambique) despendeu 8.333,6 milhões de Meticais, o equivalente a 3,4% do Orçamento executado pelo Governo naquele ano, que foi de 247.265,6 milhões de Meticais. Já o sector da segurança e ordem pública (que junta a Polícia da República de Moçambique e o Serviço de Informações e Segurança do Estado) gastou 21.068,7 milhões de Meticais, o correspondente a 8,5% do Orçamento. No total, os dois sectores consumiram, naquele ano, 29.402,3 milhões de Meticais, representando 11,9% do bolo consumido pelo Estado.

 

Por sua vez, em 2023, as FADM gastaram 25.812,8 milhões de Meticais, o equivalente a 5,6%, enquanto a PRM e o SISE aplicaram 54.414,8 milhões de Meticais, correspondente a 11,8%. Juntas, as três instituições despenderam 80.227,6 milhões de Meticais, equivalente a 17,3% da despesa geral do Estado, fixada em 460.014,0 milhões de Meticais.

 

O crescimento exponencial dos gastos do sector castrense começou no ano seguinte (em 2018), quando a despesa dos dois sectores subiu em 7.283 milhões de Meticais relativamente ao ano anterior: a despesa da defesa subiu para 11.855,2 milhões de Meticais (mais 3.521,6 milhões de Meticais que em 2017) e da segurança e ordem pública aumentou para 24.830,1 milhões de Meticais (mais 3.761,4 milhões de Meticais).

 

No entanto, de 2016 para 2017, a despesa do sector castrense registara uma ligeira subida, tendo sido de 2.878 milhões de Meticais. A despesa da defesa crescera em 507,7 milhões de Meticais e da segurança e ordem pública aumentara em 2.370,3 milhões de Meticais.

 

Em 2019, os sectores da defesa, segurança e ordem pública consumiram 13,7% do Orçamento daquele ano. A defesa gastou 12.629,7 milhões de Meticais (que teve um peso de 4% na execução do Orçamento do Estado) e a segurança e ordem pública despenderam 30.336,2 milhões de Meticais, totalizando 42.965,9 milhões de Meticais. Neste ano, sublinhe-se, a despesa do SISE e da PRM teve um crescimento de 5.506,1 milhões de Meticais, relativamente a 2018.

 

As despesas das FDS continuaram a crescer e, em 2020, a defesa despendeu 21.164,3 milhões de Meticais, enquanto a Polícia e os serviços secretos consumiram 40.677,6 milhões de Meticais. Ou seja, de 2019 para 2020, os gastos da defesa variaram em quase 9 mil milhões de Meticais e os da segurança e ordem pública em mais de 10,3 mil milhões de Meticais, tornando-se numa das maiores subidas orçamentais destes sectores em apenas um ano, desde a eclosão do terrorismo.

 

Recorde-se que 2020 foi o ano em que os insurgentes elevaram o seu nível de violência, atacando e conquistando vilas distritais de Cabo Delgado, com destaque para as vilas-sede de Macomia, Mocímboa da Praia (por duas vezes), Quissanga e Muidumbe. No caso de Muidumbe e Mocímboa da Praia, sublinhe-se, as vilas foram ocupadas pelos terroristas por mais de 12 meses.

 

Já em 2021, os sectores da defesa, segurança e ordem pública consumiram 18,9% do Orçamento do Estado, sendo que as FADM gastaram 21.813,3 milhões de Meticais, o que corresponde a 6% de todo o dinheiro gasto no ano passado pelo Estado, enquanto o sector da segurança e ordem pública gastou 46.688,5 milhões de Meticais, o equivalente a 12.9% da realização da despesa de 2021. No total, os dois sectores aplicaram 68.501,8 milhões de Meticais, dos 362.293,2 milhões gastos pelo Estado em 2021.

 

Por seu turno, em 2022, a Polícia e o SISE gastaram 50.663,4 milhões de Meticais, enquanto os militares despenderam 26.628,3 milhões de Meticais. No total, as FDS gastaram, naquele ano, 77.291,7 milhões de Meticais, correspondendo a 18% da despesa pública, que foi de 427.750,8 milhões de Meticais.

