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Economia e Negócios

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu, esta quarta-feira, aumentar a taxa de juro de Política Monetária, taxa MIMO, em 300 pontos base (pb), para 13,25%.

 

Em comunicado de imprensa, o Banco justifica a decisão com a substancial revisão em alta das perspectivas de inflação para o médio prazo, a reflectir a contínua depreciação do Metical, num ambiente de maior agravamento dos riscos e incertezas, com destaque para as consequências negativas da propagação acelerada da Covid-19 e a ocorrência de calamidades naturais, para além da instabilidade militar.

 

“O CPMO decidiu, igualmente, incrementar as taxas de juro da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 300 pb, para 10,25% e 16,25%, respectivamente, e manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 11,50% e 34,50%, respectivamente”, lê-se na nota.

 

Pormenorizadamente, o Banco Central explica, em comunicado, que a inflação anual aumentou pelo quarto mês consecutivo, passando de 2,98% em Setembro para 3,52% em Dezembro de 2020.

 

“A inflação subjacente, que exclui os preços dos bens e serviços administrados e das frutas e vegetais, aumentou, no mesmo período, de 2,92% para 5,10%, com perspectivas de agravamento nos próximos trimestres. Paralelamente, prevê-se uma aceleração da inflação geral no médio prazo, a traduzir os efeitos da repassagem da depreciação do Metical para os preços domésticos, do fim da vigência de parte das medidas de contenção de preços decretadas pelo Governo, no âmbito da Covid-19 e dos choques climáticos”, detalha a nota.

 

Num outro desenvolvimento, o regulador do sistema financeiro nacional expõe que, para além da inflação, outros riscos associados agravaram-se substancialmente, tal é o caso, desde o último Dezembro, da rápida propagação da Covid-19 e a ocorrência de calamidades naturais, para além da instabilidade militar nas regiões centro e norte. A nível externo, a curto e médio prazo, o Banco de Moçambique realça o surgimento de novas vagas de infecções e estirpes do coronavírus, não obstante as vacinações em curso, bem como a volatilidade dos preços das principais mercadorias e o fortalecimento do dólar norte-americano.

 

No que toca ao crescimento económico do país, o Banco Central perspectiva uma recuperação mais baixa da actividade económica, em 2021, devido ao reforço de medidas restritivas causadas pela aceleração da propagação da Covid-19 no início do ano, sobretudo, nas áreas de lazer e restauração, combinado com o efeito negativo do conflito militar na zona norte, que condicionam o fluxo normal de parte das actividades de implantação dos projectos de exploração do gás natural, e os choques climáticos levaram a uma revisão em baixa das perspectivas de crescimento da actividade económica em 2021.

 

“Neste sentido, o CPMO continua a considerar pertinente o aprofundamento de reformas estruturantes na economia, visando o fortalecimento das instituições, a melhoria do ambiente de negócios, a atracção de investimentos e a criação de empregos”, lê-se no comunicado assinado pelo Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela. (Carta)

Falhou, em 2015, ainda na era Simango (David), depois em 2016 e nunca mais se ouviu falar do badalado projecto, que tinha como finalidade acabar com as longas horas de espera dos “chapas”, na cidade de Maputo.

 

O projecto de construção dos corredores para o rápido escoamento de autocarros, “Bus Rapid Transit” (BRT), é um sonho (inalcançável) do ex-Edil da capital do país, David Simango, que hoje é resgatado pelo Presidente do Conselho Administrativo (PCA) da Agência Metropolitana de Transportes de Maputo, António Matos.

 

Matos prometeu, semana finda, em conferência de imprensa, estrear o BRT em Agosto próximo, porém, sem avançar os corredores prioritários. Revelou apenas tratar-se de um investimento avaliado em 150 milhões de USD, financiados pelo Banco Mundial.

 

Segundo António Matos, uma equipa multissectorial, chefiada pelo Ministério dos Transportes e Comunicações e que integra as autarquias de Maputo, Matola e Boane e o governo do distrito de Marracuene, está no terreno a trabalhar com vista à materialização do projecto.

 

À comunicação social, a fonte explicou que as obras irão iniciar, brevemente, contemplando a abertura dos corredores, preparação das paragens e respectivos terminais, assim como a formação de operadores e funcionários municipais.

