A desvalorização do Metical face ao Dólar é a principal razão do encarecimento do cimento, facto que está a sufocar a indústria produtora, a construção civil, desde privada (ou singular) até pública.
Conforme “Carta” noticiou, há dias, citando a Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), denunciando que alguns agentes económicos vendiam um saco de 50 quilogramas por 720 Meticais, um valor que mesmo com a desvalorização do Metical foi considerado pelo órgão especulativo.
A verdade, porém, é que o preço de cimento à porta da fábrica subiu, motivado principalmente pela desvalorização do Metical face ao Dólar norte-americano (USD), num contexto em que o principal produto para o fabrico do cimento (o clínquer) é importado pelo USD.
Em conferência de imprensa havida semana finda, em Maputo, o Presidente da Associação dos Produtores de Cimento e Betão em Moçambique, Edney Viera, expôs todas as razões que levaram a indústria nacional a subir o preço do cimento.
Viera, que é também Director da Cimentos de Moçambique, destacou a derrapagem do Metical como o factor-chave para a subida do preço do cimento.
“A partir de Fevereiro e Março de 2020, o Dólar saiu de um patamar de 61 e 62 Meticais para 70 ou 75 Meticais. Isso representa 25% de acréscimo nos custos de produção. Clínquer representa 80% do custo de produção do cimento”, disse Viera.
Para além da desvalorização do Metical, aquele gestor na Associação e indústria de cimentos acrescentou que o encarecimento de energia eléctrica foi outro factor que contribuiu para a subida do preço do cimento.
“O sector produtor é consumidor intensivo de energia eléctrica, mas subiu 17%, no ano passado, muito acima da inflação do país. Então são factores que impuseram ao sector uma conta pesada. Mas, por força dos problemas da pandemia, o sector decidiu manter o preço durante o período crítico. Mas, depois disso, em Setembro nós fizemos o nosso primeiro reajuste de preço em cerca de 15%”, explicou a fonte.
Ainda assim, segundo o Presidente da Associação dos Produtores de Cimento e Betão em Moçambique, o acréscimo continua aquém de satisfazer os anseios do sector, alegadamente porque as indústrias continuam a registar perdas de 10% na comercialização do cimento, face ao aumento de produção em 25% motivada pelos factores anteriormente referidos.
Para minimizar os custos de produção do cimento no país, o Director da Indústria e Comércio, Sidónio dos Santos, avançou, na ocasião, que este ano poderá entrar em funcionamento a fábrica de clínquer e cimento, em instalação há 10 anos, no distrito de Matutuine, Maputo província.
Segundo Dos Santos, outro desafio enfrentado pelas 14 indústrias existentes no país está na importação de embalagens do produto. Para ultrapassar essa questão, o gestor disse estarem em curso acções para a instalação de indústria de produção de embalagens para fornecer aos produtores de cimento. (Evaristo Chilingue)
A Electricidade de Moçambique (EDM) desmantelou, há dias, mais de 50 ligações clandestinas de energia eléctrica, em alguns bairros de expansão do Município da Matola e do distrito de Marracuene, na província de Maputo.
Boquisso, Mukhatine, Muhalaze, Intaka (na Matola) e Mali (Marracuene) são os bairros onde as equipas da EDM desactivaram as referidas ligações fraudulentas da corrente eléctrica de rede nacional, segundo o Delegado da empresa para área do Serviço ao Cliente de Infulene, Nérito Sairosse.
Segundo Sairrosse, os cinco bairros de expansão constituem o epicentro das ligações clandestinas, assim como dos contratos ilegais para instalação e consumo de energia eléctrica, facto que já lesou a empresa em mais de cinco milhões de meticais, para além de reduzir a qualidade da energia fornecida naqueles pontos do país.
Sublinhar que, desde 11 de Dezembro de 2020, as novas ligações de energia eléctrica para clientes domésticos são gratuitas, conforme anunciou o Presidente da República, Filipe Nyusi, numa cerimónia realizada no Posto Administrativo de Alto Ligonha, no distrito de Gilé, província da Zambézia. (Carta)
A Cornelder de Moçambique viu-se obrigada a encerrar, na última quinta-feira (21), todas as actividades operacionais e administrativas do Porto da Beira, como medida de segurança face à passagem da tempestade tropical Eloise.
