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Economia e Negócios

segunda-feira, 28 dezembro 2020 08:35

Moçambique tende a exportar mais nos últimos meses

Após a queda acentuada das receitas de exportações verificada no segundo trimestre deste ano, durante o pico da pandemia, o Banco de Moçambique reporta que nos últimos três meses (Julho, Agosto e Setembro), observou-se um aumento das exportações.

 

Em Relatório sobre Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI), referente a Dezembro, o Banco Central justifica a tendência crescente das exportações, com a recuperação dos preços internacionais das principais commodities, bem como o aumento de quantidades de bens vendidas pelo país ao resto do mundo.

 

Dos vários produtos de bandeira, consta em CEPI que, no último trimestre, a exportação de barras de alumínio rendeu ao Estado 220 milhões de USD, contra 212 milhões de USD registados no trimestre anterior, de pico da pandemia. Da exportação do carvão mineral, o Estado embolsou 156 milhões de USD em receitas, contra 140 milhões registadas no segundo trimestre. A exportação de energia rendeu 126 milhões de USD, contra 101 milhões registados no trimestre de pico da crise pandémica.

 

“Entretanto, do lado das importações, realça-se o prevalecente aumento da aquisição de bens de capital (maquinaria) e material de construção, bens que, apesar da Covid-19, mostraram uma relativa rigidez", lê-se no CEPI.

 

Por consequência desse prevalecente aumento de importações, o Banco de Moçambique relata em informe que a conta corrente continuou a registar défice, que no último trimestre situou-se em 1,384 milhões de USD negativos.

 

Em termos de prognóstico, para o curto prazo, o Banco Central perspectiva que a economia mantenha a tendência para recuperação gradual, depois de, no terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB), registar uma queda menos acentuada (-de -1,09%) contra uma contracção de 3,25% observada no segundo trimestre de 2020.

 

“Os efeitos adversos da Covid-19 continuarão a condicionar a actividade económica até ao final de 2020, no entanto, em magnitude inferior à observada no III trimestre, tendo em conta o alívio progressivo das medidas restritivas e a contínua melhoria da procura externa. Esta perspectiva está em linha com a contínua melhoria do Índice de Clima Económico (ICE) e do Índice de Produção Industrial (PMI) em Outubro e Novembro, respectivamente bem assim do aumento do crédito à economia”, fundamenta o CEPI.

 

Quanto ao comportamento de preços num futuro próximo, o Banco de Moçambique perspectiva um ligeiro aumento, depois de, em Novembro último, a inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), passar de 3,20%, em Outubro, para 3,27%.

 

A subida de preços no futuro, fundamenta o CEPI, justifica-se pelo término da vigência das medidas administrativas de controlo de preços decretadas no contexto da Covid-19, restrições na circulação de pessoas e bens (instabilidade militar nas zonas centro e norte do país) e aceleração dos preços dos bens alimentares na África do Sul.(Carta)

A moeda nacional, o Metical, mantém a tendência para depreciação em relação às moedas dos principais parceiros comerciais – revela o Banco de Moçambique em relatório de Dezembro corrente, sobre Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI). E, de facto, no mercado informal, um Dólar dos Estados Unidos da América (USD) chega a custar 81 Meticais, contra 74.06 Meticais do mercado formal, constatamos esta terça-feira (22), no Mercado Central da Cidade de Maputo.

 

Em relação ao Euro (EUR), verificamos que, enquanto no mercado formal (câmbio do dia do Banco de Moçambique), um EUR compra-se a 90.75 Meticais, no mercado informal chega a custar 95 Meticais.

 

Face à aproximação das festas do natal e fim do ano, o Rand sul-africano (ZAR) também disparou. No Mercado Central da Cidade de Maputo, um ZAR chega a custar 4.950 Meticais, valor que é inferior aos 5.09 Meticais no sector formal, de acordo com o câmbio do dia do Banco Central.

 

Em relatório (CEPI), o regulador do sistema financeiro nacional relata que, no período que decorre desde Outubro último até 8 de Dezembro de 2020, o Metical depreciou face ao Dólar 2,20%, ao Euro 4,82% e ao Rand em 10,63%. Em termos acumulados e anuais, o Banco Central verificou que a moeda nacional registou perdas nominais face ao Dólar de 20,51% e 16,45%, respectivamente, num contexto em que os bancos registaram compras líquidas de divisas do público, no mercado cambial. 