 

Para 2024, o Governo prevê baixar os gastos com o sector castrense. Com as FADM, prevê gastar 20,165.2 milhões de Meticais e 47,802.2 milhões de Meticais com a Polícia e o SISE, totalizando 67.967,4 milhões de Meticais, representando uma descida de 12.260,2 milhões de Meticais em relação aos gastos de 2023. No entanto, com o recrudescimento dos ataques terroristas; com a violência eleitoral a pairar pelo ar; e o “fantasma” do golpe de Estado a ensombrar o Palácio da Ponta Vermelha desde Março de 2023, é quase certo que a despesa das FDS poderá disparar este ano.

 

Refira-se que, tendo em conta o secretismo que caracteriza estes sectores, os relatórios da Conta Geral do Estado não apontam onde foi investido o valor, num contexto em que as FDS continuam a ressentir-se da falta de equipamento bélico, uniformes e mantimentos. Aliás, esta quarta-feira, o Ministro do Interior voltou a defender mais investimento neste sector para travar o terrorismo. (A. Maolela)

A empresa pública Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) procedeu, esta quarta-feira (13), ao lançamento de um novo serviço de carga. Para atender ao novo serviço, a companhia adquiriu uma nova aeronave, apresentada no evento. O acto foi orientado pelo Vice-Ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alissone.

 

Intervindo na ocasião, Alissone disse que a nova aposta constitui um marco importante no processo de reestruturação da LAM, que inclui a melhoria e diversificação dos serviços prestados pela nossa companhia de bandeira, para atender à demanda do mercado nacional e regional.

 

“Celebramos esta importante conquista convictos de que, agora, o país e a região passam a dispor de um novo serviço para a melhoria da mobilidade de bens e expedição de carga, de forma rápida e segura. Estamos perante um novo serviço com uma característica diferente, agregando valor de ser mais célere com os bens que os cidadãos e empresas precisam de ter disponíveis de forma rápida para a satisfação das suas necessidades nos diversos destinos”, afirmou o governante.

 

Com este serviço, o Vice-ministro dos Transportes e Comunicações disse estarem criadas as condições necessárias para tornar apetecível o mercado de transporte aéreo de carga em Moçambique, com a melhoria de tarifas praticadas, considerando a economia de escala que será gerada com a entrada em operação do cargueiro.

 

Falando perante perto de uma centena de convidados, grande parte empresários, Alissone disse que o sucesso desta nova operação contará muito com a reacção do empresariado e o suporte que este der. Nesta perspectiva, o governante exortou a LAM para a prossecução do trabalho em curso, de modo a proceder à divulgação deste valioso serviço, atentos aos ajustamentos que o mercado for exigir.

 

“O mercado demanda serviços de transporte rápido de produtos alimentares, medicamentos, material e equipamentos para a construção civil, electrodomésticos, peças de automóveis, entre outros bens. Ao empresariado e demais actores económicos, eis aqui a resposta. Estão criadas as condições que faltavam para o movimento flexível de carga frágil ou rapidamente perecível, incluindo operações de emergência”, afirmou Alissone. (Evaristo Chilingue)

Residentes da vila de Macomia, em Cabo Delgado, denunciam situações de cobranças ilícitas, na calada da noite, protagonizadas por elementos das Forças de Defesa e Segurança, sobretudo os destacados para o patrulhamento nocturno em diversos bairros.

 

Segundo fontes: "as cobranças são feitas sob ameaça e em troca de liberdade, mas o pior é que mesmo famílias ou pessoas encontradas nas respectivas casas são alvos de extorsão, começou por lamentar um residente local.

 

Ao abrigo das ordens militares, o mercado deve fechar às 18h00, mas na eventualidade de os agentes escalados encontrarem pessoas na varanda, no quintal ou no balcão, são ameaçadas e obrigadas a transferir dinheiro para M-pesa ou E-mola para que não sejam incriminadas, disse Muarabu Francisco Abel.

 

"É verdade que foi decretado o recolher obrigatório, mas essa coisa de irem até à casa de alguém, não, está demais. Eles ameaçam e exigem valores monetários, e esses nossos militares e os agentes da UIR e PRM andam juntos" descreveu Zubair Momade, residente em Nanga B.

