A empresa Linhas Aéreas de Moçambique informa aos passageiros, restantes clientes e ao público em geral que, em decorrência dos efeitos da pandemia da Covid-19, foi obrigada a suspender os voos entre Maputo-Inhambane e Maputo-Vilanculo.
“Esta suspensão tem efeitos imediatos, a partir da data de 01 de Fevereiro de 2021, até ao próximo mês de Março”, lê-se numa nota de imprensa enviada à nossa Redacção.
Refira-se que a crise pandémica levou a uma “queda nas receitas” da LAM, conforme comunicou, na última sexta-feira, a Direcção-geral da companhia, o que colocou a transportadora aérea nacional “numa situação difícil de tesouraria”, fazendo atrasar os salários de Janeiro de 2021. (Carta)
A recente decisão do Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO), de aumentar a taxa de juro da Política Monetária, taxa MIMO, em 300 pontos bases, para 13,25%, irá agravar o serviço da dívida das empresas e das famílias, afectando o consumo privado e contribuir para uma menor procura de empréstimos para financiar o investimento.
Quem assim entende é a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) que, entretanto, defende que a medida visa amortecer as pressões cambiais e inflacionárias, num momento em que se assiste a uma fraca dinâmica da actividade económica, devido aos efeitos causados pela crise pandémica.
Numa troca de correspondências com “Carta”, em relação às decisões tomadas pelo CPMO, na sua última reunião, a AMB sublinha que, do lado da banca, o ajuste da taxa de juro poderá influenciar a deterioração da qualidade dos balanços, afectando na rendibilidade financeira, num cenário em que se observa uma queda acentuada de receitas e rendimentos.
Acompanhe:
Como a AMB reage à subida de taxas de juros de referência?
-A revisão em alta das taxas directoras visa essencialmente amortecer as pressões cambiais e inflacionárias, num momento em que se assiste a uma fraca dinâmica da actividade económica, devido aos efeitos da crise pandémica, na procura e oferta agregada. A adopção destas medidas restritivas é necessária, atendendo que os riscos da conjuntura doméstica e internacional aumentaram substancialmente, comprometendo a estabilidade macroeconómica.
Que impacto o sector bancário espera da mesma?
-A subida da taxa MIMO irá repercutir na Prime Rate do Sistema Financeiro (PRSF) e, consequentemente, no agravamento do serviço da dívida das empresas e famílias, afectando o consumo privado e menor procura de empréstimos para financiar o investimento. Do lado da banca, o ajuste da taxa de juro poderá influenciar a deterioração de qualidade dos balanços, afectando na rendibilidade financeira, num cenário em que se observa uma queda acentuada de receitas e rendimentos.
O sector previa a subida das taxas? Porquê?
De acordo com o Boletim de Estabilidade Financeira, publicado em Dezembro de 2020, os riscos e vulnerabilidades do sector bancário evoluíram num sentido crescente. Desta forma, o aperto da política monetária sinaliza a intervenção do Banco Central para mitigar o choque pandémico que tem um carácter internacional, global e de grande magnitude, sendo as suas consequências profundas, vastas e, na sua maioria, irreversíveis. O enorme impacto que a crise sanitária provocou não só no sistema financeiro nacional, mas também na economia e na própria sociedade em geral, exige uma postura conservadora na gestão da Política Monetária, tendo em vista atenuar os efeitos adversos na inflação e na depreciação da moeda.
Que perspectiva fazem sobre a redução ou manutenção e/ou aumento das taxas no próximo CPMO?
Face às expectativas de aceleração do nível geral de preços, antevemos a manutenção de uma postura prudente na condução da Política Monetária do Banco Central. A revisão das taxas de juro dependerá fundamentalmente da evolução do quadro epidemiológico, do funcionamento dos mercados financeiros, da qualidade da carteira de crédito, da recuperação da actividade económica, do desempenho das economias dos principais parceiros comerciais de Moçambique, com destaque para a África do Sul e União Europeia. (Evaristo Chilingue)
A nossa moeda, o Metical, está a ser desvalorizado a todos os níveis, mesmo havendo esforços para enaltecê-lo. Por um lado, o Metical está a ser desvalorizado por outras moedas, como é o caso do dólar norte-americano e, por outro, por alguns de nós mesmos e, nessa última vertente, verifica-se o silêncio do Banco de Moçambique (BM), que tanto se bate para “preservar o valor da moeda nacional”.