 

“O comportamento do Metical no período em referência resultou em ganhos anuais de competitividade nas exportações do país, medidos em termos de Índice de Taxa de Câmbio Efectiva Real (ITCER), em resultado da depreciação do Índice da Taxa de Câmbio Efectiva Nominal em (15,56%), num contexto de continuidade da estabilidade do diferencial entre os preços domésticos e os dos principais parceiros comerciais do país”, ressalta o Banco de Moçambique. (Evaristo Chilingue)

No seu relatório sobre a Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI), referente ao mês de Dezembro, o Banco de Moçambique revela que a economia, principalmente no que sector privado diz respeito (crédito ao sector privado), tende a crescer. Tal decorre da redução gradual da taxa de juro de política monetária ocorrida ao longo do ano e das medidas de apoio ao sector tomadas no contexto da pandemia.

 

O Banco Central não relata o facto em números absolutos, mas em percentagens. Comprova que de Julho a Setembro, o crédito expandiu em 4,8%, contribuindo para uma variação acumulada para 13,0% em Setembro, após 9,4% em Julho. Em termos de variação anual, o crédito à economia acelerou de Julho a Setembro em 3,1 pontos percentuais (pp), para 13,7%.

 

“Em termos de distribuição por sectores institucionais, o sector privado (empresas e particulares) foi o que mais contribuiu para a variação acumulada, sendo que as empresas públicas não financeiras observaram contribuições menos acentuadas”, detalha o CEPI.

 

Quanto à denominação, o relatório do Banco Central descreve que a componente em moeda nacional é a que mais contribuiu para o acréscimo global deste agregado, com uma participação de 9,3 pp, na variação total, sendo o remanescente 4,5 pp da componente em moeda estrangeira. No curto prazo, o regulador do sistema financeiro nacional espera que a tendência de aumento de crédito à economia prevaleça. (Carta)

O Presidente da República (PR) revelou, semana finda, no seu informe anual, que a produção industrial registou queda nos primeiros 10 meses deste ano, em comparação com igual período de 2019.

 

Falando a partir do pódio da Assembleia da República, Nyusi disse que a produção industrial atingiu um valor acumulado de 67.2 milhões de Meticais, contra 70.6 milhões de Meticais de igual período em 2019, verbas que demonstram uma redução de 3.2 milhões de Meticais. O PR não revelou os motivos da queda da produção industrial nacional, mas sabe-se que a crise pandémica teve grande influência.

 

Embora baixa, o Chefe de Estado explicou que aquela produção foi sustentada pelas divisões de maior peso, nomeadamente, bebidas, tabaco, metalurgia de base, bem como pela atractividade de investimentos.

 

Abordando as realizações registadas no sector da indústria, Nyusi destacou que, durante os primeiros meses, entraram em funcionamento 143 unidades industriais, com ênfase para a indústria alimentar, produtos metálicos, de minerais não metálicos, indústria de vestuário, mobiliário, bebidas, metalurgia de base, que resultou na criação de 2.164 postos de trabalho directos.

 

Das várias indústrias, o PR destacou a entrada em funcionamento da nova fábrica de processamento da castanha de caju no distrito de Monapo, na província de Nampula, com capacidade de 4.2 mil toneladas ano, tendo criado 600 postos de emprego.

 

Nyusi destacou ainda a entrada em funcionamento da fábrica de açúcar orgânico em Chemba, em Sofala e em Chiúre, na província de Cabo Delgado, com capacidade de mil toneladas por ano, tendo criado 200 postos de emprego. Estabelecimento de quatro fábricas de arroz, com capacidade de processamento de 37.5 mil toneladas ano, sendo três na província da Zambézia e uma na província de Sofala, criando cerca de 100 postos de emprego.

 

“Assistimos e capacitamos 1.5 mil empreendedores de Micro, Pequenas e Médias Empresas em matérias de plano e gestão de negócios, processos de procurment e marketing e financiamos mais de 200 projectos de diversas áreas, gerando cerca de 400 postos de trabalho. Relativamente à monitoria e implementação do Regulamento do Regime Aduaneiro para a Indústria Transformadora, com vista a promover a competitividade da indústria nacional, foram tramitados 63 processos de pedidos de isenção de direitos aduaneiros para a importação de matéria-prima diversa”, afirmou o PR.