 

Outro residente do bairro Nanga A, na zona Nhamele, comentou que a situação está a inquietar as pessoas, sobretudo os comerciantes ou familiares que até esta quarta-feira (13) já foram alvos de extorsão por diversas vezes.

 

Sugeriu que o chefe do mercado ou os chefes dos bairros deveriam informar o governo sobre as arbitrariedades praticadas pelos elementos das FDS na vila de Macomia.

 

Nas últimas três semanas, as Forças de Defesa e Segurança estabeleceram o recolher obrigatório na vila de Macomia, como forma de controlar movimentos terroristas que há dias ameaçaram lançar um ataque. 

 

Desde essa altura, o alerta foi activado na vila de Macomia, no entanto, os alvos seriam os distritos de Quissanga e a ilha Quirimba, no Ibo, onde os terroristas permaneciam até quarta-feira. (Carta)

A tempestade tropical Severa “Filipo” causou destruição do tecido social e económico na província de Inhambane em geral e no distrito e cidade de Vilankulo, em particular. Dados facultados à “Carta” pelo Presidente da Associação de Turismo em Vilankulo, Yassin Amuji, indicam que a tempestade destruiu totalmente 15 estâncias turísticas e 135 parcialmente destruídas de um total de 150 afectadas.

 

Segundo Amuji, grande parte das infra-estruturas turísticas destruídas, completa ou parcialmente, encontram-se a escassos metros da orla marítima da Cidade de Vilankulo. Devido aos impactos causados pela tempestade, a fonte disse que há empreendimentos que precisam de três dias a uma semana para se reerguer. Contudo, as estâncias destruídas totalmente poderão levar mais tempo.


Numa perspectiva comparativa, o nosso entrevistado disse que a tempestade foi mais devastadora em relação aos outros eventos, com destaque para o ciclone Cheneso e Freddy, em Janeiro e Fevereiro de 2023, respectivamente. Entretanto, não superou o ciclone Fávio que sacudiu severamente o centro e sul do país, incluindo a cidade de Vilankulo em 2007.

 

“Esta tempestade afectou gravemente os empreendimentos turísticos porque parte considerável deles são construídos por material como paus e capim [bangalôs] e não de betão. Daí que, doravante, iremos desencadear uma reflexão para a mudança do tipo de construção. Olhando para a localização da cidade e o facto de a mesma ser propensa a ciclones, há necessidade de mudar esse tipo de construções para betão que é relativamente resiliente a tempestades”, disse Amuji.

 

A fonte acrescentou que, devido à fragilidade das construções, os operadores estão permanentemente a reconstruir os empreendimentos a cada ano que a cidade é devastada por tempestades, o que prejudica o negócio da classe.

 

Na cidade de Vilankulo, a tempestade “Filipo” afectou igualmente a rua da marginal,  a principal via que leva aos empreendimentos turísticos localizados próximo à orla marítima. Até à tarde da última terça-feira (12), a fonte disse que a via estava intransitável devido à fúria do vento e das ondas.

 

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a tempestade entrou no país pelas 5h00, através do distrito de Vilankulo, tendo deixado um rasto de destruição. Dados avançados pelas autoridades indicam que a tempestade destruiu mais de cinco centenas de casas, afectando mais de 531 mil famílias, nas províncias de Inhambane e Sofala.

 

Os ventos que chegaram a atingir 120 km/h destruíram igualmente mais de 10 centros de saúde e cerca de 40 salas de aulas e tombaram mais de cinco dezenas de postes de energia, deixando parte da província de Inhambane e o distrito de Machanga em Sofala às escuras. Aliás, até terça-feira, apenas a cidade de Vilankulo e a vila de Inhassoro é que se encontram parcialmente iluminadas com energia da rede pública, enquanto as cidades de Inhambane e Maxixe estão parcialmente iluminadas, através de um gerador de emergência. (Evaristo Chilingue)

O ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Max Tonela, apontou hoje o alcance da plena transparência e da prestação de contas como desafios nas Parcerias Público-Privadas (PPP) no país.

 

"É fundamental reconhecer que estas parcerias não são isentas de desafios. É essencial garantir a transparência, responsabilidade e equidade em todas as fases do processo de parceria", afirmou Tonela.