É que há um mês, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, inaugurou com “pompa e circunstância” a primeira Praça do Metical na Cidade da Beira, província de Sofala. A infra-estrutura era de uma arquitectura de agradar o olhar e, a priori, via-se que foi projectada para a valorização da nossa moeda.
Aliás, no discurso de inauguração, Zandamela sublinhou que a edificação do monumento visava enaltecer a nossa moeda, o Metical, um dos símbolos mais importantes da estabilidade económica do nosso país.
Todavia, um mês após a inauguração, o monumento foi vandalizado por pessoas de má conduta, um acto de desvalorização da nossa moeda. Na vandalização, os sujeitos retiraram “luzes, bebedouros e outros instrumentos que garantiam a beleza, cor, brilho e estética da mesma”, reportou o Município da Beira, na sua página do Facebook.
O Banco de Moçambique, porém, não reportou o facto, muito menos repudiou publicamente a vandalização da praça (pelo menos em página oficial de internet, nas redes sociais, não há algo do género), um silêncio que suscita várias interpretações.
Se, por um lado, indivíduos de má conduta desvalorizavam um dos símbolos mais importantes da estabilidade da nossa economia, vandalizando a praça (certamente à busca de dinheiro, o Metical, com a venda de luzes, bebedouros e outros instrumentos), por outro, moedas de outras economias desvalorizavam e continuam a desvalorizar a nossa moeda.
Das várias moedas, destaca-se o dólar (USD). Sabe-se que, até ao primeiro trimestre de 2020, um USD equivalia 64 ou 65 Meticais, mas nos últimos dias ronda nos 74 ou 75 Meticais, sinal de que a nossa moeda está a cada dia a depreciar-se face a outras moedas, por motivos sobejamente conhecidos: a fraca produtividade da nossa economia, agravada, nos últimos tempos, pela crise pandémica, insegurança e eventos climáticos. (Evaristo Chilingue)
O porto da Beira, no centro de Moçambique, aumentou em 46% o volume de carga manuseada em 2020, para cerca de 3,1 milhões de toneladas, um desempenho influenciado pela subida das importações de fertilizantes, foi hoje anunciado.
"O acentuado crescimento de volumes de tráfego no Terminal de Carga Geral deve-se ao aumento de importações de fertilizantes", avançou uma nota da Cornelder, empresa concessionária do porto.
Sem especificar números, a Cornelder referiu que as encomendas de fertilizantes do Zimbabwe e Malawi tiveram maior impacto no crescimento de carga manuseada no ano passado pelo porto da Beira.
As compras no exterior de clínquer, matéria-prima usada no fabrico de cimento, por parte de Moçambique, também impulsionaram os resultados que o porto alcançou em 2020.
Contrariando essa prestação positiva, o número de contentores movimentados pelo porto da Beira ano caiu 1,7% para 255.459 contentores, contra 259.938 em 2019.
A redução deveu-se à queda de tráfego marítimo e à paralisação de indústrias, devido à pandemia de covid-19.
"Contribuiu igualmente para esta redução de volumes o decréscimo registado na exportação de madeira e importação de diversos bens", assinalou o comunicado da Cornelder.
Para este ano, a concessionária do porto da Beira assegura a continuação do plano de investimento, principalmente na abertura de mais canais de acesso à infraestrutura, para permitir a sua utilização por mais navios de grande calado.
"Vamos também expandir os parques de armazenagem, tanto do terminal de contentores como de carga geral, investir na aquisição de equipamentos de manuseamento modernos e introduzir novos sistemas operativos de gestão", acrescentou.
Devido à sua localização no oceano Índico, os portos moçambicanos são o único acesso a rotas marítimas para os países vizinhos encravados no interior do continente.
A petrolífera Total continua a desmobilizar pessoal das obras do megaprojecto de gás natural em Cabo Delgado, um mês após ataques junto ao empreendimento naquela região do norte de Moçambique, disse ontem a empresa em resposta a questões colocadas pela Lusa.