 

No concernente à valorização e promoção do consumo massivo dos produtos nacionais, o Chefe de Estado revelou que foram autorizadas e certificadas 31 empresas no direito de uso e aproveitamento do selo Made In Mozambique. De entre várias realizações, o PR sublinhou também que, durante os primeiros noves meses, o Governo que dirige continuou, num cômputo geral, a privilegiar a modernização da economia e aumento de exportações. (Evaristo Chilingue)

No âmbito da estratégia aprovada pelo Governo, em 2018, para o pagamento da dívida do Estado a fornecedores de bens, serviços e empreitadas de obras públicas, milhares de empresas, aos quais o Estado devia até Outubro último, 7.2 milhões de Meticais ficaram na expectativa de ser pagos pelo produto ou serviço fornecido e/ou empreitada executada no intervalo entre 2007 a 2017, mas o Governo só pagou três milhões de Meticais.

 

Como consequência, essa situação frustrou, certamente, expectativas de pelo menos duas mil empresas, que aguardam há mais de 10 anos pelo pagamento, pois, como se pode calcular, o Estado continua a dever as empresas fornecedoras 4.2 milhões de Meticais após desembolsar os referidos três milhões de Meticais.

 

A informação sobre o pagamento desse montante foi revelada semana finda pelo Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, enquanto apresentava à nação o seu Informe Anual sobre o Estado Geral da Nação.

 

Entretanto, Nyusi mostrou que o Governo já deu um passo significativo no pagamento da dívida do Estado aos fornecedores. Segundo o PR, de um montante validado pela Inspecção Geral das Finanças, na ordem de 20.7 milhões de Meticais, correspondentes a 5.4 mil fornecedores, foram pagos, até Outubro de 2020, 16.5 milhões de Meticais, referentes a 3.4 mil fornecedores, correspondendo a uma execução de 80% do valor total da dívida.

 

“Deste montante, três milhões foram pagos, em 2020”, sublinhou o Chefe de Estado. Com base na informação fornecida pelo PR, constata-se que o Estado continua a dever 4.2 milhões de Meticais, valor correspondente a duas mil empresas.

 

Embora o Governo esteja a saldar a dívida e tenha dado um grande passo para liquidar toda a dívida, há empresários que se queixam de não estar a ser pagos, pois, a Inspecção Geral das Finanças não reconhece a dívida reclamada. Em relação a este aspecto, Nyusi comentou que a dívida contraída “sem papel, as minhas finanças têm dificuldades de pagar”.

 

E, perante pedidos, em nome do Estado, para fornecimento de determinado bem, serviço ou execução de empreitada sem contrato, o PR aproveitou a ocasião para instar aos empresários a recusar mandatos verbais. (Evaristo Chilingue)

O ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, reuniu-se, na quinta-feira, 17 de Dezembro, com agentes económicos baseados na província e cidade de Maputo, com vista a inteirar-se do nível de preparação e da disponibilidade de produtos essenciais, tendo em conta a aproximação da quadra festiva.

 

A avaliação dos preços de bens essenciais foi, também, tema de debate no encontro, devido à tendência de especulação de preços dos produtos de maior procura durante a época das festas, associada à mudança do padrão de consumo das famílias, pressionando, dessa forma, o mercado.

 

Durante o encontro, os agentes, que actuam nos sectores produtivo e comercial, asseguraram a  existência, no mercado, quantidades suficientes de produtos alimentares e bebidas para responder à procura não só durante a quadra festiva do Natal e de Fim de Ano, mas também nos meses de Janeiro e Fevereiro do próximo ano.

 

“Maior parte dos agentes económicos foi unânime em reconfirmar os dados de que já dispúnhamos, que nos são fornecidos pelas equipas multissectoriais que se encontram no terreno, que incluem os ministérios da Saúde, Interior, Indústria e Comércio, Transportes e Comunicações, Agricultura e Segurança Alimentar, Autoridade Tributária de Moçambique, entre outras entidades”, disse o ministro. 

 

Apesar desta garantia, Carlos Mesquita apelou aos agentes económicos a melhorarem a comunicação entre os produtores e comerciantes para evitar que haja má distribuição de produtos no mercado, o que pode resultar numa maior oferta num determinado ponto do País, e escassez noutro. "Não pode haver perturbações não processo produtivo." Disse o ministro.

 

Relativamente ao frango que é o produto mais procurado neste período do ano, o ministro da Indústria e Comércio afirmou que existem, neste momento, cerca de 400 toneladas, esperando-se que nas próximas duas semanas sejam disponibilizadas, pelos produtores, mais duas mil (2.000) toneladas. “Este ano teremos uma produção de 122 mil toneladas, para um consumo de 3.5 quilogramas per capita. Para além disso, o Governo criou uma hora quota de reserva estratégica de duas mil (2.000) toneladas para fornecer em momentos de défice”.