 

Aquele governante falava na Assembleia da República, em resposta a perguntas dos deputados da oposição sobre as vantagens que o país está a tirar das concessões atribuídas pelo Governo, no âmbito do modelo PPP.

 

"A supervisão rigorosa e a prestação de contas são fundamentais para garantir que os interesses públicos sejam protegidos e que os benefícios sejam distribuídos de forma justa e equitativa", declarou.

 

Max Tonela avançou que o Governo vai manter aquele modelo nas infraestruturas e serviços estruturantes da economia, visando dinamizar a competitividade do país para a atração de mais investimento estrangeiro.

 

"As Parcerias Público-Privadas representam um modelo inovador de colaboração entre o setor público e o setor privado, visando o fornecimento de serviços públicos de qualidade, o desenvolvimento de infraestrutura e o estímulo ao crescimento económico sustentável", enfatizou.

 

O ministro da Economia e Finanças apontou as possibilidades de acesso ao financiamento privado para o desenvolvimento de projetos de infraestruturas necessárias para melhores serviços ao cidadão como grande vantagem das PPP.

 

Com a mobilização de recursos do setor privado, a expectativa é a redução da pressão sobre o Orçamento do Estado, acrescentou.

 

Referindo-se em concreto às concessões atribuída pelo Estado moçambicano a entidades publico-privadas nos setores ferroviário, portuário e aduaneiro, o ministro da Economia e Finanças salientou que o Estado tem encaixado ganhos em taxas, impostos e dividendos, tendo aumentado a eficiência no desempenho nesses domínios.

 

Apontou o caso da Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), que gere o porto de Maputo desde 2000, referindo que já investiu mais de 835 milhões de dólares (762,9 milhões de euros), elevando a capacidade de manuseamento para 37 milhões de toneladas por ano.

 

Durante o período da concessão, o Estado moçambicano arrecadou 690 milhões de dólares (630,4 milhões de euros) em impostos, taxas e dividendos, avançou Max Tonela.(Lusa)

A tempestade tropical “Filipo” deixou hoje Maputo debaixo de água, com vários bairros e centenas de casas da capital moçambicana alagados, afetada ainda por rajadas que levaram coberturas, derrubaram árvores e deixaram moradores em sobressalto durante a noite.

 

“Na nossa empresa nem conseguimos trabalhar, aqui está-se mal. Durante a noite nem dormimos, dormimos cá fora”, relata à Lusa António Macucule, de 22 anos, enquanto carrega às costas, a troco de 20 meticais (30 cêntimos de euro), quem quer atravessar - sem arriscar ou sem se molhar - o lago que se formou em toda a rua e à porta da incubadora de ovos para pintos onde trabalha, no bairro do Choupal, arredores de Maputo.

 

“Estou a carregar pessoas por causa da água, para ajudar”, explica, para logo a seguir garantir: “Nunca aconteceu. Desta vez é muito pior”.

 

A forte chuva da madrugada deixou ruas de terra batida, esburacadas, em vários bairros da capital, completamente intransitáveis em que poucas viaturas se aventuraram, literalmente, a passar, e invadiu as casas e empresas. Vale a força de braços para retirar a água do interior, quando é possível.

 

No bairro do Choupal, a incubadora onde também trabalha Hamza Atinai, 22 anos, está inoperacional e com centenas de pintos em risco.

 

“Está parada, está cheia de água lá dentro. É tudo desperdício, não há nada seguro”, conta o trabalhador, depois de ter tentado entrar, até que a água pela cintura o obrigou a recuar.

 

“Os pintos estão a morrer de qualquer maneira”, lamenta.

 

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) confirmou que a tempestade tropical severa “Filipo” entrou no continente pelas 05:00 (03:00 em Lisboa) de terça-feira, pelo distrito de Inhassoro, província de Inhambane, seguindo para sudoeste, nomeadamente Maputo, com rajadas de vento até 120 quilómetros por hora.

 

Na capital, os primeiros efeitos sentiram-se com o cair da noite e prolongaram-se madrugada fora, com chuvas torrenciais que praticamente isolaram bairros já com poucas condições, como Maxaquene, onde a vala ali existente não conseguiu reter a água e transbordou, inundando várias dezenas de casas.