"Face à evolução da situação de segurança na província de Cabo Delgado e no distrito de Palma", o consórcio da Área 1 - Mozambique LNG liderado pela Total decidiu "reduzir o pessoal presente no local do projecto em Afungi", indicou.
"O processo de desmobilização está em curso de forma organizada e em conformidade com os protocolos estabelecidos", detalhou hoje a empresa, depois de questionada sobre se já teria havido uma retoma das actividades.
Um primeiro anúncio de redução foi feito em Dezembro, logo após o ataque a cinco quilómetros do recinto do investimento.
Passado um mês, a Total "está a acompanhar a evolução da situação de segurança no norte de Moçambique com a maior atenção, em conjunto com as autoridades moçambicanas".
A empresa diz ter em atenção "todas as medidas necessárias para garantir a segurança e protecção do seu pessoal e das suas subcontratadas".
O contexto levou o presidente da petrolífera francesa, Patrick Pouyanné, a viajar até Maputo e reunir-se com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em 18 de Janeiro.
O encontro foi mantido sob máxima discrição e apenas foi anunciado o acordo quanto a um novo reforço de segurança em redor do empreendimento de gás natural em Cabo Delgado - isto após uma outra revisão aos termos da protecção ao complexo que já tinha sido feita a 24 de Agosto de 2020.
Avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, o megaprojecto de extracção de gás da Total é o maior investimento privado em curso em África, suportado por diversas instituições financeiras internacionais e prevê a construção de unidades industriais e uma nova cidade entre Palma e a península de Afungi.
A primeira exportação de gás liquefeito está prevista para 2024.
No projecto recaem as principais esperanças de crescimento económico de Moçambique na próxima década, depois de o outro grande projecto de exploração de gás (Área 4), liderado pela Exxon Mobil e ENI, ter sido adiado - cabendo a este consórcio da Área 4 a exploração de uma menor quantidade de gás através de uma plataforma flutuante a partir de 2022.
A violência armada em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
Algumas das incursões de insurgentes passaram a ser reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico desde 2019. (Lusa)
A pressão sobre as finanças públicas tende a aumentar, alertou, na última quarta-feira, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, depois da primeira reunião de 2021. O alerta do Banco Central não é novo, mas tem sido recorrente em cada reunião, principalmente, desde o ano passado.
Desta vez, a instituição fundamenta o alerta com a rápida propagação da Covid-19, desde o início do ano, o prolongamento dos conflitos militares e a ocorrência de calamidades naturais que vão continuar a exigir um maior esforço financeiro do Estado, aumentando assim as preocupações quanto à postura fiscal em 2021.
Devido à pressão, o Banco Central reporta que o Estado tem continuado a endividar-se internamente para fazer face ao défice. “Desde o último CPMO, a dívida pública interna, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, aumentou de 182.325 milhões de meticais para 183.819 milhões de meticais”, relata em comunicado de imprensa.
Após analisar a actual situação económica e financeira do país, o CPMO constatou que o mercado cambial nacional regista pressão na procura de moeda estrangeira, principalmente o Dólar. “Após encerrar o ano de 2020 com compras líquidas no montante de USD 72,4 milhões, o sistema bancário registou uma pressão cambial no início de 2021, tendo efectuado vendas líquidas no montante de USD 16 milhões”, reporta a instituição no comunicado.
Na última reunião, o CPMO constatou também que, durante o período em referência, o Metical continuou a depreciar, reflectindo os elevados riscos e incertezas prevalecentes na economia doméstica e o fortalecimento do dólar norte-americano no mercado internacional. Entretanto, a instituição assegura que o saldo de reservas internacionais brutas incrementou para USD 4.086 milhões até 22 de Janeiro, o que permite cobrir mais de seis meses de importações de bens e serviços.
“O CPMO continuará a monitorar a envolvente macroeconómica doméstica e internacional, bem assim os riscos prevalecentes, e não hesitará em tomar medidas correctivas necessárias antes da próxima reunião ordinária agendada para o dia 17 de Março de 2021”, conclui a nota. (Carta)