Para evitar danos nefastos, a empresa ordenou a retirada de embarcações dos caís, conforme rezam os requisitos de planeamento prévio e de acordo com as instruções dos serviços marítimos.
Numa nota disponível em site oficial de internet, a Cornelder de Moçambique informa que o Porto da Beira reabriu, no último domingo, os portões para a continuação das operações. Entretanto, não avança informações sobre o impacto causado pelo ciclone ao Porto da Beira.
Até às 10 horas de domingo, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) indicava que o ciclone tropical Eloise já se encontrava “sobre o nordeste da África do Sul, deslocando-se ao Botswana, estando progressivamente a enfraquecer, o que cria condições para melhoria gradual do estado de tempo em Sofala, Manica e Inhambane. No entanto, prevê-se ainda a ocorrência de chuvas fracas locais nessas províncias”. (Carta)
Os volumes manuseados pelo Porto de Maputo, em 2020, decresceram 13% em comparação a 2019, informou semana finda, em comunicado de imprensa, a empresa que gere a infra-estrutura, a Companhia de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC).
Em termos de números absolutos, a companhia relata ter manuseado 18.3 milhões de toneladas contra as 21 milhões de toneladas no ano anterior, o que corresponde a uma redução de 13%.
“Esta redução é atribuída, principalmente, aos efeitos da pandemia da Covid-19 e às medidas tomadas para conter a sua propagação, nomeadamente, o encerramento de fronteiras e o lockdown sul-africano entre Março e Abril de 2020 e as restrições no funcionamento da fronteira que se sentiram durante todo o ano”, fundamenta a empresa em comunicado.
Por outro lado, a nossa fonte refere que o volume ferroviário de crómio e ferro-crómio registou um crescimento notável de 33%, quando comparado com 2019. “Com uma tendência crescente nos últimos anos – um reflexo das medidas de eficiência tomadas pelo Porto e pelos operadores ferroviários CFM e Transnet – a pandemia deu um estimulo positivo à migração dos minérios a granel crómio e ferro-crómio da estrada para a ferrovia, sendo que o rácio carga rodoviária versus carga ferroviária cresceu de 20%, em 2019, para 25% do total dos volumes manuseados em 2020”, sublinha a nota.
Apesar do decréscimo nos volumes totais manuseados, a MPDC diz apoiar plenamente as medidas tomadas para conter a pandemia. “Um dos valores principais da nossa empresa é o respeito pela vida humana e acreditamos em cuidar dos nossos trabalhadores e dos nossos compatriotas. A batalha contra a pandemia só pode ser vencida se for uma luta de todos nós”, frisou Osório Lucas, Director-Executivo da MPDC, citado pelo comunicado.
Lucas sublinhou, porém, que apesar da ligeira descida no volume manuseado e das medidas de contingência financeira adoptadas, a MPDC manteve o seu compromisso de investir na expansão e reabilitação da infra-estrutura portuária.
De acordo com a nota, os referidos investimentos foram feitos em 2020 no projecto de reabilitação dos cais, no aprofundamento dos cais até -16 metros, na expansão das bancas para minérios e no aumento da capacidade ferroviária. Todos estes projectos se encontram actualmente em fase de conclusão e serão entregues no segundo semestre de 2021.
“Os desafios impostos pela pandemia também abriram caminho à implementação de soluções de automação para melhorar a gestão de tráfego portuário. Aplicativos de TI criados internamente, em 2020, permitem agora que o porto tenha visibilidade total do corredor rodoviário, melhorando assim a eficiência na aplicação de meios materiais e humanos”, acrescenta a nossa fonte.