 

Referir que o anterior projecto era orçado em 225 milhões de USD (mais 75 milhões de USD que o actual orçamento), dos quais 45 milhões seriam suportados pelo Conselho Municipal de Maputo e os restantes pelo Governo brasileiro, mas nunca chegou a efectivar-se por suspeita de corrupção. (Marta Afonso)

Do balanço feito pelo Ministério da Indústria e Comércio (MIC), a produção das indústrias cresceu durante o ano de 2020, na ordem de 1.8%, comparativamente ao ano anterior, apesar das adversidades enfrentadas por algumas indústrias, nomeadamente, demora na manutenção de avarias e importação de matéria-prima, devido ao impacto nefasto da crise pandémica.

 

Em termos reais, dados disponibilizados esta terça-feira à “Carta”, pelo Director Nacional de Indústria, Sidónio dos Santos, indicam que, em 2020, as 14 indústrias instaladas no país produziram 2.9 mil toneladas de cimento contra 2.8 mil toneladas, o que corresponde a um crescimento de 1.8%.

 

A quantidade produzida continua aquém da capacidade total de produção instalada nas indústrias, que é de 5.7 mil toneladas por ano. Todavia, falando semana finda, em conferência de imprensa, que visava explicar as motivações da subida de preço do cimento, Dos Santos observou que o referido crescimento não reflecte o desempenho positivo de todas as indústrias de produção de cimento existentes no país.

 

“Nós tivemos, aqui na zona sul, três indústrias que tiveram uma contribuição negativa e uma na zona norte. Essa contribuição foi motivada, aqui na zona sul, pela avaria que levou muito tempo para a sua recuperação. Outra teve problemas no acesso à matéria-prima, o clínquer. A Covid-19 também contribui para o fraco desempenho dessas indústrias, para além da desvalorização da nossa moeda”, explicou Dos Santos.

 

Segundo o Director Nacional da Indústria, a crise pandémica criou, no final do primeiro semestre de 2020, problema de regularidade de fornecimento de cimento, facto que provocou enchentes de camiões à porta da fábrica. Entretanto, actualmente, o gestor assegurou haver disponibilidade de cimento no mercado nacional.

 

Em relação ao encarecimento do cimento, Dos Santos apontou a depreciação do Metical em relação ao Dólar norte-americano, como o principal motivo que levou o sector a subir o preço. Todavia, sublinhou que mesmo que tenha subido é especulativo que 50 quilogramas do cimento custem 720 Meticais, por isso que a Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) foi accionada para disciplinar os agentes económicos de má-fé. (Evaristo Chilingue)

Reunido esta terça-feira, na sua segunda sessão ordinária, o Conselho de Ministros aprovou a criação da Zona Económica Especial de Agro-negócio no Vale do Limpopo (ZEEA-L), informa um comunicado enviado à nossa Redacção pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER).

 

A nota explica tratar-se de uma iniciativa pioneira do MADER, que vai criar condições para o aumento da contribuição do agro-negócio na geração de emprego, diversificação das receitas de exportações, bem como para a aceleração do desenvolvimento do parque agro-industrial e logístico do Corredor de Desenvolvimento de Limpopo.

 

De acordo com a nossa fonte, a ZEEA-L visa igualmente melhorar o ambiente de negócios para atrair investimento privado nacional e internacional, transformar e modernizar o modo de organização da produção e promover a cadeia de valor dos produtos primários nacionais.

 

“Com potencial para a produção de arroz, milho, hortícolas, carnes vermelhas e aves, a ZEEA-L cobre uma área de 7,2 mil a 8,6 mil quilómetros quadrados (km²), ou seja, mais de 7 milhões de hectares e abarca os distritos e postos administrativos sob influência dos dois regadios, nomeadamente, os distritos de Chókwè e Xai-Xai e os Postos Administrativos de Chicumbane e de Zongoene, no distrito de Limpopo. Cobre ainda o Posto Administrativo de Chongoene, no distrito de Chongoene, os Postos Administrativos de Caniçado, Chivonguene e Mabangoene, no distrito de Guijá, os Postos Administrativos de Chaimite, Chibuto-sede e Malehice, no distrito de Chibuto”, detalha a nota do MADER.

 

Com a ZEEA-L, avança a nossa fonte, passa a estar disponível um instrumento para a transformação do potencial agro-ecológico da região e viabilização dos investimentos infra-estruturais implantados, tendo em vista a maximização da eficiência económica e o bem-estar social. De igual modo, será impulsionado o reordenamento produtivo dos perímetros irrigados e territórios adjacentes e dinamizada a transferência de tecnologias aos produtores.