 

“A noite foi muito difícil aqui no bairro, as águas entraram nas casas. A minha casa ficou péssima, tivemos de tirar tudo, camas, sofás, para cima. As chapas [cobertura] também saíram do lugar”, explica à Lusa França Binchelene, de 16 anos, logo após passar a pé, por entre quedas, o enorme lago formado no centro do bairro e que o divide.

 

Tal qual dezenas de outras famílias, na sua casa, onde vivem seis pessoas, não se dormiu e a noite foi passada junto de vizinhos. Como Ângelo Salomão, de 32 anos, que ao início da manhã observa um trator que vai tentando retirar água da rua, em viagens consecutivas e quase sem efeito, tal a quantidade, por entre a chuva que continua a cair e o forte vento.

 

“Dentro destas casas é pior. Nem sei o que dizer”, aponta, confessando que a noite foi passada na rua, por receio: “Dormimos aqui fora (…) foi uma noite péssima”.

 

“Muitos quarteirões estão a sofrer, as casas, como se pode ver, estão alagadas”, afirma.

 

Do outro lado de uma rua intransitável, em que nem as carrinhas mais altas arriscam cruzar, está Daniel Júnior, 35 anos, que passou a noite em casa dos pais, receando o pior.

 

“Sempre que acontece tenho de estar aqui para dar aquele apoio, porque isto é um caos. Sempre que chove são estas inundações, esta vala não suporta. As famílias ficam fora”, conta, junto à barricada de sacos de areia que colocou à entrada na noite de terça-feira.

 

“A água foi até ao quintal, porque tinha estas barricadas”, disse ainda.

 

Além de Maputo, com ruas alagadas no centro da cidade e árvores caídas, também a vizinha cidade da Matola, a mais populosa do país, tem várias vias intransitáveis devido à queda de chuva.

 

A tempestade tropical severa “Filipo” destruiu parcialmente 510 casas nas primeiras horas em Moçambique, afetando 2.780 pessoas, além de 14 unidades sanitárias e seis escolas, com 30 salas de aulas destruídas, de acordo com balanço oficial preliminar.

 

O balanço divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco (INGD) refere que nas primeiras horas, até às 18:00 (16:00 em Lisboa) de terça-feira, Vilankulo, província de Inhambane, foi a localidade mais afetada pelas chuvas fortes e rajadas de vento da tempestade “Filipo”, com 1.450 pessoas atingidas, seguida de Morrumbene (1.000).

 

As autoridades moçambicanas estimam que cerca de 525 mil pessoas poderão ser afetadas pela tempestade “Filipo”, entre as províncias de Sofala, no centro de Moçambique, Inhambane, Gaza e Maputo, a sul.

 

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.(Lusa)

Um total de 98.756 pessoas estão sem energia elétrica desde a manhã de ontem em Moçambique devido à tempestade tropical severa “Filipo” que afeta o país, anunciou a empresa Eletricidade de Moçambique (EDM).

 

“[A tempestade] está a criar danos no sistema elétrico das regiões afetadas, com registo de situações de queda de postes, alagamento de equipamentos e rompimento de cabos elétricos”, refere a EDM, num comunicado enviado à comunicação social.

 

Na região sul de Moçambique, em Inhambane, pelo menos 83.000 pessoas dos distritos de Mabote, Morrumbene, Mapinhane, Massinga, vila de Jangamo, Ligogo e cidades de Vilanculos e Inhambane estão sem corrente elétrica.

 

No centro, a EDM contabiliza 11.500 pessoas sem energia em Tambara, Chiramba, localidade de Savane e Muanza, bairros da Cerâmica, Tâmara, Inhamizua, Matadouro, Munhava, Matope, Ngangau, Six Miles, Ndunda e Zona Industrial.

 

Já no norte, a tempestade causou a interrupção do fornecimento de energia elétrica a um total de 4.256 clientes do distrito de Eráti, acrescenta o documento da EDM.