Para 2021, o Porto de Maputo prevê uma recuperação cautelosamente optimista. “Estamos convictos que, apesar de ainda estarmos sob efeito das medidas da pandemia, iremos colher os frutos do nosso investimento na infra-estrutura portuária e em soluções tecnológicas”, concluiu o Director da MPCD, citado pelo comunicado. (Carta)
Falhou o mês de Maio de 2020 e agora a previsão aponta para o mês de Fevereiro de 2021 como a provável data para a estreia do polémico sistema automático de cobrança de tarifas no transporte urbano de passageiros na área metropolitana de Maputo. A nova data foi anunciada, esta quarta-feira, pelo Presidente do Conselho de Administração da Agência Metropolitana de Transporte de Maputo (AMT), António Matos, durante uma conferência de imprensa que visava anunciar a chegada, em Agosto, de novos 100 autocarros.
Segundo António Matos, até agora, foram registados cerca de 174 mil passageiros, distribuídos 46 mil cartões; instalada a central de atendimento ao cliente e os validadores nos 362 autocarros em circulação; e parametrizada toda a rede georreferenciada de transportes rodoviários públicos de passageiros.
Matos explicou ainda que já foram empregues 190 pessoas e inseridos serviços financeiros no cartão FAMBA (a ser usado para a cobrança das tarifas). Avançou também que o sistema será estendido às viaturas mistas e aos transportes semi-colectivos, porém, entre os meses de Agosto e Setembro do ano corrente.
O sistema de cobrança automática, lembre-se, foi anunciado em Agosto de 2019, sendo que a previsão de arranque era o mês de Maio de 2020, porém, não se efectivou. O sistema está sendo implementado pela empresa tanzaniana Maxcom Africa PLC, num investimento avaliado em 1.400.905.602,00 Mts e consistirá na emissão de cartões de viagem a serem cobrados automaticamente em cada viagem no maior centro urbano do país.
Por sua vez, o Presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Castigo Nhamane, garantiu que a sua organização está preparada para receber o sistema, tendo em conta que o mesmo irá acabar com a circulação do dinheiro pelos colaboradores.
Questionado sobre o destino dos actuais recursos humanos da empresa, em concreto dos cobradores, Nhamane afirmou que estes terão novas funções, como é o caso da venda de recargas e a fiscalização dos passageiros, assim como a promoção de alguns à categoria de condutores. (Marta Afonso)
Em finais do ano de 2020, a confiança do sector de produção industrial, que inclui também a produção e distribuição de electricidade, gás e de água, aumentou ligeiramente, facto que ocorreu pelo segundo mês consecutivo, tendo o respectivo saldo continuado abaixo da média da respectiva série temporal.
Essa informação foi recentemente tornada pública pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em brochura sobre os Indicadores de Confiança e de Clima Económico, referente ao mês de Novembro.
Em termos estatísticos, a nossa fonte mostra que o indicador de confiança do sector situou-se em 96.1 pontos em Novembro, contra 93.6 pontos registados no mês anterior.
“Esse aumento da confiança do sector foi influenciado pela apreciação positiva das perspectivas da procura, facto que permitiu que suplantasse as restantes componentes do indicador síntese do sector, que diminuíram no mês em análise”, justifica o INE.
Ainda nesse sector, a autoridade estatística nacional revela que cerca de 58% das empresas deste sector enfrentou algum constrangimento no mês em análise, o que correspondeu a uma redução de 3% de empresas com constrangimentos face ao mês anterior, facto alinhado com o indicador sectorial que aumentou.
De entre vários factores, o INE diz que continuaram a afectar o sector industrial a falta de matéria-prima (28%), a concorrência (15%), a falta de acesso ao crédito (15%) e os outros factores não especificados (26%), como principais obstáculos que dificultaram o desempenho óptimo do sector.
A publicação “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” é uma brochura sobre os resultados do inquérito de conjuntura, realizado mensalmente pelo INE no país. Trata-se de uma compilação de opinião dos agentes económicos (gestores de empresas) acerca da evolução corrente da sua actividade e perspectivas a curto prazo, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade.
Num cômputo geral, o INE relata que a conjuntura económica, no mês de Novembro, manteve-se favorável pelo quarto mês consecutivo, facto que continuou a dever-se às apreciações positivas das perspectivas de emprego e da procura que aumentaram ligeiramente no mês de referência. O saldo saiu de 83.3 pontos em Outubro, para 86.4 no mês de Novembro, uma subida de três pontos. (Carta)