 

“A proposta ora aprovada enquadra-se no Programa SUSTENTA (2020-2024), que tem em vista o estímulo ao investimento na agricultura, visando a integração da agricultura familiar em cadeias de valor produtivas”, conclui o comunicado. (Carta)

A desvalorização do Metical face ao Dólar é a principal razão do encarecimento do cimento, facto que está a sufocar a indústria produtora, a construção civil, desde privada (ou singular) até pública.

 

Conforme “Carta” noticiou, há dias, citando a Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE), denunciando que alguns agentes económicos vendiam um saco de 50 quilogramas por 720 Meticais, um valor que mesmo com a desvalorização do Metical foi considerado pelo órgão especulativo.

 

A verdade, porém, é que o preço de cimento à porta da fábrica subiu, motivado principalmente pela desvalorização do Metical face ao Dólar norte-americano (USD), num contexto em que o principal produto para o fabrico do cimento (o clínquer) é importado pelo USD.

 

Em conferência de imprensa havida semana finda, em Maputo, o Presidente da Associação dos Produtores de Cimento e Betão em Moçambique, Edney Viera, expôs todas as razões que levaram a indústria nacional a subir o preço do cimento.

 

Viera, que é também Director da Cimentos de Moçambique, destacou a derrapagem do Metical como o factor-chave para a subida do preço do cimento. 

 

“A partir de Fevereiro e Março de 2020, o Dólar saiu de um patamar de 61 e 62 Meticais para 70 ou 75 Meticais. Isso representa 25% de acréscimo nos custos de produção. Clínquer representa 80% do custo de produção do cimento”, disse Viera.

 

Para além da desvalorização do Metical, aquele gestor na Associação e indústria de cimentos acrescentou que o encarecimento de energia eléctrica foi outro factor que contribuiu para a subida do preço do cimento.

 

“O sector produtor é consumidor intensivo de energia eléctrica, mas subiu 17%, no ano passado, muito acima da inflação do país. Então são factores que impuseram ao sector uma conta pesada. Mas, por força dos problemas da pandemia, o sector decidiu manter o preço durante o período crítico. Mas, depois disso, em Setembro nós fizemos o nosso primeiro reajuste de preço em cerca de 15%”, explicou a fonte.

 

Ainda assim, segundo o Presidente da Associação dos Produtores de Cimento e Betão em Moçambique, o acréscimo continua aquém de satisfazer os anseios do sector, alegadamente porque as indústrias continuam a registar perdas de 10% na comercialização do cimento, face ao aumento de produção em 25% motivada pelos factores anteriormente referidos.

 

Para minimizar os custos de produção do cimento no país, o Director da Indústria e Comércio, Sidónio dos Santos, avançou, na ocasião, que este ano poderá entrar em funcionamento a fábrica de clínquer e cimento, em instalação há 10 anos, no distrito de Matutuine, Maputo província.

 

Segundo Dos Santos, outro desafio enfrentado pelas 14 indústrias existentes no país está na importação de embalagens do produto. Para ultrapassar essa questão, o gestor disse estarem em curso acções para a instalação de indústria de produção de embalagens para fornecer aos produtores de cimento. (Evaristo Chilingue)

A Electricidade de Moçambique (EDM) desmantelou, há dias, mais de 50 ligações clandestinas de energia eléctrica, em alguns bairros de expansão do Município da Matola e do distrito de Marracuene, na província de Maputo.

 

Boquisso, Mukhatine, Muhalaze, Intaka (na Matola) e Mali (Marracuene) são os bairros onde as equipas da EDM desactivaram as referidas ligações fraudulentas da corrente eléctrica de rede nacional, segundo o Delegado da empresa para área do Serviço ao Cliente de Infulene, Nérito Sairosse.

 

Segundo Sairrosse, os cinco bairros de expansão constituem o epicentro das ligações clandestinas, assim como dos contratos ilegais para instalação e consumo de energia eléctrica, facto que já lesou a empresa em mais de cinco milhões de meticais, para além de reduzir a qualidade da energia fornecida naqueles pontos do país.

 

Sublinhar que, desde 11 de Dezembro de 2020, as novas ligações de energia eléctrica para clientes domésticos são gratuitas, conforme anunciou o Presidente da República, Filipe Nyusi, numa cerimónia realizada no Posto Administrativo de Alto Ligonha, no distrito de Gilé, província da Zambézia. (Carta)