 

A Eletricidade de Moçambique disse que estão no terreno equipas técnicas para a reposição gradual do sistema, referindo, entretanto, que as condições atmosféricas e a dificuldade de acesso a algumas regiões “têm sido os maiores obstáculos e concorrem para a demora na reposição do fornecimento da corrente elétrica.

 

A EDM apela para a tomada de medidas de prevenção e segurança face à tempestade, evitando, entre outros, o contacto com qualquer equipamento elétrico, o uso de ferramentas elétricas ao ar livre, em condições de humidade, descalço ou com o corpo molhado e desligar o quadro geral e todos os eletrodomésticos.

 

“Pelos transtornos que esta situação está a causar aos seus estimados clientes, a Eletricidade de Moçambique E.P. apresenta sinceras desculpas e apela à compreensão de todos”, conclui o comunicado.

 

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique confirmou hoje que a tempestade tropical severa “Filipo” entrou no continente pelas 05:00 (03:00 em Lisboa), pelo distrito de Inhassoro, província de Inhambane, seguindo para sudoeste, nomeadamente Maputo.

 

“Nas próximas 24 horas, o sistema continuará a deslocar-se progressivamente na direção sudoeste, podendo condicionar também o estado do tempo caracterizado por chuvas muito fortes, vento máximo de 90 km/h e rajadas até 120 km/h”, lê-se num aviso do Inam.

 

As autoridades moçambicanas estimam que cerca de 525 mil pessoas poderão ser afetadas pela tempestade tropical severa “Filipo”, que deverá atingir as províncias de Sofala, no centro de Moçambique, Inhambane, Gaza e Maputo, no sul do país, até quarta-feira.

 

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.(Lusa)

Moçambique registou uma inflação homóloga de 4% em fevereiro, face ao mesmo mês de 2023, uma nova queda mensal consecutiva, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

Os dados do INE no Índice de Preços no Consumidor (IPC) indicam que Moçambique “registou uma subida do nível geral de preços na ordem de 4,00%” a 12 meses, face a fevereiro de 2023. A inflação homóloga em janeiro (12 meses) foi de 4,19% e em dezembro de 5,3%.

 

“As divisões de educação e de alimentação e bebidas não alcoólicas foram as que tiveram maior subida de preços, ao variarem com 8,61% e 6,89%, respetivamente”, descreve o INE no relatório do IPC.

 

O instituto acrescenta que o país registou uma subida de preços na ordem de 0,47% no espaço de um mês, face a 0,93% em janeiro e 1,29% em dezembro.

 

“A divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas foi a de maior destaque, ao contribuir no total da variação mensal com cerca de 0,34 pontos percentuais positivos”, lê-se.

 

Moçambique fechou o ano de 2023 com uma inflação homóloga, a 12 meses, de 5,30% e 7,1% de média a um ano, segundo dados anteriores do INE, quando a previsão oficial do Governo era de 7%.

 

O Governo moçambicano anunciou em 13 de fevereiro que o país registou um crescimento económico de 5% em 2023 face a 4,4% em 2022, destacando uma “expansão económica” que superou a média regional da Comunidade de Desenvolvimento da África do Sul (SADC).

 

“O crescimento económico para 2023 atingiu 5%, em comparação com 4,4% em 2022, impulsionado pelas indústrias extrativas, turismo, agricultura, transporte e comunicações, entre outros”, declarou Ludovina Bernardo, porta-voz do Governo, momentos após uma reunião do Conselho de Ministros, onde foi realizado o balanço do Plano Económico e Social e do Orçamento do Estado (PESOE) 2023.

 

Segundo o executivo moçambicano, o crescimento resultou de políticas e reformas aplicadas durante o ano, sobretudo as reformas económicas adotadas para uma “maior dinâmica” nas atividades económica no setor privado e na atração de investimentos.

 

“Neste contexto, observou-se uma tendência positiva na inflação média, que registou 7,1% contra uma previsão inicial de 11,5%. As reservas internacionais líquidas ficaram acima dos três meses previstos no PESOE e alcançaram a marca dos 4,3 meses para a cobertura das importações de bens e serviços não fatoriais, traduzindo-se em maior credibilidade e maior capacidade de absorção de choques na balança de pagamentos”, acrescentou Ludovina Bernardo.(Lusa)

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